Tema: Regina Mills e Killian Jones

            Fandom: Once Upon a Time

            Veneno e Vinho

            Regina olhava para antigos documentos dispostos em seu gabinete da prefeitura.  Contas pagas, empréstimos, licitações pra obras. Ela arqueou uma sobrancelha. Podia ter sido a Rainha Má, mas tinha governado Storybrooke bem. Lógico, os idiotas não gostavam dela apenas porque não era a pessoa mais simpática da cidade per se, mas eles eram todos aldeões estúpidos de qualquer maneira.

            Essa situação era até entediante. Só Henry era a luz da sua vida, mas apenas ele não podia satisfazer sua vontade de duelar. Sim, porque no fundo, Regina apreciava um bom desafio. Era empolgante ter poder, mas nada podia se igualar à sensação embriagante de obter o poder.

            Regina deu um muxoxo. De nada mais valia ponderar sobre como era reinar em esplendor. Sua vida ia cada vez mais de mal a pior. Ela estava perdendo tudo o que tinha, e nenhuma magia poderia salvá-la dessa vez.

             “Admirando as ruínas?” Uma voz irritante chegou até seus ouvidos e ela cerrou os punhos ao ouvi-la.

            “Quer se juntar a elas?” Ela se virou e encarou Killian Jones, o Capitão Gancho ficar prostrado à porta com um porte que exalava confiança.

            “Eu gostaria de ver você tentar”, ele retrucou, atrevido.

            “Não me tente”, ela disse, cansada. Ela estava cansada havia muito tempo.

            “O que foi, Regina? Está triste com sua derrota?” Ele perguntou, olhando para as costas dela, e se ela fosse um pouco mais atenciosa, poderia ter reconhecido uma gota de preocupação genuína em seu tom de voz.

            “Você veio zombar de mim?” Ela perguntou com um limite afiado em sua voz. Quando ele não respondeu nada, ela completou. “Essa não seria a conduta de um cavalheiro.”

            “Eu não sou um cavalheiro. Sou um pirata.”

            “É claro. Quebraram o coração do coitado.” Ela suspirou.

            “Acho que o maior coração quebrado aqui é o seu.”

            “Você pode ser um pirata, mas ainda assim deveria saber que não faz bem acreditar em fofoca.”

            “Isso não é fofoca, é conhecimento geral.”

            Agora sim, ela virou-se pra encarar seu oponente cara a cara. “Você tem minha atenção.”

            Ele curvou aqueles lábios detestáveis dele em um sorriso convencido e presunçoso. Não o bastante, desviou o olhar dela e passou a tamborilar seus dedos nos vários penduricalhos dispostos na mesa da ex-prefeita.

            “Eu sei sobre a sua história com a Branca de Neve... De onde vem tanto ódio. Você deve ter amado o menino Daniel de verdade. E depois de tanta confusão, seu amante e seu filho resolvem te trocar pela Emma. Deve ter doíd-“

            Ela o interrompeu no meio da sentença e jogou-o contra a parede. “Você está mexendo com a rainha errada!”

            Ela esperava ver pânico em suas feições, mas em seu lugar, encontrou apenas um sorriso ainda mais convencido. “Ah, não estou mesmo”, ele sussurrou, colando seus lábios aos dela, deixando-a estupefata.

            Ele tinha gosto de uísque. Regina não provava uísque havia muito tempo.

            Antes que pudesse se perder no momento, ela se afastou para longe dele. “Não seja ridículo.”

            “Dê essa chance, Regina”, ele disse, e dessa vez ela identificou emoção de verdade na fala dele. “Vamos nos divertir um pouco.”

            Ela sorriu, e ele sentiu um pouco de alegria ao vê-la assim. Ela chegou perto dele de novo, e dessa vez não se afastou.

            Assim começou um affair muito curioso. Eles beijavam-se e conheciam-se muito intimamente. Por meses, eram como veneno e vinho, os limites entre perigo e amor ficando muito curvados. Mas no fundo, Regina poderia admitir a si mesma que havia se afeiçoado ao seu pirata. Não que ela contaria isso a ele, é claro. Ele não era nenhum cavalheiro para merecer ouvir isso. Mas que ela passara do desdém ao gancho dele até o carinho; que ela o achava, afinal de contas, um homem encantador, isso era verdade.