Sistema Calculado escrita por Sadah


Capítulo 12
ATO 12




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Nossa revolução tinha três etapas:

A primeira: perder o medo de se machucar.

A segunda: não ligar pro que as pessoas dizem.

A terceira: perder o medo de morrer.

Por incrível que possa parecer, são bem complicadas de obedecer. Nós no inicio tínhamos dificuldade em lutar e sem se preocupar com o outro. É a natureza humana fingir que não gosta de lutas, mas isso foi sendo abolido naquele grupo.

Tínhamos a primeira etapa conquistada.

A segunda etapa tinha como o objetivo enfraquecer totalmente os egos das pessoas, isso envolvia o psicológico das pessoas em relação a criticas. Nós gostamos de receber criticas sobre o que vestimos, o que fizemos e etc. mas no final o resultado é o mesmo, seu espirito continua uma merda, você se torna cada vez mais alienado a um pensamento coletivo.

Anne ordenou que todos os membros fizessem uma tatuagem e um corte de cabelo diferente. Iriamos provar uma diferença. Deixar de ser igual a um pinguim. Anne cortou os seus longos cabelos volumosos e deixou-os curtos, batendo em seu pescoço, adicionou uma tatuagem do símbolo de espadas de cartas de baralho no lado esquerdo de sua cintura; eu fiz um corte em meus cabelos desgrenhados com uma maquina 1 deixei-o bem baixo, fiz uma cruz na minha costa. Éramos exemplos a serem seguidos pelos outros membros.

- Temos medo do que o outro irá pensar, isso é só  o merda do nosso ego, cada um de vocês vão fazer o que bem entendem a partir de agora, façam o melhor corte de cabelo que quiserem, usem os seus melhores sapatos. Provem de sua existência que somos humanos e esquecemos do que os outros dizem.

Todos fizeram o mesmo. Cortaram seus cabelos e fizeram uma tatuagem que achavam bonito.

Na manhã seguinte eu vejo um homem parado em frente ao teatro sem fazer nada. Ele estava simplesmente lá. Eu chamo Anne:

- Ele está em um desafio agora de passar três dias e três noites sem comer ou beber agua –ela diz –isso é uma das formas para se quebrar o ego, vamos chegar para ele a cada 3 horas e apontar para um de seus defeitos, ok?

Eu respondo que sim.

Ela foi primeiro e disse para ele ir embora que ali não era lugar para um idiota.

Ele nem deu ibope.

O objetivo disso é fazer com que a pessoa se enxergue e não ligue pro que as pessoas falam dela.

Nós fizemos isso por três dias e três noites. No início do quarto dia ele fedia a mijo e se contorcia de fome. Anne mandou ele entrar e um prato de comida o aguardava em nossa cozinha. Ele simplesmente estava praticamente sem ego. Chegou a raspar o seu cabelo. Não pensava mais em nada. Não enxergava em sí os seus defeitos. Ele sempre estava sério. Seu nome era Cody.

Nas semanas que se passavam víamos mais algumas pessoas se alinhando em uma fila nas portas de nosso teatro. Homens e mulheres se juntavam a nossa causa. Aqueles que realmente diminuíam seus egos raspavam o cabelo pela livre e espontânea vontade. Todos largavam nas portas do teatro seus bens valiosos como: dinheiro e etc. todos eram iguais naquele lugar, estavam experimentando uma igualdade visual e espiritual. Era lindo.

Nós tínhamos 16 pessoas no nosso teatro. Todos fiéis a nossa causa. Eles todos trabalhavam como faz tudo nos serviços de faz tudo de Flowers street. Anne tinha a documentação de todos em seu camarim. Todas as noites ela ficava sentada no escritório do teatro preenchendo a lista de seus aliados.

Faziam-nos desafios anti-ego para os nossos membros. Mandávamo-los destruírem carros caros, tudo o que eles desejariam ter, explodirem lojas de computadores, televisões e etc. invadiam lojas de moveis caros e os queimavam.

Anne, como sempre, tinha um plano. Começamos a fazer algumas missões de alto risco, tipo: queimar três lojas de móveis seguidas (detalhe da missão: tinha que ser em dupla e rápido, em menos de 1 hora, ou seja, deveria ser realizado com uma moto); mudar inúmeras placas e cartazes; destruir placas de trânsito; escrever nos televisores gigantescos grudados nos prédios: “eu sou um merdão, gostariam de comer o meu ânus?”; explodir vários caixas eletrônicos; colocar pó de mico em lençóis de hotéis; fazer comida boa com lixo em restaurantes; assaltar um deposito de vinho e contamina-los com uma substância que fizesse mijar qualquer um que a beba, alimentar pombos em cima de prédios, fazendo com que eles defequem por lá; adicionar nos filmes de locadoras infantis, cenas pornográficas.

Anne designou uma tarefa diferente para cada membro do grupo, de acordo com os pedidos que chegavam aos Serviços de Faztudo de Flower Street. Quando se tratava de casas de ricos e poderosos, mandávamos sabotar canos de forma que durassem por 31 dias (era o tempo de garantia de nossos serviços para pessoas ricas); para pessoas humildes fazíamos o nosso trabalho.

O nosso trabalho tinha hora para ser bom e hora para ser ruim. De manhã éramos santos, mais a noite éramos perfeitos lutadores.

Certa noite nós assaltamos uma loja de Iphones e explodíamos a loja, ficávamos com um saco contendo mais de 50 Iphones, nós não usávamos um Galaxy para utilizar um What’sApp, pegávamos eles para jogar beisebol; usávamos as tevês para extravasarmos nossa raiva, quebrávamos ela parte por parte.

Nós plantávamos o nosso próprio alimento em um terreno atrás do teatro. Plantávamos batatas, milho, feijão e etc. comprávamos poucas coisas em supermercados, como cervejas, energéticos e água.

Nossa próxima etapa era superar o nosso medo de morrer, não era uma questão de inutiliza-lo e esquece-lo, mas sim utiliza-lo. Encarar fobias, e em situações extremamente perigosas.

- O nosso medo nos impede de raciocinar, de agir e de acordar para um mundo melhor. O que vamos fazer agora é algo que acabe com ele e nos faça ser fortes e resistentes. Qualquer um pode ter uma fobia a socos, corredores escuros, escuridão total, morcegos, ratos e solidão. Temos medo de mostrar-nos o que realmente somos, somos espartanos esperando por um dia de luta, utilizaremos os nossos medos contra nossos inimigos, vamos lutar fielmente contra um colosso que nos impede de pensar e de sermos livres. Faremos com que nos temam e que não esqueçam de quão ameaçadores somos, somos leões! –diz Anne.

Anne tinha fobia a palhaços e agora está usando por aí uma mascara de palhaço. Eu não tinha fobias.


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