Pov. Rachel

Com eu sou muito azarada, mesmo quando tiro um cochilo, tenho sonhos de semideusa, Tique me odeia, vou ter que falar sério com a Felícia.

Eu estava num campo aberto, a grama úmida roçava em meus calcanhares. Na minha frente, uma mulher sorria para mim, sua aparência mudava a todo instante, ficando cada vez mais bonita. Reconheci minha mãe.

– Minha filha, você corre perigo.

– Do que você está falando? – perguntei

– Há uma Hidra no caminhão que os segue desde que estão na estrada, o motorista é um manticore, peço para que vocês fujam imediatamente. Poseidon está mandando reforços.

– Pensava que os deuses não se metiam nos assuntos dos semideuses.

– Bem, não se metem, mas vocês estão a nosso serviço para salvar a Era.

– De que Hera você está falando? Pensei que ela estivesse no Olimpo– perguntei, curiosa

– Oh, não estou falando da deusa Rachel! Estou falando da Era na qual a profecia se refere, a Era onde os deuses estão ainda no poder ou melhor dizendo, a Era dos deuses.

Então eu acordei com um salto e exclamei:

– Temos que sair daqui, agora.

Pov. Milene

– Vamos chegar em Salem em menos de uma hora. – disse Giovanna

Meu cavalo arfava, eu pedia aos deuses que a viajem demoraria só isso mesmo, eu sei voar, mas isso não signifique que eu queria fazer isso.

Olhei para baixo, a área em volta da estrada era arborizada, até um pouco bonita em minha opinião. Eu ainda achava clichê passarmos por Salem, mas de acordo com o mapa, era o caminho mais rápido até Los Angeles.

O resto da viajem foi tranquila, continuamos seguindo em frente, até Salem despontar no horizonte. Já eram cinco horas da tarde, nós havíamos perdido uma horae logo não poderíamos mandar Mensagens de Íris.

Pov. Rachel

Abri a porta de carga do caminhão e demos de cara com uma rua pouco movimentada.

– O que vamos fazer? Pular!? – perguntou Mary

– Não sei, só sei que temos que sair daqui imediatamente.

– Por quê? – perguntou Miguel

– Acabei de sonhar com minha mãe, ela me disse para sairmos do caminhão. – respondi, olhando para o céu – Já deve ser uma cinco da tarde, tem Sol o bastante para mandar uma mensagem de Íris.

– Sério, agora me explica, por que não pedimos para o motorista simplesmente parar para descermos? – perguntou Peter

Dei de ombros enquanto Mary batia na janelinha que nos ligava ao motorista, logo que esta foi aberta revelou o rosto do velho caminhoneiro com chapéu de cowboy.

– Como vai a viajem? – perguntou ele, com um sorriso irônico

– Você pode parar por favor? Temos que descer.

– Aqui!?

– Exatamente.

O motorista virou o volante bruscamente e entramos em uma rua menor, ele parou no meio-fio e descemos a tempo de ver o caminhão que nos seguia virar a mesma esquina. Olhei para cima, nem sinal do resto do grupo.

– Onde eles estão? – perguntou Mary

– Não muito longe, provavelmente. – respondeu Peter

– Acho melhor sairmos daqui. – disse, assim que vi o caminhão onde deveria estar a Hidra voltando entrar a rua onde estávamos.

Comecei a correr e Mary, Peter e Miguel me acompanharam. O filho de Thanatos tropeçava muito e sua asa machucada arrastava no chão.

– Dá pra explicar o que é que está acontecendo!? – Miguel perguntou

– No sonho, minha mãe disse que tem uma Hidra e um manticore naquele caminhão – apontei para o automóvel que nos seguia, ele agora estava a uns 500 metros e seguia rápido, rápido demais. Seguimos correndo pela ruela e viramos em uma esquina, nos deparamos com uma alameda movimentada.

– Olhem! São eles! – Mary apontou para o céu, pude ver vários pontos negros, estavam próximos demais para serem aviões, poderiam ser monstros, mas descartei a ideia.

Comecei a sacudir os braços assim como Mary, que pulava, queríamos chamar a atenção deles, não estávamos muito interessadas em morrer atacadas por dois monstros.

Depois de alguns segundos os “pontos” começaram a se aproximar.

Pov. Milene

Assim que avistei Rachel e Mary eu soube que tinha algo errado, pousamos no outro lado da rua.

– O que vocês acham que é? – perguntou Josh, olhando com curiosidade enquanto Mary apontava para algo atrás deles. O sinal ficou vermelho e os quatro atravessaram a rua.

– Caminhão... Hidra... Manticore... Fugir! – disse Rachel, ofegante. Olhei para a ruela por onde eles haviam saído, um homem de óculos escuros estava saindo de lá naquele instante e parecia interessando no nosso grupo.

– Se me dão licença. – Colin abriu espaço e começou a recitar um feitiço, provavelmente algum de oclusão, mas fomos surpreendidos quando um espinho passou a centímetros de sua orelha. O homem deu lugar a uma enorme manticore, e ele parecia furioso – Acho que confundi as palavras.

– Como assim confundiu as palavras!? – gritou Charlotte desviando de outro espinho, o manticore foi nossa direção e todos nós começamos a correr.

– Eu tentei fazer um jaula, ia ser bem útil, mas acho que deve ter outro monstro perto, porque o feitiço desviou e atingiu ele. – respondeu Colin

– Mas é claro! A Hidra! – exclamou Rachel com um sorriso – Você terminou o feitiço?

– Não deu tempo de reforçar, mas acho que prende pelo menos por uns... – ouviu-se um urro reptiliano – segundos.

Começamos a correr, Miguel continuava com dificuldade e Rachel foi ajuda-lo, só acho eles dois muito fofos juntos? (N/Rachel: Eu só estava ajudando ele a correr de uma Hidra e de um manticore! Nada demais! )(N/Mary: Ahãm, acho que você esqueceu que dormiu no ombro dele...­)(N/R: Cala a boca Mary!)Enfim, corremos pelo labirinto de ruas até darmos de cara com outra rua movimentada, do outro lado dela uma biblioteca se erguia.

– Ferrou. – disse Felícia

– Não me diga!? – essa foi Charlotte

– Não tem sinal, nós não devíamos ter deixado os cavalos lá atrás...

– ROOOAAAARRRRRR!!!!! – o manticore apareceu, rugindo e mostrando seus dentes enormes, recomeçamos a correr, dessa vez seguindo a calçada na direção contrária aos carros, fomos surpreendidos pela Hidra.

– Por favor meu pai me faça o favor de nos dar um help, eu não quero morrer agora! – Charlotte se ajoelhou no chão e começou a rezar para Hermes.

– Char isso não vai... – começou Felícia e de repente três ladrões armados quebraram o vidro de um mercado próximo e geraram uma debandada, parando o trânsito. Atravessamos a rua e começamos novamente a correr.

– Isso não vai o quê? – perguntou Charlotte enquanto virávamos outra esquina (N/Felícia: Cidadezinha cheia de esquinas essa hein?)

– Isso é sacanagem! Papai não faz isso por mim! E eu sou mais velha! – gritou Alana

– Mas eu fui quem roubou a carteira do filho de Poseidon ali! – Charlotte apontou para Harry e tirou sua carteira do bolso – Que pena, só quatro dracmas...

– O departamento de polícia fica perto daqui, talvez a gente consiga despistar eles. – disse Mary, esta, com o rosto tampado com o mapa que acabara de pegar no chão.

– Acho que eu consigo levar um de cada vez para o topo daquele prédio – disse Narcysa, já levantando voo e apontando para uma prédio incrivelmente alto que sumia nas nuvens – vai nos dar tempo e eu não acho que o departamento de polícia vá nos ajudar.

– Ótimo, faça isso. – disse Samantha, sarcástica, e Narcysa segurou Mary pelos ombros, tomou altitude e desapareceu por entre as nuvens. Continuamos correndo.

– Milene, acha que consegue me levar? Eu não confio na cara-de-pássaro. – perguntou Rachel

– É claro. – levantei voo e segurei a filha de Afrodite pelos ombros

Pov. Miguel

Minha asa voltara a doer, assim como minha mão. Depois que Milene levantou voo Ethan seguiu seu exemplo e levou Alana. Eu quase podia sentir os monstros se aproximando.

– Ora, ora, ora... Agora vejo que precisam de ajuda... – Corallyn apareceu ao meu lado, com um sorriso travesso no rosto

– Você! Se não tivesse ido embora não estaríamos nessa situação! – disse Charlotte, a loira parecia prestes a matar a filha de Nyz, tanto que já empunhara uma espada de bronze celestial

– Peço desculpas pelo ocorrido, mas eu não desejo a morte de vocês, não posso trazer os cavalos de volta, mas posso ajudar seu amigo a fazer um pequeno feitiço que pode ocultar vocês por alguns minutos.

– Me ajudar? Como pode fazer magia? – perguntou Colin

– Fácil, minha mãe também é patrona na magia, não sabia? – respondeu a filha de Nyx com um sorriso – As bruxas rezavam para ela para que suas plantas nascessem mais... Digamos... Mágicas.

– Tudo bem, qual o feitiço?

Pov. Milene

Assim que pousei Rachel na cobertura do prédio me voltei novamente para o grupo, na companhia de Narcysa e Ethan. Colin e Corallyn (aquela garota surgiu da onde!?) estavam num estado de transe, deviam estar fazendo algum feitiço, obviamente. Controlei os ventos e, junto com Ethan, consegui levantar Felícia, Harry, Charlotte e Samantha, mas meu irmão parecia apreensivo em relação à última.

Pov. Colin (é que ele é um dos únicos que ainda não teve pov., então resolvi fazer um, logo faço o mesmo com os outros como quem já teve, na maioria, foi antes da votação)

O feitiço não era tão “simples” quanto Corallyn dissera, principalmente porque tinha como objetivo cobrir uma área enorme. Só quando todos já estavam na cobertura do prédio que terminamos. A filha de Nyx caiu de joelhos.

– Você está bem? – perguntei, eu estava um pouco ofegante por conta da energia que gastei com o feitiço.

De repente notei uma coisa, havia uma cicatriz em seu braço que eu não havia notado antes (N/Thomas: Cara, sério, se você notou alguma coisa é porque não havia notado antes!)(N/Felícia: Não interrompe o pov Colin! Isso é inveja porque ainda não teve o seu!).

– Mas o quê...? – percebi que lentamente machucados começaram a aparecer, pareciam que tinham sido ocultados por magia, o olho esquerdo da garota estava um pouco inchado e sua perna direita sangrava.

– Sabe, eu tenho um elo meio incomum com meu irmão...– disse ela, com os olhos marejados

– Como assim? E porque tá me falando isso agora? Precisamos ir! – perguntei, mas Corallyn não se mexeu, só pousou as mão no rosto e começou a chorar, ai deuses, eu mereço...

– Minha mãe fez esse elo para que ninguém pudesse matar nós dois, se a pessoa queria o segredo deveria manter nós dois vivos. É parecido com o elo empático, mas um pouco mais forte...

– E porque você tá me falando isso agora?

– Porque eu preciso que alguém saiba! Tem ideia do quanto de energia eu uso para esconder tantos ferimentos 24 horas por dia? Só você sabe! Eu tenho que esconder! Se não acham que eu sou estranha e que faço sei-lá-o-que! – escorriam rios de lágrimas pelo rosto de Corallyn e ela me encarava com seus olhos de estrelas

– Você disse elo empático? Por isso ficou tão brava com o Josh. Se seu irmão morrer... – só então eu comecei a pensar direito

– Eu também morro.

***

Pov. Rachel

– Deixa eu ver se eu entendi, a Dílis sumiu do mapa!? – exclamou Felícia

– Calma, os cavalos não podem voltar, vamos achar seus animais de estimação. – respondeu Corallyn, indiferente

– NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO! Minha Luninha tá perdida com frio e.... – Mary estava na beira de um ataque

– Miaaauu... – um miado abafado vem da porta da escada de serviço e Milene literalmente voou para lá e abriu a porta rapidamente. A jaguatirica saltou e corrou em direção a dona assim como Perseu, que se atirou no colo de Milene. Luna só ficou ali, parada esperando a dona tomar partido.

– Luninha! – Mary agarrou a gata e a apertou contra o peito, arrancando risos de todos

– Acho melhor nos contatarmos o acampamento, logo o Sol vai sumir. – disse Samantha olhando para o céu

Harry estourou um cano de água e Alana jogou um dracma de ouro no “leque” que se abriu.

– Íris, deusa do arco-íris, aceite a minha oferenda e me mostre o acampamento.

Ashley, a irmã do Josh, apareceu na tela com um olhar preocupado.

– Josh? É você? Não consigo ver seu rosto. – disse a filha de Apolo

– Estamos uma área protegida com um feitiço de ocultamento, não tem como ela nos ver. – explicou Colin

– Sou eu sim. Como estão as coisas? – perguntou Josh

– Por aqui tudo bem,só os deuses que ficam aparecendo aqui de vez em quando, párecem preocupados porque a Coralyn fugiu, e com vocês?

– Tudo bem, o único problema é que eu manticore e uma Hidra estão atrás de nós, a não ser isso, está tudo bem. – ironizou o filho de Apolo

– Meus deuses! Você precisam de ajuda!

– Peraí! Minha mãe disse que Poseidon ia mandar reforços! – exclamei e corri para a murada, era bem difícil de ver por causa de alguns prédios, mais haviam uns quinze pégasos vindo em minha direção .

– Olhem! – gritou Alana – Pégasos!

Revirei os olhos e os animais pousaram na cobertura.

– Blackjack! – Harry montou no Pégaso negro com um sorriso

– Lucky, pensava que você ainda estava em treinamento... – Felícia acariciou o focinho de uma égua

De repente senti um arrepio e virei para trás, um pégaso estava logo atrás de mim e tinha um ar curioso.

– Acho melhor seguirmos viagem, estou cansada desse lugar. – disse Mary, já montada

– Concordo. – disse Alana e Charlotte juntas, as filhas de Hermes se entre olharam

Harry checou a mochila (N/Narradora: Sim eles estavam de mochila esse tempo todo :P)e de repente lançou um olhar para Charlotte, com um sorriso amarelo.

– Cadê a minha carteira? – a loira começou a rir descontroladamente