Passou seis meses desde a assinatura do divórcio de Laura e Edgar. Apesar de não terem deixado de se amar, eles estão separados legalmente. Os dois estão tentando refazer a vida, mas Edgar não consegue se conformar de ter perdido o seu grande amor. Ele foi até o Correio da República conversar com o amigo.

Edgar: Guerra, eu ainda não acredito que estou divorciado da Laura. Quando éramos casados, fazíamos planos de envelhecermos ao lado um do outro! E agora eu estou aqui, sem a mulher da minha vida. Ainda mais hoje.

Guerra pergunta ao amigo bastante curioso.

Guerra: O que tem hoje, Edgar? Alguma data especial?

Edgar responde triste e desanimado.

Edgar: Muito especial Guerra. Hoje é o dia do aniversário de Laura. Antes de acontecer tudo o que aconteceu, combinamos que, no dia do aniversário dela nós iríamos passar o dia na praia de Copacabana. Só nós dois desta vez! Você se lembra, Guerra? Como aquele dia foi incrível! A Laura parecia uma menininha brincando na areia, na praia! Trocamos beijos tão apaixonados! Nunca poderia imaginar que estaria longe dela logo no dia de hoje!

Guerra: Entendo! Sinto muito, meu amigo! Mas...e se...

Edgar olha o amigo.

Edgar: E se....o que?

Guerra: Edgar, diga-me uma coisa! Você ainda ama a Laura?

Edgar: Claro que sim, Guerra! Nunca vou deixar de amá-la!

Guerra: Então por que você não a procura? Edgar, a Laura pediu o divórcio por causa da Catarina. Mas ela não sabe que você já deu um basta na cantora. Quem faz a ponte entre você e a Melissa é a Matilde! Uma pessoa de total confiança de vocês dois! Tente conversar com a Laura e convencê-la a voltar! Tenho certeza de que a Laura te ama!

Edgar está ouvindo atentamente o que o amigo fala, mas o medo de ser rejeitado pela mulher que tanto ama é muito forte.

Edgar: Será, Guerra? Já faz seis meses desde que a Laura veio assinar o divórcio! Ela estava tão decidida na frente do juiz! Isso despedaçou o meu coração! Eu ainda pedi para ela reconsiderar, mas ela falou que ia alegar abandono de lar e o escândalo seria bem maior!

Guerra: Edgar! Ponha-se no lugar dela! A Catarina é espaçosa, ela vai tecendo a sua teia venenosa e ferindo quem está no seu caminho! Desculpe, meu amigo falar assim da mãe da sua filha, mas é a mais pura verdade!

Edgar fala desanimado.

Edgar: E eu não sei? É assim mesmo! Ah, se eu pudesse voltar no tempo, Guerra! Não teria feito a besteira de me envolver com Catarina!

Guerra: Pois é, Edgar! Voltar no tempo é impossível, mas você pode fazer um futuro diferente hoje! Vai lá meu amigo! Vai atrás da mulher que você ama!

Edgar fica todo animado.

Edgar: Quer saber do que mais? Vou sim! Vou pedir o carro de meu pai emprestado e vou até a fazenda onde Laura está morando!

Guerra comemora a decisão do amigo em pelo menos tentar.

Guerra: Isso, meu amigo! É assim que se fala! Corre, não perca mais tempo!

Edgar sai apressado do jornal. Passa na fábrica, conversa com seu pai dizendo que tem uma causa para resolver fora do Rio e que precisa do carro. Bonifácio cede o carro! O rapaz vai até a sua casa e chama por Matilde que não entende a alegria de seu patrão! Desde a saída de Laura de casa que Matilde não vê seu patrão tão eufórico! Ele entra esbaforido!

Edgar: Matilde....Matilde...

Edgar toma fôlego para respirar!

Matilde vem correndo da cozinha.

Matilde: Dr. Edgar! O que aconteceu? O Sr. está bem?

Edgar: Matilde....preciso da sua ajuda! Eu estou muito bem, mas pretendo ficar muito melhor! Preciso que você prepare uma mala com poucas roupas. Vou passar uns dias fora! Também preciso que você arrume uma cesta de piquenique com alguns sanduíches e bolos.....ah, coloque também aqueles seus biscoitos que a Laura adora! Não...pode deixar...arrume as comidas que eu mesmo arrumo minha mala!

Matilde intervém.

Matilde: Mas, Dr. Edgar! O Sr. não sabe arrumar as malas sem amassar as suas roupas, esqueceu? D. Laura é que....desculpa!

Edgar: Não Matilde, imagina! Não peça desculpas! Você é religiosa, não é?

Matilde: Sou sim, católica!

Edgar: Ótimo, Matilde! Então reze bastante para dar tudo certo nessa viagem! Pode fazer minhas malas, então! Eu agradeço! Preciso sair novamente! Vou comprar um presente!

Matilde: Está bem, pode deixar que preparo tudo!

Edgar sai apressado, ele olha para trás e fala.

Edgar: Muito obrigado, Matilde! Por tudo!

Matilde fica com o pensamento longe! Será que é o que ela está pensando? Tomara! Ela torce muito pelo casal! Depois de algum tempinho, Edgar volta com uma caixinha pequena na mão e um buque de flores de alecrim!

Matilde: Dr. Edgar, sua mala está pronta e a cesta também!

Edgar está todo sorridente.

Edgar: Que ótimo, Matilde! Muito obrigado! Outra coisa, se a mãe de Melissa perguntar, você diz que tive que fazer uma viagem de negócios e você já sabe que providências tomar!

Matilde: Pode deixar Dr. Edgar! Farei conforme combinamos!

Edgar: Bom, agora preciso ir! Mais uma vez, muito obrigada! Nem sei o que faria sem você!

Matilde: Imagina! Boa viagem! Deus o acompanhe!

Edgar: Obrigado, Matilde!

Edgar coloca as coisas no carro e ruma para a estrada!

Na fazenda, Laura está na companhia de Maria, a senhora que cuida da casa. Ela ainda está muito abalada com o divórcio, mas pretende voltar a trabalhar! Ela mandou alguns currículos para cidades próximas à fazenda, porque não pretende ficar na casa dos pais por muito tempo! Laura quer se virar sozinha, por si só! Laura recebeu alguns telegramas. De seu pai, de sua tia Celinha, de Isabel, que está na Europa e de Sandra! Por um momento chegou a pensar que Edgar lhe mandaria algumas linhas, mas ele deve estar muito aborrecido com a assinatura do divórcio, ou não se lembra mais do dia de seu aniversário. Pensar nisso deixa Laura com o semblante carregado e Maria logo percebe.

Maria: Posso saber o que a minha menina tem?

Laura com a voz triste e o pensamento longe.

Laura: Ah, Maria! Não se preocupe! São só lembranças!

Maria: Lembranças de um rapaz bonito, alto, loiro?

Laura sorri desanimada! Será que era tão transparente assim?

Laura: Será que não consigo esconder nada de você?

Maria se aproxima e abraça Laura.

Maria: Oh, minha menina! Eu te vi crescer, esqueceu? Além do mais porque precisa esconder seus sentimentos de mim?

Laura resolve se abrir.

Laura: Não é isso.....é que é tão doloroso!

Maria fala afagando os cabelos da moça! Ela senta-se de frente para Laura.

Maria: O que é doloroso?

Laura olha para Maria.

Laura: É que.....antes do divórcio.....de tudo acontecer como aconteceu, fazíamos tantos planos! Planos que foram todos frustrados!

Maria: Laura, você sabe que eu sou evangélica, não sabe? Eu sei que você é católica e respeito muito a sua religião, mas para mim, os planos do homem podem se frustrar, mas nunca os planos de Deus! Eles não serão frustrados nunca! Deus têm planos para a sua vida! Você não se casou com esse rapaz à toa! Vocês se amam e eu ainda acredito que ficarão juntos!

Laura dá um sorriso triste.

Laura: Como, Maria? Estamos divorciados, esqueceu? Assinamos um papel! Pela lei não somos mais marido e mulher!

Maria: Você falou bem, menina! Pela lei dos homens vocês não são mais casados, mas pela lei de Deus ainda são um! Vocês votaram no altar que seriam um do outro até que a morte os separasse, e para Deus é isso que vale!

Laura: Minha mãe também pensa assim! Ela diz que para Deus ainda somos casados, mas...

Maria: Ela está certa, filha! Olha só, esta noite estava orando pela sua vida! Deus falou comigo em oração e disse que você terá uma grande surpresa que alegrará muito o seu coração!

Laura abraça a senhora e agradece.

Laura: Muito obrigada pelo seu carinho e suas orações! Já estou um pouco melhor! Vou escrever um pouco!