Lá estava Sakura, como sempre, sentada no jardim de sua casa, logo abaixo das grandiosas árvores, lendo atentamente seu livro. Mordia de leve seus lábios cheios e rosados, totalmente absorta na história em que lia. Ler era uma forma incrível de conhecer o mundo, principalmente para alguém que nunca pisara em azulejos desconhecidos, em ordem do seu pai. Sakura nunca se importou com isso, pois já tinha o mundo inteiro em mãos, bastava ter um livro aberto em seu colo. Enquanto sentia-se em êxtase com o vento em seus cabelos, deu um pequeno pulo ao ouvir um fino grito vindo de sua casa.

– Sakura-chan. – Gritou sua governanta. Sakura levantou-se com dificuldade, e correu adentro á casa, deixando para trás o seu livro. Ouviu a chamando novamente em um dos quartos. Entrou no quarto de seu pai, se deparando com o mesmo esticado no chão totalmente inconsciente enquanto sua governanta sentava ao seu lado completamente horrorizada.

– Rápido minha querida, cuide de seu pai enquanto chamo o doutor. – Sakura totalmente paralisada com o que seus olhos fitavam, não ousou se mexer. Sonomi, sua governanta, correu para fora do quarto, enquanto Sakura continuava em seu estado de choque. Quando se deu conta do que estava a sua frente, sentou ao lado do seu pai, pegando em sua mão, chorando e rezando todas as orações que havera aprendido com sua pequena bíblia.

– Pai, o senhor não pode me deixar assim. Eu te amo. – Disse Sakura entre soluços. Em alguns minutos Sonomi reapareceu acompanhada com o Dr. Terada.

– Senhorita Kinomoto, peço para que se retire deste quarto. – Disse o Dr. Terada fitando o velho pai de Sakura no chão. Sakura levantou-se confusa e atordoada, se retirou do quarto cambaleando. Chegando à sala, se ajoelhou no chão e jorrou as lágrimas. Ela só queria se acolher novamente nos braços do seu pai, enquanto ele acariciava seu rosto dizendo que iria ficar tudo bem. Mas ela sabia que isso não iria acontecer nunca mais, seu pai já tinha uma idade bastante avançada, isso Sakura reconhecia, mas não queria que esse dia chegasse, não queria acreditar que esse dia chegou. O que será dela sem seu pai?

A porta do quarto se abriu devagar, deixando o Dr.Terada sair, e logo depois Sonomi que olhava para o chão com olhos inchados. Sakura levantou-se rapidamente e veio de encontro ao Doutor.

– Meu pai… Ele está bem? – Questionou a jovem enxugando as lágrimas. Dr.Terada olhou para Sonomi de forma suplicante. A governanta suspirou, e olhou para Sakura.

– Querida, eu… – Sonomi lutava com as suas palavras, mas não pôde continuar. Apenas chorou fitando o chão. Sakura percebeu o que havia acontecido.

– Não. – Sussurrou se abraçando forte, enquanto sentava no chão.

– Ele tinha uma idade muito avançada, então faleceu, sinto muito. – Disse Dr. Terada abaixando a cabeça. Sonomi sentou-se ao lado de Sakura a abraçando forte.

– O que será de mim, Sonomi-chan? – Questionou a rosa chorando. Sonomi apenas a abraçou mais forte.

Os dias se passaram, da mesma forma em que as estações mudavam, porém nada havia mudado em seu coração. A aflição ainda reinava no seio de certa flor.
–Sakura-chan … Acorde. - Falou Sonomi ajoelhada em frente à cama de Sakura. A jovem espreguiçou-se e olhou a sua volta. Seus olhos estavam inchados e com grandes olheiras.

– Querida, você dormiu bem? – Perguntou a governanta, com grande preocupação. Sakura apenas sorriu amarelo. Sonomi se levantou de forma rápida e sentou-se ao lado da jovem. – Venha, hoje terás um dia puxado. – Disse.

– Sonomi – chan, para onde irei? – Perguntou Sakura cabisbaixa.

– Irás morar com o seu irmão por um tempo.

– Hum… Mas e depois ? –

– Seu irmão tem planos para a senhorita.- Disse sorrindo.

Já era tarde, enquanto Sakura estava novamente no jardim de sua casa lendo o seu livro.

– Onee-chan.– Ouviu Sakura. Levantou sua cabeça e se deparou com seu irmão sorrindo. Levantou-se e foi correndo aos braços do mesmo o abraçando forte.

– Onii-san, eu senti sua falta.- Disse chorando.

– Também senti.