Quando o despertador soou na manhã seguinte, Sakura já estava arrumada e sentada em sua cama. Estava preocupada. Kero não havia voltado para casa ainda. Estava completamente sem forças para ir à escola. Não queria encontrar com “ele”. E provavelmente Josh logo chegaria para busca-la. Resolveu sair mais cedo para caminhar um pouco até a hora da escola.

Sakura saiu sem rumo, passeando pelas ruas da cidade, pensando em sua vida. Quando deu por si, seus pés a tinham levado a uma casa que sempre visitava, durante quatro anos. Só passava em frente a ela e lembrava de Shaoran. Será que ele tinha voltado para lá? Como, depois de tudo, ainda conseguia ir ali? Será que era doente? Sakura sentiu a presença. A presença dele. Olhou em volta e não conseguiu ver ninguém. De repente ouviu um som que vinha dos fundos da casa. Ela deu a volta pelos fundos e por meio de uma fresta no portão, viu que ele estava ali. Se abaixou rapidamente. Realmente deveria ter ficado louca. Estava nervosa e envergonhada. Mas tinha que olhar. Esses quatro anos tinham feito muito bem a ele. Ele estava apenas com uma calça de moletom e treinando com uma espada golpes de Kung Fu. Sakura pôde observar seus ombros, seus braços, sua barriga toda definida...

Sakura: Ai, ai, ai. Ele está tão sexy...

Sakura murmurou para si.

Sem que esperasse seu celular começou a tocar. Ela tomou um susto e saiu correndo. Estava tão envolta em seus pensamentos que não prestou atenção que, como ela sentia a presença de Shaoran, ele também pressentia a presença dela.

Shaoran caminhou até o portão, mas ela já havia ido embora.

Shaoran: Sakura, sua boba!

Quando tomou uma distância boa, Sakura viu que quem tinha ligado era Josh.

Sakura: Ai meu Deus. O que eu estava pensando? Se ele me pega lá...

Sakura olhou para o relógio. Tinha perdido tempo demais olhando Shaoran. A escola não estava tão perto assim.

Quando chegou à escola, Josh já estava lá e parecia muito impaciente.

Josh: Aonde você se meteu?

Sakura: Por aí.

Josh: Eu passei na sua casa, sabia.

Sakura: Desculpe, eu precisava caminhar.

Josh: Por que não me chamou? Eu teria ido com você.

Sakura: Eu sei Josh, mas estou precisando ficar sozinha.

Josh: Tudo estava bem até este carinha voltar.

Sakura: Josh, eu tenho que pensar em tudo que está acontecendo comigo. Ele ter voltado realmente está me matando.

Josh: Mas nós estávamos tão bem...

Sakura: Eu gosto de você, não me entenda mal, mas é um sentimento de carinho. Talvez se ele não tivesse voltado... Mas o fato é que ele está aqui e eu o amo ainda.

Josh fica em silêncio.

Sakura: Por enquanto é melhor você não passar mais na minha casa.

Josh: Sakura, você é minha. Entenda de uma vez por todas.

Sakura: Eu não sou de ninguém. Nem sua, nem do Shaoran, de ninguém.

Josh: Então veremos.

Dizendo isso, Josh deu as costas para Sakura e saiu da sala. Quando estava passando pela porta encontrou com Shaoran e eles se encararam terrivelmente. Sakura chegou a sentir calafrios, de tão intensas que ficaram as duas presenças, como se estivessem se desafiando. Ela podia entender esta reação de Josh, mas não a de Shaoran. Afinal ele não tinha uma mulher agora? E que sortuda ela era... Sakura de lembrou da imagem dele treinando e ficou vermelha. Encostou a testa em sua mesa.

Shaoran: Você está bem?

Ela levantou o rosto e assentiu com a cabeça.

Shaoran: Espero que tenha apreciado a vista!

Por um momento Sakura não tinha entendido. Ele sentou-se no lugar dele, do outro lado da sala, com uma expressão divertida. Mas a ficha caiu como um balde de água escaldante. Ele a tinha visto mais cedo. Que vergonha Sakura estava sentindo neste momento. Não ia olhar para ele nunca mais.

Tomoyo: Bom dia Sakura. O que está acontecendo. Por que você está vermelha deste jeito. Está com febre?

Sakura: É como se estivesse...

Durante toda a aula, Sakura não tinha tido coragem de olhar para Shaoran. E Josh tinha ido embora mesmo naquele dia. Não tinha ligado para ela e nem deixado mensagem. Eriol também não tinha entrado em contado até o final do dia. E enfim, este dia tinha terminado e Sakura tinha sonhado com uma calça de moletom preta...

Na sexta feira...

Sakura se espreguiçou na cama. Tinha sobrevivido a mais uma semana. Ainda estava cheia de conflitos, mas Shaoran estava se mantendo em seu devido lugar de marido. Só falava com ela o necessário. Quando falava... E Josh tinha sumido naquela semana. Estava preocupada com ele. E ele também não havia respondido as duas mensagens que havia enviado dois dias antes. Paciência. Eriol também não tinha encontrado nada referente ao novo guardião, mais tinha se lembrado que Clow tinha deixado um diário que ele ainda não tinha conseguido abrir. Kero e Yukito tinham evaporado do mapa. Estava muito preocupada com eles.  Mas pelo menos, ia passar o final se semana acampando com a turma da escola. Queria esquecer de tudo. Mas será que Shaoran ia? Provavelmente não. Ele tinha chegado a pouco mais de uma semana e esta viagem já estava marcada há meses. Sakura fechou os olhos e imaginou uma barraca... ela... Shaoran... roupas caindo pelo chão... beijos...

Ela se virou na cama com o travesseiro na cabeça!

Sakura: Saia dos meus pensamentos. Saia dos meus pensamentos.

Toya: O que está acontecendo aqui? Está maluca? Falando sozinha?

Sakura: Toya! Já falei para bater antes de entrar no meu quarto.

Toya: Pensei que seu bonequinho tivesse voltado.

Sakura: Ainda não. E eu estou preocupada.

Toya: Todos já notaram que Yukito sumiu da faculdade. Estou enrolando, dizendo que ele está doente, mas isso não vai durar muito. Ele não entrou em contato?

Sakura: Ainda não. Eles nunca fizeram isso. Estou muito preocupada. Vou levar o celular para o acampamento. Se eles derem sinal de vida, você me avisa.

Toya: Pode deixar. Há que horas você vai para o acampamento.

Sakura: Daqui uma hora mais ou menos. Tomoyo vem me buscar.

Toya: A Tomoyo?

Sakura: Sim. Ela!

Toya: Vou passar um perfume.

Sakura: Melhor tomar um banho, coisa que você não deve fazer com frequência...

Toya: Sua monstrenga!

Sakura: Pra quem não gostava de ninguém, você está bem saidinho...

Na hora marcada, Tomoyo passou na casa de Sakura. Ela desceu de uma limusine. Nem precisou tocar a campainha, pois Toya estava do lado de fora esperando por ela.

Toya: Oi Tomoyo.

Tomoyo: Oi Toya.

Toya: Estava esperando por você.

Ela enrubesceu e não disse nada. Quando estava perto de Toya, perdia as palavras. E ele se aproveitava desses momentos. Ele a abraçou e ficou aspirando seu doce perfume.

Toya: Tomoyo, eu quero namorar com você.

Ela tomou um susto e se afastou bruscamente.

Toya: Você não quer namorar comigo?

Tomoyo: Não é isso, é que você me pegou de surpresa.

Toya: Você pode pensar neste final de semana sobre isso. Mas quando voltar, vou querer uma resposta.

Dizendo isso, ele deu um beijo em seu rosto e entrou em casa para chamar Sakura.

Sakura: Vamos Tomoyo? O que aconteceu que você está com esta cara abobalhada?

Tomoyo: Vamos sim. Te conto no caminho.

Quando chegaram ao ônibus que ia leva-las ao acampamento, Sakura quase voltou para casa. Na última poltrona, lá estava ele: Shaoran. Como ele tinha conseguido ir? Olhou para o lado e viu que o assento estava vazio. Respirou aliviada. Onde será que ele estava escondendo a esposa? No mesmo instante ela se lembrou dos pensamentos da tarde: ela... Shaoran... barraca... Balançou a cabeça de um lado para o outro. Quando ele levantou os olhos para ela, rapidamente se sentou num assento no meio do ônibus. Bem longe dele. Pensou que o final de semana ia ser muito longo...