Army of Darkness 2 escrita por VinnieCamargo


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Enfim, não sei se isso tudo vai funcionar, mas tá aqui.
Começa exatamente onde o último Evil Dead terminou.



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A sensação de perder um braço era horrível.

E segundo por segundo, agindo como um tipo de tortura psicológica desenvolvido especialmente para ela, uma nova onda de dor ainda mais imprecisa e profundamente eficaz – em machucar - era liberada pelas células de seu braço esquerdo - arrancado à força.

E Mia já tinha passado por maus bocados. Inferno, durante as inúmeras tentativas de abstinência ao longo dos últimos dois anos ela mesma tinha conhecido a famosa sensação de “querer arrancar seus membros”. Ela já tinha considerado aquilo, mesmo que apenas por curtos espaços de tempo em que seu corpo estiva gritando por um tipo de alívio instantâneo.

Ainda no fundo, ela sempre soube que esse alívio não viria ao “arrancar um de seus membros”.

Mas Mia estava longe de se preocupar.

O sol estava nascendo e ela estava muito longe de se preocupar com a dor ou com qualquer efeito colateral em consequência do banho de sangue.

Os pontos de dor flamejavam, queimavam e maltratavam seu corpo fraco, mas ela precisava seguir em frente. Não existia um objetivo, ela sabia, mas ela continuou andando.

Mancando.

Os acontecimentos da noite anterior iam e vinham como flashes. Os pequenos fragmentos de tempo haviam começado a pipocar em sua mente no momento que ela pousara a motosserra no gramado ensanguentado dos arredores da cabana, horas antes. Tais fragmentos de ideias deixavam rastros sangrentos em sua mente já devastada, quase como para acentuar e retrazer a ideia de que tudo tinha dado horrivelmente errado.

E Mia já sabia da ordem dos acontecimentos. Ela se lembrava de tudo.

Mia tossiu e diminuiu o passo para amenizar a dor que explodiu em sua garganta. Aquilo realmente machucava. Tudo aquilo machucava, e ela não podia fazer mais nada.

Tudo que sua mente ordenava era pra dar um fim naquilo tudo, pra quem sabe, começar tudo de novo em outro lugar... em outra vida. Mas Mia sequer tinha forças para fazê-lo. A voz em sua cabeça estava perdendo a intensidade enquanto os novos raios de sol rasgavam através das árvores e desenhavam na estrada esquecida em algum lugar do passado de alguém.

De seu próprio passado.

Ela sentiu algo molhado caindo com um splash morno sobre seus pés. Ela fez força para olhar para baixo, um gesto subitamente desesperado para entender que diabos estava acontecendo, então percebeu que não conseguiria. Ela iria cair. O controle locomotor ainda não estava totalmente recuperado.

Porra, ela entendeu. Ah sim, é o meu braço.

Ela não poderia deixar seu braço – ou o que restara dele – ali. Seguir com sua vida normal a partir daquele momento parecia um tipo de dádiva que apenas outro tipo de gente pudesse receber, mas droga, ela não podia deixar seu braço ali. Mesmo sem ter ideia do que poderia acontecer dali em diante, Mia inclinou-se para frente.

Ela atingiu o chão como um saco de batata. Houve o momento da dor excruciante correndo pelo crânio, mas Mia iria superar – não era a primeira e nem a última vez. Ela fechou os olhos e tentou se concentrar em algo, lembrar-se de algum tipo de coisa que estivesse a esperando em algum lugar, mas falhou, pois David estava morto e mamãe também.

O que mais ela poderia esperar?

Ela observou uma pequena poça de sangue escorrendo de sua própria boca, guiando até uma poça maior. Seu próprio sangue estava riscando o asfalto cinzento e gelado – coberto de sombra pelas árvores naquele canto da estrada. Ela surpreendeu-sepor não ter visto antes tamanha quantidade de sangue. Aquilo tudo estava saindo dela? Deus.

Ah... a chuva de sangue. Sim. Poderia ser um resquício da chuva de sangue da noite anterior e - mais uma onda de dor lasciva a fez esquecer qualquer tipo de pensamento que sua mente – destruída - pudesse estar formulando.

De cara no chão, Mia piscou novamente e finalmente suspirou. Ela estava pronta.

Caída no asfalto, sim ela estava pronta. Para morrer.

Ela esticou o braço direito até alcançar um dos dedos da mão do braço arrancado. Ela agarrou pela ponta e arrastou-o junto a si mesma, quase como um urso de pelúcia, um mimo que uma criança carrega simbolizando sua inocência. Diferente de si mesma.

E então seu braço estava ali. Tudo bem.

Houve um clarão repentino, e aquilo a preocupou só um pouco. Com uma reflexão longa e sem sentido, ela percebeu que era só mais um raio de sol.

E o raio de sol logo foi embora.

Com um gemido, Mia fechou os olhos e sorrindo, lembrou-se de mamãe.

De cara no asfalto gélido, subitamente decidiu que não iria lutar contra a escuridão que crescia nos cantos de sua mente, desligando seus sentidos.

No fundo, Mia sabia que a partir daquele instante, teria a eternidade toda para sentar e conversar com mamãe e David.



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Notas finais do capítulo

Comentem e tals.



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