Olhos Estreitos escrita por ericalopes


Capítulo 16
16. Altruísmo




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Num minuto eu tinha uma decisão tomada, no outro, ela sumiu de mim como num truque de magia. Carl tinha uma expressão enigmática no rosto, que somado a um sorriso em seus lábios denunciavam a brincadeira de me deixar confusa.

Quem havia pedido a Carl para que ele me ensinasse a atirar? Quem se preocuparia a esse ponto?

Eu cogitei a possibilidade de ser Dog, mas Carl sabia de quem eu estava falando e Dog não era uma das opções. Glenn ou Daryl? A possibilidade eram pares. O que me confundia ainda mais.

- Você é uma garota má. Muito, muito má! – Dog estava em cima do trailer mascando um fino e verde fio de arroz.

- Antes uma garota má viva do que uma garota má morta. – retruquei oferecendo-lhe sorrisos.

- O que diabos você está fazendo? Aonde você estava? – Glenn se aproximara rapidamente a passos largos e firmes. Sua expressão era uma mistura de nervosismo com preocupação.

- Sendo grata. – eu lancei um olhar para Hanna que me observava desde que havia chegado ali. Ela abaixou o olhar imediatamente.

- Poderia pelo menos ter nos avisado? – Glenn cruzou os braços e senti que se preparava para uma longa e nada bela discussão. Eu fiz o mesmo, pensei numa resposta e a tive no mesmo segundo, mas era rebelde demais. Não era o que  eu queria ser, com ninguém e muito menos com Glenn.

- Eu teria avisado se soubesse que demoraríamos tanto. Eu calculei 30 minutos, mas aconteceu um pequeno acidente.

- Que acidente? – Rick revezou seu olhar várias vezes sobre mim e Carl. Nós nos entreolhamos e seguramos a resposta em nossas bocas por algum tempo.

- Andantes invadiram a casa onde estávamos, tivemos que pular pela janela. E eu tive que tirar a lanterna do pescoço de um deles. Mas nada aconteceu. – assim que Rick ouviu a última palavra dita por Carl ele lançou seu olhar furioso diretamente pra mim.

- Você é louca? Eu não tenho problema nenhum com portadores de doenças mentais desde que eles não tentem matar a mim e ao meu filho! – Rick cuspiu as palavras em minha cara com uma agressividade extrema.

- Nós estamos v i v o s. E graças a deficiente mental aqui nós nos manteremos assim. Você têm sorte de ter Carl como filho, acho que quando Lori morreu e seu cérebro caiu da sua cabeça ele entrou no crânio dele. Porque se falta sensatez em você Rick, sobra no seu filho. – Rick engoliu em seco. Seus olhos se mantiveram sobre os meus, e embora abertos e visualmente atentos eu sabia que eles não me enxergavam mais. Só estavam ali parados enquanto ele lembrava de Lori. Que eu devido a raiva havia citado sem a mínima pretensão de magoa-lo.

- Mas não se preocupe. Você não terá mais problemas comigo. – finalizei dando as costas para o grupo e entrando no trailer onde Andrea estava deitada junto a Georgine e Ellena.

- Apenas fique feliz. Eu estou viva, é isso que importa. – disse ao perceber que Glenn estava logo atrás de mim. Andrea se levantou ao perceber a tensão. Georgine a seguiu mas Ellena continuou lá, agora sentada.

- Seu pé, esta melhor? – perguntei ao observa-la lá, quieta e amedrontada. Ela acenou que sim com a cabeça.

- Eu não quero ir. – Ellena cortou o silêncio após alguns segundos. Eu procurava por alguma coisa que eu não fazia a mínima idéia do que era quando ela me chamou para uma conversa.

- Porque? – eu perguntei.

- Não quero morrer. – Ellena emendou um choro após dizer as últimas palavras. Eu sentei ao seu lado e a tomei nos braços. A pequena e frágil menina bailava no espaço dos meus braços, caberiam mais duas dela ali. Senti suas lágrimas esquentarem minha pele e a abracei ainda mais forte. Procurei palavras reconfortantes, mas qualquer coisa que eu dissesse ali seria mentira e contradizia o que eu já havia dito. Seria muito rude eu reafirmar tudo novamente? Dizer que ela iria mesmo morrer?

- Está tudo bem. Encontramos pilhas. Rick vai chamar reforços. Não estaremos mais sozinhos, seremos muitos, mais armas, eles nem chegaram perto de nós. – positivei olhando em seus olhos cheios de lágrimas. Ellena me olhou de volta e vi naquele olhar o mesmo olhar desesperançoso que via em Carl. Flagrei o exato momento em que uma criança perdia a inocência e a esperança e não fiquei feliz por aquilo. Não fora um privilégio e sim uma tortura.

- Você acredita nisso? – Ellena me encarou no fundo dos olhos e ficou esperando pela resposta.

- Sim. – eu menti.

Ela esboçou um pequeno sorriso e se desvencilhou dos meus braços. Deu um beijo gelado em minha bochecha e desceu do trailer me deixando a sós com a dor aguda que se formava lentamente em meu peito. Senti as lágrimas subirem rapidamente até meus olhos e os fechei para que elas não caíssem. Mordi os lábios até quase sangrarem.

Uma pequena flor me olhava em um canto isolado, seus olhos e todo seu corpo eram brancos como a lua. E ela estava sempre acordada e animada. Um sorriso queria se abrir, mas a imagem de Ellena morrendo não permitiu.

- É linda. – Glenn passara todo o tempo na porta apenas me observando. Eu me virei assustada quando o encontrei lá, com a cabeça apoiada num ferro e os braços cruzados.

Não o respondi. Temi que ele perguntasse de quem eu havia ganhado.

- Vai ficar tudo bem, eu vou protege-la. Eu prometo. – ele se aproximou e me abraçou por trás lentamente. Toda a dor em meu coração parecia ter uma grande queda pelo toque de Glenn e se amolecia quando ele me abraçava. Era quase que automático abraça-lo de volta toda vez que ele o fazia. Como se a conexão entre nós fosse impossível de ser controlada.

- Eu não entendo o porque da sua preocupação. Mas eu a respeito. Temos reforços agora, somos muitos. Nada vai acontecer.

- Eles não ouviram o chamado. O rádio falhou! Você ouviu! Não ouviram uma só palavra do que dissemos, um chiado parecido com um “Ok” é o motivo que Rick precisa para partir desesperadamente daqui. Não finja que não é isso, porque eu sei que você também ouviu. Na verdade deixou de ouvir.

- Foi um “ok”. É completamente inegável que eles entenderam. Estão vindo Lara. – Glenn também parecia ter se perdido no desespero de Glenn e dos outros. O que fez aquele fino fio de esperança que eu tecia sobre ele se desfazer. Eu apenas o abracei o mais forte possível trazendo seu peito para perto do meu rosto e ouvir seu coração bater rápido sobre meus ouvidos. Escondi o rosto ali, onde ninguém poderia ver toda a minha dor se desenhando em lágrimas mais uma vez.

- Não chore, por favor. – implorou. – Eu preciso de você.

Eu ignorei toda a súplica e amor contidas naquela frase, fechei os olhos e senti uma última lágrima escorrer pela face até chegar a minha boca. Agridoce como as palavras de Glenn.

- Eu tenho um conselho pra você. Não precise de ninguém além de você mesmo. As pessoas falham, as pessoas mentem, e as pessoas sempre vão te decepcionar. Então não dependa de ninguém. – Glenn me olhou com um semblante calmo, mas sua boca se abriu enquanto eu falava denunciando o quão surpreso ou assustado ele estava. Eu me pendurei no ar esperando me arrepender por ter dito aquelas coisas mas eu sabia que não me arrependeria. Era a coisa certa a se fazer. Dizer aquilo. Dizer mais verdades ao invés de empurrar mentiras sobre mim e sobre ele.

- Eu não sou a garota que você precisa. Isso que você sente, é momentâneo. Vai passar daqui a alguns dias quando você estiver lá rodeado de novas pessoas, novos rostos e novas personalidades. Eu não sei, talvez você ache alguém lá que supra suas necessidades, alguém a quem realmente valha pena entregar seus sentimentos. Mas não pra mim, porque eu não posso aceitar. Eu não sei o que fazer com tudo isso que você têm. Eu menti, eu disse que havia alguma coisa como se fosse algo parecido com amor, mas não é, é gratidão Glenn. Eu sou grata a você por absolutamente tudo que fez por mim, principalmente por ter salvo a minha vida. Eu nunca vou me esquecer de você. Mas amor, amor é uma coisa que nem eu e nem você estamos sentindo agora.

- Não fale por mim! – ele ordenou.

- Não é por você que eu estou falando, estou falando por mim. Porque eu sei que não há amor ai dentro. – retruquei violentamente.

- Eu não quero sua gratidão, eu nem sequer me importo se você disser que foi Dog que salvou sua vida, porque tecnicamente foi ele quem fez isso. Eu não quero agradecimentos e honras, eu só quero que você me olhe e veja alguém capaz de te fazer feliz, porque é isso que eu sou. Eu não quero que você me olhe com pena, com dó, porque nem eu faço isso com você. Eu nunca disse que isso era amor, e talvez não seja. Mas é bom o suficiente para me manter vivo e esperançoso.

- Então eu sou sua arma para continuar vivo? Como um remédio? – eu cortei suas palavras.

- Mil desculpas por colocar essa responsabilidade sobre você. Mas você é. – definiu um Glenn alterado.

- Não faça isso. Não me ame, não confie em mim. Eu não sou boa o suficiente pra você. Não continue tentando plantar um sentimento em mim, porque isso é impossível.

Glenn se aproximou furioso e prendeu-me contra a parede. Assim que a força do seu corpo se chocou contra a minha eu senti minhas costelas estralarem todas de uma vez. Minha expressão assustada fez com que ele recuasse lentamente alguns centímetros, mas ele continuou com uma fúria ardente pelo corpo e um rio de lágrimas se formava em seus olhos. Toda aquela cena violenta na verdade estava encoberta de súplicas e dores intermináveis.

- Eu não quero plantar um sentimento em você. – ele ditou lentamente. – Eu quero conquista-la e isso não se faz com ordens, se faz com tempo. Eu sou um idiota de estar aqui falando isso mesmo depois de você ter dito que não me ama e nunca vai me amar? É, eu sou. Eu não preciso de você pra viver, eu realmente sei disso. Mas eu não posso controlar, eu a amo, eu quero você. – lágrimas gordas desceram de seus olhos e pingaram sobre a minha blusa. Glenn encostou sua testa na minha escondendo o choro. Soluços baixos começaram a ser ouvidos. Era o único som além da minha respiração que pairava entre meus pensamentos. Senti toda a responsabilidade que eu me preparei para não ter subir em minhas costas naquele momento. Era pesada o suficiente de se imaginar, e impossível de ser carregada quando Glenn a revelou.

- Eu amo você. Se você mudar de idéia, eu ainda estarei amando você por um bom tempo. – Glenn se retirou de mim e minhas costelas voltaram ao lugar uma por uma. Glenn saiu tão rapidamente que mesmo que eu quisesse alcança-lo e dizer alguma coisa eu não conseguiria.

Não me assustei com o que Glenn havia feito, não como alguém que o observa e o vê como um jovem indefeso e magrelo faria. Esta era uma visão superficial sobre ele sobre a qual eu não concordava. Eu provoquei sua ira ou o que quer que fosse aquilo, e pude suportar a consequência.

- Partiremos pela manhã. – disse Daryl pela janela do trailer. Eu estava com a rosa nas mãos e congelada sobre o lugar onde Glenn havia me intimado minutos antes.

Desviei meus olhos para seu rosto e um choque violento invadiu meu corpo. Um arrepio quase fez com que meus cabelos levantassem. Primeiro sua voz, depois seus olhos, combinação tóxica para o meu coração.

- Ok. – eu sussurrei indefesa. Ele me olhou, depois olhou a flor em minhas mãos. Sorriu um sorriso pequeno como sempre fazia e saiu.

Não me dei tempo ou privilégios de ficar mergulhada nele. Ou de reviver a cena com Glenn. Não me dei tempo para absolutamente nada. Apenas saquei de uma prateleira a mochila quase vazia de Dog e enfiei nela todos os meus poucos pertences adquiridos naquelas poucas semanas no grupo. Guardei a flor dentro de um pote grande espaçoso. Sorri para ela, e ela sorriu pra mim.

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- Aonde você vai? – eu havia sido totalmente discreta e sorrateira, inclusive havia achado que o anoitecer e a escuridão me ajudariam, mas não fora assim. Andrea e Hanna  me flagraram mergulhando na mata.

- O que está tentando fazer? - perguntou Hanna.

- Ser grata. Como você me aconselhou.

- Eles conseguiram. Não precisa fazer isso.

- Eles estão se forçando a acreditar que conseguiram. Mas não conseguiram.

- Existe grandes possibilidades deles terem ouvido.

- Não vou arriscar, no fim eu não teria nenhum problema em morar em cima dessa ponte para sempre. Mas vocês precisam disso, precisam do CCD, da segurança de lá. Eu não preciso.Vou tentar achar outro caminho. Eu preciso pagar pelo que fizeram por mim, e esse é meu jeito. Apenas compreenda. Isso é gratidão.

- Você não pode fazer isso! É perigoso! – ela argumentou acompanhando meu tom de voz.

- Perigoso? Perigoso é deixar que Ellena, você e todos os outros morram pelo desespero do Rick. Eu vou encontrar um caminho e amanha cedo estarei aqui pra partirmos por um lugar seguro. É sério. – Andrea me olhava atônita e seus lábios se mexiam tentando dizer alguma coisa. Eu me virei pronta para retornar ao meu caminho.

- Eu também vou.

- Você vai ficar exatamente aonde está. – eu disse recuando um passo.

Ela não deu ouvidos e desceu o pequeno barranco em minha direção. Eu a empurrei para que voltasse.

- Você não têm uma dívida com eles como EU tenho! Então não seja idiota, porque isso não é uma festa e você não está convidada. – eu disse violentamente .

- Você não pode me impedir. – ela disse exaltada.

Eu saquei a arma da cintura e apontei para um de seus pés.

- Sim, eu posso. – não medi minha atitude, e embora parecesse que não, eu não pensaria duas vezes antes de atirar em um dos pés de Andrea para que ela não me seguisse.

- Não vai querer chamar a atenção deles. – ela argumentou convicta, e tinha razão. Foi então que eu saquei das costas uma flecha e me aproximei dois passos dela.

- Eu não estou brincando. Volte pra lá e cuide de Ellena e dos outros. – eu ordenei. Ela bufou e seus olhos se arregalaram ainda mais sobre mim. Alguns segundos se passaram até que ela retomasse seu caminho e eu o meu.

Quase não se podia enxergar. Eu caminhei tão rápido quanto podia para que não tivesse tempo de olhar para trás e desistir, ou sentir meu coração ficando ali enquanto caminhava de peito vazio por entre as árvores.

O frio não era ignorável, sentia como se minha pele fosse feita de concreto. O ar passava por minha boca e congelava meus pulmões. Apenas caminhei mais e mais rápido.

Era como se eu tivesse destino, embora não tivesse. Como se meus pés fossem acertar a direção a qual eu deveria seguir, embora não houvesse nenhuma. Só continuei me movendo floresta a dentro, e completamente fora de mim.

Encontrei dois andantes caminhando aparentemente sonâmbulos por entre as árvores, não quis gastar minhas flechas. Tentei passar despercebida mas não consegui. Seus olhos se arregalaram quando o vento levou meu cheiro as suas narinas. Querendo ou não eu deveria matar todos que visse, mesmo que parecessem totalmente incapazes de alguma coisa.

Eu caminhava a algumas horas, eu acredito, quando as minhas pernas perderam o ritmo e meu coração se abriu. Daryl estava lá, me pedindo para confessar o quanto eu o amava. Não sacudi a cabeça e nem me repudiei, apenas sorri confessando a ele o que tanto queria.

Pouco mais de 40 passos e eu encontrei a rodovia novamente. Apenas iluminada pela luz da lua. Escuridão vinda de todos os lados trazendo silêncio. O barulho dos meus coturnos no asfalto assustavam-me violentamente. Meu coração batia forte ao ponto de doer no peito. Deus, como o silêncio é horrível.

Tentei fazer meu coração se acostumar ao barulho e tomei a estrada para segui-la até o fim. Eu, minhas botas e a lua.

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West Village, Cocknut, Husvy Village, passei por todos esses lugares cercados por cercas brancas e montanhas arborosas até minha respiração falhar e me fazer cair em meio ao asfalto gelado. 3 horas caminhando com poucas pausas fizeram meu corpo esquentar infinitamente.

Um pensamento veio a mente, talvez não houvesse mesmo outra entrada para Portland. Inevitável porém adiável. Esperei que minha respiração se regulasse e me pus a andar novamente. Não conseguiria retomar o ritmo de horas atrás, meu peito doía devido ao esforço e minhas pernas falhavam continuamente assim como minha respiração. Mas eu havia adiado a possibilidade de desistir então mesmo a passos fracos eu continuei.

A temperatura cai bruscamente nas terras ao norte do Mississipi. Totalmente inconstante em qualquer época. Aqui o verão pode chegar nos próximos 10 minutos, e o inverno e a chuva também. É aonde o encontro do sol e da lua se dá; entre Portland e o velho barreiro. Dos privilégios que eu me desfazera se caso pudesse, presenciar o beijo entre a lua do Missi e da lua de Portland seria um deles. Assim que os dois se tocaram a neblina aumentou violentamente dando a rodovia o aspecto de um sonho surreal. Eu arregalava os olhos tentando enxergar algo a minha frente, mas nada era visível além da névoa branca encobrindo tudo e se aproximando cada vez mais.

Meu instinto de sobrevivência calou a minha teimosia e secou minha adrenalina. Procure um lugar seguro e descanse. Eu quase me preparei para resgatar a minha teimosia quando um ruído familiar soou de dentro da mata. Não ignorei meu lado racional e corri por um barranco ao meu lado. Senti-o segurar uma das minhas pernas. Senti a terra sumir das minhas mãos então as firmei ainda mais no barro seco. Consegui subir. Olhei para baixo e o vi lá, solitário, tentando me alcançar com aqueles dedos finos e sujos.

- Quer me fazer companhia? – eu perguntei meio fora de mim. Ele não respondeu, obviamente não.

Olhei ao redor e identifiquei o que parecia uma grande caixa d’água. Logo meus olhos alcançaram outras três. Caminhei até a mais próxima e subi as escadas com dificuldade. Chegando lá em cima contemplei a imensa paisagem cercada de branco. Não havia muito o que admirar fisicamente, apenas podia respirar com mais calma e segurança. Nenhum walker subiria ali. Eu não iria dormir, apenas descansar tempo o suficiente para a neblina baixar e eu poder caminhar novamente.

Rasguei uma das mangas da blusa e pus fogo. O frio ali em cima era 10 mais congelante e 20 vezes menos ignorável. Aproximei meu rosto a ponto de quase queima-lo, passei minha mão por entre as labaredas e minha pele pareceu impenetrável. Não sei em que momento o fogo não foi mais capaz de me manter acordada e quente. Mas quando os primeiros raios de sol me acordaram, ele estava lá, parado ao meu lado.

Eles se foram. – ele sussurrou com sua voz rouca. O torpor do sono ainda era pesado, o sol me impedia de enxergar e fazia minha cabeça doer. Analisei a frase como podia, analisei a situação e não pude acreditar. Ele estava lá, Daryl estava ao meu lado. Tentei enxerga-lo mas meus olhos não se abriam de forma que pudesse vê-lo. Ele segurou minha nuca e levantou minha cabeça que pesava toneladas. De repente suas íris azuis encontraram-se com as minhas me devolvendo a sanidade ou me fazendo perder o pouco que ainda restava. Acreditei em estar um sonho, mas assim que o calor da sua mão sobre minha pele penetrou meus tecidos mais profundos eu soube que era real.

- Como se foram? – perguntei temerosa.

- Foram para Portland. Partiram ainda na madrugada. – ele explicou. Eu tomei o ar pela boca, agora quente e pacífico não congelavam meus pulmões. Organizei as idéias que saltavam na minha cabeça. Assim que as enfileirei deixei as lágrimas de cada uma delas saltaram do meu rosto. Todas as cenas e possibilidades trágicas que eu tinha tentado evitar com aquela viagem haviam se tornado certezas em minha cabeça. Meu rosto era lavado por um rio de lágrimas quentes que acabavam em minha boca ou em meu queixo. Eu chorava de dor, uma dor que quase não cabia no peito. O som do meu choro gritava em meus ouvidos.

Eu senti que Daryl gostaria de dizer algo. Mas ele não disse. Apenas me amparou em suas mãos para que eu pudesse chorar confortavelmente. Meus olhos tentavam expulsar toda a dor que havia em meu peito, mas assim como as lágrimas, aquela dor não tinha fim.

Descemos da imensa caixa d’agua. Daryl parecia ter um rumo, eu apenas o seguia controlando o choro. Nos últimos degrais eu percebi que ele havia colocado seu poncho sobre mim.

- Porque você não foi? – eu perguntei confusa.

Ele caminhava a minha frente.

- Glenn pediu para que eu a procurasse.

Eu parei de caminhar e analisei os fatos.

- Não. – eu afirmei assim que o pensamento veio a mente. – Glenn não pediu para que você viesse, se ele quisesse me achar, ele mesmo teria vindo. – afirmei convicta.

- Porque veio Daryl? 


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Notas finais do capítulo

Olá, seus lindo, suas linda, suas maraveleosa da pele bronzeada do verão brasileiro s2
Chega né? É.
Primeiro, queria agradecer a linda da minha Gaby pela 1ª recomendação que o OE recebeu *-*
Porque ela não anda, ela desfila, ela é top, é personagem da minha fic, é a mais mais, namorada do Carl, ela é a mais foda e a Lucy paga pau ♥

Gostou Gaby? UASHUASHUASHUSAHUASHUSAHUASH

Bom gente, espero que tenham gostado mesmo. Deixem suas opiniões, o que gostaria de ver na fic, o que não estão gostando. Sejam sinceros, prometo não atirar! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK