–Skylla, espera aí, poxa! -gritou Jack, enquanto Skylla corria e se esgueirava por entre galhos e arbustos.

–Viu? -gritou ela de volta, sorrindo. -Essa é a prova de que eu ganhei a corrida!

Havia muita neblina naquele lugar, e com as inúmeras nuvens que haviam ali o sol não conseguia iluminar a floresta, dando a ela um aspecto... sinistro.

Vejam a floresta:

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Skylla diminuiu o passo assim que percebeu que estavam chegando perto de sua cas... de seu esconderijo.

–Estamos perto...! -falou ela para Jack, que agora estava a seu lado.

O garoto olhou ao redor e tudo o que viu foram folhas, árvores, folhas e árvores... E mais folhas.

–Como consegue se localizar aqui? -perguntou ele, surpreso.

–Me acostumei. -disse apenas Skylla. Depois, virou-se para Jack e falou: -Olha, eu nunca mostrei o lugar onde moro pra ninguém, ok? Então... Prometa que não vai contar pra ninguém! Nem para os Guardiões!

Jack levantou uma sobrancelha, sorrindo, e falou:

–Hum, que exclusividade! Só eu vou ver sua casa, é? -disse ele, sarcasticamente.

Skylla o encarou, sorrindo.

–Cale a boca. Agora, prometa! -falou ela, ficando séria novamente.

Jack deu um risinho contido.

–Claro que prometo. -disse ele.

–Bom. Então, vamos logo. Temos que começar de onde moro, passar para os outros países e depois ir para a América. -falou Skylla, abrindo caminho por entre as folhagens.

Jack a seguiu.

"Escócia? Então..."

–Você já viu o Monstro do Lago Ness? -perguntou Jack, realmente curioso.

Skylla virou o rosto para ele, sem parar de caminhar.

–Nessie? Claro, ela é apenas uma criatura marinha. Um pouco diferente, mas de monstro não tem nada! -disse ela, sorrindo.

Jack concordou, pensativo. Caminharam por mais dois minutos e Jack quase bateu em Skylla quando ela parou de repente e o puxou para trás de uma árvore, assustada.

Fez um sinal para que ele ficasse em silêncio e apontou para o local em que estavam indo.

Uns metros na frente deles, um lobo enorme caminhava por entre as árvores. Parecia faminto.

–Shhh! Espere... -avisou a elfa, pegando a adaga por precaução.

Jack notou que ela estava tremendo, mas estava preparada se o lobo os atacasse.

Felizmente, o lobo parou, observou os território, não os viu e continuou andando à procura de uma presa.

Assim que o lobo saiu da visão deles, Skylla suspirou, aliviada.
A garota estava tremendo, e guardou a adaga com dificuldade no cinto de seu traje.

–Tudo bem... Está tudo bem. -disse Skylla a si mesma, tentando se acalmar. Depois, olhou para Jack e disse: -Vamos continuar, estamos bem perto.

A floresta foi ficando cada vez mais iluminada, com menos árvores. O ambiente já estava mais alegre, apesar de ser uma floresta na Escócia.

Depois de um minuto, Skylla parou novamente, mas dessa vez estava sorrindo. Virou-se para Jack e falou alegremente:

–Chegamos!

Jack olhou para frente, e tudo o que se via eram árvores, arbustos e grama. A mesma paisagem de alguns minutos atrás, apenas com mais sol (agora que as nuvens haviam sumido um pouco).

Vejam o local do esconderijo de Skylla:

http://3.bp.blogspot.com/-Z4MVDtgPotU/UbJRtkTKySI/AAAAAAAAGo8/dsFGgByohn8/s1600/f+jf.JPG

–Chegamos? Não estou vendo nada. -falou o garoto, balançando os cabelos brancos.

Skylla riu.

–Não é só o Coelhão que tem uma toca maneira... -começou ela.

Jack a encarou, sorrindo.

–Quê? Você tem uma toca? -perguntou ele, procurando por algum buraco no chão.

Nessa hora, Skylla o segurou pela mão e pulou, levando Jack junto.

Um pulo de mais de 15 metros.

Jack gritava sem parar, um pouco assustado. Skylla mirou no topo de uma árvore e o pulo foi diminuindo.

–Não! Não é exatamente uma toca! -exclamou Skylla, enquanto a velocidade diminuía. -É algo bem mais legal...

Os dois pararam exatamente em um galho de uma grande árvore, próximo a um enorme buraco no tronco.

Skylla ajudou Jack a se equilibrar, mas o garoto tinha prática em assuntos de altura.

–Tudo ok? -perguntou a elfa, enquanto Jack a olhava.

–Você pula, agora?! -exclamou ele, olhando para a longa distância que os separava do chão. -Disso eu não sabia!

A elfa riu e apontou para o buraco na árvore.

–Essa é a minha casa. -falou ela, estreitando os olhos e entrando na abertura. -Me siga!

Sua voz ecoou no buraco oco da árvore. Assim que desapareceu na abertura, Jack deu de ombros e a seguiu.

Lá dentro era escuro. Muito escuro. Mas por mais incrível que pareça, havia degraus lá dentro. À medida que iam descendo, mais degraus apareciam e o ambiente se tornava mais claro.

Jack ouviu Skylla o chamando, o incentivando a continuar descendo.

E ele fez isso, claro.

Quando olhou para baixo, percebeu um grande cômodo, com móveis modernos e espaço para vários outros.

Seus olhos se acostumaram com a pouca luz, mas com isso ele não precisava se preocupar: quando desceu do último degrau, Skylla clicou em algo na parede e o largo tronco foi invadido por uma imensa luz.

Jack colocou as mãos na frente dos olhos, chegando mais perto de Skylla. O garoto olhou para cima e percebeu que havia várias lâmpadas fluorescentes no teto, com energia elétrica.

Com os olhos já acostumados, olhou para a elfa, que estava sentada em um sofá sorrindo.

–Puxa, tem energia elétrica aqui?! -exclamou Jack, olhando tudo ao redor.

Skylla riu.

–Século XXI, meu filho! A modernidade atingiu até as árvores! -disse a elfa.

Jack soltou um risinho e depois recomeçou a olhar tudo curiosamente. Do lado de fora, o tronco parecia fino, mas do lado de dentro, se tornava uma casa.

–Incrível, muito legal...! -disse Jack, parando para analisar uma parede que estava cheia de armas, acessórios e roupas de luta.

–Eu sei, uma coleção pra eu me defender! -disse Skylla, animada. Porém, um pouco depois, estremeceu e sua expressão mudou.

–O que foi de novo? -disse Jack, se aproximando.

Skylla fechou os olhos e os abriu rapidamente.

–Não é nada, tudo bem? -disse ela, um pouco irritada, levantando.

Jack se afastou.

–Eu só queria ajudar! -disse ele, contrariado.

A elfa o encarou. Depois, arrependida, se aproximou.

–Desculpe. -sussurrou ela. -É que... Às vezes eu ainda sinto a dor de quando morri...

Jack sorriu para ela, compreensivo.

–Deve ser horrível mesmo.

Skylla sorriu.

–Ok, esquece. Vou pegar algumas coisas e vamos sair daqui. -disse ela, se virando e caminhando até um pequeno armário.

A elfa o abriu e tirou de lá uma corda, um canivete com algumas partes em madeira e uma lanterna.

–Isso é útil mesmo. -falou Jack, observando os acessórios.

Skylla olhou para a parede cheia de armas. Andou até lá e pegou uma espada dourada, brilhante.

–Aqui, pegue. Eu sei que dourado não combina muito com você, mas é a única que tenho. -Skylla entregou a espada a Jack, que a olhou desconfiado.

–Por que eu precisaria de uma espada? -falou ele, mostrando seu cajado a ela.

A elfa deu um risinho.

–Desculpe, mas um cajado com alguns poderes de gelo pode não ser útil sempre... -falou ela. -Aceita ou não a espada?

Jack sorriu.

–Aceito, majestade.

Skylla lançou um olhar de "fique quieto, senão...!" e Jack riu.

–Vamos procurar logo estas pistas! -falou a elfa guerreira, subindo novamente as escadas. -Vem logo!

Jack a seguiu, prendendo a espada na calça.

Quando chegaram novamente ao topo da árvore, Jack olhou para a entrada do esconderijo de Skylla, e que, daquele ponto, parecia ser minúsculo!

–Bom... Pra onde vamos agora? -perguntou Jack, enquanto Skylla guardava os apetrechos que tinha pegado em uma bolsa marrom.

–Vamos olhar nas montanhas. Estamos na floresta e não vi nada de estranho aqui. -falou ela, colocando a bolsa atravessada, em estilo carteiro.

Jack concordou.

–Também não notei nada. Aliás, não acho que notaria se tivesse algo aqui, não sei o que estamos procurando... -falou ele. -Vamos demorar décadas pra achar algo, se acharmos!

Skylla sorriu.

–Hum, temos aqui um pessimista! -provocou ela.

Jack a olhou, contrariado.

–Não sou não, eu só disse que... -começou ele.

–Esquece! -interrompeu ela, rindo, e descendo da grande árvore com um pulo apenas.

Jack revirou os olhos, sorrindo.

–Elfa irritante! -disse ele, voando até o chão e parando ao lado de Skylla. -Onde ficam as montanhas?

Skylla apontou para o lado leste da floresta.

–Pra lá. Mais uns cinco minutos caminhando e chegaremos rapidinho. -explicou a elfa, começando a caminhar. -Me siga!

Jack suspirou.

"Mais caminhada. Legal."

–To indo, loirinha. -falou Jack, seguindo a garota.

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

–Chegamos. -anunciou Skylla, tirando um galho da frente do rosto.

Jack se aproximou (na floresta, ele sempre ficava para trás!) e observou a paisagem na frente deles.

Montanhas, colinas e mais montanhas. Um cenário muito bonito, com a neblina encobrindo os picos das montanhas e a grama verdejante.

–Beleza. Vamos ter que subir? -o garoto perguntou, mas na verdade já sabia a resposta.

Skylla suspirou.

–Sim, temos que andar ainda mais até acharmos alguma pista... -falou ela, desanimada.

Jack a encarou.

–Relaxa. Agora, eu é que vou dar uma carona! -disse ele, a segurando pela cintura e começando a voar.

Skylla gritou, assustada. Tentou não olhar para baixo, ela nunca tinha voado tão alto assim!

–Ai meu deus, eu vou cair!! -exclamou ela, literalmente se agarrando em Jack.

O garoto riu.

–Não vai não. Agora, temos que ir mais rápido se quisermos chegar ao Polo Norte ainda hoje! -disse Jack, voando mais rápido.

Faltava pouco para alcançarem o topo da montanha mais próxima. Em alguns minutos, Jack chegaria lá.

–Toma cuidado, viu? Não quero ficar esmagada no chão! -gritou Skylla, olhando para baixo e percebendo a enorme distância que os separava do chão.

Jack riu novamente.

–Você não vai cair! Está mesmo agarrada em mim! -disse o garoto.

Skylla resmungou alguma coisa que Jack não pôde ouvir.

O garoto se preparou para pousar na montanha.

–Skylla, vamos parar...! -disse ele, diminuindo a velocidade.

A elfa concordou.

Os dois pousaram lentamente na montanha e Skylla tentou não ficar tonta.

–Tudo bem? -perguntou Jack, amparando a elfa.

–Tudo, é que não costumo voar a oitenta quilômetros todos os dias, sabe? -disse ela, ironicamente.

Jack sorriu.

–Certo... Vamos começar a procurar logo. -disse o garoto.

Skylla concordou e começou a caminhar, observando tudo ao redor.

Jack congelou parte da grama, pois podia ver mais claramente desse jeito se tivesse algo caído no chão.

Os dois procuraram por qualquer coisa em todas as montanhas, mas como sempre, não acharam nada.

–Desisto. -disse Skylla, sentando no chão, exausta. -Estamos andando de montanha em montanha e não achamos nada!

Jack se sentou a seu lado, também cansado.

–Quem está sendo pessimista agora? -provocou Jack, mas notou que a elfa não queria brincar.

Skylla suspirou.

–Algo me diz que não acharemos nenhuma pista aqui. Pitch não é idiota, e sabemos disso. Se o motivo de eu ser Guardiã é ele, então vamos demorar pra achar algo.

Jack suspirou.

–Também acho... Mas não podemos desistir! E a ideia foi sua, hein? -falou Jack, sorrindo.

Skylla deu um meio sorriso.

–Você está certo, Jack. -falou a elfa. -Vamos continuar. Se algo de ruim acontecer porquê desistimos, nunca vou me perdoar...!

A garota se levantou e olhou para Jack.

–E novamente você fez eu me sentir melhor e mudar de ideia... Obrigada, Jack. -e com essa frase, recomeçou a caminhar.

Jack ficou surpreso. A elfa não parecia ficar distribuindo agradecimentos por aí...

–Disponha... -sussurrou ele, sorrindo ironicamente. -Se conseguir.

Skylla se virou sorrindo.

–Ah é? Você vai ver, vou acabar salvando sua vida um dia, eu prometo! -riu ela. -Pelo que me contaram, esse seu cajado já quebrou uma vez, então você parece ser meio... Frágil.

Jack lançou um resmungo de indignação, rindo.

Os dois caminharam mais alguns minutos, e perceberam que estavam na última montanha daquele lugar.

–Bom... Montanhas: descartadas. -falou Skylla. -Nada de errado aqui, podemos ir para a América.

Jack concordou, mas seus ouvidos escutaram um som diferente... Ele não sabia o que era.

O garoto se virou e cutucou Skylla, que olhou para ele.

–O que foi? -perguntou a elfa.

Jack se aproximou.

–Acho que escutei alguma coisa. -sussurrou.

A elfa pegou a adaga e olhou ao redor. Tudo calmo. O som do vento passando pelas árvores da distante floresta eram o único som que podia ser ouvido.

–Não ouvi nada. -resmungou Skylla, nervosa. -Deve ser algum pássaro, sei lá.

Porém, suas orelhas de elfo captaram um pequeno som...

O som tinha intervalos de um segundo até ser repetido. Pareciam passos, mas mais lentos. Mais cuidadosos, como alguém ou algo que vai... atacar.

–Sim, sim, estou ouvindo! -sussurrou Skylla, mexendo as orelhas.

Jack bufou.

–O que será que é? -perguntou Jack. -Tem alguma ideia?

Skylla discordou.

–Lobos acho que não... Os lobos que vivem aqui estão na floresta, eles quase nunca saem de lá. -explicou Skylla. -Caçadores também não, o barulho está muito próximo, teríamos que vê-los...

Jack se remexeu.

–Isso é o mais estranho. Estamos em uma montanha que não tem árvores, nem arbustos, nem nenhum lugar para se esconder. -falou Jack, segurando seu cajado. -E os passos... parece que estão a menos de cinco metros de nós, o que significa que...

–Deveríamos ver o que está fazendo esse barulho. -completou Skylla. -Mas não tem nada aqui. Nada!

Jack concordou.

–Que sinistro... -gemeu ele.

–Vamos olhar um de cada lado... -sugeriu Skylla. -Fique de costas para mim!

Os dois ficaram de costas um para o outro, o que facilitava a visão.

Os estranhos sons continuavam, agora mais rápidos. De repente, uma densa neblina se forma, impedindo a visão além de dez metros.

Skylla engoliu em seco.

–Tudo bem, fique calma... -sussurrou Jack. -Seja lá o que for, vamos conseguir, loirinha.

Skylla não respondeu. O que era aquilo? Ela podia ver algo se aproximando, mas por causa da neblina não sabia o que era.

–Jack... -sussurrou ela. -Tem algo vindo!

O garoto se virou, e realmente percebeu algo entre a neblina cinzenta.

–Fique preparada! -disse Jack, baixinho.

O vulto se aproximava, e cada vez mais sua forma se distinguia da neblina. Formando a forma... De um lobo.

Skylla deu um gritinho, recuando.

–Um lobo? Você não disse que eles não vem pra cá?! -sussurrou Jack, preparado para qualquer ataque.

–Não deveriam vir! -gemeu Skylla, segurando a adaga.

O lobo avançou. Sua pelagem cinzenta reluzia e ele rosnava, se preparando para pular.

Mas antes que pulasse, Jack lançou um raio azulado na direção do lobo, que caiu congelado.

–Toma isso, cachorrinho! -comemorou Jack, se aproximando do lobo congelado.

O garoto olhou para Skylla, mas surpreendentemente a elfa continuava olhando para a neblina.

–Tem mais deles. -sussurrou Skylla. -Muito mais.

Jack olhou para frente e recuou rapidamente.

A mais ou menos dois metros deles, uns nove pares de olhos amarelos os observavam.

–Essa não... -falou Jack, enquanto nove lobos se sobressaíam na neblina.

Skylla estava tremendo.

–Corra! -gritou para Jack, no exato momento em que o primeiro lobo uivou e começou a correr na direção deles.

Jack a seguiu, correndo o mais rápido que podia para o topo da montanha.

Skylla corria sem parar.

–Mas o que foi isso? Por que estão atacando aqui? -exclamou Jack, assim que chegaram ao topo da montanha.

Os lobos os perseguiam, correndo em direção ao lugar onde eles estavam.

Os dois se viraram e perceberam que atrás deles havia um penhasco. Eles não tinham para onde ir.

–É o meu pesadelo. O meu pior pesadelo. -falou Skylla, enquanto os lobos os encurralavam.

Jack a encarou.

–O que? Mas então...

Nessa hora, um lobo pulou na direção de Skylla, que desviou. Porém, o lobo rosnou e avançou novamente.

A elfa tentou atacar o lobo, mas o enorme animal pulou novamente na direção de Skylla, que recuou ainda mais... Para a ponta do penhasco.

–Cuidado, Skylla! -gritou Jack, enquanto lutava com um outro lobo. -Cuidado com o penhasco!

Skylla ofegava. Brandindo a adaga, percebeu que o lobo estava recuando. A elfa deu um pulo, tentando derrubar o lobo, mas esse também pulou, batendo na garota.

Skylla caiu na montanha, mas conseguiu se levantar.

Jack conseguira congelar outro lobo, mas outros sempre vinham...

O lobo que estava lutando com Skylla pulou novamente na garota, desequilibrando-a. A garota gritou, escorregando penhasco abaixo.

Sem conseguir se segurar em nada, começou a cair na imensidão rochosa.

–Skylla... Não! -gritou Jack, correndo para a borda do penhasco, enquanto via Skylla desaparecer em meio à neblina.

Continua...