A Lenda Dos Encantrios escrita por Any Queen


Capítulo 13
O sabor da morte


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse cap, na minha opinião é o que menos acontece coisas, mas eu dei um explicadinha em algumas coisas e espero que goste. Cometários?? Me deixariam mto feliz >
~Ana



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Gelei. Não sei por que, mas uma sensação terrível passou por mim. Roy tinha dito que fazendo aquele feitiço eu tinha mandado um sinal, mostrando a todos que eu estava aqui. Mas quem era esse “todos”? Certo que a Senhora dos Dragões disse para eu não confiar em ninguém e me manter escondida, mas quem poderia estar me procurando. Com certeza não era uma boa coisa, porém essa pessoa já estava lá no barco, não adiantaria fugir. Olhei para Frank e ele não estava tranqüilo, ao contrário, o garoto estava com uma expressão de medo, medo por mim. Eu cheguei perto dele e tirei uma mecha do cabelo dele que caía na frente do rosto, passei a mão na sua cicatriz – que eu simplesmente achava perfeita – e sorri, e não sei por que estava fazendo aquilo, talvez fosse a minha frustração com Brian, mas Frank parece ter gostado.

– Quem é? – já tinha afastado a mão do rosto dele e Frank estava com um sorriso que eu adorava, daquele que faz qualquer garota querer dá um beijo nele.

– Eu não sei, mas ele diz que conhece você. – agora o pânico me tomou de vez, poderia ser meus pais ou alguém que eu conhecia, poderia nos tirar daqui e não precisaríamos pegar o outro presente. Só que nós tínhamos lutado tanto, para agora ir assim... Não sei se eu queria.

– Vamos. – tomei a frente, mas logo o moreno me puxou com calma.

– Kassie... – ele hesitou e olhou nos meus olhos, não percebi que Lily tinha ido embora, acho que ela pensou que eu queria ficar a sós com Frank, mas bem... Isso não era um momento romântico, estávamos sempre à beira da morte. – Por favor, me escuta, eu sei que você gosta de ser inconsequente, mas lembre que tem gente que não quer que você se coloque em perigo. Promete-me.

– Olha... – ele tinha pegado minhas mãos e estava bem perto agora, o vento tinha aumentado (e a culpa não era a minha) e tinha uma tensão no ar, isso nunca vinha acompanhado com coisas boas, nunca. – Não é que eu goste de estar em constante perigo de morte, mas é sempre a única opção. – ele ainda na estava satisfeito. – Vou fazer o máximo, Fran. –havia tanto tempo que eu não o chamava assim.

Eu me lembrava desse dia, estávamos sentados na escada da casa dele e estávamos fazendo o dever de matemática. Frank tinha sentado perto de mais, e eu... Estava apaixonada pelo garoto novo, e eu não estava maluca... Recebia recíproca, mas até agora ele não tinha falado nada.

– Sabe o que é estranho? – dissera ele logo depois que terminamos o dever e estávamos tomando um suco de laranja – o meu preferido. – Você não poder ter um apelido, porque seu nome é um apelido. – ele riu com a descoberta.

– Eu sei. – não pude deixar de rir. Neste dia, Frank estava com uma camisa sem mangas que mostrava seus braços fortes e usava um short, comum, mas para mim estava perfeito. – Minha mãe disse que não sabia que nome me dar, então colocou o primeiro que viu, Kassie... Só que bem, minha mãe não sabia que isso não era um nome, e sim um apelido.

– É a história mais estranha de um nome que eu já ouvi. – Frank me puxou para um abraço e encostou a cabeça na minha, eu amava quando ele fazia isso, dava para ouvir seu coração acelerado.

– Você não pode falar nada! Frank também não tem apelido. – fiz uma pausa e depois voltei ao meu pensamento. – Só se... Frank for um apelido para Frankenstein e eu acho que se encaixa muito bem.

– Ah você não disse isso! – disse num tom brincalhão, Frank passou a mão para a minha cintura e começou fazer cócegas onde eu mais sentia, comecei a correr para a rua, mas Frank me derrubou e ficou em cima de mim, impedindo que eu me movesse. – Retire o que disse Kassie Way!

– Eu retiro, mas vou te chamar de Fran. – eu não sabia onde tinha pensado nesse nome, só sabia que eu queria ter um jeito próprio de chamar ele, um jeito que fosse só meu, mesmo que esse nome fosse brutalmente terrível.

– É ridículo! – Frank riu, mas não saiu de cima de mim, ele pensou e depois disse – Você pode me chamar assim por uma condição.

– E qual é?

– Um beijo. – congelei, literalmente, eu guardava a minha paixonite por Frank escondida e esperava que fosse correspondida logo, eu imaginava várias cenas do nosso primeiro beijo, mas agora já estava acontecendo, era ali, naquele momento. Eu só assenti e ele selou o espaço que havia entre nós.

Agora havia se passado um ano, e eu novamente o chamei de Fran. Não sei dizer como foi sua reação, eu não fiquei para ver, só sei que ele não se moveu, então eu dei um beijo na sua bochecha e segui para dentro do barco. Brian estava sentado na proa com um olhar distante, eu queria ir e perguntar por que estava daquele jeito, mas eu tinha que lembrar que ele não era quem eu pensava, era isso que eu dizia a mim mesma.

– Quem é que estava me procurando? – ele não tinha percebido minha presença até agora, quando me viu, veio ao meu encontro cabisbaixo.

Eu realmente me segurei, realmente! E foi sufocante. Brian estava tão triste que parecia que eu mataria qualquer um para deixá-lo melhor, eu tinha que parar com isso. Aquele sorriso que era típico do seu rosto, que eu realmente adorava por algum motivo, não estava mais lá. No lugar, estava uma expressão estranha que eu não queria ver, isso era por mim? Eu duvidava que alguém ficaria desse jeito por mim, por mim! Mas eu não perguntei, eu tinha que não me importar!

– Acho que você deveria... – mas eu não soube o que eu deveria ou não, um homem que aparentava ter uns trinta anos apareceu nas escadas.

O homem usava roupas chiques, seu cabelo era prateado, ele parecia meio albino, mas eu duvidava que existissem albinos em Pórfiron. Seus olhos eram negros e sua boca era cortada por uma cicatriz que vinha desde o nariz e terminava no fim do pescoço. Ele usava roupas azuis e transmitia uma aura estranha, não má, só esquisita, e quando ele falou não ajudou muito.

– Clara Blanchard... – ele falou cada sílaba vagarosamente, e com a voz forte dele, me fez sentir um arrepio por todo corpo, eu queria que ele fosse embora. – Thomas Wright, como vai?

– Meu nome é Kassie Way! – respondi com rapidez, odiava quando insistiam em me chamar com outro nome, Roterford tinha dito que meu nome era Clara, só que isso não dava o direito das outras pessoas me chamarem assim.

– Desculpe a impertinência, só vim fazer um convite a senhorita. – ele disse num tom casual.

– Não sei qual, mas não vou aceitar. – disse rapidamente.

– Me desculpe senhorita, mas não está em condições de não aceitar o meu pedido. – ele estalou os dedos, aqueles malditos dedos, e de repente dois homens carrancudos apareceram do seu lado, cada um carregando a mesma espada, eram gêmeos, uns gêmeos sinistros e carecas. – Caso o contrário... Meus amigos vão acabar com um de seus amiguinhos, você não quer isso, quer senhorita Blanchard?

– Não... – falei derrotada – Qual é o convite?

– Bem... Faz anos, dezesseis para ser exato, que eu perdi meus poderes, isso é uma coisa assombrosa, nós nos sentimos desprotegidos e dependentes daqueles magos fúteis – Thomas me olhou com algo nos olhos, algo que eu não sabia distinguir, algo meio animalesco. – Não é todo dia que vemos feiticeiros jovens e poderosos vivos, minha proposta é simples... quero seus poderes.

– Me desculpa senhor, mas isso está fora de cogitação. – disse me afastando e chegando perto de Brian, não que eu quisesse ser protegida, mas algo nele me dava confiança. – Não vou dar meus poderes a um estranho.

– Não quero que me dê, quero que duele comigo, um duelo até a morte. – ele falou como se fosse a coisa mais normal do mundo, um duelo até a morte? Eu vivia me esquecendo que estava de volta a época medieval. – Quando feiticeiros morrem – continuou ele sem perceber o meu medo. – eles liberam seus poderes e só quem o matou tem direito a ele, você não entende Clara, quero ser poderoso de novo.

– E por isso vai matá-la? – Brian tinha colocado a mão em meu ombro e seu rosto não era mais de tristeza e sim de raiva. – Isso não é certo.

– Você não levou em conta que a Srta. Blanchard pode me matar igualmente? – Thomas sorriu e mostrou seus dentes perfeitamente brancos. – Acho que os dois correm o mesmo perigo de vida.

– Mas é um duelo, eu não sei nem empunhar uma espada! – eu me segurei para esconder o tremor na voz, aquele cara não podia estar falando sério.

– Se eu fosse a milady, pensaria bem, estou dando a chance de tentar lutar, mas eu posso muito bem matá-la sem te dar uma chance. A escolha é sua. – eu me senti incapaz de responder. – Irei entender o seu silêncio como um sim, voltarei quando anoitecer, não tente fugir, será muito pior. – então ele sumiu do mesmo modo como apareceu, do nada.

– Ah meu Deus! – falei e tentei ficar em pé, mas estava tonta demais, só que braços fortes me seguraram. Quase morrer de repente não é como ter sua morte agendada, quando você está lutando e percebe que pode morrer você já está com descarga de adrenalina, mas agora eu sabia que ia morrer, e não tinha como fugir, era apavorante pensar assim. – Ah meu Deus!

– Kassie... – Brian se calou, não tinha nada que ele podia dizer ou fazer, não havia nada que alguém pudesse dizer ou fazer.

– Eu vou morrer! – gritei ainda não conseguindo segurar meu próprio peso. – Eu vou morrer, eu não sei usar uma espada e nem meus poderes estúpidos. Brian – esquecia toda raiva que eu tinha dele e olhei nos olhos dele, tinha medo, me senti bem com isso, só que na hora não me importei, estava entorpecida demais. – o que eu faço?

– Eu... – ele me puxou para um abraço e fez carinho na minha cabeça, eu não queria precisar da ajuda dele, mas eu ia morrer poxa! Não havia porque não abraçá-lo. – Vai ficar tudo bem, mia bella, tudo bem. – eu não sei se foi o modo como ele falou aquelas palavras ou se eu já estava grogue demais, só sei que depois disso comecei a chorar. – Vou ensiná-la a lutar, sou ótimo em esgrima, você não vai morrer!

– Obrigado, mas... – ele não me deixou terminar.

– Vamos. – ele me soltou e deu um sorriso tentando me encorajar – Pegue sua espada, já vai anoitecer, temos pouco tempo. – o garoto começou a andar, mas eu puxei seu pulso e perguntei.

– Brian... O que significa “mia bella”? – algo nos olhos dele brilhou e ele sorriu.

– Procure no dicionário. Só digo uma coisa, antes eu não tinha certeza disso, agora eu tenho, mesmo que você não ache... Eu tenho certeza.

– Certeza do que?

– Vamos, mia bella, as horas passam depressa. – ele seguiu para fora do barco e eu fui junto.


***


– Kassie! – Brian gritou pela terceira vez. – Não tenha medo de segurar na espada! Venha para cima de mim e me acerte com força!

Brian estava sendo um ótimo professor, eu é que estava sendo uma péssima aluna. Todos – menos Liam que não havia aparecido ainda – ficaram surpresos pelo motivo que Thomas tinha vindo me procurar, até mesmo Frank, que odiava ter Brian perto de mim, quis que ele me ensinasse. Lily tentava se acalmar, pois seu namorado estava desaparecido havia duas horas e agora sua amiga ia correr outro perigo de morte, mas era eu quem estava estragando tudo. Havia uma hora e meia que eu tinha pegado a espada e Brian tinha me passado os princípios básicos, como a mão que segura, a força no antebraço, qual era o meu pé de apoio, tudo, mas eu não era uma boa aluna. Eu simplesmente tinha medo da espada, ele era perfeita – nem grande demais nem pesada demais – só que eu tinha medo de machucar alguém. E isso não estava ajudando.

Definitivamente eu ia morrer.

– Eu vou machucá-lo! – gritei parando de tentar acertá-lo.

– Não vai não! Kassie eu te passei todas as técnicas que eu conheço. Sou o melhor esgrimista que eu já vi, se não me deixar ajudá-la... – ele não precisou terminar. – Você fez tudo certo até agora, só não tenha medo da espada. Vamos lutar para valer agora?

Eu assenti e me preparei. Brian deu o primeiro ataque e eu fui derrubada no chão e me deparei com a espada no pescoço, ele me mandou ter mais atenção e continuamos. Dessa vez eu fui melhor, não tive medo (e também serviu para colocar toda raiva que eu sentia do Brian para fora, não que eu fosse vingativa) fui para cima e usei o que ele havia me ensinado. Rodopiei, chutei e ataquei, combinações que eu nem sabia que tinha na mente. Só olhava para as espadas lutando juntas, produzindo um som estridente de metal. Continuei a abaixando e esquivando quando ele vinha, mas eu sabia que Brian estava pegando leve comigo. Paramos quando a minha espada estava em seu pescoço.

– Você me deixou ganhar! – eu embainhei a minha espada e me joguei no chão exausta.

– Mentira, você não pode provar isso.

– Ah pode sim. – Mindy falou logo atrás de mim – Dava para ver que você podia ter ganhado dela há muito tempo.

– Mindy! – advertiu Frank – Assim ela não vai conseguir.

– Esquece. – me levantei e olhei para o sol se pondo, e pensar que aquele seria meu último por do sol, pelo menos seria lindo. – Eu não ia conseguir de qualquer jeito... – lagrimas vieram, mas se eu ia morrer, não seria chorando. – Tenho mais alguns minutos. – levantei-me e comecei a andar para a colina que havia no bosque onde estávamos.

– Vou com você! – disse Frank rapidamente.

– Não, obrigado Fran... Mas eu quero ficar sozinha. – segui para a colina e sentei no chão observando o meu último sol. – Leonor... – chamei inconscientemente. – parece maluquice ter esperança agora.

– Se não temos esperança, querida, não temos nada. – ela se materializou do meu lado e passou os braços em volta do meu ombro e me deu um de seus abraços maternos.

– É difícil saber que vai morrer...

– Você não vai morrer, querida, não perca a esperança, você ainda tem algo que Thomas não tem... – ela pegou meu colar – Isto.

– Do que adianta? Eu não sei usar, é ridículo.

– O Encantrios sempre sabe o que fazer. Ele guarda a memória e a experiência de todos que já o usaram, a cada novo hospedeiro, o Encantrios se fortalece cada vez mais. Você recebeu isso do seu pai, o homem mais corajoso que eu já conheci, tenho certeza que ele deixou experiências no colar para a filhinha amada. Não se desespere, você é uma Blanchard! Você consegue! – Leonor disse essas palavras com tanta convicção que eu até pensei que tudo ficaria bem, mas não ficaria.

– Kassie... – uma voz conhecida me chamou e eu percebi que já havia escurecido. – Thomas chegou,e ele não está gostando de esperar.

– Estou indo Lily, - levantei e segui a minha amiga pela colina – Liam já voltou?

– Não. – disse ela secamente. – Toma cuidado, por favor, Kassie.

– Vou fazer o máximo Lily, acredite... Também não quero morrer.

– Ora, ora,ora, vejo que a senhorita não quis fugir... – Thomas e seus dois capangas chegaram perto de mim, eles não haviam mudado em nada, mas agora Thomas tinha uma espada, uma espada muito grande. – Fico impressionado com a coragem de Vossa Alteza, vamos ao duelo? Tem um baile que eu ainda preciso ir com os Magos da corte. – ele deu um sorriso maquiavélico – Eu quero muito ir a esse baile em especial.

– Acho que não terá tanta sorte. – disse confiante, com uma confiança fingida, mas era uma confiança.

– Onde eu já vi essa atitude? – ele sorriu e fez um movimento com as mãos para seus capachos. – É mesmo... Com seu falecido pai. – os dois humanóides prenderam os pescoços dos meus amigos, que gritaram, mas não conseguiram se salvar.

– Os deixe em paz! – gritei – Eles não têm nada haver com isso!

– Vão. – e os capachos sumiram – Para o caso de quererem te ajudar.

– Para onde eles foram? – rosnei.

– Chega de conversa Clara Blanchard. – ele riu tão alto que eu estremeci. – Que infelicidade, vou matar a última dos Blanchards.

– Acho que quem vai morrer é você! – desembainhei a espada e fui para cima de Thomas com toda raiva possível.

O único problema é que Thomas era ótimo, mais que ótimo, cada movimento dele era perfeito e gracioso. Ao contrário dos meus é claro, eu caí logo no seu primeiro ataque, consegui sair da reta de sua espada no último segundo. O fato era claro: Eu só estava adiando a minha morte. Saí correndo para a floresta, me senti uma completa covarde, mas o que você faria? Ficaria e veria a sua morte?

Eu sabia que você acabaria com a sua vida.”

– Por favor, Dracon, eu não quero sermão agora! – voltei para o duelo e levantei a minha espada, só que não adiantou, Thomas sorriu e me jogou no chão.

Você vai se matar e matar seus amigos! Não acredito que foi entregue a uma pessoa tão idiota!”

– Dracon, para! – Thomas me olhou confuso, mas não parou de lutar, eu passei a espada na sua perna, cortou, mas nem tanto quanto a espada dele no meu braço.

Levantei com dificuldade e tentei tampar o ferimento, mas não deu tempo, Thomas fez várias sequências de golpes extraordinários, eu só cambaleei e bati em uma árvore. Thomas chegou perto de mim e colocou a lamina da espada em meu pescoço. Ele sorriu e disse calmamente.

– Estou desapontado com a senhorita. – ele passou a mão no meu ombro, eu senti que toda a educação com que ele tinha me tratado até então fora uma mentira. Thomas acariciou meu ombro e colocou sua boca em meus ouvidos. – Esperava ter um pouco de diversão essa noite, se eu não quisesse tanto seus poderes e adoraria me divertir mais.

Foi então que eu dei uma joelhada nele – algumas coisas nunca mudam – e Thomas urrou de dor, me afastei dele enquanto o homem já se recuperava.

Isso foi o melhor? Há, acabou de se tornar mais idiota.”

– Olha Dracon. – disse completamente furiosa, e aquilo estava acontecendo, eu não queria que acontecesse, mas estava e eu fiquei com medo. – Se não quer ficar, pode ir, ok? – joguei meu colar no chão e gritei – Vai, some, desaparece, eu te libero, não quero mais você, o que for! Só me deixa! Não te agüento mais. – agora o controle estava por um fio agora, mas um segundo e eu perderia a cabeça. – Você só ajudou.

Dracon sumiu como se nunca tivesse estado lá, e um vazio percorreu por mim, mas logo foi esquecido quando vi Thomas indo para o ataque. Ele não deveria mexer comigo quando estava tão furiosa, uma coisa que eu devo ter aprendido é que: feiticeiros não gostam de ser irritados, ainda mais... Eu. Ele veio com tudo, mas rapidamente eu o joguei no chão com um soco (é claro que eu não sabia dar socos, mas aquilo sabia, e muito bem). Disse com uma voz que não era a minha, era mais confiante e pesada, eu tinha medo de mim mesma.

– Uma coisa que você deve saber de feiticeiros, Thomas, nós não gostamos de ser enfurecidos! – e foi aí que eu perdi toda a noção do que fazia, foi como se tivesse no automático.

Thomas levantou do chão, mas não com os pés, e sim com uma força estranha. Ele foi jogado até bater com força em uma árvore, estava escuro e eu não vi a sua expressão, mas com certeza era de dor e surpresa. Como se eu tivesse super velocidade, cheguei bem perto dele e apontei a espada na sua garganta, sem hesitação, eu não era assim.

– Que infelicidade afinal, eu tentei mudar o destino e veja... – ele riu e mais depois ficou sério – Não fui eu a matar a última Blanchard, você já está reservada para Ele. – e quando eu voltei a mim o corpo dele jazia no chão, e uma poça tinha começado a se formar, deixando aquele cheiro metálico e uma sensação terrível no ar.

Eu não sei por que, mas eu estava chorando, chorando incontrolavelmente por um homem que nem conhecia, contudo, eu tinha acabado de matá-lo. Quem era essa pessoa? Com certeza não era Kassie Way, eu não era uma assassina em série, eu não mato pessoas (mesmo que elas queiram me matar). Monstros eram diferentes, eles não eram pessoas, mas matar? Não era algo muito divertido.

Começou a chover, não uma tempestade, mas uma chuva forte. Eu não me senti capaz de me mexer, fiquei ali, ajoelhada na lama encarando o corpo do homem que eu tinha acabado de matar. Thomas sumiu aos poucos, depois de liberar aquela pequena luz, ele começou a desmaterializar até sumir, mas mesmo assim eu continuei olhando. Será que ele tinha filhos? Esposa? E se eu tinha destroçado uma família? Eu não seria acusada de assassinato, ninguém acharia o corpo, e era a Idade Média, não tinha prisão e nem um tribunal, ele simplesmente morreu. Morreu. E pelas minhas mãos. Frank apareceu do meu lado e também se ajoelhou, segurou a minha mão, mas eu continuei parada.

– Eu matei um homem. – disse quase quem em um sussurro.

– Kassie... – Frank me puxou para um abraço e ficou calado por um bom tempo. – Era você ou ele K, ele quis o duelo e ainda disse que você não tinha escolha. – ele me apertou mais. – Agora faça a tempestade parar, Kassie, está frio e você está tremendo. – só que ele não sabia que não era pela chuva que eu estava tremendo, mas mesmo assim a fiz parar, porém não consegui andar e nem falar nada, até que apaguei, não sei foi o cansaço ou susto.


***


– Ah! – foi a única coisa que consegui dizer – ou melhor, gritar – quando abri os olhos.

Eu estava a mais de quinhentos metros de altura, e não é todo dia que você acorda com uma visão dessas, mas logo braços me apertaram e a pessoa disse em uma voz gentil.

– Calma, calma, eu estou aqui. – me verei para encarar Frank, ele estava rindo as minhas custas, fiquei brava com isso, mas logo esqueci, porque perguntas surgiram na minha cabeça.

– O que...? – não consegui terminar.

– Bem... Vamos ver, você matou o Thomas e criou uma tempestade. – então era verdade, por que não poderia ser só um sonho? Um sonho muito ruim, mas só seria um sonho. – Acabou apagando, Liam apareceu e disse que tínhamos que sair logo do barco, íamos andando, mas tínhamos que ir mais rápido, então pegamos os dragões. Você continuava apagada, então trouxe você comigo, mas também não achei Dracon no seu pescoço. Estamos procurando uma clareira para descansar, já que nenhum de nós conseguiu dormir noite passada. – disse ele sem pausa.

Toda verdade veio como um tapa, eu tinha mandado Dracon embora, como eu era idiota! Ele tinha razão. Vendo melhor agora, era aquilo que ele queria, queria que aquilo acontecesse, para que eu pudesse matar Thomas, só que eu tinha sido uma idiota completa. Acabei mandando ele embora, meu dragão só queria ajudar, só que eu era burra demais, agora tinha ficado fraca. E algo estava faltando, não só o peso no meu pescoço, algo... Eu não sei explicar, mas doía ao ser lembrado. Olhei para baixo me xingando de todos os nomes possíveis e vi Liam acenando para descermos.

Quando a fogueira já estava pronta, nos sentamos todos em volta dela como uma grande família, e por um momento naquela manhã eu sentia que fossemos. O tempo estava nublado e o ar estava gélido, não tínhamos comida e a fome já estava nos arrasando. Liam foi o primeiro a falar, acariciando a cabeça da namorada que estava deitada em suas pernas.

– Assim até parece que gostamos um dos outros. – rimos juntos, tinha pouco tempo que estávamos naquele lugar, só que tínhamos passado por tanta coisa juntos que eu não os via mais como estranhos.

– Acho que todos aqui gostam de mim, senão, não seriam vocês mesmos. – Brian estava com uma expressão melhor, bem melhor do que estava quando Thomas apareceu. Mindy tinha sentado perto dele e tinha pousado sua cabeça no ombro dele, eu não ia me importar, eu não me importava!

– Está enganado, meu caro, eu te odeio do fundo da minha linda alma. – Frank tinha falado em um tom brincalhão, mas eu sabia que tinha muita verdade em suas palavras. Eu estava encostada em uma árvore e tinha me apoiado em Frank.

– Só espero que não acabe logo, quero dizer... Quando formos embora vamos voltar as nossas vidas antigas e esqueceremos disso. – falei com uma certa tristeza na voz.

– Acho muito difícil nos esquecermos do que aconteceu aqui. – Mindy falou com um tom que eu não soube distinguir.

– Eu pretendo esquecer. – Lily tinha ficado quieta até agora, eu tinha a impressão que ela não gostava dessa conversa, minha amiga estava fechando os olhos e tentava dormir sem êxito, ela não gostava daqui.

– Às vezes eu penso... – disse sem escolher as palavras certas. – Eu não queria ir embora, depois do que vivemos aqui... Como vamos voltar a viver uma vida normal? Eu quero saber quem eu sou, quem meus pais eram, a história da família Blanchard.

– Você tem razão – falou Frank – Eu sei que meu nome é Hector Cromwell, mas não quero saber somente isso. – eu não fazia menor ideia de como ele sabia o nome, só que tinha gostado, quer dizer... Combinava com ele, mas parecia terrível, terrível demais para o Fran.

– Tem tanta coisa sobre meu pai que eu quero saber – falou Mindy com um pouco de tristeza. – Natasha Boulervard não é só um nomezinho, é O nome, quero saber sobre essa história, quero o meu castelo na Cidade da Água.

– Jason Withford não é bem um nome que eu queria, sou lindo demais para esse nome. – rimos com isso, o ego do Brian era quase sempre engraçado.

– August Bruncknner. E você, minha flor, qual é o seu nome? – ele direcionou a pergunta carinhosamente para Lily sabendo que ela não gostava da conversa.

– Katharine Hoffmann. – disse ela rapidamente.

– Podemos descobrir algo, se quiserem. – propus mostrando o colar Diatiz – Querem? – todos concordaram e eu abri, não sabia muito bem em qual pagina pararia, eu ficava com medo quando abria, mas minha curiosidade é sempre maior. O Livro abriu em uma página chamada: As Cidades. Eu dei uma olhada rápida e fiz um resumo em voz alta. – Arcamant, mais conhecida como a Villa Central, é a mais bela de todas e a mais antiga, sua história traz consigo dor e esperança, movida pela fé de seus reis e rainhas. Seu Castelo foi criado pelo amigo do rei Arcamant Blanchard, era magnífico, foi feita assim para que todos que pensassem em destruí-la mudassem de ideia ao contemplar sua beleza.

“Cidade da Água, é mais sofisticada e mística de todas, abriga os governantes da Água e a família Boulervard. As pessoas que nascem da descendência desta Cidade são incrivelmente belas, está no sangue de cada uma, além de serem nobres por nascença.”

“Cidade do Fogo, a Cidade dos Trabalhadores, é a casa de todos os artesãos, carpinteiros e os demais. É a mais populosa, todos os seus habitantes possuem olhos azuis e possuem um porte físico exuberante, e assim, sendo a casa de todos os guerreiros.”

“Cidade da Terra é o lugar onde ficam guardadas todas as relíquias e histórias conhecidas desse mundo, umas são tão perigosas quem ninguém jamais tentou entender, seus descendentes são conhecidos pela inteligência e gentileza, alem de saberem ser ágeis numa batalha.”

“Cidade das Flores, não se deixe enganar pelo nome, as criaturas mais perigosas deste mundo estão confinadas lá e só seus filhos podem domá-los. É casa de todos os magos e guarda os segredos dos feitiços e poções em suas terras. Seus filhos são, em sua grande maioria, vegetarianos, são facilmente irritados e possuem uma grande facilidade em fazer amigos e se apegar rápidos as pessoas e também são os mais corajosos.”

“Cidade do Raio, A Destruída, seu povo foi totalmente devastado pela fúria de seu último Governante, antigamente, a Cidade abrigava os Dragões e as de mais criaturas mágicas, seu povo era calmo e orgulhoso, tinha os mais belos fogos de todo o Reino, só que seu povo possuía um defeito, a vingança, isso levou a total devastação da Cidade.”

Eu acho seriamente que eu poderia ter ocultado essa última parte, porque Frank ficou rígido do meu lado. Porém, ninguém parecia ter notado, estavam todos abismados com a história de suas cidades, e eu tinha que admitir, era impressionante. Só que todos já estavam cansados, então, logo depois dormimos e com certeza sonhamos com as nossas Cidades.


***


Eram três da tarde e estávamos caminhando pelo caminho em que Liam disse que era o certo, eu não contradisse, ele podia sentir a terra, talvez soubesse onde estava indo. Só que já estávamos andando há mais de uma hora e meus pés já estavam me matando, e fora a fome, ah a fome! Era terrível e estava me consumindo cada vez mais, eu só queria comer e descansar sem pensar em ser morta.

Uma coisa havia sido boa com isso tudo, me deu tempo de falar com Lily, ela estava notavelmente triste desde a nossa conversa mais cedo, ela não estava falando e andava devagar, precisava de mim. Atrasei meu passo e logo me encontrei com os dela.

– Fale Kate, o que há de errado com você? – ela não gostou muito da piada, me olhou indignada e depois xingou.

– Dá para não me chamar assim, eu odeio esse lugar. – ela estava séria, e eu tinha certeza que ela falava aquilo com muita certeza.

– Como pode falar isso? É como se estivéssemos em casa, Lily. – tentei explicar.

– Esse é o problema, Kassie, eu não me sinto em casa como vocês, eu só sinto uma sensação ruim toda vez que acordo e tenho pesadelos toda noite. Eu só quero poder sair daqui, nós corremos perigo a cada segundo, você quase morre umas três vezes por dia, eu não quero isso para mim. O pior – ela fez uma pausa e olhou para Liam que estava logo à frente conversando com Brian. – é que ele gosta daqui, por ele, eu ficaria sem hesitar, mas eu não quero! Só que Liam vai porque me ama, e eu me sentirei culpada pelo resto da minha vida.

– Lily, eu... – sinceramente eu não sabia o que dizer, eu realmente achava que todos gostavam daqui (mesmo com os constantes ataques de morte) – Tenta aproveitar, não podemos fazer nada, estamos presos aqui até conseguirmos tudo, não fiquei assim e se afaste de mim, estou com saudades e... Se é como você diz, quase morremos todos os dias, vamos aproveitar, quero você de volta, e quero você feliz.

– Desculpa Clara. – ela disse em vingança e parou subitamente e me abraçou, um abraço que eu senti muita falta, um abraço que ninguém pode substituir, por isso nós duas começamos a chorar. – Agora me conte – disse ela secando as lagrimas e voltando a andar. – O que está acontecendo nesse seu triangulo amoroso?

– Agora não existe triangulo nenhum. – contei a ela sobre Brian, de como eu estava brava e como ele havia agido, sobre meu beijo no Frank, sobre como eu estava com raiva por não odiar Brian e como eu queria poder gostar de Frank como antes novamente. – Eu quero morrer! – no sentido totalmente figurado.

– Ah minha amiga, você é inteligente e bonita, mas de garotos você não entende nada! Brian está com ciúmes! Está na cara, ele é do tipo de garoto que não quer ficar por baixo, Brian não quer ficar em segundo plano, mesmo que, como você disse, ele não quer amar, Brian quer que você seja dele. E Frank... Quer saber amiga, ele já foi, sei que foi seu primeiro amor, mas ele já era, perdeu a chance, acho que você deveria ficar com o gato do Brian.

– Não é tão fácil assim. – olhei para Brian que estava embalo em uma conversa com Liam, e se a Lily estivesse certa? Mas como eu poderia ter certeza? – E como eu vou saber Lily?

– Acho que nos beijos dá para saber... – depois de ela olhar a minha expressão de indignação mudou a proposta. – Ok, então fale que quer ser só amiga dele, Brian não parece garoto que aceita um não, talvez ele fale algo que dê para você perceber, decepção, sei lá.

– Acho que é a nossa melhor opção. – olhei para frente e vi que tínhamos chegado a uma pensão, uma grande construção de madeira no meio da floresta, suspeito? O que nesse lugar não era?



***


O mais estranho é que o casal da pensão já nos esperava, desconfiamos, mas eles disseram que tinha sido Roterford a preparar tudo, e eu não podia dizer não aquele cara, gostava daquele velho maluco. Pegamos cada um seu devido quarto e tomamos um banho, ah que banho! Eu nem sabia que estava precisando, meu cabelo estava terrível, mas melhorou muito com o banho, troquei as roupas pesada por um leve vestido branco até o pé (já que nessa época os vestidos acima do joelho eram considerados eróticos) e me sentei na cama encarando a minha mochila esfarrapada que já estava em seus últimos dias. Peguei meu celular e tentei ligar, ele ligou, mas só por um minuto, e eu pude ver a foto minha e da Lily de quando fomos ao museu de história nacional. Estávamos nos divertindo tanto, como não podíamos saber que isso aconteceria?

Guardei o celular novamente e tentei dormir, agora que já tinha comido estava muito melhor, mas não consegui. Fiquei pensando no que a Lily tinha falado sobre o Brian e não conseguia pensar em outra coisa. Quando eu percebi, já estava na frente do espelho me arrumando e indo até o quarto dele, eu só sabia onde era porque eu podia ouvir sua respiração (sua respiração? Quem pode ouvir a respiração de um cara?) bati na porta e ele me mandou entrar. Brian estava sentado na cama simples que tinha em todos os quartos, com uma posição despreocupada e tranquila, estava lendo um livro que eu não pude ver o nome, pois ele abaixou e levantou curioso.

A luz da lua entrava abundante pela janela e fazia as feições de Brian se avivarem ainda mais, ele usava uma camisa de botões aberta e uma calça preta (mais que mania de usar roupas mostrando a barriga! Será que era muito difícil fechar os botões? Não era, se quisesse eu ajudava) Ele chegou perto de mim e sorriu, aquele maldito sorriso! Brian só estava dificultando a minha pergunta.

– O que você quer, mia bella? – ele dizia essas palavras vagarosamente, eu só queria saber o que era, mas eu também sabia que ele não diria, eu teria que procurar no dicionário, o problema é que nesse mundo não existe dicionário, pelo menos não das palavras da Terra.

– Quero pedir desculpas. – disse sem jeito, Brian se surpreendeu, mas ficou quieto e me ouviu. – Eu fui egoísta e não quis entender você, espero que não me odeie totalmente por gritar com você e quero que sejamos amigos, se você quiser é claro, porque é isso que eu quero. – falei as palavras tão rápidas que até eu me perdi, Brian me olhou surpreso, mas não era a expressão que eu queria.

– É claro que eu te desculpo, mia bella, eu também pareci ser um idiota, eu sei, não a culpo, mas... – ele parou e olhou nos meus olhos, ah aqueles lindos olhos azuis! Não dava para mentir olhando aqueles olhos, não dava! – O que você disse? Amigos? – assenti e ele ficou sem expressão. – Tudo bem, mia bella, somos amigos.

– Sério? – não queria ter dito isso, certo que eu não tinha perguntado diretamente e Brian não tinha entendido o sentido, mas não precisava responder daquele jeito,m e deixou totalmente furiosa. – Obrigado Brian! – estava disposta a ir embora, mas ele prendeu meus pulsos com muita força.

– Não te entendo Kassie, não era isso que você queria?

– Eu só tinha medo de perguntar, ok? – não acredito que tinha dito aquilo, por que ele estava fazendo isso comigo?

– Perguntar o que Kassie? Realmente eu não estou te entendendo. – Brian me olhou querendo algo e eu sabia o que era

– Se você gostava de mim, mas está muito claro que não gosta e eu estou me sentindo uma boba falando aqui com você. – olhei para ele e me arrependi por inteiro. – Me deixa ir.

– Não dá para te entender Kassie, não dá mesmo. – então ele fez algo que eu não esperava. Beijou-me.

Eu não ia retribuir, não mesmo, estava furiosa com ele. Mas quando ele me beijou não teve como, aquela sensação dos lábios dele nos meus, era como se nada mais importava, não estava me importando com a raiva que estava dele, só o que importava é que ele estava me beijando e isso era perfeito. Eu poderia fazer aquilo o dia todo, mas alguém interrompeu abrindo a porta inesperadamente, nós nos afastamos como se estivéssemos pegando fogo.

– Desculpa, eu não... – Liam olhou envergonhado e voltou para a porta. – Volto depois Brian.

– Não Liam! – falei antes que ele fosse. – Não tenho motivos para ficar.

– Kassie eu preciso falar com você. – disse Brian com uma urgência estranha.

– Mas eu não tenho nada para falar com você. – disse um boa-noite seco e saí batendo a porta do quarto, me sentindo uma burra por ter ido ir falar com ele, é claro que Brian tinha me beijado e deu para sentir muita coisa com a aquele beijo, só que agora ele podia achar que estava apaixonadinha por ele, e não estava!

Corri para o meu quarto e fechei a porta com força, não me importava com o barulho que fizesse e me joguei na cama com a vontade de sumir,mas eu ouvi algo. Uma voz baixa e comum vinha do fundo da minha mente, não da minha mente, mas eu estava escutando, escutando a conversa do Brian e do Liam, eu queria parar, mas era impossível, as vozes só aumentavam.

– Então, o que você queria me contar? – disse Liam casualmente.

– Eu... – Brian parecia nervoso, o que era estranho, Brian nunca ficava nervoso. – Eu... Eu descobri que vou morrer aos dezoito anos.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?
De que Cidade vocês são??