Em um restaurante francês chique três estrelas no Distrito Sul chamado L’agle, um homem ruivo comandava a cozinha com mãos de ferro. Seu nome era Eustass Kid, um jovem empreendedor de 22 anos rico, recém formado em gastronomia e que deu a sorte de conseguir um negócio que ficou famoso entre todos os adoradores de comida francesa em apenas um ano de negócio. Não teria conseguido de forma alguma sem a ajuda de sua melhor amiga, que entrara em sua cozinha.

–Eae viadão!-Cumprimentou com sua típica educação.

–Francamente, sua educação deve ter se perdido mais que cego em tiroteio.

–Mas você é gay mesmo, o que importa?

–O que você quer Bonney?

–Vim te encher a paciência. –Ela sentou em uma mesa afastada, enquanto observava Kid comandar seus cozinheiros.

–Por que você não vai trabalhar ao invés disso?Maldita!!

–Bem, porque eu queria..err....pedir um conselho.-A mulher de cabelos rosas corou levemente, o que foi suficiente para atrair a atenção do ruivo para si. Ele puxou uma cadeira e se sentou em frente a ela.

–O que aconteceu?

–Como..como é a sua relação com o Killer?

–Quê??

–Vocês tem uma filha que adotaram né?Como é a convivência?

–Pelo que conheço de você, está me perguntando porquê não sabe o que fazer da sua vida. Estou certo?

–Cale a boca e me responda, tomate azedo!!

–É bom, mas eu e ele temos alguns problemas. Como o fato dele somente comer massas e adorar usar um maldito capacete dos Daft Punk enquanto está em casa. Nossa filha também é bem complicada e irritante, mas nada que não possamos lidar.

–Entendo.

–Mas eu consigo ser compreensivo com eles e até carinhoso quando posso.

–Você?Carinhoso?

–É claro, já que estou com alguém que gosto e..espera, você nunca foi carinhos...não acredito nisso!!-Ele a olhou com uma feição assustada, enquanto a mesma olhava com a feição constrangida. –Como você ainda está casada?

–Se você tivesse sido filha de uma prostituta que abandonou sua cria e de um pai militar do exército e fosse criada a vida inteira em colégios internos, entenderia o fato de eu não saber demonstrar o que sinto.

Ficaram ambos em um constrangedor silêncio que foi quebrado pelo som do telefone, e pela movimentação dos companheiros na cozinha. Kid olhou para os pés por alguns segundos e respirando fundo. Antes que pudesse falar algo, a garota o interrompeu.

–Eu nunca falei um “eu te amo” para nenhum dos dois. Nunca demonstrei nenhum sentimento amoroso além de preocupação. Ace definitivamente deve ter se arrependido de se casar com uma estúpida como eu.

–Então mostre.

–Ahn?

–Fale um eu te amo de coração, mas só se você sentir isso mesmo. Pode parecer estúpido e até meio gay o que eu estou te falando, mas acho que vai fazer você se sentir melhor.

–Isso não tem nada a ver comigo.

–Kid-sama. –Um cozinheiro chamou o homem que virou para si com uma cara assustadora. Estava em um momento íntimo com uma amiga, no qual ele abandonou sua feição carrancuda e seu jeito ranzinza para dar-lhe conselhos e de repente alguém atrapalha o momento.

–O que você quer demônio??-Perguntou irritado, assustando o seu funcionário.

–Wire se demitiu, pois a família irá se mudar para outra cidade amanhã!!Estamos sem ajudantes e a crítica gourmet Charlotte Linlin virá avaliar o restaurante semana que vem. Se não servimos sobremesa poderemos perder uma estrela!Wire fazia a melhor torta de sorvete da cidade e a crítica pediu exclusivamente por ela.

–O quê?Droga, era só o que faltava!!Bonney, eu tenho que resolver isso..

–Não é necessário!!-A garota sorriu matreira para o ruivo. –Conheço alguém que pode dar um jeito nisso. Amanhã ele virá até aqui e você avaliará com seus olhos..mas ele é um estudante, então você terá que ser compreensível. Se não fosse por isso, ele definitivamente já estaria trabalhando aqui a mais tempo.

–Bem, vou confiar no seu taco por enquanto. Espero essa pessoa amanhã após suas aulas.

–Bem, então to indo embora. Adieu. –A garota saiu com uma feição zombeteira pela porta, arrancado uma bufada estressada por parte de Kid. Apesar de irritante ele entendia o lado dela, só desejava internamente que tudo desse certo para ela.

(.....)

Bonney enviou uma mensagem no seu celular e saiu na rua com seu carro tranqüilamente,pensando no que fazer. Não sabia o era ser uma mãe e nem uma esposa já que conhecera nenhum desses lados. Tudo que conhecia eram professores duros e barbudos e colegas arrogantes e mimados pelos pais, que de alguma forma eram parecidos com ela. Uma chuva fina com vento passou a cair na rua e quando virou a esquina deu de cara com seu marido vindo pela rua contrária a que estava virando. Buzinou para ele, que rapidamente entrou no carro.

–Ah, obrigado. –Ele sorriu puramente para ela. –Que coincidência você me encontrar por aqui né?

–De nada. –Respondeu fracamente, sentindo seu sangue ir para a direção das suas bochechas. Depois daquela conversa com Kid estava confusa em relação a tudo.

–Eu estava indo almoçar sabe?Estava pensando em ir no Maid-café de sempre, mas já que estamos aqui, porque não vamos naquele restaurante?-O moreno perguntou animadamente, recebendo um simples aceno como resposta. Ace notou que o rosto branco de Bonney estava vermelho como pimenta. –Você está bem?

–É claro que estou bem,imbecil!!-Gritou, assustando o mesmo. Virou o rosto para frente, se martirizando por ter sido grossa com ele novamente. Respirou fundo. Era agora ou nunca. –D..de..

–Desculpa Bonney.- Ace falou sério. Bonney estacionou o carro em uma esquina pouquíssima movimentada devido ao susto que tomara com o repentino pedido de desculpas. –Eu sei que não sou o melhor cara do mundo e que nós meio que fomos obrigados a nos casar. Mas eu quero ser alguém em que você possa orgulhar, mesmo sendo...

–Você está se desculpando porque, imbecil??-Ela respondeu, fazendo o mesmo arregalar os olhos. Lágrimas desceram pelo rosto pálido da mulher. –Eu que devia pedir desculpas. Você tinha uma vida boa,só tinha que se preocupar com seus estudos e com suas festas;Agora você tem que trabalhar, estudar se dedicar a uma criança. Eu estraguei sua vida!!

–O quê?Claro que não!!Eu era um imbecil que só queria saber de pegar mulher!Você me transformou no bom homem que eu sou hoje e me deu o maior presente de todos que é um filho. Mesmo com as brigas e frustrações, de algum jeito, mesmo com seu jeito duro de ser...

–Como você pode entender alguém tão dura e que não consegue dizer o quanto ama essa sua cara de imbecil ou o quão é apaixonada pelo seu cabelo, sua alegria e seu jeito de ser?Eu não sou capaz de dar carinho que meu filho merece!!Alguém como você não me merece...-Sua fala foi interrompida por lábios pressionando os seus carinhosamente. As mãos do sardento foram para o rosto molhado pelas lágrimas, enquanto as mãos da moça de cabelos rosados pousou sobre as dele.

–Você acabou de dizer. –Ele sorriu delicadamente. –Estou tão feliz.É a primeira vez que você diz isso pra mim...estou feliz de não ser um sentimento unilateral.

–Você...

–Eu te amo muito. Eu sei o quão dura foi sua vida e o quanto é difícil pra você falar o que sente. Mas eu quero você do meu lado, independente do jeito que você é ou como você age.

–Ace...você é tão bom pra mim!!-Bonney abraçou ele com força. Eles não se importaram em estarem parados em uma esquina deserta com a chuva caindo mais forte. Eles só se importaram com o abraço apertado mais sincero que já haviam compartilhado em suas vidas.

–“O brinco daquele velho realmente fez milagres!!por falar nisso...”-Pensou-Eu tenho um presente pra você. –Ele a separou delicadamente e puxou uma caixinha de veludo do bolso e entregou para ela.

–É de comer?-Ela olhou a caixinha delicada, enquanto Ace esfregou a cabeça negando. Ela abriu e encontrou um brinco meio tombado dentro da caixinha. –Um..brinco?

–Gostou?

–É bonito, mas não devia ser um par?-Ela mostrou a caixa contendo apenas um brinco, que fez Ace se arrepiar todo.

–Quê?Cade o outro?-Ele olhou em seu bolso, em todos os lugares possíveis. Não é possível que perdeu o outro par do brinco. –Eu não acredito que perdi!!

–Tá tudo bem. Eu uso mesmo assim!!

–Quê?Mas isso é...o que você ta fazendo??-Ele gritou ao ver ela perfurar o brinco do lado direito abaixo do olho sem nem mesmo hesitar.

–Pronto. Não poderia deixar um presente tão bom ser desperdiçado!!

–Idiota!!-Ele gritou com ela, limpando o sangue que escorria fino por sua bochecha. –Você não deveria fazer coisas estúpidas como essas!!Agora vamos almoçar.

–Tá..tá certo. –Ela deu um sorriso tão puro, que Ace teve que se virar rapidamente e botar as mãos entre as pernas para que ela não visse o estado deplorável em que ela o deixou.

–Tá apertado??-Perguntou inocentemente.

–Claro..vamos logo pro restaurante sim??-Ele pensou. Tinha que lembrar de agradecer o velho da praça mais tarde.

–Alias Ace...que tal você não voltar no trabalho hoje??-Ela olhou com um sorriso malicioso de tal forma que Ace achou que iria explodir de tamanha vergonha.

(..............)

–Saaaanji!!!-Gritou o garoto do chapéu de palha dentro do vestiário. Sanji vestia a roupa de educação física enquanto conversava com um Chopper.

–O que foi capeta??Pra que essa gritaria toda?-Sanji perguntou emburrado. Ainda não engolia o fato daquele retardado estar com sua Nami-swan.

–Bonney conseguiu um bico pra você no Lêapple.

–No “Lê” o quê?-Ele olhou a mensagem e quase caiu para trás. –Eu..trabalhando no L’agle??E ainda tendo o prato avaliado por uma crítica?Isso..-Sanji começou a chorar alto, tamanha era sua felicidade. Abraçou Luffy e começou a balbuciar o quanto queria se tornar um chef, que com isso poderia subir escada da fama no mundo culinário e tudo mais.

–Ahn?Que agarração toda é essa?-Chopper chegou com Usopp, encontrando a “emocionante” cena do abraço entre os dois amigos dentro do vestiário.

–Não me diga que vocês mudaram de time?-Usopp perguntou com a mão no queixo, coçando seu cavanhaque despreocupadamente.

–Esse imbecil me arranjou um emprego no L’agle!!Eu vou poder fazer um grande prato para pessoas incríveis no assunto.

–Na verdade foi a Bonney que conseguiu. E de qualquer forma, eu quero experimentar o prato que você fazer;

–Uoou parabéns Sanji!!-Gritaram animadamente Chopper e Usopp.

–Obrigado, peludo e narigudo!!

–Como ousa, ero-cook???-Gritaram ambos e quando deram por si, estavam se engalfinhando como animais até a entrada de Zoro para parar a zona.

–Oe, retardados. Estão no chamando na quadra!!-Zoro falou resmungão como sempre. Os rapazes seguiram para o campo, aonde estavam toda a turma do 2º B reunida mais a professora de Educação Física do 2º ano Domino e a do 3º ano que era Boa Hancock. O grupo se juntou a Nami e a Vivi que fitavam Boa Hancock com seu sorriso matreiro, o que foi um sinal para a ruiva de que Hancock iria aprontar alguma.

–Bem pessoal, eu e a professora Hancock..-Corou ao olhar para a mulher ao seu lado.- decidimos que seria legal montarmos um evento beneficente de esportes e cujas arrecadações serão usadas para pagar a viagem da turma de basquete que atualmente conseguiu vaga no campeonato nacional interescolar. –Domino disse. –E vamos precisar que todos os 3 anos juntos para que isso seja feito. Então precisamos da cooperação de vocês.

–Bem pessoal, espero contar com todos vocês nessa. –Piscou levemente para as pessoas,que quase petrificaram com a beleza da mulher de cabelos escuros.

–Tsk...isso parece ser chato. –Luffy cruzou os braços suspirando.

–A Hancock ta tramando alguma. Ela não é dessas de ajudar os outros.

–Você só fala isso porque ela quer roubar o Luffy de v...tá já calei. -Usopp falou ao ver a cara ameaçadora da amiga em sua direção

–Alias.-Domino disse. –Ouvi dizer que Nami-san é uma ótima administradora e ficou responsável pela administração do festival beneficente para ajudar a comunidade do Distrito Oeste ano passado. Espero contar com você nisso também.

–É verdade?Que coincidência, pois o Bellamy do 3º ano trabalha com finanças no empreendimento do pai dele. Seria ótimo se trabalhassem juntos.-Hancock disparou com um sorriso falso.

–Então está decidido!Nami e Bellamy trabalharão no orçamento e arrecadação desse projeto!!

–É claro!! “O que essa desgraçada está tramando?” Pensou. Bellamy era inteligente, legal, bonito e rico e Hancock claramente quer empurrá-lo para cima de si para que ela largue Luffy. Nunca pensou que ela pudesse ser tão baixa a esse ponto, mas naquele momento ela percebeu que prefere morrer do que deixar Hancock ficar com Luffy.

(......)

Marco havia chegado para almoçar em sua casa (ainda com o brinco preso em sua orelha), encontrando Nojiko preparando a refeição. Uma hora havia se passado desde a saída de Ace, e impaciente com a demora do mesmo, decidiu sair para almoçar.

–Nojiko...oi!!-Ele falou sério, entrando na cozinha e encontrando a mulher cozinhando calmamente.

–Oi...está atrasado.-ela respondeu timidamente. Serviu a refeição no prato do homem mais velho e ambos passaram a comer em silêncio.Marco olhava para ela e ficava cada vez mais corado com a feição jovem e delicada da mulher a sua frente. Após ambos terminarem a refeição e Nojiko recolher os pratos, Marco que em um impulso, bateu fortemente a mão na mesa.

–Já chega com isso. -Ele falou.

–Qual o problema?-Nojiko perguntou assustada.

–Você é o problema. Por que tudo tem que ser tão difícil?-Ele esfregou os cabelos.

–Do que está falando??

–Eu sinto atração por você!!-Falou sério. -E sei que sente o mesmo por mim.

–Do que está falando?

–Aquele beijo!Vai dizer que não foi nada demais??

–Foi apenas um impulso. Eu estou a muito tempo só, e isso..

–Não minta para mim Nojiko. Eu te conheço há anos!

–Por isso mesmo!!Nós sempre fomos pai e filha. Como podemos pensar em ter uma relação?-Ela falou olhando para baixo. As lágrimas fluíam em seu rosto e escorriam como cachoeira. -Ainda mais depois do que houve comigo.

–Eu não sou aquele seu ex-namorado!!Jamais faria você sofrer como ele fez!!-As grandes mãos do loiro limparam as lágrimas salgadas do rosto da garota. -Eu também estou confuso. Mas só sei que não quero que minhas inseguranças me façam perder alguém de novo. -E começou a se aproximar lentamente do rosto da mulher de cabelo azulado.

–Eu..prometi a Nami. -Ela sussurrou com os olhos cerrados, completamente entregue.

–Se for por um bem maior, algumas promessas podem ser quebradas. -E selou os lábios com os de Nojiko de forma mais avassaladora do que na primeira vez. Nojiko correspondeu ao beijo, agarrando os cabelos loiros com força e puxando-os a medida que sua excitação aumentava.

–Vamos...pra cima. -Ela sussurrou no ouvido dela e foi prontamente obedecidos. Estavam confusos, mas naquele momento só conseguiam pensar em saciar seus desejos.

Naquele dia, Marco e Ace não voltaram para o serviço. Mas eles não imaginavam que um pequeno fator ocorrido naquela tarde poderia mudar a vida deles completamente.