Quem me dera ter vivido mais, ter outra chance de repousar a cabeça sobre o travesseiro e descansar.

Quem me dera ter dito verdades em tom de escárnio, perder toda a seriedade, mesmo que por pouco.

Eu queria visitar diversos lugares, conhecer – e ter o prazer de esquecer – diversas pessoas. Você pensava o mesmo, eu sei. Uma vez, me disse que queria ir a Suna e trazer um pouco de areia em um potinho de vidro. Eu apenas ri, afinal, era areia comum. E você acrescentou: era a areia do kazekage – cujo fio de cabelo você queria arrancar.

Quem me dera voltar àquele lugar apenas mais uma vez e treinar como se não houvesse amanhã. Ter sido mais forte.

Falar um foda-se bem alto para todos os deveres.

Quem me dera perder todos os cabelos de preocupação quando Hinata-sama anunciasse um relacionamento com Uzumaki Naruto – que no futuro seria um grande hokage – e ameaça-lo quebrar todos os dentes caso a magoasse. E quem me dera vê-la feliz com quem quer que fosse.

Quem me dera dizer a você e a Rock Lee (e vê-lo com algo menos ridículo que aquele macacão), pela última vez, que são ninjas incríveis. Gênios no que fazem. 

A propósito, lembre-se de guardar meu hitaiate com você.

Quem me dera poder ver Hanabi-sama crescer e se tornar uma ótima ninja e dizer mais uma vez a Hiashi-sama para ser menos rigoroso com as filhas. Algum dia ele entende que até mesmo um Hyuuga merece seu tempo de descanso.

Quem me dera olhar para você, aqui e agora, pela última vez. Nós nunca tivemos a coragem de dizer um ao outro o que sentíamos de verdade, não é? Eu queria ter visto seu rosto corado ao se confessar para mim, ter sentido seus lábios nos meus uma única vez. Quem me dera abraça-la agora, para sempre.

Você se lembra de quando conversamos sobre o futuro, naquela manhã em que chovia e ficamos alagados? Eu contei que queria ter cinco filhos e você disse sentir pena de minha esposa. Para você, dois era o número perfeito. 

Cheguei à conclusão de que eu queria um casal.

Quem me dera ir para casa, comemorando a vitória da Aliança Shinobi, e tomar um longo e demorado banho.

Ver mais um sol de pôr, chorar de emoção.

Quem me dera morrer em casa, de velhice, após uma vida de vitórias e sorrisos.

Quem me dera ter vivido essa vida ao seu lado.

Quem me dera todos os meus desejos estivessem em uma carta direcionada a você, Tenten. No fim, não passaram de sonhos.

Nós costumávamos temer a morte. Descobri, então, que ela não é nada mais que um manto branco que nos leva pouco a pouco para um lugar desconhecido, grande, bonito. Não é assustador.

Obrigado. Eu fui feliz."