Vampire escrita por Emma Patterson


Capítulo 13
Capítulo 13 – Revelando-se




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/373992/chapter/13

Capítulo 13 – Revelando-se

Renesmee

Todos estavam em completo silêncio. Apenas o meu coração e das três híbridas batia. Os quatro em perfeita sincronia, calmos e ritmados.

Eu deveria estar morrendo de medo, nervosa e culpada. Mas não tinha do que me culpar, eu não tinha pedido para nascer e fazer parte de uma raça que não era tão nova assim como disseram Annabeth e Jean. O fato de eu quase ter morrido antes, ter visto ódio e a ganância antes me fizeram ser mais resistente, ser mais coerente a situações difíceis e desesperadoras.

Meu pai me olhava junto com a minha mãe, esperavam me ver chorar ou gritar, mas isso nunca aconteceria, não agora. Apenas virei o rosto e encarei meu tio Jasper. Ele me olhava com a sobrancelha erguida em completa dúvida sobre meus sentimentos. Bufei. Eu estava fazendo muito isso ultimamente.

Encarei Alex. Eu me identificava com ela, seu jeito silencioso e calculista me faziam ser mais alerta.

_ Quando partimos? Não quero ficar aqui e esperar o pior.

Meus pais enrijeceram, minha voz soou tão calma que senti a preção cair, se é que era possível e se estava sob meu alcance.

_ Você não vai a lugar nenhum. – quase rosnou Edward.

Uma corajem, que eu sempre procurei em mim, de uma hora para outra cresceu. Olhei meu pai como jamais pensei que conseguiria. Ele deu um paço para trás, Jasper se levantou esperando que eu fizesse algum ataque e em estado de choque e surpresa ao mesmo tempo, enquanto os outros observavam sem reação. Algo completamente raro para vampiros. As três híbridas encaravam a cena completamente quietas.

_ Para alguém que lê mentes você devia ser mais calculista e esperto. – rosnei, minha voz soando suave como seda. – Não venha me proteger e me tratar como uma fraca, eu cansei disso. Se quiser ficar aqui e chamar mais vampiros como da outra vez e arriscar suas cabeças de novo, bem boa sorte, mas não me verão aqui para isso. Não procuram vocês, procuram a minha espécie, minha raça. Sei que me amam e só me querem segura e que viva ao lado de vocês, mas uma coisa que humanos sabem antes de vocês, é que filhos nascem para o mundo. – olhei Jean. – Só preciso treinar, aperfeiçoar meu dom, sei que posso dar conta. - Implorei.

_ Bem, não podia ter professoras melhores. – sorriu alegre, tanto com minha demonstração de atitude e coragem quanto minha decisão de luta. – Fico feliz que reconheça sua raça. – falou orgulhosa e se levantando. Rosalie foi rápida e a barrou rosnando.

_ Não vai tirá-la daqui! – seus olhos estavam negros e desvairados. Era uma mãe insana protegendo sua cria. Eu não podia fazer nada, nem lutar, eu sabia e duvidava que alguém da minha família interferisse.

_ Chega, Rosalie. – falou minha mãe andando lentamente até meu lado. – Isso é decisão de Renesmee e se ela escolheu seguir com suas... Irmãs não seremos nós que a impediremos. Eu sou a mãe dela, eu devo decidir o que é bom pra ela e apoiá-la, não você. Edward, não vai ler a mente dela, chega de tentar. – se irritou pela primeira vez com meu pai. Ela se virou para mim e me abraçou. – Vai precisar de alguma coisa?

Ela podia estar expressando naturalidade, mas mamãe sempre seria péssima mentirosa de emoções. Se fosse humana, estaria em prantos agora.

_ Mãe... – sussurrei sentindo as lágrimas rolarem. – Obrigada. – e a abracei novamente e bem apertado, meus ossos estralaram com a força.

_ Sei que nunca interferi antes, mas não era a hora. Eu te amo e farei e aceitarei qualquer coisa que a mantenha viva e que possa voltar para mim.

Sequei as lagrimas relutante e encarei meus tios e meu pai. Via a dor em seus olhos, mas meu pai estava quase em pedaços.

_ Desculpe-me. – e abaixei a cabeça. De repente seus braços me envolviam fortes e aconchegantes.

Edward sempre seria o melhor pai do mundo. Senti o escuda da minha mãe sumir e liberei tudo que queria dizer ao meu pai, o quanto o amava e o quanto me desculpava por todas as coisas egoísta que havia pensado. Ergui minha mão e toquei seu rosto, todas as imagens voando em sua direção e invadindo sua mente.

“Do meu jeito”. Falei em pensamento. Nunca fui de falar muito, sempre me manifestava com expressões, rosnados e bufos. Meu pai riu apesar da cara de choro.

_ Eu te amo, pequena. – sussurrou.

_ Plus que ma propre vie. – falaram mamãe e papai em uníssono.

_ Precisam ir agora? – perguntou Alice com a mão direita massageando a tempora, ela não conseguia me ver, quatro híbridas era escuridão completa. Ou seja, dores de cabeças para ela.

_ Na verdade estou cansada, preciso de uma boa noite de sono, talvez ainda haja tempo para umas férias. – falou Alex sem emoção e olhando entediada para a sala.

Meu pai sorriu de orelha a orelha. De alguma forma Alex não era assim tão fria. Ela olhou para mim e ergueu o canto dos lábios, um suposto sorriso que não deixou se formar por completo.

_ Onde dormimos? – perguntou Jean se sentando no sofá grande e colocando os pés na mesinha de centro. Se vovó visse isso...

_ Temos dois quartos de hóspedes. – falou Alice alegre apesar da testa franzida. Era complicado ser “cega” para ela, ainda mais com sua história de vida quando humana. Sentidos apagados pelo poder latente das visões.

_ Eu fico com um só para mim. – disse Alex deixando claro para nós que gostava de ficar sozinha.

_ Vou mostrar a vocês, mesmo já sabendo onde ficam pelo cheiro. – disse Alice saltitante. – Visitas, Esme vai adora, Carlisle vai pirar vocês com perguntas. – começou a tagarelar contente. Quando estavam na metade da escada Annabeth se virou.

_ Vamos precisar conversar, acho que não vão deixá-la ir tão sozinha assim. – encarou meus pais acusadora.

Os olhei confusa.

_ Você é esperta. – resmungou meu pai. Annabeth sorriu maliciosa.

_ 150 anos de vida vieram muito a calhar na hora de observar. – arregalei os olhos com a sua idade.

_ Pai, ela é mais nova que Nahuel, mas ainda sim... – falei a olhando incrédula.

Annabeth apenas riu e seguiu tia Alice junto de Alex e Jean.

Encarei meus pais. Principalmente Edward.

_ O que pretende? – mais acusei do que perguntei.

_ Você ainda é jovem, talvez possa treinar por um tempo, até parecer mais velha e se disfarçar entre os humanos. Sabe, estudar, como eu e seus tios fazíamos. – declarou com indiferença. Humor de vampiros mudando tão rápido quase me dava dor de cabeça. Ele sorriu torto.

Mamãe nos olhava aliviada e divertida.

_ Temos tempo, elas mesmas confirmaram. – falou minha mãe com voz de sinos.

Rolei os olhos e os abracei.

_ Tudo bem. Qual cidade? Ainda nos Estados Unidos? – perguntei animada. Eu ia sair da toca, me preparar. Eu ainda tinha tempo com a minha família.

Minha mãe fez uma careta, papai a olhou preocupado.

_ Filha, mas e o Jack? – perguntou mamãe triste. Seus grandes olhos dourados olhavam profundamente para mim.

Eu queria privacidade, então toquei minha mãe e mostrei o que eu queria antes de papai ler minha mente, seu escudo me envolveu e papai me olhou curioso. Diferente de mamãe, eu não era fácil de ler em expressões quando não queria.

Mostrei a ela o que decidi e falei em voz alta ao meu pai:

_ Ele vai ficar bem. – na verdade ele não ficaria, eu o deixaria.

Desde que nasci eu entendi o que ele era para mim, bem, o que eu era para ele. Claro que me sentiria atraída por ele quando fosse mais velha, mas desde sempre, a única coisa que conseguia esconder até do meu pai, era de que nunca me senti bem com o imprinting, nunca achei certo. Partir o coração de Jacob não partiria o meu, doeria, mas um dia iria se curar, diferente dele e curiosamente, eu não era presa a esse poder obrigatório dos transformos. Podia ser injusto com ele que já tinha sofrido com a minha mãe, mas não podia ficar com ele quando eu não o amava e nunca amaria, tudo não passava de um laço idiota e uma coisa que eu nunca gostei era de caminhos traçados sem a decisão da dona deste destino.

_ Vamos ligar para o vovô e a vovó por enquanto. – falei sorrindo tentando mudar o assunto. Eles entenderam e logo papai pegou o celular e subiu até a biblioteca acompanhado de Jasper, Rosalie e Emmett. Mamãe me abraçou pelo ombro e juntas seguimos tia Alice. O assunto Jacob/imprinting deixado de lado por enquanto.

****

_ Então você conhece todos esses lugares e nunca esbarrou em um vampiro sem que você queira? – perguntei maravilhada sentada no meu quarto e com Annabeth e Jean sentadas na minha frente, menos Alex que estava encostada na janela e olhava a floresta com um olhar vazio.

Viemos para cá depois da seção de pergunta que todos da minha família fizeram a ela. Minha mãe me ajudou a ter privacidade – o pouco que era possível e intensificando com o dom da minha mãe sobre todas nós – no meu quarto no chalé. Papai estava na casa grande conversando com Carlisle e Esme pelo celular, Alice estava arrumando o quarto onde as garotas ficariam até partirmos. Foi decidido com consentimento de Carlisle que partiríamos para Whistler no Canadá. Um lugar sempre coberto de neve e sempre poderíamos ter desculpas quando fizesse sol, como ruas escorregadias, resfriados e difícil adaptação, ainda mais com nove adolescentes juntos e boa parte adotados. Tinha mais sol que Forks, mas lá ninguém nos conhecia e era o único lugar no qual ninguém da minha família se estabilizara no passado. Era a primeira vez de todos naquela cidade. Todos iriam para a escola novamente, mamãe estava empolgada de ter sua primeira experiência de fingimento como meu pai fazia antes de conhecê-la e durante.

_ Sim, é incrível ser livre! No clã que fazíamos parte não tinha restrição como nos Volturi e outros que existem por ai e vocês nem sequer sabem a existência. Os Ethan eram incríveis. – respondeu Jean.

_ Já sinto falta da Peg. – resmungou Annabeth e olhou a irmã, como se pedisse permissão para se lamentar e choramingar. Alex a ignorou e Annabeth sorriu aceitando aquilo como um sim.

_ Quem é Peg? – perguntei curiosa e colocando uma mecha dos meus cabelos cor de mogno atrás da orelha.

_ Uma vampira do clã, ela era nossa amiga e a única que a gente realmente gostava. O resto não haviam se habituado a hibridas, mas Peg sempre fora doce e gentil. – contou Jean sorridente.

Ela era a que mais estava confortável, até ficou amiga rapidamente do meu tio Emmett. Ela se jogou na cama de costas e quicou com o impacto. Seus cabelos eram longos e loiros, um loiro uniforme que se moviam em ondas largas e hipnotizantes, calorosos como depois do amanhecer no inicio da manhã, tão pálida quanto eu, mas as bochechas rosadas pelo sangue, porém seus olhos azuis eram tão frios quanto à neve. E isso me lembrou de que ela tinha um dom, meu pai me contou quando viemos e ficamos sozinhos enquanto Alice e minha mãe mostrava o chalé. O problema era que ela bloqueava meu pai e toda vez que ele tentava ver o dom dela ela pensava em flores, sempre flores e parecia ser proposital porque toda vez que meu pai tentava ela ria, mesmo quando todos estavam sérios. Claro que Alex e Annabeth sabiam, mas elas ignoravam isso e apenas observavam o presente e ignoravam Jean, uma estratégia de camuflagem que estava irritando meu pai e isso estava me divertindo muito. Mas graças a minha mãe maravilhosa eu estava tendo boas horas de privacidade. Mas pela fumaça branca e fria que Jean soltou na floresta eu já desconfiava o que era, mas precisava confirmar e ver com os meus próprios olhos.

_ Jean. – a chamei decidindo ser direta. Ela me olhou com os olhos grande e curiosos. – Você tem um dom, como ele é? Você... Pode me mostrar? – segurei minhas mãos sobre a barriga nervosa com a resposta dela.

Dessa vez ela não olhou para Alex, como fazia com frequência, para pedir permissão. Ela sorriu.

_ Achei que nunca tomaria coragem para perguntar e pedir. – riu sonoramente e se levantou. Agora vestindo um vestido solto e azul escuro que Alice lhe dera. Ela rodou teatralmente e parou abrupta e abriu os olhos ainda mais claros.

De seus dedos começou a sair uma nevoa branca e cintilante e as pontas de seus dedos ficaram tão pálidas como nuvens, mas de aparência viva e não como um cadáver, e foi subindo até seu antebraço, neve começou a subir depois de sair das suas mãos e girar a sua volta com um vento suave criado pela sua pequena nevasca.

Jean controlava o gelo, e isso se refletia perfeitamente em sua aparência e personalidade. Fria como a neve, corajosa e implacável, mas doce e divertida, zombeteira e traiçoeira. A encarei maravilhada, Alex observava com um sorriso amável.

Os cabelos de Jean voavam mais forte e meu quarto já estava cheio de neve fina e suave no chão. A temperatura caiu, mas eu não me importei, apenas levantei com a súbita vontade que me veio de mostrar meu dom a ela, não era tão glamoroso e chamativo, mas eu podia encantar. Parei na sua frente e estiquei os braços colocando minha mão em seu rosto, a neve e o ventos rodopiavam meus cabelos escuros criando um efeito e cor incrível. Eu amava a neve, ele me deixava mais bonita e contrastava os meus olhos e cabelos.

Então mostrei a ela tudo, desde meu nascimento, meu crescimento, a “batalha” com os Volturi, os dons que conheci, os lobos e por fim a imagem de seus poderes naquele quarto no meu ponto de vista. Lindo, poderoso e implacável.

Ela gargalhou então parou quando a porta do meu quarto se abriu abruptamente e meus pais entraram com Jasper e Alice, todos assustados e confusos. Afastei-me de Jean assustada enquanto toda a neve no ar caia pesada sobre nós.

Estávamos tão distraídas com essa demonstração que não percebemos o barulho alto e meus parentes cegarem preocupados. Jean se empolgou e usou neve de mais, era um efeito lindo, mas agora sujava todo meu quarto deixando uma bagunça, como se uma avalanche tivesse passado. Annabeth olhava sem expressão para Jean e os Cullen, mas Alex ainda estava na janela e olhava calculista, ela sabia que eles estavam vindo, ela nunca se distraia ou baixava a guarda, ela era pior que meu pai e Jasper. Um soldado em vigilância constante, ela queria ver o que isso causaria de impacto a eles, ela sempre estava fazendo experimentos com as pessoas, observando suas personalidades e atitudes. Isso me incomodou. Ela queria impedir os híbridos de serem usados, mas ela fazia algo parecido.

_ Mas... – falou minha mãe pasma. Seu enormes olhos dourados vagando por cada canto do quarto.

_ Renesmee. – meu pai falou meu nome completo, senti o escudo da minha mãe nos deixando e me senti desprotegida e mais assustada.

Eu sabia o que meu pai estava pensando por suas expressões que mudavam rapidamente em segundos. Ele viu como sua filha estava se descobrindo, crescendo e que agora ela estava pronta para querer partir, ele não queria isso, não agora, talvez nunca.

“NÃO!” – gritei mentalmente o assustando e o fazendo dar um passo para trás com o grito súbito. “NÃO VAI ME IMPEDIR, NÃO VAI SE INTROMETER! ME DEIXE CRESCER! ME DEIXE EM PAZ!”

Então ele paralisou e olhou para todos confuso e... Desolado.

_ Eu... – gaguejou olhando para todos procurando alguma explicação. Ninguém entendia o que estava acontecendo. Minha mãe agiu protegendo sua alma gêmea.

_ Edward, meu amor, o que foi? – e olhou para Alex, Annabeth e Jean com uma raiva avassaladora, ela achava que alguma delas estava usando algum dom nele. Ela devia o estar envolvendo em seu escudo. Mas depois olhou confusa. – Não sinto nada nos atacando.

_ Porque nenhuma delas esta nos atacando, nenhuma delas é capaz de atravessar seu escudo, apenas Nessie. – falou meu pai ainda abalado. – Como você fez isso? Como fez todas as vozes se calarem?

_ O-oque? – gaguejei com sua resposta. – Eu não fiz nada!

_ Você bloqueou meu dom, filha. Você não só pode atravessar escudos, você pode criá-los na própria mente do individuo, diferente da sua mãe que expandi, você... Você constrói um escudo que bloqueia dons. – me olhou maravilhado, mas ele ainda estava incomodado.

Todos me olharam surpresos e em completo silêncio, respirações extintas apenas quatro corações pulsantes. Alex sorriu feliz com a consequência.

_ Nunca pensei que diria isso, mas ficar sem ler mentes não é agradável, faz parte de mim, pode me “devolver” Nessie. – pediu meu pai desconfortável, frágil. Nunca pensei que o veria assim um dia.

O problema é que eu não sabia desfazer, nem percebi que fora eu que fizera aquilo! Ok, percebi que foi quando me desesperei por meu pai ler minha mente e eu estava cansada disso, não queria incomodá-lo e chateá-lo com meus pensamentos revoltosos, entrei em pânico, gritei mentalmente desejando fortemente que ele não me lesse, que seu dom parasse de funcionar por um tempo. Então finalmente senti o escudo, como um círculo invisível cobrindo a cabeça do meu pai. Ele era resistente.

_ Eu... Eu o sinto agora, mas não sei pará-lo. – falei chorosa, minha respiração se descompassando em desespero. Não queria machucar meu pai, isso doía muito.

_ Relaxe, respira e inspira, imagine o escudo afrouxando e por fim se desfazendo, nem que seja lentamente. Ele é criação sua, faz parte de você, ele é um músculo seu, o controle. – falou Alex agora ao meu lado e com a mão sobre meu ombro suavemente. – Seu escudo, você o controla. – falou como um mantra para mim.

Ela viu que eu ainda estava nervosa e suspirou pesadamente e fechou os olhos.

_ Jasper, a acalme, por enquanto ela vai precisar de ajuda até controlá-lo perfeitamente. – pediu ao meu tio.

Meu corpo amoleceu, minha respiração se tranquilizou, meu coração se acalmou e senti uma calmaria plena, senti o escudo afrouxar em segundos e sumir como se nunca tivesse existido.

_Ah! – suspirou meu pai colocando uma mão na cabeça e bagunçando ainda mais os cabelos, uma expressão de alivio e cansaço no rosto. Minha mãe o abraçou e o beijou castamente.

Sorri aliviada.

_ Obrigada Alex, obrigada Jasper. – falei sentindo as lágrimas.

Corri até meu pai e me joguei contra seu corpo. Afundei meu rosto em seu peito e ele me apertou. A culpa me afundava, mas Jasper me enchia de calma o tempo todo, felicidade não era algo que podia se influenciar nesses tipos de momentos, ele não gostava de usar essa manipulação.

_ Desculpa pai, me desculpa. – solucei pesadamente. – Sinto muito mesmo.

_ Shiii. Tudo bem, foi um acidente. – me abraçou apertado e acariciou meus cabelos, mamãe nos abraçou e nos envolveu em uma bolha de privacidade.

Ouvi todos saírem e antes de Jean sair ouvi um vento súbito e o calor começou a voltar no quarto, levantei a cabeça e todas a neve havia sumido. Ela passou por mim e meus pais e sussurrou.

_ Você não esta pronta, não agora. – seus olhos estavam derretidos e agora pareciam uma geleira que se transformará em lago. – Descanse. Até amanhã. – assentiu com a cabeça para os meus pai e saiu atrás de Annabeth e Alex.

Finalmente era apenas meus pais e eu no chalé. Jacob não viera me visitar e se tentara fora impedido, agradeci por isso. Não queria mais vê-lo, agora eu estava virando gelo.

Meu pai me apertou mais e beijou o topo da minha cabeça.

_ Não se preocupe, estaremos juntos. Para sempre. – falou paternal.

_ Para sempre. – sussurrou minha mãe nos envolvendo mais ainda.

_ Para sempre. – repeti mais calma (naturalmente) e realmente feliz por isso.

****

2 dias depois

Andava devagar pela floresta. Eu me encaminhava para o campo em que meus pais se encontravam em dias de sol, um campo lindo e cheio de flores lilases e perfumadas. Lembrava perfeitamente de quando eu era pequena, papai e mamãe me lavam lá sempre.

Era um lugar belo e puro, digno para me dar coragem e tranquilidade necessária para cortar minhas relações com Jack.

Escutei patas velozes e pesadas, alvoroçadas como o coração que retumbava ansioso. Fechei o olho em agonia. Meu pito doía, a força do imprinting me empurrando a desistir dessa ideia maluca, mas eu estava decidida, eu traçaria meu próprio caminho, nada seria escrito para mim sem antes eu ter escolhido.

Abri os olhos convencida e algemei aquela dor e agonia bem no fundo da minha alma e corri o mais veloz que conseguia para o meio da clareira. Jacob diminuiu a corrida me deixando chegar primeiro, ele achava que estávamos tendo um encontro sozinhos, conversar amenidades como fazíamos antes... Bem, ele estava enganado.

O sol estava forte, em seu pico, minha pele cintilava suave, não havia vento. Era um daqueles pouquíssimos dias de sol em Forks. Olhei para a orla da floresta e esperei Jack aparecer. Das sombras um rapaz alto, moreno e belo surgiu. Um sorriso enorme e quase contagiante. Meu rosto estava diferente. Frio, sem emoção e meus corpo estava em uma postura reta, elegante e dura. Olhei em seus olhos quase negros e vi a compreensão lhe atingir. Como um estalo sua expressão mudou e ficou preocupada... Comigo.

“Por favor, pare” – implorei mentalmente, mas sabia que ele vislumbraria isso em meus olhos.

Jack correu até mim e parou a alguns metros.

_ Você esta bem, Nessie? – ele estava preocupado comigo. Senti a culpa me dominar, mas me forcei a aceitar que não tinha culpa nenhuma. Se Jack iria se ferir, era porque ele era um lobo acorrentado a um feitiço estúpido.

_ Jack... Digo, Jacob – não o chamaria mais por apelido, Jacob agora era apenas uma pessoa que passou pela minha vida, era passado-, vamos embora.

Seu rosto ficou confuso, depois atordoado e por fim aliviado.

_ Ok, só vou avisar Seth e Leah e o Sam. Eles vão entender já que somos im... – o interrompi gélida.

_ Não tem que avisar ninguém, Jacob. Você não vai com a minha família e nem comigo. Vamos apenas nós, os Cullen. – era errado, devia ser paciente, mas se eu demorasse eu sucumbiria ao imprinting.

Seus olhos ficaram negros e suas mãos começaram a tremer. Devia ter ouvido meu pai e não vir sozinha, mas Jacob não me machucaria, ele me amava de mais para isso.

_ N-não... E-eu... V-você... – gaguejou com os olhos cheios de lagrimas e completamente despedaçado.

Vê-lo destroçado foi pior do que imaginara. Achei que conseguiria suportar, mas eu sentia meu corpo desmoronar por dentro.

_ Não existe! – exclamei rápido. – Eu sou uma criança! – joguei a primeira desculpa que me veio à mente. – Isso não é natural! Esse amor é uma linha obrigatória criada pela sua espécie! Não surgiu tranquilamente, apenas explodiu! Isso me sufoca! Eu cansei de ser controlada e que decidam o que é “bom” para mim! Eu quero escolher! Eu quero escolher o meu amor e... Jacob, você não é. Desculpa.

Suspirei, meu rosto endurecendo como mármore.

_ Eu sou hibrida de vampiro, você é um transformo de lobo. Somos inimigos... Nunca daria certo... – fechei os olhos, estiquei minhas mãos e mostrei meus pensamentos.

Você sabe tanto quanto qualquer um. Não somos feitos um para o outro. Sou apenas a linha que ligava você e minha mãe, apenas um traço confuso. Siga em frente, tenha a vida humana que você tanto honra e admira. Seja natural. Adeus... Obrigado por me defender e se arriscar por mim, nunca saberei como retribuir tudo que fez por mim e minha família. Sempre lembrarei de você... Eternamente”.

Afastei-me dando passos para trás. O encarei e vi se transformar em um lobo. Os caninos expostos e rosnados saindo pela sua garganta. Seus olhos escuros agora estavam opacos não me admiravam mais. Senti uma pressão em minha cabeça.

_ Vamos. – falou Alex surgindo com Jean. Não havia escutado que elas me seguiram. Deviam ter se mantido distantes o suficiente para eu ou Jacob não escutá-las.

_ Ele esta livre. Ele não tem mais imprinting por você. Seu dom o libertou. – falou Jean se posicionando a minha frente. Suas mãos estavam gélidas e brancas.

_ O-oque? – gaguejei confusa e desnorteada.

_ Seu dom bloqueou esse “feitiço” de transformo. Agora ele estava livre e sente raiva de você, da sua espécie, de nós. Ele se sente usado. – falou Alex olhando o tempo todo para Jacob. Fria e imbatível.

_ Corra, Renesmee. CORRA! – gritou Jean quando Jacob pulou em nós, rápido e mortal.

Agora eu estava mais livre e sentia aquele que aquele laço de imprinting havia me libertado. Corri sem olhar para trás porque sabia que não podia ajudar. Senti o frio e uma rajada de vento e um choro misturado com latido. Agudo e assustador.

_ Não o matei, apenas o incapacitei. Seus parceiros de banco vão descobrir e vão vir atrás de nós. Temos que sair de Forks, não somos inimigos, mas aqui só vamos ter problemas. Jacob vai quebrar o contrato, não vai pensar duas vezes. – falou Alex enquanto corria ao meu lado, sem qualquer alteração na respiração.

Libertei meu escudo interno de Jacob, mas ainda assim não sentia mais o imprinting. Eu cortei esse laço de vez.

Leah e Seth não estavam como lobos, por tanto não vieram atrás de nós. Ninguém sabia o que aconteceu. Escutei os pássaros que ficavam naquela região da floresta e confirmei que estávamos perto do território da minha família. Gritei sabendo que ouviriam.

_ MÃE! PAI! – e acelerei, ultrapassando Jean e Alex. Herdei isso do meu pai.

Escutamos passos a distancia e logo eles nos alcançaram. Minha família de vampiros. Vô Carlisle e vó Esme ainda não haviam voltado.

_ O que...? – começou Alice apertando as temporas irritada.

_ Isso é complicado. – falou meu pai já tendo visto tudo em nossas mentes.

_ O que aconteceu? – perguntou minha mãe preocupada. Ela queria saber de Jacob.

_ Jacob não tem mais imprinting com Renesmee, ela cortou o laço, explico depois – se apressou a dizer interrompendo Alice e mamãe -, ele se irritou e atacou Renesmee, se Alex e Jean não tivessem a seguido... – rosnou fechando os punhos.

Mamãe congelou e arregalou os olhos sem acreditar.

_ Ele não faria isso... – sussurrou tentando não acreditar.

_ Lobo são instáveis, tanto quanto recém-criados. E este já foi usado de mais, a limite estourou. – falou Alex, irônica. – Vamos embora ou não? Esperar seus lideres vai nos ferrar. Querem que os Volturi descubram que os seus cachorros de estimação se voltaram contra vocês? Sabe que ele vai inventar algo para pegar vocês, selecionar os suas novas peças colecionáveis e acabar com os pulguentos. – encarou meu pai, desafiadora.

_ Peguem tudo que precisamos e destruam tudo que mostrem onde já fomos ou pretendemos ir. Bella, Emmett e Rosalie vão buscar Charlie, não vão machucar ele, mas não sabemos o que Jacob pode conseguir convencê-los. Ele é de sangue quente, não pensa direito. – comandou papai em modo de defesa e ataque simultâneos. – Alice avise Carlisle para nos encontrar na nova cidade, Jasper limpa tudo. Vamos.

E corremos. Não tínhamos tempo para momentos sentimentais. Tínhamos que sair de Forks, para sempre ou até essa geração de lobos morrerem.

Adeus doce lar, adeus Jacob, meu protetor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vampire" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.