O Desfarce escrita por FlorGames


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

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    Senhora Rex Mamoru Chiba III

    Usagi Tsukino rabiscou o nome do chefe no bloco de notas e suspirou. Trabalhava há quatro meses como assistente do vice-presidente executivo da Corporação chiba e ainda não conseguira conhecê-lo. Nessas condições, como é que podia casar com ele? Na verdade, nada sabia do patrão, a não ser que tinha uma voz sexy ao telefone e possuía um agudo sentido de oportunidade nos negócios.

    Senhora Usagi chiba.

    O facto de as suas cinco melhores amigas, Rei, Minako, Makoto, Ami e Haruka, se terem apaixonado pelos respectivos chefes, estimulava a sua imaginação. Será que também conseguiria essa proeza? Afinal, o amor, estava no ar.

    Minako já se casara com Yaten Kou e Rei entraria na igreja com Yuuichirou Kumada em Novembro. Seria esperar muito que essa estrela mágica um dia pousasse sobre ela, levando à sua vida a mesma felicidade que as amigas tinham descoberto?

    Claros, todas tinham uma vantagem sobre ela. Conheciam os seus chefes, enquanto que Usagi sonhava com um homem que nunca vira.

    Sim, conversavam ao telefone todos os dias e o senhor Chiba III elogiava sempre a sua eficiência. Fora sincero quando lhe dissera, na semana anterior, que ela era a melhor assistente que ele já tivera. E convidara-a para jantar assim que chegasse a Tokio, para assumir o controlo dos negócios da família.

    Jantar com Mamoru Chiba? Ela não estaria mais animada nem que Kim Hyun-joong lhe propusesse um encontro.

  Sonhadora, fechou os olhos e deixou a imaginação voar. Jantariam Hotel Nikko Tokio, o restaurante mais exclusivo da mais exclusiva rede hotéis da Corporação Chiba. Tomariam o melhor champanhe, pediriam Yakissoba e Gengibre, de sobremesa, teriam Daigaku Imo com Me.

    A lua, cheia e brilhante, envolvê-los-ia numa luminosidade etérea. Mamoru dir-lhe-ia o quanto admirava o seu trabalho e confiava nela Usagi responderia que ele era o patrão mais capaz, responsável e poderoso que já tivera.

    Mamoru pararia e, gentilmente, tomá-la-ia nos braços. O seu perfume, caro e sofisticado, deixa-lá-ia zonza. Ela, então, suspirando, olharia para os olhos pretos. Gostava de imaginar que eram pretos.

    - Usagi – murmuraria Mamoru, com a sua voz de barítono, e ela estremeceria. – Tornaste-te muito importante para mim, nestes últimos meses.

    - Mas nós só nos vimos uma vez!

    - E depois? És uma mulher atraente, e eu gostaria de te conhecer melhor, além do que já sei por telefone, fax e mensagens electrónicas. Confio em ti. De verdade, profundamente, como nunca confiei em ninguém.

    - Oh. Mamo-chan!

    Ela suspiraria e o chefe abraçá-la-ia com força. Os seus lábios encontrar-se-iam num beijo terno, que a deixaria à vontade, a salvo, segura. Um beijo que conteria promessas de um final feliz.

    - Bom dia, Usagi.

    Tirada bruscamente daqueles sonhos deliciosos. Ela olhou para a porta. Endymion Chiby, o funcionário responsável pela correspondência, estava encostado ao batente, com um sorriso sensual nos lábios e um brilho especial nos olhos azuis. O cabelo preto desalinhado dava-lhe um charme extra. Usava um pólo branco, que realçava o bronzeado e os músculos bem talhados.

    A voz era grave como a de Mamoru III, mas, ao contrário do chefe, que falava depressa, o funcionário pronunciava as palavras com vagar.

    Apesar do seu esforço em contrário, Usagi sentiu um arrepio de desejo, que depressa tomou o lugar das suas fantasias. Ora bolas! O que é que aquele homem tinha, que fazia o seu sangue correr mais depressa?

    - Bom dia, Endymion – respondeu casualmente, recusando-se a mostrar como se sentia perturbada.

     Endymion nunca saberia que a atraía. Era o homem mais sexy que Usagi já conhecera. Pena que não tivesse a ambição de ocupar postos mais altos dentro da companhia. Seria ideal, por exemplo, para uma aventura sem consequências, mas nunca para um relacionamento mais profundo. Não encarava o futuro com seriedade.

     Não, ela jamais daria sinal algum de que o achava fisicamente atraente. Até porque o sentimento não passava disso mesmo. Atracção física, nada mais. Nutria por Endymion uma emoção oposta à que sentia por Rex Mamoru Chiba III.

     O filho do presidente da corporação fizera uma pós-graduação em E.U.A, trabalhava arduamente, era cheio de energia, e adorava desafios.

     Endymion, por sua vez, nem sequer se preocupava com o presente. Era de uma passividade irritante.

     Poderiam protagonizar a fábula da cigarra e da formiga. Mamoru seria a formiga e Endymio, a cigara. Cantava muito no Verão, mas não tinha como sobreviver durante o Inverno.

     - Estáscom uma aparência óptima esta manhã, Usagi (^.^) – observou ele, com o seu jeito preguiçoso, dedicando-lhe um olhar tão quente como o sol a bater no mar da Arizona.

     - Arigato – agradeceu ela, colocando um arquivo sobre o bloco de notas onde escrevera o nome do patrão. Não podia arriscar-se a provocar um escândalo. – O que posso fazer por ti?

     O sorriso dele ampliou-se.

     - A pergunta é outra, Usagi. Que tal mudá-la para o que eu posso fazer por ti?

     Ele entrou na sala, letal como um leopardo. Caminhava com tanto charme que ela, perturbada, nem viu a caixa de papel castanha que ele carregava.

     - Desulpa, mas acho que não entendi – conseguiu dizer finalmente.

     - Trouxe uma coisinha para ti – e estendeu-lhe a caixa.

     - Oh!

     Ela pegou-lhe e, com a tesouro, cortou cortou o cardão que prendia o papel. Viu o seu nome como destinatário, mas percebeu que não havia menção ao remetente. Estranho… O carimbo do correio indicava que a caixa fora enviada de Tokio, no dia anterior.

      Endymion observava-a, atento.

      - Mais alguma coisa? – perguntou Usagi, sem conseguir impedir que o seu olhar se cruzasse com o dele, o que lhe provocou um arrepio.

      Endymion era lindo, sexy e perigoso. Se não tomasse cuidado, acabaria por envolver o coração naquela brincadeira. Exactamente por esse motivo,evitara sempre relacionar-se com homens deles como ele. Sabias ao que uma atracção fatal costumava levar.

     - Pensei que tivesses alguma correspondência para enviar – disse Endymion, com olhos brilhantes.

     Usagi reconhecia um flir quando o presenciava. Endymion, na verdade, queria ver o que a caixa continha.

     - Bem, podes levar as cartas que já estão prontas. Terei mais depois do almoço – declarou, indicando o pacote de envelopes que estava dentro da gaveta da correspondência.

     - Então, levo estas agora e volto depois do almoço para vir buscar o resto.

     - Combinado.

     Que inferno! Porque é que se sentia contente por saber que voltaria a vê-lo?

     - Por falar em almoço, que tal…

     «Por favor, não me convides para sair!», pediu Usagi em pensamento, consciente de que teria de se esforçar muito para recusar.

     - … almoçares comigo? – completou ele, confirmando os seus piores receios.

     Usagi respirou fundo e abanou a cabeça na negativa.

     - Não posso. Mas obrigada pelo convite.

     Em seguida, de maneira deliberada, concentrou-se no ecrã do computador, mostrando que a conversa terminara.

     Endymion nem sequer se mexeu.

     - Posso-te fazer uma pregunta pessoal?

     - Podes, mas não sou obrigada a responder.

     Ele  riu-se.

     - Entendi a indirecta.

     Usagi olhou-o, na expectativa.

     - Qual é a pregunta?

     - Andas com alguém? Perguntei no escritório, mas ninguém parece saber. És muito reservada, no que diz respeito à tua vida particular. Por acaso, escondes algum namorado misterioso?

     - Oh, não! – sorriu gentilmente,sem querer ferir os sentimentos do rapaz. – É que sou uma pessoa muito ocupada para pensar em namorar.

     Na tentativa de fugir do olhar provocante, Usagi mudou a caixa de lugar. Sem querer, encostou-a ao arquivo que cobria o bloco de notas e este caiu ao chão.

     - Eu apanho-o – ofereceu-se Endymion.

     - Não! Quero dizer… não te preocupes com isso, por favor.

     Repidamente, levantou-se da cadeira e deu a volta à mesa, com receio de que o funcionário visse o que escrevera. Mas não foi tão rápida quanto ele.

     Endymion apanhou o arquivo e colocou-o novamente em cima da mesa. Usagi viu-o levantar as sobrancelhas, aproximar a cabeça e ler os nomes registados no bloco de notas.

     Constrangida, cruzou os braços e virou-se para o calendário de parede, prestando uma atenção desmedida aos gatinhos siameses que descansavam num cesto de palha. Procurou, sem sucesso,impedir que o rubor se espalhasse pelo seu rosto.

     Sem uma única palavra, Endymion tirou os envelopes da gaveta. Dirigiu-se para a porta, mas deteve-se antes de sair para o corredor e olhou-a por cima do ombro.

     - Toma cuidado com aquilo que desejas, Usagi – avisou. – Podes consegui-lo.

     «O que  será que quis dizer?» perguntou-se Usagi,irritada. Contemplou-lhe as costas enquanto o via afastar-se, admirando a postura altiva.

     - Esquece-o – aconselhou-se baixinho.

     Voltou para a sua mesa, sentou-se e olhou para a caixa. Pegou na tesoura mais uma vez e cortou o papel castanho do embrulho. Então, viu que havia outro papel, decorado e colorido. Sorriu. Naquela manhã, a mãe deixara-lhe um cartão de feliz aniversário sobre a cómoda. Mas ninguém, na companhia, sabia o que significava aquela data. Com certeza, uma das suas amigas descobrira.

     Vinte anos. Em criança, imaginara chegar a essa idade casada, com um ou dois filhos.

      Infelizmente, nunca conhecera ninguém em quem pudesse confiar inteiramente. Um homem honesto, que lhe proporcionasse uma vida segura e estável e não mentisse, como o seu pai fizera à sua mãe. Um homem generoso, que se importasse com a família e a carreira.

      Sabia que não existiam muitos homens assim no mundo. A maioria era como Endymion, rapazolas à procura de alguém que cuidasse deles e lhes permitisse usufruir de uma boa vida. Mas, se corresse tudo bem, no próximo ano, àquela altura, já seria a senhora Rex Mamoru Chiba III e estaria grávida.

      Tirou o papel colorido e abriu a caixa. Continha um pisa-papéis de vidro, em forma de coelhinho. Que graça! O presente viera de alguém conhecia o seu amor por coelhos.

      Mas quem! Qual das suas amigas lhe enviara a caixa? Haruka tinha acesso aos dados pessoais dos funcionários e podia prefeitamente ter descoberto o dia do seu aniversário. Ela, porém, enviaria um cartão, e não havia nada dentro da caixa.

      Quando virou o pisa-papéis, Usagi viu uma inscrição na base:

      Para a melhor secretária do mundo. Feliz aniversário!

     O seu coração deu um salto, eufórico, brilhante como um arco-íris. O rubor subiu-lhe às faces. Mamoru não só se dera ao trabalho de descobrir o dia do seu aniversário, como também lhe mandara um presente! Usagi ficou tão emocionada com o gesto de carinho que sentiu os olhos encherem-se de lágrimas e um nó formar-se na garganta.

     Bem, mas… a caixa fora colocada no correio Tókyo. Isso só podia significar uma coisa: Mamoru Chiba voltara à cidade!

     Excitada, ela levantou-se da cadeira de um salto e, carregando o pisa-papéis, foi para o corredor, à procura de Endymion.

     Por que razão o facto de ver o nome de Rex Mamoru Chiba III no bloco de notas de Usagi o perturbara tanto? Endymion abanou a cabeça. Talvez fosse porque a julgava diferente. Contudo, aquilo mostrava que a sua assistente era igual a todas as outras mulheres que conhecera. Caçadoras de fortunas, interessadas não no tamanho do seu coração, mas na sua conta bancária. Desalentado, entrou no elevador e carregou no botão do rés-do-chão, onde ficava a sua sala, com as cartas de Usagi ainda nas mãos. Os envelopes exalavam o perfume dela, fresco e floral. Flores do campo. Suaves, brilhantes e viçosas, banhadas pelos raios de sol.

      Endymion levou os envelopes ao nariz e inalou profundamente o aroma delicioso, antes de os colocar no bolso.

      Normalmente, sabia lidar com as mulheres, mas, com Usagi, sentia-se um tolo. Estremecia, perdia a fala, confundia-se e dizia coisas que não queria dizer. Suspirou. Não podia permitir-se esse tipo de coisas. Uma mulher bonita e sofisticada como Usagi nunca se interessaria por um homem que sobrevivia entregando cartas de sala em sala.

     Infelizmente.

     Suspirou, decepcionado. Esperava muito mais daquela mulher. Esperava… Enfim, não passava de um tolo. Sabia como o mundo funcionava. Tivera mais de Vinte e sete anos para aprender isso. Os nomes no bloco de notas de Usagi eram prova suficiente de que ela planeava conquistar um milionário. Alguém que nem sequer conhecia. Isso mostrava que não se incomodava com o tipo de pessoa que o chefe pudesse ser, e sim com a riqueza que possuía.

     As portas do elevador abriram-se. De cabeça baixa, Endymion saiu e atravessou o corredor, em direcção à sua sala. Entretanto, ouviu o ruído metálico que anunciava a chegada do outro elevador.

     - Endymion! – quase sem fôlego, Usagi correu até ele. – Espera!

     Endymion tentou ignorar o calor excitante que lhe percorreu o corpo ao vê-la com o rosto corado, o cabelo com dangos e loiro a movimentar-se sensualmente, os olhos azuis a brilharem que nem luar junto. A seda da bulsa branca acentuava-lhe a curva dos seis e a saia vermelha, acima dos joelhos, revelava parte das pernas bem torneadas. Usava uma écharpe também vermelha, o que lhe dava a aparência de uma estrela de cinema dos anos cinquenta.

      Um fio de esperança tomou conta dele. Talvez a tivesse julgado mal. Talvez ela tivesse decidido aceitar o convite para o almoço. Talvez não o desprezasse, afinal.

      - De onde veio isto? – indagou Usagi, mostrando-lhe um gato de vidro.

      - Eu bem… O que é isso?

      - Estava na caixa que tu me entregaste.

      - Alguma coisa errada?

      - Não, nada.

      - Então, qual é o problema? Não gostaste?

      - Claro que gostei!

      - Tens a certeza?

      - Como é que podia não gostar? É um presente de Mamoru Chiba!

      Endymion sentiu a esperança evaporar-se. A luz fria do corredor lançava um brilho pálido sobre Usagi.

      - Ah, sei!

      - Onde é que encontraste a caixa, hoje de manhã?

      - Na mala do correio. Foi trazida para cá esta madrugada.

      - Não traz o nome do remetente, mas foi enviada de Tókyo. Isso quer dizer que Mamoru está na cidade, não é?

      - Tens a certeza de que foi o «Treceiro» que te mandou isso? – perguntou Endymion, a referir-se ao homem misterioso que ninguém no escritório conhecia, mas por quem todas as funcionárias pareciam apaixonadas. Isso confirmava a sua tese de que homens ricos eram sempre mais populares do que os pobres.

      - Disseste que a caixa não trazia o nome do remetente. Havia algum cartão dentro dela?

      Ela fez que não com a cabeça.

      - Não. Mas lê a inscrição – respondeu, virando o pisa-papéis.

      - Talvez alguma outra pessoa te julgue uma boa secretária. O presidente da empresa, por exemplo. Rex Chiba II – sugeriu Endymion, desejando tomá-la nos braços e beijá-la.

      «Péssimo desejo», censurou-se. «Usagi não te quer. Está interessada em Mamoru Chiba e em tudo o que esse nome significa. Dinheiro. Fama. Poder.»

      - Rex nunca me deu presentes de aniversário. Porque é que havia de começar agora? Mas…  se não foi ele, nem Mamoru, quem mais poderá ter sido?

      - Alguém, ora!

      - Eu, por exemplo. Acho que és uma excelente profissional. Acredita, conheço toda a gente, neste edifício. Sei quem é eficiente e quem não é.

      - Tu? – Usagi arregalou os olhos, numa demonstração de surpresa. – Não acredito.

      Ele encolheu os ombros.

      - Porquê?

      - Porque tu não me darias um presente de aniversário.

      - E por que não? Sei que adoras coelhos.

      - Mas como é que poderias saber que faço anos hoje? Eu nunca to disse.

      - Foi um passarinho que me contou.

      - Ora, tu não tens o direito de me dar presentes! – replicou com aspereza, deixando-o perplexo com a sua reacção.

      - Eu…

      - Nenhum!

      - pestanejou. Estariaa chorar? Endymion sentiu-se péssimo. Não tencionava magoá-la.

      - Usagi… - começou a dizer, tocando-lhe no braço.

      - Oh, esquece! – murmurou, a fugir do contacto.

      Porque é que ela estava tão furiosa? Endymion franziu a teste. Era a sua vez de se sentir ferido.

      - Está bem. Não gostaste do presente, não é? Então, deita-o no lixo.

      - Querias que eu pensasse que tinha sido enviado por Mamoru Chiba, não é?

      - Não.

      - És um tolo, sabias?

      - Mas tu queres-me, mesmo assim – retorquiu, antes que pudesse conter-se. Bom, já que começara, iria até ao fim. – Admite. Só sonhas com o patrão porque ele é milionário. Eu sou o único homem que afecta o teu corpo e o teu coração.

      - Só nos teus sonhos, miúdo.

      A palavra, dita com desdém, enfureceu-o antes que reflectisse nos próprios actos, Endymion agarrou-lhe um ombro com uma mão e, com a outra, ergueu-lhe o queixo.

      Baixou a cabeça até que lábios ficassem próximos dos dela. Usagi sentiu-se indignada, mas, estranhamente, não se a fastou. Olhou-o, sem saber se devia dar um estalo àquele pretensioso ou beijá-lo. O modo como Endymion lhe tocara e a sua atitude ousada, despertaram paixões que ela não tinha lugar na sua vida pacata e ordenada.

     Endymion tinha razão. Queria-o. Ou melhor, o corpo desejava-o. E essa descoberta fê-la corar de vergonha.

     Usagi sabia, melhor do que ninguém, o preço de uma paixão avassaladora. A sua mãe pagara-o. Era alto demais. Exorbitante. Como  é que podia sentir-se atraída por aquele homem musculoso se o seu coração pertencia a Rex Mamoru Chiba III? Como é que o seu corpo era capaz de a trair daquele  modo?

     Toda a gente na companhia sabia o efeito que Endymion exercia sobre as mulheres. Elas aproximavam-se dele como abelhas do mel. Dizia-se até que ele ficava fora de casa até tarde e participava em festas de arremba. Ia trabalhar numa potente mota Harley Davidson. Era tudo aquilo que Usagi não admirava. Não tinha ambição nem futuro.

     - Solta-me – pediu-lhe, com firmeza.

     Ele afastou-se de imediato, como se acordasse de um sono hipnótico.

     - Eu… desculpa. Não devia ter feito isto.

     - Desculpas aceites.

     - Não pretendia ofender-te. Só queria dar-te um presente de aniversário.

     - Foi um gesto maravilhoso. Eu também não queria magoar-te. Acho que reagi assim porque… fiquei um bocado decepcionada.

     - Porque o presente foi enviado por mim e não por Mamoru Chiba?

     Ela assentiu.

     «Que diabo!» Porque é que Endymion se mostrava tão compreensivo? Usagi gostava de o odiar. Assim, não correria o risco de se envolver.

     Com pernas trémulas, virou-se e saiu dali, com o coelhinho de vidro nas mãos, símbolo de um sonho impossível e paixões selvagens que devia enterrar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^.^