A Batalha Do Labirinto - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Nem demorei tanto assim, demorei?



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Não era a minha intenção explodir uma escola no fim das minhas férias de verão. Sério, eu pensava em qualquer coisa mesmo. Passar um tempo com Santana, ir ao cinema, sair com a minha mãe… qualquer coisa. Mas não foi bem isso que aconteceu.

Acordei de manhã bem cedo com o cheiro de panquecas no ar. Droga, a minha mãe sabia o jeito certo de me fazer levantar. Corri para a cozinha e logo recebi um olhar repreendedor por estar sem chinelos. Revirei os olhos e plantei um beijo na bochecha de minha mãe enquanto me servia de panquecas com calda. Ela sentou-se ao meu lado, e por um momento, tive esperanças de que ela tivesse esquecido da nossa visita à escola de seu suposto “amigo”. Pelo amor dos deuses, qualquer pessoa que olhar duas vezes sabe que eles não são só amigos.

- Coma rápido, Brittany. Não vamos nos atrasar para visitar a escola hoje. – Ela disse alegremente.

Merda. Ela havia se lembrado. Soltei um grunhido como resposta e ataquei minhas panquecas. Ela me observou comer e fiquei constrangida. Não era por nada, mas eu odiava que as pessoas ficassem me encarando quando eu estava comendo. Era constrangedor.

- Mãe… sabe que eu odeio quando faz isso. – murmurei com a boca cheia de panquecas.

- Sinceramente, Brittany Susan Pierce, parece que eu nunca lhe dei educação. – Ela repreendeu. – Mastigue e engula, depois fale. É assim que você come com a sua namorada?

A lembrança de Santana fez com que um sorriso largo nascesse em meus lábios. E não, claro que eu não comia assim na frente dela. Mas algo a mais me ocorreu. A nossa penúltima tarde juntas no acampamento veio direto para a minha mente, fazendo-me lembrar de que quase... Bem, de que quase transamos. Antes da vadia da minha melhor amiga interromper. E de que eu iria perguntar algo sobre isso para a minha mãe. E de que eu ainda não havia feito isto. E de que eu a veria assim que saísse da escola.

- Mãe… - Comecei – Ér… eu queria perguntar uma coisa.

- Sobre o que, querida? – Ela respondeu com um sorriso suave no rosto.

- Sobre… hm, é que… Santana e eu…

- Brittany, fale de uma vez. – ela cortou meu drama.

- É sobre sexo.

Minha mãe pareceu um pouco surpresa com o assunto. Senti minhas bochechas queimarem e tive certeza de que eu estava mais ou menos a cara de um tomate.

- Bem, o que você quer saber? – Ela perguntou abafando uma risada.

- Eu não sei o que eu quero saber. – Respondi ainda mais vermelha.

- Você e Santana já...

- Não. – cortei. – Quer dizer, quase. M-m-mas eu não sei bem ao certo o que eu deveria fazer. E-eu só queria tocá-la.

Ok. Agora eu queria enfiar a minha cabeça em um buraco. Eu devia ter falado com Quinn sobre isso, seria mais fácil. Mas ela deve estar se pegando com a Rachel o tempo inteiro, então eu tenho até medo de mandar uma mensagem para ela.

- Filha, não tem muito que te dizer. Quando chegar a hora, vocês duas vão saber o que fazer. Só se deixe guiar por seus instintos. – Ela disse suavemente.

- Que nem em um campo de batalha? – Perguntei.

- Que nem em um campo de batalha. – Ela concordou. – Agora vá se arrumar. Nós vamos nos atrasar, Britt. E você vai se atrasar para encontrar Santana.

Assenti e corri para o quarto. Coloquei shorts e uma camiseta, já que estava cerca de quarenta graus lá fora, e não tinha a menor possibilidade de eu ficar em uma calça jeans assando na rua. Minha mãe já me esperava com um sorriso no rosto. Caminhei até ela e fomos em direção ao carro.

Não estávamos tão atrasadas. O namorado/amigo da minha mãe, John Harris, estava na entrada recebendo seus alunos. Ele era um cara alto, com os cabelos levemente grisalhos e os olhos escuros. Ele era legal, sério. Mais uma razão pela qual eu não queria vir.

- É melhor você ir, Britt. – Minha mãe disse, beijando a minha bochecha. – A orientação começará em poucos minutos, não quero que se atrase.

- Certo. – Respondi, mas me detive antes de abrir a porta. – Você não contou a ele sobre mim, não é?

- Pensei que seria melhor se esperássemos. – Minha mãe respondeu nervosamente.

- Assim não o assustamos. – Completei com um sorriso.

- Brittany! Vá logo para a orientação, senão você vai se atrasar para o seu encontro. – Minha mãe disse, me expulsando do carro.

Saí do carro, depois de ouvir as trezentas recomendações da minha mãe para me comportar, não matar ninguém nem nada do tipo. John me recebeu com um sorriso largo no rosto. Retribui e me aproximei.

- Brittany. – Ele cumprimentou. – Estou feliz que tenha vindo. Pode seguir em frente, logo me juntarei a vocês.

Assenti e caminhei em direção à entrada. Mas parei instantaneamente. Uma menina com cabelos castanhos escuros estava parada na porta, com jeans azuis surrados e uma camiseta escrito “salvem as baleias”. Merda. O que ela estava fazendo aqui? Resolvi desviar o meu caminho, antes que nos encontrássemos. Foi a maior besteira que eu poderia ter feito.

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Tive a genial ideia de dar a volta pela escola antes de me juntar ao grupo. Assim não passaria tanto tempo perto dela. Assim, ela não me veria. Mas, para meu infortúnio, dei de cara com duas líderes de torcida.

- Oi! – Uma delas cumprimentou. – Seja bem vinda à Goode! Você vai amar aqui!

Tentei ler o que estava escrito em seu uniforme, mas aquela letra cursiva deixava a minha dislexia mil vezes pior. Li algo como MERLIN, mas imaginei que fosse outra coisa. Ela tinha um cheiro estranho. Cheiro de… cavalos recém-lavados. OK, estranho.

- Qual é o seu nome, calo? – ela perguntou.

- Calo? – Retruquei arqueando uma sobrancelha.

- Caloura. – ela explicou.

- Brittany. – respondi, encabulada.

As duas trocaram olhares e sorrisos antes de voltarem os olhos para mim.

- Brittany Pierce! Estávamos esperando por você!

Merda. Não havia para onde correr. Elas estavam barrando a minha saída, e não havia a menor possibilidade de eu sair correndo pela escola.

- Brittany! – John me chamou. Nunca fiquei tão feliz em ouvi-lo. – Querida, o grupo é aqui.

Saí desesperadamente de perto das coisas e esbarrei na perna de uma delas sem querer. O estranho foi que um som metálico saiu dela. Ok, cavalo com perna de metal. Estranho demais.

- Onde é a orientação? – perguntei.

- No ginásio. – John respondeu.

- Ok. Tchau.

Disparei daquele lugar. Não havia a menor possibilidade de eu ficar ali mais um minuto que fosse.

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A banda tocava irritantemente no ginásio. Eu conseguira. Agora eu era uma entre quinhentas outras pessoas no ginásio.

Assim que a banda parou, um homem com terno azul começou a falar, e eu senti um apertão no meu ombro.

- O que você está fazendo aqui?

- Marley Rose. – Lembrei.

- Isso. E você é Britney sei lá do que. – ela afirmou.

- Brittany. – Corrigi. – Brittany Pierce. E estou fazendo orientação, assim como você.

- É, desculpe se não me lembrei. Eu estava ocupada tentando não morrer por sua culpa. Onde está sua amiga?

- Namorada. – Corrigi mais uma vez. – E está vindo me encontrar.

Uma garota virou-se para nós e fez uma cara feia. Eu tirei os olhos de Marley e tentei me focar nas líderes de torcida.

- Oi gente! – Uma delas cumprimentou. – Meu nome é Tammi, e está é Kelly!

Kelly! Ah, foi quase. Merlin, Kelly… enfim. Kelly deu um mortal e todos riram e aplaudiram. Exceto Marley e eu. Ok, eu tenho quase certeza de que ela tem nome de cachorro. Mas enfim, Marley estava com uma cara horrorizada. Ótimo, ela via o mesmo que eu.

- Ela tem uma perna… de metal? – Marley murmurou. – Saia daqui. Agora.

Não fiz perguntas. Só deixei que ela me arrastasse arquibancada abaixo, pisoteando algumas pessoas. Ela me puxou pela mão até a sala de música e nós nos agachamos atrás de um tambor. Estudei sua expressão apavorada por alguns momentos, mas não disse nada.

- Você não vai acreditar em mim. – Ela sussurrou.

- Vou. Eu sei que você consegue ver através da névoa. – Respondi calmamente.

- Da o quê? – ela retrucou.

- Névoa. É uma coisa que impede os mortais de verem os monstros. Exceto os semideuses e algumas pessoas como...

- Como eu. – Ela completou.

- Isto mesmo.

- Então quer dizer que… os mitos gregos são reais?

- São.

Bem na hora, as líderes de torcida entraram na sala de música. Instintivamente, saquei Contracorrente de meu bolso. Tammi me observava como se eu fosse alguma coisa deliciosa.

- Posso, senhora? – Ela perguntou à Kelly que apenas assentiu.

Ela transformou-se em algo medonho. Uma… uma vampira, eu acho. A pele era branca, olhos vermelhos e presas. E as pernas, bem… uma era como a de Finn, peluda e com um casco, e a outra era como uma perna humana moldada em bronze.

- Uma vampira… com perna de bode? – perguntei.

- Não fale das pernas! É rude fazer piada! – Kelly sibilou. – E nós somos empousais.

Ah, claro. Grande diferença. Aposto que ambos querem se alimentar de mim.

Tammi avançou sobre mim, mas antes que pudesse me morder, eu cortei-a com Contracorrente, transformando-a em pó.

- Você matou a minha estagiária! – Kelly berrou.

- A sua o quê? – Perguntei.

Kelly não respondeu e avançou sobre mim. Ela era mais rápida do que Tammi, então desviou do meu primeiro golpe.

- Pobrezinha! Nem sabe o que está acontecendo! Logo, seu lindo acampamento estará em chamas, e você não pode fazer nada para impedir! – Ela disse com um sorriso. – Hora de cumprimentarmos nossos visitantes.

Ouvi os passos no corredor e instintivamente lancei Contracorrente sobre ela.

- Brittany, não! – Marley gritou, mas já era tarde.

No instante em que John entrou na sala, eu atingi Kelly com Contracorrente e ela explodiu em chamas. Merda, eu incendiei a escola.

- Brittany, o que você fez? – John disse apavorado.

- Saia daqui agora. – Marley disse, agarrando meu braço.

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Sinceramente, nunca achei que pudesse fazer isso. Incendiei uma escola, e a escola do namorado da minha mãe. Cara, eu até posso ver a cara de desapontamento dela.

Corri com Marley logo atrás de mim. Avistei Santana não muito longe. Ela estava com shorts azuis-escuros e uma regata preta. Por um segundo, esqueci-me de todos os meus problemas e sorri ao vê-la. Para falar a verdade, eu me joguei em seus braços no instante em que cheguei mais perto. Meus lábios encontraram os dela e eu a beijei. Não me importei se a polícia estava vindo, se tinha uma escola em chamas logo atrás de mim ou se mais monstros viriam atrás de nós. Só o que importava era que Santana estava ali, a minha namorada estava ali.

- Ei, Cabeça de Alga. – Ela murmurou entre meus lábios. – Eu senti sua falta.

Sorri e me agarrei ao pescoço de Santana. Ela fazia tudo ficar tão bem que às vezes me assustava.

- Brittany, pode deixar isso para depois? – uma voz cortou o ar. – Você tem que sair daqui, tipo agora.

Santana virou-se para encarar Marley. Seus olhos escuros adquiriram um brilho sombrio, o que me fez estremecer.

- Ahn, San, você se lembra da Marley? – Perguntei cautelosamente.

- Claro que sim. – Ela respondeu com um tom que mais pareceu um rosnado. – O que ela está fazendo aqui?

- Eu sou um ser humano, eu vou à escola, eu vou a orientações. – ela respondeu – Pergunte para a sua namorada o que ela veio fazer aqui.

Santana voltou os olhos escuros para mim, como se perguntasse alguma coisa.

- Eu incendiei a escola. Duas empou-sei-lá-o-quê me atacaram, e uma delas pegou fogo. – disse envergonhada.

Santana assentiu friamente. Voltou os olhos para Marley e eu podia jurar que ela queria estrangulá-la.

- E quanto a você? – perguntei.

- Eu invento alguma coisa. – Marley respondeu. – Agora sumam daqui. A polícia está vindo.

Assenti e deixei Santana me puxar pela mão. Ela tinha uma expressão que eu não soube bem identificar. Parecia um misto de raiva e mágoa.

- Ela é bonita. – Santana murmurou.

- Eu já tenho namorada. – respondi parando no meio da rua. – Não faça isso. Só… não. Eu amo você. E nós já conversamos sobre isso, Santana Lopez.

Ela assentiu e abraçou meu pescoço. Eu beijei o topo de seus cabelos negros e consegui arrancar um pequeno sorriso de seus lábios. Mas no fundo, eu sabia que ela ainda estava com ciúmes.

- Precisamos ir. – ela disse.

- Eu sei. – respondi, me lembrando das palavras de Kelly – Precisamos ir ao acampamento agora.


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Notas finais do capítulo

Alguém?