A Escolha Do Guerreiro escrita por Yui


Capítulo 7
Carnívoros


Notas iniciais do capítulo

Olá gente.
Desculpem a demora pra postar outro capítulo, demorei pra desenrolar a trama e tive que dar mais atenção à fanfic de Naruto que ficou um bom tempo sem atualização.
Sem mais que dizer, vamos ao capítulo.



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Zhuang estava na cozinha ainda comendo seus rolinhos primavera, antes de seu treino, quando Feng revoleu descer e buscar um lanche. Estava na porta, seu filho estava tão concentrado na comida que nem se quer se deu conta de estar sendo observado.

Feng se aproximou lentamente, mas Zhuang conseguiu ouvir com sua apuradíssima audição.

– Quer um? – Perguntou sem se virar para o pai.

O tigre mais velho sempre se surpreendia com ele, mas logo sorriu e se sentou ao lado do filhote.

– Não, obrigada. E então, está pensando em qual pegadinha fazer hoje?

– Ah, não sei... – respondeu ele sorrindo de canto, parecia pensativo.

– O que foi?

Feng notou que seu filho um pouco diferente. Ele nunca dizia não saber quando o pai fazia esse tipo de pergunta, aliás, a única coisa que fazia era desconversar.

– Só quero ser mais sério – respondeu para depois tomar um gole de seu chá.

A resposta surpreendeu o tigre.

– Está bem, vamos ver até quando você aguenta... – fez cafuné na cabeça do filho e se levantou para pegar o lanche.

– Pai, eu aguento...

– A última vez que você disse isso, você se lembra do que aconteceu, não?

Zhuang ficou quieto e corou. Se não fosse por sua pelagem laranja, seu pai teria notado ainda mais o nervosismo.

FLASHBACK ON

Há quatro anos, depois de quase quebrar a casa inteira treinando com nunchakus e receber como castigo tarefas que detesta além de ficar por um mês sem sair com amigos. Ou seja, de casa para escola depois para o treino, e de lá para casa. O jovem tigre estava entediado.

Estava em seu quarto, deitado na cama. A cama ficava ao centro da parede que ligava as paredes da porta e da janela. Estava olhando para a luz que provinha das cortinas abertas. Estava muito calor e não tinha o que fazer.

Ainda era de tarde e seu castigo, apesar de estar quase acabando, o estava matando.

– Mas que saco, não posso treinar... se é a Tigresa, mamãe briga com ela, Tigresa grita e sai andando, não recebe castigo... – reclamou para si mesmo, mas depois se deu conta de uma coisa – mas também se receber, ela derruba a casa inteira.

Se sentou e continuou pensando. Sabia que havia algo errado entre sua irmã e seus pais, porém ainda não havia tentado investigar. Eis que surge a ideia de tentar entender essa história toda.

Saiu correndo para o quarto da irmã. Bateu à porta, mas ninguém atendeu. Claro, ela estava no treino àquela hora. Suspirou derrotado e voltou para o próprio quarto. Tirou um cochilo.

Algumas horas depois, Ming-Yue entrou no quarto do filho e o acordou:

– Filho... – tocou no braço dele, agitando-o para despertá-lo – filho, hora do jantar.

Se fosse um dia qualquer, ele se levantaria como sempre, sem vontade e resmungando, mas para o espanto de sua mãe, se colocou de pé sem nada disso.

Sem questionar, ela seguiu para a sala de jantar. Zhuang foi depois.

Chegando lá, jantaram em silêncio, como costumavam fazer nas noites em que mãe e filha não atacavam uma a outra com palavras.

Depois, Tigresa e Zhuang subiram a escada que levava aos quartos e foi quando Zhuang pediu a ela para conversar.

– Claro... vem.

Caminharam ao quarto dela. Assim que entraram, ela trancou a porta. Conhecia Zhuang e a maneira com a qual ele falou, lhe pareceu algo sério.

– O que quer saber? – Perguntou sentando-se na cama ao lado dele.

– Quero saber a verdade, do porque você, mamãe e papai vivem brigando ou não se falam. Me diz a verdade, já sou grande, posso entender... eles nunca me contam o que aconteceu.

Tigresa o olhou com ternura. Era o único alguém à quem dedicava real carinho. Jamais teve ciúmes ou ficou chateada por ter um irmãozinho, na verdade, foi uma grande alegria, ele era seu consolo naquela vida limitada que odiava. Fazia tudo por ele e se estava seguindo as regras, já não era por ser boa menina, era para que ele ficasse bem e protegido.

– Bem... você sabe sobre os festivais de luta que a gente participa...

– Sei, um dia você vai disputar a liderança.

– Certo e por isso eu não posso fazer outra coisa da minha vida.

– Mas eu posso substituir você...

– Junto com a liderança daqui, eu vou me casar com o filho do imperador.

– Nossa... sério?! – Perguntou surpreso, incrédulo e animado – eca, eca eca... minha irmã beijando um macho... pera aí, um macho beijando uma fêmea... credo! Nunca vou fazer isso...

Diante da negação do irmão, a felina riu contente. Ela nem havia falado nada sobre beijos, mas ele já sabia que nos casamentos, era assim que acabava a cerimônia religiosa. Ela riu até que ele fez uma pergunta que a fez calar:

– Você gosta dele? – Perguntou Zhuang com expectativa pela felicidade da irmã que sempre zelava por ele.

– Não o conheço bem, nos vimos quando você nasceu. Ele e o pai vieram aqui.

– Como ele era e como vai casar se não gosta dele?

– Ele é um tigre branco e parece ser legal... vou casar porque nossos pais arranjaram, não sei o porquê. Só peço que não fique bravo com eles...

– Não vou... mas que chato...

– Pois é... – revirou os olhos e se deitou na cama olhando para o teto.

Vendo sua irmã daquele jeito, lhe ocorreu uma ideia:

– Maninha...

– Oi...

– Tem alguma coisa que você queira fazer com alguém?

– Como assim? – Ela levantou um pouco a cabeça.

– Ah, alguma pegadinha. Como você é a líder e prometida do príncipe, eu acho que não pode aprontar, mas eu posso aprontar por você.

Um sorrisinho malicioso apareceu nos lábios de ambos e Tigresa lhe contou o que e com quem ela gostaria de aprontar.

– Ai que pegadinha fraca... mas vou fazer amanhã.

– Vai mesmo?

– Sim, depois do meu treino e corro pra casa. Dá um intervalo quando eu estiver saindo.

Dito isso se levantou e foi para o próprio quarto.

Na manhã seguinte acordou cedo para preparar as coisas de sua encomenda de pegadinha.

“Se nada mais que eu fizer der certo, vou cobrar dos outros pra pregar peças”, pensou ele.

O dia passou tranquilo, até a hora em que o plano seria executado. Pediu ao seu mestre para ir ao banheiro antes de fazer sua sessão de ginástica. Correu para sua mala numa salinha retirando dela uma espécie de bolsa funda feita de tecido com um acabamento ruim, pacotes de farinha moída recentemente e algo grudento de cor branca que sobrou de uma sopa que Tigresa e ele tentaram cozinhar para o jantar na noite anterior.

Seus pais haviam saído e a casa ficou sob a responsabilidade dela, sendo que deixou o irmão ajudá-la na cozinha, o que acabou resultando num jantar catastrófico.

– Minha mãe vai sentir falta dessa farinha... só espero que demore – disse ele abrindo os sacos.

Despejou tudo rapidamente dentro da bolsa de tecido e logo viu que ela tomou a forma de boneco, aquele em que as crianças iniciavam seu treinamento, porém não era colorido. Quando ele a levantou, viu que poderia ser usada como saco de pancadas também. Amarrou bem forte a boca da bolsa, parecia que iria explodir à qualquer momento. Tinha que ser rápido.

Sem que ninguém visse, levou rapidamente a bolsa preparada com farinha para a área de treinamento. Iria desafiar Genji.

Essa tigresa era do seu mesmo clã, mas odiava sua irmã e tentava passar por cima de Tigresa em todos os treinos, aliás em tudo na vida. Até mesmo tentou tirar o namorado dela, namorado esse que Tigresa mantinha apenas para irritar a mãe. Desde filhotes, ela irritava a pobre felina, como se ela já não tivesse motivos para ficar brava.

Voltou ao tatame e esperou até o intervalo do treino de sua irmã, que seria quando Genji também sairia.

Minutos depois, seu treino já havia acabado e Tigresa estava saindo de um dos salões de treinamento, acompanhada por Shaohanna, Seyoung e Xi-Wang, uma boa colega de treino. An já havia saído para tomar um pouco de água, deixando para passear com Tigresa em outro momento, e atrás das quatro felinas, vinha Genji.

Esta começou a olhar para todos os lados. “Provavelmente procurando o An”, pensou Zhuang. Sorriu maliciosamente e encarou a irmã que esperava atentamente ali no pátio.

– Ei, Gen... – disse ele chamando-a, parado próximo aos bonecos.

– Meu nome é Genjin, não permito que me chame de outra maneira.

Ela seguiria seu caminho, mas Zhuang continuou a importuná-la.

– Tá bom, Gen... – respondeu, recebendo um grunhido.

A tigresa parou e foi em direção à ele lentamente como um caçador se aproximando da presa. Ele não tinha medo dela, Genjin nunca ousaria atacar o filho do líder de Guangzhou e não era esse o problema. O problema real era enfrentar a fúria de Tigresa que deu uma verdadeira surra no irmão de Genjin, que é mais velho do que ambas, por querer lutar contra Zhuang quando ele começou a estudar kung fu, apenas para mostrar suas habilidades em um combate obviamente desigual.

– O que você quer?

– Quero te desafiar a bater nesses bonecos e provar que é mais forte do que minha irmã.

– Não tenho que provar nada pra você... – já ia dando as costas.

– Eu duvido... não vai cumprir um desafio? Gatinha medrosa.

Felizmente ela aceitou e pediu que ele desse licença a ela. Zhuang apenas olhou para Tigresa e se certificou que ela estava sorrindo, ela só não sabia exatamente o que iria acontecer, mas sabia que Genji se daria muito mal e talvez Zhuang também, mas disso, ela cuidaria depois.

Havia três bonecos coloridos e uma coisa estranha sem desenhos ao lado deles. Ela os olhou e foi ao primeiro desenhado. Quando levantou o punho para tomar impulso.

– Não.

– Que foi agora?

– É pra bater no mais pesado.

– E qual é?

Zhuang fingiu apertar os todos os bonecos, colocou-se uma expressão pensativa, os apertou novamente e:

– Este – apontou para aquele fabricado por ele.

– Ok, sai daí.

Ela se preparou, se concentrou a tal ponto que não viu Zhuang correr para longe.

À essa altura, todos da academia estavam olhando, inclusive a Grã-Mestre e ninguém entendeu a atitude do tigre. Desafios eram muito comentados ali, mas geralmente eram entre um tigre branco e um do sul e não entre dois do mesmo clã.

O punho de Genji foi diretamente ao centro do “boneco” e... voou meleca de faria e sobras do jantar para cima de Genji. Ela acabou até engolindo um pouco e depois começou a gritar.

Sua pelagem já não era laranja. Estava totalmente branca. Todos os presentes riram até doer suas barrigas. A Grã-Mestre manteve a compostura, mas por dentro, riu como os outros.

– É uma tigresa albina agora? – Um macho comentou em meio à várias risadas.

Genji não soube dizer quem foi, mas isso aumentou ainda mais a fúria dela, então, ela rigiu.

– Zhuang! Cadê ele? Ele vai se ver comigo...

– O que é? – Perguntou Tigresa parando imediatamente de rir.

– Já chega! – Gritou Ming-Yue calando a todos – bem, Genji vá para casa e tome um banho. Descanse e volte a treinar amanhã.

– Mas e quanto à Zhuang?

– Ele receberá o castigo dele amanhã aqui no treino na frente de todos para servir como exemplo.

Pelo momento, ninguém ousou desafiar a metre. No dia seguinte, ordenou que ele limpasse as armaduras e as espadas, a ponto de poder vero próprio reflexo nelas. Tigresa o ajudou às escondidas, já que ele fez um grande favor à ela.

FLASHBACK OFF
Feng e Ming nunca entenderam o porque da pegadinha do filho e nunca souberam que sua filha o ajudou no castigo.

– Por que você fez isso com a Genji?

– Ah, eu não gosto dela... e como você lembra disso? Faz tanto tempo...

– Tô velho, mas não tô gagá. Agora, anda... pro treino.

– Tá, já vou pai.

– Não vá fazer nenhuma pegadinha ein...

Zhuang estava passando pela porta da cozinha, mas parou e virou-se para o pai. Muito depois de Tigresa contar sobre seu destino já traçado pelos próprios pais, os dois resolveram contar à Zhuang que fingiu não saber de nada.

Virou-se para o pai e disse:

– Já disse que não vou fazer, quero que o conselho me leve á sério, pai e veja o quanto eu posso ser bom líder pra livrar a Ti de pelo menos uma coisa – virou e saiu.

Isso deixou Feng de coração partido. Zhuang queria liderar e Tigresa queria apenas viver pelo seu kung fu, mas as coisas eram complicadas. Ela era a mais velha e a primeira fêmea do clã dominante e esta era a quarta geração em que os laranjas estavam no poder. O avô de Feng dizia que a primeira fêmea que nascesse à partir das próximas gerações deveria casar-se com o próximo imperador, sendo ou não líder de Guangzhou. Como a família do imperados se travada de tigres-do-sul e tigres brancos convivendo em harmonia, Feng julgou que era uma solução para haver paz entre os clãs.

Feng puxou novamente a cadeira para se sentar, apoiou os cotovelos sobre a mesa, para apoiar a cabeça em suas patas. Embora não concordasse, era isso que deveria fazer.

Na academia, Tigresa estava treinando defesa com Mestre Wu. Ele já não era tão jovem e já havia ensinado a ela tudo que aprendeu. Já era hora de conversar com Feng para manda-la ao Palácio de Jade finalizar seu treinamento.

O dia passou, Tigresa foi embora para seu local especial. Nem Shaohannah e nem Seyoung o frequentavam mais, era apenas dela e as três quiseram assim para a princesa ter ao menos um pouco de privacidade para meditar ou fazer o que quisesse.

Aquela noite estava quente, a lua cheia parecia mais próxima do que nos outros dias e se podia ver estrelas cintilando naquele manto azul profundo.

Ela respirou fundo e sentou numa pedra em posição de lótus. Começou a meditar. Nos últimos dias, não conseguia meditar direito e dessa vez não foi diferente. Era como se algo dentro dela avisasse de que algo iria acontecer. Se sentia mal e brava, como se estivesse sendo perturbada por alguém, talvez isso fosse o medo do que aquela sensação representava.

Abriu os olhos novamente.

– Devo estar doente. Não é possível...

Se deixou deitar na grama, estava confortável. Ficou ali por horas admirando a beleza do céu noturno.

Enquanto isso, Mestre Wu foi à casa de Hu. Era simples, tudo em uma só planta.

O avô da felina estava tomando chá com sua esposa. Ela não estava bem de saúde e para que ela não se cansasse demais, optaram por uma casa nova sem escadas. Ele pretendia passar mais tempo com ela, mas esta noite não seria possível.

Bateram à porta e Hu atendeu.

– Ah, boa noite, mestre – se curvou.

– Não é necessário.

– Entre... – disse dando passagem.

– Obrigado – já lá dentro, cumprimentou a mãe de Feng e pediu para falar à sós com Hu.

Depois de levar sua esposa para descansar no quarto, que ficava no corredor ao lado da cozinha, voltou e sentou-se na sala com o mestre.

– Diga. Alguma coisa urgente?

– Apenas quero saber se disse à Feng que é hora de enviar Tigresa ao Palácio de Jade no Vale da Paz. Estou desconfiado de que os carnívoros estão prestes à atacar de novo, vai haver muita confusão e ela tem que estar protegida e longe daqui para não ser feita a próxima vítima.

– Concordo, mas o que te faz pensar que os carnívoros vão atacar?

– Alguns animais da província vizinha foram atacados e poucos conseguiram escapar. Não sei se eles se tratam de lobos, leões ou mesmo tigres e se forem tigres, não sei se são dos nossos ou do clã branco.

– Não acredito que o clã do sul tenha alguma coisa a ver com isso, continuo sempre pensando que o clã dos brancos é o culpado, se realmente forem os tigres os foras da lei. Pena que não sabemos.

– Pois é, assim poderíamos mandá-los para a cadeia. Foi um acordo que o imperador fez com todos quando assumiu o trono: que não seriam tolerados carnívoros em nome da paz e harmonia com as outras espécies. Já houve guerra e matanças demais.

– Só queria saber como é que os jovens conseguem controlar seus instintos de comer carne.

– O que eles não experimentaram, não faz falta para eles. Nossos pais foram obrigados a isso porque havia essas batalhas pela China, os carnívoros ainda dominavam e se não consumissem carne, seriam o próximo jantar. Estamos correndo o risco de viver o mesmo que eles.

Hu pensou e pensou. Já havia falado com Feng e esperava que ele mandasse sua neta para lá o quanto antes. De repente, uma ideia cruzou seus pensamentos e acabou revelando ao amigo e velho companheiro de guerra:

– Eu gostaria que ela fosse e ficasse por lá. Treinar no Palácio de Jade foi a melhor coisa que fiz em minha vida e por mim, teria ficado lá com minha mulher – sorriu – eu sei que Zhuang sim seria um ótimo líder, ele quer isso. Eu ficaria muito contente se ela fosse e não quisesse voltar, ela nasceu com aptidões para a luta e justiça, será muito feliz se ficar.

– Concordo com você, não parece que ela ame algo mais do que ao kung fu.

No final do jantar, Shifu apareceu depois de seu momento de meditação. Os alunos estavam conversando e ao ver a expressão séria do mestre, ficaram tensos.

– O que foi, Mestre Shifu? – Perguntou Víbora.

– É, pai... algo errado? – Perguntou Tai Lung se levantando da cadeira e se aproximando de seu pai.

– Você sabe o que há de errado...

– Qual das coisas? Aquela felina que fica mandando pergaminhos pro Dragão Guerreiro? – Brincou o leopardo fazendo o pobre panda corar e fechar a cara.

– Ah, não... antes fosse isso, meu filho – respondeu depois de um pequeno sorriso pela brincadeira boba, mas voltou à seu semblante sério – as províncias sudoeste e sul da China estão sendo atacadas.

– Por quem? Algum gorila malvado bárbaro? Ou algum lobo rápido e feroz que quer dominar a China? Piratas? Invasores? – Perguntou Po, chamando a atenção de todos.

– Não, Po – o mestre balançou a cabeça em desaprovação á falta de seriedade do guerreiro mais poderoso de todos os tempos “esse é o Dragão Guerreiro”, pensou.

– Então, quem é e o que pretende?

– São carnívoros. Ninguém sabe dizer como e quantos são. Eles atacam á noite e escondidos por um tecido escuro, as únicas coisas visíveis são os olhos, mas isso não pode indicar os culpados. As autoridades locais estão em estado de alerta e à qualquer momento podemos ser chamados pra defender os cidadãos.

– Seria uma viagem muito legal e daria pra conhecer a Academia Zhuang Wu de kung fu se a gente não fosse pra lutar – disse Po cabisbaixo.

O panda vermelho ignorou dando boa noite à todos e os enviou aos seus dormitórios.

Quando estavam na ala dos estudantes, todos se despediram, mas Macaco não pôde deixar de fazer piadinhas.

– Cuidado pros carnívoros não comerem você, Po – disse e riu – o Tai Lung é um felino e poderia comer carne.

– Quieto e vai dormir, Macaco – disse Tai Lung irritado.

– Ele nunca tentou me matar assim, então, não tenho porque me preocupar. Boa noite.

Shifu não conseguia dormir. Pensava em tudo que soube sobre os ataques e foi pedir orientação ao seu mestre. Ele estava meditando na Gruta do Dragão.

– Sem sono, velho amigo? – Perguntou ainda de olhos fechados.

O panda vermelho já não se surpreendia mais, já dominava essa arte de sentir a energia ao seu redor, especialmente depois que aprendeu as técnicas de respiração e o Chi Kung.

– Não, não consigo – se sentou ao lado do mestre, fechando os olhos também – parece que vem tempestade por aí e o senhor sabe que não me refiro ao tempo. Além disso, quanto mais se medita, menos sono se tem...

– Porque a mente está descansada.

– Sim, mestre – sorriu.

– E sim, Shifu... vem uma grande tempestade para todos nós.

Shifu abriu os olhos e encarou a velha tartaruga.

– O que quer dizer, mestre? Teve alguma visão?

– A visão envolve um acontecimento que ocorrerá durante o eclipse que dará início a uma batalha que se iniciará a respeito dos carnívoros e será decisiva para um guerreiro.

– Qual guerreiro? E o que vai acontecer com ele?

– Se você entrar em conexão com o universo vai entender de quem estou falando – abriu os olhos e encarou o semblante de dúvida de Shifu – e acalme-se... eu posso dizer que teremos que ajudar, não sei nada além disso.

– Se for quem estou pensando, ele vai arranjar algum problema... e não é meu filho.

– Não, não é seu filho – disse Oogway entre risadas – ele já teve muitos problemas com fêmeas por aí e aprendeu. Só apronta por diversão.

– Velho e fazendo essas coisas... – Shifu espalmou a própria testa com a pata direita e negou com a cabeça.

– Hum, eu e você brincamos com as figuras de ação do Dragão Guerreiro. A idade não tem nada a ver – fechou os olhos novamente sem nunca ter saído da posição de lótus.

– Desculpe, mestre, não queria ofender... e tem razão – respondeu envergonhado.

– Não ofendeu, só meça suas palavras, amigo.


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Notas finais do capítulo

Chi Kung: termo chinês que se refere ao trabalho/cultivo de energia para promover a melhor circulação da mesma.
Espero que tenham gostado. O que acham que Feng vai fazer? Zhuang conseguirá ser levado à sério pelos membros do conselho de Guangzhou?
Quem é a admiradora de Po? Shifu realmente admitiu que brinca com as figuras de ação do Dragão Guerreiro? Ok, parei... tá parecendo fim dos episódios de Dragon Ball.
Deixem seus reviews com críticas (sem xingamentos), dúvidas ou elogios.

Até mais.



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