No outro lado do castelo, Carly fora convocada urgentemente por Sam. Sabia que devia ser algo grave, então foi obrigada a deixar Brad e correr para socorrer sua amiga.

-Como ela pôde fazer isso com você, Sam?- Carly perguntou, após ouvir toda a história do futuro casamento de sua amiga. É claro que Sam retorceu alguns pontos, mas Carly não pareceu se importar. Conhecia bem a amiga.

- Foi isso que eu me perguntei também Carls. E agora o que eu vou dizer para o Nicholas? – Sam já se encontrava em prantos de novo.

-Bem... quanto ao Nicholas, eu tenho algo pra te contar. – Carly escolheu cuidadosamente as palavras. E também vinha esperando pelo momento em que contaria isto a muito tempo.

Ela tinha ouvido certas histórias a respeito do amante secreto de Sam, mas julgou serem apenas bobagens invejosas contra a princesa. Até que viu com seus próprios olhos. Então, sim, ela estava muito feliz por este noivado repentino. Apenas não quis demonstrar isso na frente de sua amiga. Fez uma nota mental de agradecer a Pam depois e parabenizar e advertir o noivo quanto ao que lhe aguardava.

- O que foi Carly?

- Bem, eu não sei como posso te contar isso mas...       

- Mas o que Carly?!

- O Nicholas ele...- a expressão de Sam havia se transformado. Carly escolhia muito bem as palavras. Ela estava furiosa e a morena não queria ficar no meio dessa fúria.

- Carly, por favor. Por favor, não me diga que você dormiu com o Nicholas. – Sam implorou em forma de ameaça.

- O QUÊ? Não, eu não dormir com o Nicholas, Sam. Eu com certeza, definitivamente não dormi com o Nicholas. Eu namoro com o Brad lembra? E eu ainda sou virgem, Sam. – falou entre risos nervosos – O problema aqui é com quem realmente o Nicholas dormiu.

-ELE ME TRAIU? COMO ASSIM ELE ME TRAIU?- gritou com Carly que foi posta, sem querer contra a parede fria, com uma Samantha furiosa apertando seus pulsos.

- Calma Sam, você está me machucando – Carly falou calmamente, quase não sentindo mais o sangue fluir para suas mãos – Calma. Vem, senta aqui na cama. Eu conto tudinho pra você. Calma. – conduziu-a até a cama, alisando os pulsos doloridos. Com certeza aquilo iria deixar marcas amanhã.

Com cuidado, Carly fez a loira sentar-se na cama. Um espelho posicionado a frente da cama do lado da janela, fez Sam perceber o estado lastimável no qual se encontrava. Enquanto Carly gritava por uma empregada, Sam arrumou rapidamente os cabelos loiros e enxugou o rosto. Recebeu o copo com água e acenou para que Carly prosseguisse.

- Bem – Carly pigarreou – eu já tinha ouvido umas histórias antes.

- E você não me contou nada? – Sam perguntou, quase cuspindo a água que bebia.

-Posso continuar? – perguntou Carly autoritariamente. Sam acenou envergonhada e Carly continuou – Obrigada. Bem eu já suspeitava, pois tinha ouvido rumores enquanto fazia compras na aldeia. Tudo bem, pensei comigo, eu não deveria incomodar você com boatos de invejosos. Até que eu vi com meus próprios olhos. Estava próxima ao estabulo quando ouvi uns gemidos. Aproximei-me com cuidado, e então percebi o que estava acontecendo ali. Ele estava com uma ruiva qualquer, apalpando-lhe todas as partes e...

-Poupe-me dos detalhes Carlotta. Mas você o reconheceu? Poderia ser qualquer outro, afinal, existem vários loiros na Inglaterra e bem...

-Sim, eu o vi. Pude ver com perfeição seu rosto. Eu estava esperando o momento certo para lhe contar isso. Quando soube de seu casamento, pensei ser a oportunidade perfeita para dizer, já que você vai casar com outro homem. – confidenciou a amiga. Havia tempo que queria livrar-se deste segredo.

-Ah, Carls, não me lembra disso, por favor. Já não basta ter sido traída, agora vou ter que me casar com um babaca qualquer – Sam bufou, jogando-se na cama e cobrindo o rosto com uma almofada.

- Vamos lá Sam, ele não deve ser tão feio assim. – Carly falou, deitando-se ao lado da amiga e encarando o teto pintado semelhante a um céu estrelado.

-Eu realmente não sei se ele continua o mesmo.

-Como assim “continua o mesmo”? Você já o conhece? – Carly apoiou-se em um de seus braços, encarando a amiga. Sam sabia o que aquele olhar significava. Suspirou e começou a contar a história:

                “Era um verão qualquer. Minha mãe disse que teríamos visitas importantes, portanto teria que brincar fora do castelo. Sempre era assim. Enquanto meu pai estava em reunião eu fingia que brincava com aquelas crianças mimadas. Foi então que eu avistei um menino, com os cabelos castanhos, sentado embaixo de uma arvore afastado de todos, lendo um livro. Deixei meus irmãos brincando lá, e fui me aproximando dele. Quando eu cheguei lá percebi que..”

-Ele era o maior gatinho – maliciou Carly.

-Não! – gritou Sam entre risos – Você quer ou não que eu conte a história ?

- Vai continua, sua chata.

-Obrigada. Onde eu estava? Ah, lembrei...

“... percebi que o livro dele estava todo em espanhol. Ele devia ser o príncipe da Espanha supus. Minha mãe já tinha falado dele antes. Sentei-me ao lado dele e o observei. Ele fechou o livro e me olhou por alguns instantes e eu retribuí o mesmo olhar. Eu fiquei meio constrangida por que parecia que ele estava me analisando!

-O que você está olhando? – perguntei sorrindo, não me pergunte o porquê..”

- Eu sei o porquê...

-Carly!

-Tá, tá.

“ – Seus olhos – disse timidamente – são tão.. azuis. São muito bonitos.

- Oh, obrigada- eu tenho certeza que eu fiquei vermelha na hora. – Ah, o meu nome é Sam.

- O meu é Freddie. Prazer, princesa .”

- E?- perguntou Carly curiosa.

-E nada foi só isso.

- Só? E por que você não gosta dele?

- Eu mal conheço ele Carly! E pelo que eu lembro ele era muito feio. Era pequeno, gordinho, e usava óculos muito grossos. Mal pude ver que cor tinha seus olhos, além de ter os dentes tortos. Ele caiu por cima de mim quando começou a chover. Fique toda suja de lama e com terra no cabelo por semanas.

- Nossa. Eu quero ver quem ele é. Quando você for ver ele, quero ir com você pra... – as duas foram interrompidas por algumas batidas na porta. Sam se ergueu preguiçosamente e foi atender a porta. Voltou com um embrulho amarelo em mãos. Dentro estava um pequeno colar de ouro com uma pequena pedra roxa como pingente. Ao lado tinha uma pequeno bilhete. Sam abriu grosseiramente a carta, e passou rapidamente os olhos.

-Bem Carls, acho que nós vamos conhecê-lo amanhã.

-Por que? – Carly indagou, admirando o colar.

-Por que o príncipe esta me convidando para uma passeio!

-E você vai?

-Claro que vou – Sam falou sorrindo e guardando a carta.

-Sam, – Carly parou o que estava fazendo, repousando o colar na cabeceira da cama – o que você está planejando?

-Você verá Carly, você verá.

- Por favor, Sam, que não seja nada ruim. Conheça-o melhor e depois pense em algo. Está certo? – Carly sempre agia como sua mãe. Isto irritava Sam, mas ela aceitava mesmo assim. Sabia que sua quase irmã só queria seu melhor.

-Tá – falou a contragosto.

- Promete?

-Prometo.

-Sam...

-Eu prometo. Eu dou minha palavra.

“ Você não deveria confiar tanto assim Carly. Eu o conheço muito mais do que você imagina.”