Um Amor Arranjado escrita por Summer Deschanel


Capítulo 9
A Curiosidade Matou o Gato


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Agradeço todos os comentários, eu realmente espero que estejam gostando, caso contrário, podem comentar criticando da mesma forma.Agora estou de férias, graças a Deus haha, vou tentar me dedicar mais a esta fic.É isso, beijos.



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Sakura manteve-se paralisada diante do homem a sua frente. Observava a fúria nos olhos âmbares do jovem chinês. – Onde esteve? – Repetiu.

A cerejeira balbuciou palavras incertas. Vasculhava a sua mente em busca da resposta que poderia ser colocada. Shaoran encurtou o espaço entre sua jovem mulher, fincando seus olhos de desgosto sobre a moça. Agarrou-a grosseiramente pelos pulsos, provocando um gemido de dor aguda pela flor. – Solte-me, está me machucando.

- Apenas me diga, por onde esteve?

- Eu... Fui conhecer a cidade. – Disse.

- Não me recordo de ter lhe dado à permissão. – Falou Shaoran, seco. Sakura penetrou os seus olhos nos do seu marido. O que antes se apresentava ser puro medo transbordou-se em ódio. Sua mão fechou-se em um punho, enquanto seus lábios se contorciam. – O que disse? – Sussurrou. O seu marido desdenhou a reação de sua esposa, respondendo pausadamente.  - Não lhe dei permissão alguma.

- Por que eu pediria sua permissão?

- A senhorita pertence a mim. Eu a comprei. – Disse Shaoran a soltando, enquanto ria amargamente. Sakura fitou o chão, angustiada, enquanto seus olhos encontrava-se com sangue de tamanha a raiva. Voltou suas esmeraldas para o marido á sua frente. Levantou sua mão em um ato proporcionado pelo seu ódio. Porém, antes que sua mão pudesse ir de encontro ao rosto do chinês, o mesmo fora mais rápido segurando seu braço tão forte que a jovem Sakura mal pôde sentir sua circulação. - Como ousa? – Questionou Shaoran, cuspindo as palavras. Sakura não respondeu, apenas manteve seus olhos nos âmbares do marido, demonstrando todo o seu nojo, e sua mente concentrada em ignorar a dor.

O jovem chinês a conduziu bruscamente ao andar de cima com passos fortes. Sakura debatia-se, soltando gemidos por conta da dor que a mão pesada de Shaoran provocara.  O rapaz parou em frente ao quarto de ambos, abrindo a porta rapidamente e jogando-a no chão. A flor encolheu-se, abraçando os seus joelhos.  – Pense bem antes de agir, Kinomoto. – Disse Shaoran por fim, fechando a porta com um barulho estrondoso. Fora impossível ignorar a vinda de suas lágrimas, a flor apenas aceitou.

Teimosa, levantou-se em um pulo, indo em direção à porta. Seus dedos alcançaram a maçaneta, mas não fora possível abri-la. Estava trancada. Chutou a porta completamente irritada, enquanto batia e gritava.

– Eu o odeio, Shaoran Li. – Disse alto, enquanto chutava a madeira da mesma. Sakura deu-se por vencida, prostrando-se ao chão, a dor em seu braço já não era de importância. Deixou-se levar pelo sono, em prantos. O rapaz do outro lado da porta ouvira tudo, suspirando pesadamente.  Não era seu objetivo causar dor a jovem trancada ao quarto, mas fora necessário. Era cabeça dura, precisava ter o conhecimento de quem mandava na mansão, ou melhor, em suas vidas. Retirou-se do andar de cima, indo em direção ao seu escritório. Ao chegar ao cômodo, afundou-se em sua cadeira exasperado.

- Teimosa a moça, não é mesmo?

- Não fazes ideia, senhor Hiiragizawa. – Falou Shaoran, massageando suas pálpebras. Eriol o observou com um sorriso zombeteiro, enquanto cruzava os braços.

– Vamos Shaoran-kun, não utilize esse keigo comigo, o conheço desde muito pequeno. – Disse sorrindo. O chinês o fitou correspondendo o sorriso do amigo. – Desculpe-me, ás vezes eu me esqueço.

Eriol fez um gesto com a sua cabeça, demonstrando seu afeto pelo jovem chinês. – Então Eriol, conte-me as novidades sobre a velha insana. – Disse Shaoran, debochado.

- Ela está bem. Pelo que eu saiba, não virá nem tão cedo, porém...

- Porém? – Questionou Shaoran arregalando os olhos.

- A senhorita Li mandará seu tio vir conferir como está a situação. – Falou hesitante.

- Oh Deus. Meu tio? – Eriol acenou um “sim” com a cabeça. O jovem chinês enterrou-se mais ainda em sua cadeira, enquanto fechava os olhos.

- Diga-me, como está com esta jovem estranha sob seu teto. – Falou Eriol animado, sentando-se em frente ao amigo. Shaoran gargalhou com o comentário desnecessário.

- Estranho. Aliás, a jovem é estranha.

- Estranha como um anjo. – Acrescentou o amigo do chinês, reflexivo.  – Exatamente. – Confirmou.  - Ela já sabe?

- Não mesmo. E não poderá ter conhecimento nem tão cedo, seu coração é tão puro, não poderá aceitar bem. – Comentou Shaoran. – Isto é ruim? – Questionou Eriol.

Shaoran fez a mesma pergunta inúmeras vezes até ter a resposta na ponta de sua língua.

 – Não sei dizer.

Já na manhã seguinte, Shaoran encontrava-se estático em frente à porta que guardava uma flor. Não sabia se deveria destrancar a porta e adentrar, mas assim o fez. Raios solares invadiam o quarto, atrapalhando a visão do chinês. Acostumou-se com o sol, dirigindo seus olhos ao chão. Sobressaltou-se ao ter a pobre Sakura indefesa em sua visão, enquanto dormia tranquilamente em um chão frio. O chinês sentou-se ao lado da mesma, avaliando-a com cuidado.

Observou os hematomas em seus pulsos e braços provocados pela força que usara por conta de seu descontrole. Uma leve culpa pairou sobre seus pensamentos, causando ódio a si mesmo. Como fora capaz de fazer mal a alguém tão pequeno? A uma flor tão delicada? Sentia-se mais desumano, mais cruel, mais impiedoso.

Colocou os braços de sua mulher ao redor de seu pescoço, segurando-a firme e a levantando delicadamente. Pôs o corpo de Sakura sobre a cama, carregando novamente seus olhos cheios de culpa sobre as manchas roxas. Balançou sua cabeça, em uma tentativa de afastar estes pensamentos de sua mente. Fitou o rosto adormecido da jovem, absorvendo a beleza de seus traços, teve uma necessidade desconhecida de colhê-la em suas mãos, delicadamente, ampara-la. Porém, tais sentimentos foram afastados pelo próprio Shaoran que sentira medo de seus sentimentos desconhecidos. Retirou-se do quarto ainda com a imagem de sua jovem flor.

Sakura despertara completamente aturdida, aterrorizada com imagens da noite passada. Olhou em volta em estado de surpresa por se encontrar na cama. Não se lembrara de ter se erguido do chão e se direcionado á cama. Preferiu não dar importância a isso. Seus olhos pararam em seus braços, percebendo a notável presença de alguns hematomas roxos. Respirou fundo, enquanto fechava seus olhos. “Está é a minha vida agora.” Pensou já conformada com a situação em que se encontrava.

Manteve-se na cama por longas horas, faltava-lhe coragem de encarar o seu dia, principalmente encarar certos olhos âmbares. Sempre acreditara na bondade das pessoas, poderia afirmar que este é um dos seus piores defeitos. Porém, quanto a Shaoran, suas esperanças se desvencilharam.

Em meio ao seu trajeto de reflexão, recordou-se da existência de um pequeno caderno de anotações. Saltou da cama, ajoelhando-se em frente ao sofá. Seus dedos tateavam, em busca do caderno, que logo fora encontrado. Permaneceu de joelhos, enquanto seus dedos trêmulos se atreviam a abrir ao caderno particular de seu marido.

Este caderno pertence a Li Shaoran” Estava escrito na primeira página em uma caligrafia impecável. Sakura passou para a seguinte página.

Meus dias nunca foram tão abundantemente irritantes. Aqui sobre a grama do meu gracioso jardim, consigo um tempo para ouvir meus próprios pensamentos enquanto respiro fundo o doce ar puro. O motivo de eu escrever sobre mim neste caderno? Meus pais. Eles simplesmente andam ‘ocupados’, mas não os culpo. Com a vinda do meu irmãozinho tudo deve estar ao avesso, mesmo. Não tenho mais tempo com eles, e isso me deixa frustrado o suficiente para vim desabafar em um pequeno caderno de anotações. Ridículo? Talvez, mas no meu lugar qualquer um faria o mesmo.” A flor terminou a primeira página escrita, imaginando um pequeno Shaoran a escrevendo.

Virou para a página seguinte, mas antes que começasse a sua leitura, a porta de seu quarto fora aberta. Sakura deu um pequeno pulo, assustada. Em razão ao seu instinto, jogou o caderno novamente abaixo do sofá. – Sakura-chan – Disse Chun. A jovem a olhou com espanto, enquanto pressionava sua mão direita sobre o peito, sentindo seus batimentos.

- Chun-san, oh meu Deus, a senhora me assustou.

Chun a olhou apreensiva, já com o conhecimento dos fatos da noite passada. A pena que sentia encontrava-se estampada em sua face.  – Desculpe-me, mas o senhor Li está aguardando-a em seu escritório.

A flor entrelaçou suas mãos, as observando. O medo não a possuía mais, porém, um sentimento desconhecido a dominou por completo. Talvez culpa ? Não, não poderia ser. Não fora a única culpada desta história.

Levantou-se com hesitação, e como de costume, desceu as escadas de forma atrapalhada. Já no escritório, seus olhos esverdeados visualizavam apenas seus pés sobre o chão, porém sentia os olhos castanhos de Shaoran a fitando.

- Senhorita Kinomoto, sobre a noite passada penso que eu tenha ido longe demais.  – Disse o Li, demonstrando determinação em sua voz, porém estava tão nervoso quanto a jovem á sua frente. - Penso que aceite minhas desculpas.

Sakura levantou sua cabeça, contribuindo os olhares do jovem chinês. Shaoran desviou os olhos, sentindo-se incomodado com as reações que os olhos esverdeados proporcionavam.

– Perdoe-me. – Disse por fim com mais firmeza em sua voz.

- Eu o perdoei. – Falou Sakura, sorrindo sinceramente. Shaoran sentira o peso daquele sorriso em seu peito. “Como pode me perdoar? Causei-lhe dor.” Pensou consigo. Pigarreou, voltando a sua expressão amarga. – Não me faça perder a cabeça com a senhorita.

Sakura voltou os seus olhos para seus pés, afirmando um “sim” com a sua cabeça. – Agora, peço que se retire, por favor.

Sakura assentiu, retirando-se da sala. Voltou para o seu quarto apressadamente, passando o resto do seu dia neste mesmo local. Negando-se a comer, ou até mesmo a se levantar. 

As esmeraldas fitavam o escuro de mais uma noite sombria em sua vida. Levantou-se da cama que permaneceu o dia inteiro, indo em direção à janela do seu quarto. Observou o jardim, tendo em vista uma pequena casinha no meio do nada. A mesma encontrava-se ainda no jardim da mansão, mesmo que distante. Suas velas estavam acessas, alimentando a curiosidade da bela flor. Decidida ir à busca de explicações, foi levada pela luz da pequena casinha de seu jardim. Retirou-se do quarto, enquanto seus passos acompanhavam os batimentos rápidos de seu coração. Aproximando-se do local, pôde ouvir palavras curtas vindas da mesma casinha pequena. Agachou-se a abaixo da janela, dando completa atenção às palavras ditas.

- Devemos dar fim a este desgraçado? – Perguntou uma voz grossa e desconhecida.  - Não sei. O que achas, chefe? – Disse outro.

- Hum, estou a pensar. - Sakura abafou seu grito, pondo as duas mãos sobre a boca. Reconhecera aquela voz. Era o seu marido.

- Não senhor, por favor. Eu imploro. – Disse uma voz abafada. Logo ouvira um grito de dor, pertencente à mesma voz abafada. – Pare, por favor.

- Por que eu iria dar fim a isto? – Questionou Shaoran.

- Posso dar-lhe dinheiro. – Propôs a voz. O chinês riu do fútil comentário. - Não, agradeço. Já tenho a minha parte. – Disse secamente. Fez-se um breve silêncio, que fora cortado por mais um grito ensurdecedor. – Fique quieto.

- Deixe-me ir, por que estão fazendo isto? – Perguntou a voz abafada.

- Hum. - Ponderou Shaoran-, digamos que é necessário.

- Vamos, podem mata-lo. – Afirmou o jovem. – Tudo bem, senhor Li.

- Não o mate. – Implorou Sakura, colocando-se em frente a pobre vítima.


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