Estava em uma sala toda branca com vários fios azuis nas paredes a minha volta. As minhas roupas eram brancas, na verdade somente a roupa, era um vestido branco e meus pés estavam descalços. Notei que estava sendo observada e me deparei com uma criaturinha baixinha, estava vestida de branco assim como eu, seus cabelos estavam arrumados no estilo anos 60 e tinha os olhos mais verdes que já havia visto. Ela chegou mais perto e pude ver que ela não tinha muito mais que 8 anos.

– Quem é você? – perguntei.

– Essa pergunta só te responderei quando isso acabar. – disse com a voz de sinos.

– Mas onde estou? – perguntei de novo.

– Você está na sua mente Bella. – disse rodando com os braços abertos e me dando um sorriso. – E estou aqui para te ajudar a reorganizar as suas memórias.

– Reorganizar? Como assim?

– Mandaram-me aqui porque já está no tempo de você começar a reaver sua vida e sua felicidade. – disse subindo em um banquinho que tinha ali e mexendo em uma mesa totalmente branca com as mãozinhas habilidosas. – A vida não foi muito justa com você até aqui, tem muita coisa que você ainda precisa saber antes de acordar.

– Acordar?

– Você desmaiou Bella. – respondeu revirando os olhinhos. – Agora vejamos. Porque não começamos com essa daqui, a sim, está é a minha preferida... – quando ela ia terminar sentimos um vento forte como um bramido de leão na sala. – Ta legal, vamos por partes. Está daqui então! A preferida ainda vai levar um tempo. – disse fazendo um biquinho lindo.

Quando ela colocou a mão na mesa, tudo se iluminou e apareceram várias pastas como se fossem vídeos. Ela selecionou um e ele apareceu na parede da frente como uma tela gigante, agora só se enxergava a grande parede e um fio azul que ia da mesa até a parede.

– Acho que você vai querer se sentar. – disse apontando para a poltrona ao meu lado onde me acomodei. -  Só assita, a partir de agora será como se as suas memórias estivessem fazendo um download e voltando para sua mente ok?

Ela apertou play e veio sentar-se no meu colo, eu a encarei.

– Que? Sou uma criança! – disse e voltou a assistir ao vídeo.

A cena era a seguinte, um bebê sendo segurado por sua mãe enquanto dava seus primeiros passos e o pai filmava.

– Só pra deixar bem claro, a criança é você! – disse passando para outro.

Na próxima cena a menina já mais velha com roupas de bailarina e um coque no cabelo está em uma academia de ballet, onde esconde-se da mãe e das professoras que passam algum tempo procurando-a. Depois de algum esforço elas acabam convencendo a menina a se juntar as outras crianças e dançar.

– Você era péssima mesmo no ballet ein. -  brincou a criança no meu colo. – Mas vamos adiantar as coisas, vamos passar as mais importantes pois o tempo está acabando. De qualquer forma quando você acordar vai se lembrar de tudo mesmo.

A próxima cena já era diferente, era na escola, julgo ser meu primeiro dia naquela pois estava muito acanhada e olhava a todos com desconfiança, eu usava meus óculos Ray Ban  de grau e andava a passos firmes para minha sala de aula. Falei com o professor e aquela era a aula de biologia.

– Seja bem-vinda a Forks High School Srta Swan, penso que não terá tanta dificuldade assim para se enturmar, uma vez que é prima da menina Rosalie. – disse o professor. – Infelizmente temos um único lugar vago, sente-se junto ao Sr Cullen por gentileza.

E foi quando os olhos dos dois se cruzaram que pude ligar uma pessoa a outra, aquele era Edward Cullen, o mesmo que eu havia chamado de louco.

– Olá, sou Edward! – disse quando me sentei ao seu lado, fiquei vermelha e meu coração disparou ao ver que ele havia realmente falado comigo.

– Acho que nunca vou entender vocês adultos. – disse a pequena no meu colo passando para outra cena.

Estava com Edward acho que na minha casa, estavam os dois apreensivos.

– Tem certeza que quer fazer isso? Não é necessário! – eu disse.

– Seus pais merecem uma satisfação e esclarecimento. – ele respondeu.

– Senhor Swan, como sabe, pretendo me casar com a filha de vocês. Mas as coisas se atrapalharam e, pretendemos adiantar o casamento para o inicio do ano letivo quando já estivermos na universidade. – disse Edward aos meus pais.

– Mas porque tanta pressa crianças? – meu pai perguntou.

– Pai eu estou grávida! – disse.

Estávamos na praia, Rose estava conosco enquanto os garotos da praia babavam por ela e a mesma fingia não notar.

– Rose, escolhe logo um... Daqui a pouco eles vão tapar meu sol mais ainda! – resmungou Alice.

– Ah ta legal! – disse sentando-se na esteira e tirando os óculos. – Vejamos... Hmmm, temos muitos peixes nesse mar hoje! Que tal aquele ali. – disse lançando um olhar que só ela saberia dar para um cara de cabelos escuros e olhos azuis que ao perceber veio andando até nossa tenda e parando ao lado dela.

– Olá! Me chamo Ian. – disse cumprimentando a todos e olhando para Rose. – Gostaria de saber se a senhorita não gostaria de dar uma volta pela praia comigo!

– Isso foi no mínimo fofo, mulheres gostam de homens decididos. Tente de novo. – disse Rose fazendo Edward enganar uma tossida em minhas costas.

– Aaam, vamos comigo dar uma volta na praia? – perguntou de novo, nesse momento até Alice começou a prestar atenção na cena.

– Autoritário. Tente novamente! – disse recolocando os óculos e deitando-se na esteira de novo.

– Você vai comigo dar uma volta na praia. – disse.

– Uau senhor machão. Mas não... Esse foi o extremo do autoritário. – disse Rose.

Edward desatou a rir nas minhas costas e eu lhe dei uma cotovelada, se eu não podia rir ele também não poderia.

– Ultima chance! – cantarolou.

– Essa eu quero ver. – cochichou Alice sentando-se ao nosso lado.

– Tudo bem! – suspira. – Eu estou indo dar uma volta na praia e gostaria de ter a sua linda presença comigo. – disse ele.

– Agora sim! – disse Rose levantando as mãos para cima e levantando-se em seguida. – Estava começando a achar que não tinha ninguém aqui. – completou apontando para a cabeça dele.

Eles saíram de mãos dadas e foram andando pela praia, e nós, ficamos ali olhando o por do sol.

– Hahahaa! Eu adoro essa parte. – disse a pequena no meu colo me trazendo de volta a realidade – se é que podemos chamar isso de realidade.

– Rose sempre foi a pegadora, até encontrar Emmet. – disse para ela.

– Sei disso também, na verdade, sei de tudo sobre a sua vida! – disse ela dando de ombros. – Agora vamos continuar. Só pra deixar avisado, essa foi a minha cena favorita! A mais engraçada depois daquela em que você vai parar no hospital e o médico tira uma radiografia da sua cabeça. Você realmente atrai desastres não é?

– Eu átrio eles para mim como um beija-flor é atraído pela flor.

– Agora vamos para essa! É a mais importante, depois disso você provavelmente irá acordar ok! – disse ela. – Foi um prazer te conhecer, estou ansiosa pelo nosso primeiro encontro, mas o caminho não será fácil.

Estava com a minha mãe em uma das ruas de Cambridge, e estava com um mega barrigão. Acho que estávamos discutindo, ela parecia zangada com algo.

– Já disse Bella, faça isso, para o bem de vocês dois! – disse ela para mim enquanto eu ia para o carro.

– Você não percebe o quão absurda está sendo ao me trazer para cá só pra pedir que eu me separe do pai do meu bebê! – gritei com ela.

– Só estou te pedindo isso pelo seu bem, podemos cuidar desse bebê juntas você não entende. Você não precisa de mais ninguém, meu amor substitui tudo. – disse ela ao entrar no quarto.

– Você é inacreditavelmente egoísta, não pensa nenhum segundo nas pessoas ao seu redor, só em você mesma. Eu já estou cheia disso, vou pegar as minhas coisas e vou direto para o aeroporto. – disse ligando o carro e saindo pelas ruas.

– Eu vou com você! – disse ela.

– Não, você fica. – disse me virando para olhá-la. – Ta na hora de começar a pensar em suas ações mamãe. E saiba que eu não vou...

– ISABELLA CUIDADO! – gritou.

E foi a ultima coisa que vi, quando olhei para a frente um caminhão se chocou contra nosso carro e eu apaguei.

No outro momento entre algumas piscadas pude observar que já não estava entre ferragens, estava numa maca de hospital sendo atendida e os médicos discutiam entre si algo sobre não poder salvar nós dois. Foi e ultima coisa que vi depois de apagar.

Senti uma brisa tocar meu rosto, balançar meu cabelo e percebi que tinha lágrimas nos olhos.

– Como eu pude ser tão cega esse tempo todo! – murmurei comigo mesma.

– Não foi culpa sua não ma... Bella! Nada acontece pelo acaso, tudo tem seu propósito. – ouvimos o rugido novamente e ela saiu do meu colo. – Agora você precisa ir! Está na hora de acordar e seguir em frente, você terá muito trabalho para chegar ao seu destino final, mas não desista. Eu já vi o final desse filme e acredite, é lindo!

– Mas espera. – pedi. – Então me diga pelo menos o seu nome.

– Helena. – disse sorrindo.

– Helena? A Helena do orfanato? – perguntei e ela assentiu. – Mas então você provavelmente sabe quem é a sua mãe não é mesmo?

– Claro que sei. Estou olhando para ela! – disse ela. – E eu já te amo muito mamãe.

E quando eu fui começar a respondê-la o mundo real me arrancou dela.

– E quando te verei de novo! – gritei enquanto era puxada de volta a vida real.

– Tenha paciência! Tudo tem o seu tempo! – gritou de volta acenando.

Depois disso a realidade foi me puxando de volta até que pude escutar o bip irritante de algum aparelho que deveria estar perto de meus ouvidos.

Então eu acordei.

– Helena!