Lucy estava apressada. Seu cabelo fora amarrado com as típicas maria chiquinhas. Trajava uma camiseta verde decotada e com uma pequena abertura nos seios. Saia vermelha e na sua lateral havia o estojinho das chaves prendido desleixadamente.

Como iriam treinar na floresta aquela tarde, ela optou por usar botas de couro. Ao seu lado Plue tremia constantemente, observando o estado de sua dona.

— Muito bem Plue, pode voltar agora. — Disse a loira por fim. O Cão Menor foi envolvido pela luz dourada e desapareceu.

Assim que seu companheiro voltou para o mundo dos espíritos Lucy deixou seus aposentos a passos largos. Desceu as escadas correndo e quando já se encontrava no saguão notou um tufo rosa olhando-a.

— Luce? — Natsu interveio. — Onde estava indo tão apressada?

A jovem para abruptadamente. Moveu seus olhos para Natsu e sentiu seu coração se retorcer dentro do peito. Ele a observava com o olhar inseguro e desconfiado, como se soubesse que algo estava errado — isso porque ela o ignorava fazia quase dois dias inteiros.

— Não te interessa. — Respondeu rapidamente, partindo do saguão.

Natsu ficou lá, parado, com a expressão atônita graças ao ocorrido. A voz da loira saíra afiada como uma lâmina acabada de ser afiada e enfiada no peito do rapaz, isso o fazia querer se retorcer de angustia e arrependimento.

— Natsu, o que houve? — Perguntou Gray que a menos de dois minutos atrás estava socando o rosado.

— Nada... é só que... a Luce ta estranha. Mais que o normal. — Disse o Salamander desabando no sofá anil.

— Vocês tiveram uma discussão e tanto esses dias, de tempo a ela. — Erza interviu.

— Eu sei. — Suspirou Dragneel. Desde que a loira começara a ignorá-lo ele havia começado a se arrepender do que tinha feito. Aquela discussão foi por puro instinto, como se o tal “ciúmes” tivesse dominado sua cabeça, tornando-o totalmente irracional.

Deixou-se suspirar mais uma vez.

=/=

Lucy não gostou do lugar que Sting escolhera. Era no meio da floresta, em uma clareira, para ser exato. Esta era revestida com uma grama fina e verdejante e em seu centro havia uma única árvore.

A loira sentia pequenos galhos enroscarem em sua pele e roupas ao decorrer do caminho que seguia, com o loiro logo a frente. Quando finalmente chegaram ao lugar destinado ela teve que retirar todas as folhas e pequenos galinhos que se prenderam em seus fios dourados durante o trajeto.

— Não podia pegar um lugar mais perto?

— E sermos descobertos por Natsu-san ou algum membro de outra guilda? — Riu Sting, a loira corou irritada. — Nunca. Não queremos mais complicações, queremos loira?

— Não. — Concordou-a. — E pare de me chamar assim!

Sting soltou uma risada e a loira continuou mandando-o calar a boca, o que não era feito. Quando finalmente ele se recompôs foi dado início ao treinamento.

— Bom Lucy, vou te treinar como Weisslogia me treinou. Certo?

— Tudo bem, mas antes tenho uma pergunta.

— Qual?

— E o Lector? — Uma gota escorreu pela lateral da cabeça de Sting com a pergunta repentina da loira.

— Deixei ele com o Rogue.

— Mas eles não vão suspeitar de nada, não é?

— Eles já sabem. — Sting notou a repentina mudança de humor de Lucy. — Acalme-se loira, Rogue não irá falar nada, muito menos Lector ou Frosh.

— T-tudo bem...

— Vamos começar! Primeiro vamos treinar sua força física. Não adianta querer ter uma magia poderosa e um corpo fraco, você não iria aguentar. — Sting foi até determinado local e pegou dois objetos que, pelo visto, foram construídos a mão. Eram duas cordas, cada qual, em ambos os lados amarrados em rochas, as quais eram dentre o tamanho de um exceed (se não do mesmo tamanho). — Estenda os braços.

Ela estendeu.

— Espera Sting! — Pediu. — O que você vai fazer... Kyah! — Sting ignorou-a, pendurando as cordas pesadas no antebraço da loira, que fora direto para o chão.

— Estenda essas pernas Lucy, fique de pé. — Falou-o. — Como quer ficar forte se não consegue carregar essas pedrinhas?

— Pe...drinhas? — Murmurou, a voz ainda abafada por causa do contato com o chão. — Eu não sou forte como você, ou o Natsu ou a Erza.

— Só tenta levantar. — Pediu o loiro. Lucy forçou as pernas e as mãos para conseguir apoio e tentou se levantar. Depois de algumas tentativas falhas finalmente se pôs de pé (desajeitadamente).

— Estou conseguin... — No mesmo segundo seus joelhos dobraram-se e ela colidiu com o chão novamente. — Não consegui.

— Vamos lá loirinha, levanta! Como quer ficar forte assim?

— Isso é impossível. Está me machucando Sting. — Murmurou-a com a voz manhosa.

— Vamos lá Lucy, você consegue.

— Não, eu não consigo. — Ela disse, livrando-se das cordas pesadas e pondo-se de pé. — Eu quero apenas invocar esses espíritos, não ficar musculosa ou outra coisa do tipo.

— E como você vai se defender de futuros agressores? — Desdenhou o loiro com um sorriso torto. A garota fitou-o com descrença.

— O que quer dizer? Eu sei me defender muito... — Quando ia terminar a frase uma força a impediu, quando abriu os olhos se viu prensada contra a árvore central da clareira e seus pulsos presos por ninguém mais que Sting cujos orbes azuis a fitavam com malícia.

Era impossível para Lucy não corar agora. Suas bochechas logo ficaram avermelhadas e seu cérebro não pensava direito graças a proximidade do rapaz.

— M-me solta. — Disse ao sair do transe, tentando inutilmente se livrar do aperto do loiro.

— Quem disse que sabia se defender? — Sorriu torto, prensando-a ainda mais entre ele e a árvore. Um leve grunhido escapou dos lábios da garota cujos olhos estavam fechados, tentando se concentrar pra sair daquele aperto. — E essas roupas provocantes não ajudam em nada.

Ela finalmente desistiu e abriu os olhos castanhos para olhar para Sting, que estava a alguns centímetros de distância.

Em um impulso o loiro tomou os lábios da loira que ficou surpresa, ficou mais ainda quando sentiu o loiro mordendo levemente seu lábio inferior, pedindo passagem que fora logo concedida.

Lucy sentiu quando algo quente invadiu sua boca e se entrelaçou com sua língua em uma dança única. Seus olhos já tornaram a se fechar quando Sting levou uma de suas mãos para uma de seuas coxas torneadas e encaixando-a perfeitamente ao seu quadril. Soltou a outra mão de Lucy e prensou-a outra vez, ouviu um baixo som provindo dos lábios da loira, o que apenas o impulsionou mais.

Sting se segurou para não passar dos limites naquele local, estava sentindo seu corpo arder em chamas e os instintos gritando para fazer daquela loira totalmente sua. Ele estava cada vez cedendo mais para seus desejos.

Ela tentou recuar para tomar ar, mas o loiro avançou mais, impedindo-a de se desvencilhar.

— Sting. — Chamou com a voz baixa entre o beijo.

O loiro pareceu finalmente voltar a realidade e recuou instantaneamente. Lucy respirava pesadamente com os olhos entreabertos e tinha as bochechas rosadas devido aos acontecimentos recentes.

— Acho melhor eu ir indo. — Disse Lucy em quanto ia em direção ao outro lado da clareira, antes de adentrar em meio as árvores, disse: — Até amanhã!

— Até. — Sorriu o rapaz.

=/=

— Lu-chan, você está tão bonita. — Levy observou, vendo como o corpo esbelto de Lucy ficava mais belo ainda com o curto kimono preto com desenhos de várias flores brancas e rosadas (link nas notas finais).

Todas as garotas estavam trajadas tradicionalmente e iam em direção ao salão de festas da estalagem onde estavam, a qual fora organizada somente para a Fairy Tail, o restante das guildas tinham suas próprias festas em suas próprias estalagens.

Quando as meninas chegaram ao local viram todos por lá, tomando saquê, brigando, gritando... a costumeira Fairy Tail.

— Gray-sama! — A azulada chamou o rapaz que a olhou atordoado logo depois de receber um soco de Natsu.

Juvia saltou no pescoço de Gray, apertando-o em um abraço amoroso, logo depois ela tomou distância e fez uma pose fofa.

— Gray-sama, o que você acha do kimono da Juvia? — Ela deu uma voltinha, fazendo com que a saia girasse ao seu redor. Quando voltou seu olhar para o amado, percebera que ele a ignorou e voltou para a briga com Elfman e Natsu. — G-Graaay-sama, por que não nota a Juvia? — Disse em voz chorosa.

De longe Erza observava a cena do casal com um sorriso. O kimono preto e branco que trajava caía-lhe muito bem. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto, prendidos por uma linda presilha tradicional.

A ruiva notou uma sombra a observando.

— O que está achando da festa, Jellal? — Ela sorriu.

— A Fairy Tail sempre age assim, estou acostumando.

A ruiva sorriu mais uma vez ao fitar o azulado de kimono. Sem todos aqueles trajes de Mystogan ele ficava muito bonito. Ela quase corou graças aos seus pensamentos inapropriados, mas vê-lo daquele jeito, mais relaxado que o normal, deixava-a surpreendentemente contente.

Erza decidiu sentar ao lado de Jellal, sentindo-se harmoniosa.

— Às vezes é difícil acreditar que você está aqui. — Ela quebra o silêncio entre os dois.

— Eu sei, digo o mesmo.

— Mas por que você veio para o Resort? Quando eu olho para você, normalmente está afastado de todos, acho que da para contar as vezes que entrou na água.

Jellal parecia nervoso com a pergunta, Erza entendeu que seu amigo não responderia assim, então achou melhor deixar o assunto de lado por algum tempo.

— Acho melhor eu separar Natsu, Gray e Elfman. — A ruiva se levantou, começando a andar em direção aos rapazes quando fora impedida por um puxão em sua manga. Quando olhou viu que era Jellal segurando o tecido do kimono.

— Espera Erza... — A ruiva fitou-o com uma sobrancelha arqueada. — Você fica linda de kimono.

Erza corou e certos pensamentos pervertidos (culpa das revistas de Levy) invadiram sua mente. Ela assentiu apressadamente e, ainda corada, foi decidida a apartar aquela briga.

Por um momento ela pensou em trocar seu guarda-roupa inteiro por apenas roupas tradicionais.

=/=

Lucy estava entediada.

Como sempre as brigas da Fairy Tail não a interessavam, preferia sair com todas as suas roupas intactas a ter que comprar todo um guarda roupa novo.

Como sempre Erza tentava apartar algumas brigas feias, Canna bebia metade do compartimento de saquê (ou até mais) e aquele típico grupo de bêbados lutava para ficar de pé.

— Eu já vou indo para a cama. — Levy disse, fechando seu livro de ficção e indo em direção as escadas.

Lucy suspirou vendo sua companheira sumir pelos corredores e decidiu ir dormir também. Levantou-se pesadamente do banquinho dando um ‘até logo’ para Mirajane e foi em direção ao corredor.

Ela ouvia apenas seus passos pelo piso de madeira que estalava sob seus pés e as paredes que produziam o eco dos mesmos.

— Luce?

Ela parou.