Na semana seguinte á partida de Eragon, Arya e Fírnen voltaram á suas atividades normais, assim como a procurar novos Cavaleiros entre seu povo. Mas com o passar do tempo a elfa se tornou mais distante, mais fria e mais triste. E se fosse possível mais lenta. Continuava a ter seus reflexos de elfa, mas não parecia ter mais a vitalidade de antes. O dragão parecia também mais triste e pesaroso, embora muitos não vissem isso. Então um dia ela entrou no aposento em que Eragon havia passado a semana em Ellesméra por acaso. Ela ficou surpresa ao ver que havia uma caixa na cabeceira endereçada a ela, mas que provavelmente não tinha sido enviada. Havia uma fairth detalhadamente sobre ela. A elfa quase encarava seu reflexo ali. Havia ainda um colar com um rubi como pingente em formato de coração. E havia uma carta. Sabia que não deveria ler, mas leu.

Essa é uma carta que nunca deve chegar até você, apenas um papel onde eu estou dizendo tudo o que sinto. Eu não a queimarei, mas apenas você poderá lê-la. Se um dia isso acontecer, espero que esqueça todas as palavras escritas aqui.

Acho que odeio os elfos. Odeio mesmo, principalmente por terem me encantando, por você ter me encantado tanto e por ter me rejeitado. Eu sempre a achei a mais bela, a mais forte, a mais sábia, a mais poderosa, a mais corajosa, a mais companheira, a mais esperta, a mais determinada... e como você me via? Como um humano que teve sorte. Eu sempre soube que você nunca me achou digno de me tornar Cavaleiro, nem mesmo quando eu derrotei Galbatorix. Isso me dói muito. Agora eu estou lá fora, me tornando o novo líder da Ordem dos Cavaleiros de Dragão, enquanto meu coração está destruído. Eu não a culpo por isso. Se for assim, eu espero que tenha uma vida feliz e encontre um companheiro melhor que eu... eu só quero a tua felicidade, mesmo que eu não seja aquele que a fará rir só para ver seu sorriso lindo, nem aquele que vai acordar ao teu lado e te ver dormir com um anjo ou te beijar todos os dias e dizer o quanto eu te amo. É, não serei eu a fazer isso. Espero que você tenha mais sorte que eu no amor.

Arya não conseguiu impedir que algumas lágrimas caíssem de seus olhos. Ela ficou chorando por muito tempo, na verdade, até sua mãe aparecer. Fírnen havia falado com ela, coisa que Arya não gostou. Islanzadí leu a carta e abraçou a filha. Nunca foram totalmente unidas, nem na guerra Arya foi totalmente aberta á sua mãe.

–Ah eu nunca suspeitaria. – a Rainha disse. – Pelo que eu vejo, você também gosta dele. Eu acho que devia ir atrás dele.

–Mas mãe... – ela falou baixinho. – somos de raças diferentes, nós somos diferentes. Têm tudo para dar errado.

–Mas nunca se sabe se não tentar. Ele não é o suficiente para você?

–Claro que é, mas talvez eu não seja. Eu o fiz sofrer tanto...

–E agora pode consertar isso. Ninguém está livre do poder do amor minha filha.

Arya sabia que sua mãe estava certa. Então ela decidiu que iria correr atrás de Eragon. Ela e Fírnen partiram no dia seguinte, e Arya abraçou a mão muito agradecida de uma maneira que nunca achou possível. Fírnen seguiu o mesmo curso que Saphira seguira, ou o que achava que ela seguia. Quando achou o encontro entre os Rios Edda e Âz Ragni virou para leste e continuou e continuou e continuou. Parecia ter viajado por semanas. Fírnen estava de fato cansado quando encontraram o deserto, e tiveram que esperar um dia inteiro para que ele recuperasse a força dormindo, já que não conseguia se alimentar com coisas maiores que peixes. Continuaram a voar no máximo que Fírnen conseguia por dia, passando por uma terra desolada e estéril. Então em um passe de mágica viram montanhas quase tão altas como as Beor aparecerem um pouco á frente deles.

Isso foi... magia... Arya disse.

O rio continuava abaixo deles, e desaguava em um lago um tanto largo, e parecia não ter sido feito pela natureza. Então de algum lugar do topo das montanhas eles viram algo azul se movendo. Fírnen rugiu. Um tempo depois Saphira veio voando até eles. Os dois dragões rugiram contentes e desceram para o chão. Havia um pequeno caminho para o interior das montanhas, e de lá Eragon surgiu com a espada embainhada. Quando viu Arya ele parou boquiaberto, como se não acreditasse que ela estivesse ali. Saphira disse algo á Eragon e ele se aproximou.

–O que estão fazendo aqui? Como conseguiram chegar? Fírnen deve estar cansado, e você também. Eu ainda não construí muita coisa, estava mais preocupado em proteger o lugar, mas pelo que eu vejo foi insuficiente para alguém como você chegar até aqui, vou ter que redobrar as barreiras, e...

Arya o impediu de continuar o agarrando pelo pescoço e o beijando. O Cavaleiro ficou paralisado como se não acreditasse no que acontecia. Mas depois viu que era real e abraçou a elfa fortemente.

–Você não tem ideia o quanto eu esperei por isso. – ele falou baixo depois de se separar.

–Talvez eu não saiba, e sinto muito por ter feito você esperar tanto tempo assim. E me desculpe por ser uma idiota. – ela pediu.

–Eu não me importo, você está aqui. E eu te amo tanto.

–Eu também Eragon. Vocês têm espaço para mais um dragão e uma Cavaleira?

–Sempre.

Eles entrelaçaram as mãos, e com os dois dragões voando acima deles felizes e juntos, o futuro parecia sorrir para eles.