Vida Marcada escrita por Daenerys MS


Capítulo 14
Vingança


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeey, quinta-feira, dia de capitulo :D entonces, sem mais delongas... vamos lá!



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Jack foi despertado pela explosão próxima de uma pistola disparando.

Abriu os olhos lentamente, sentindo tudo a sua volta girar. O cheiro recente de pólvora despontou o acordar de seus sentidos e o som que começava a distinguir-se em seus ouvidos mostrou-se conhecido. Muito conhecido.

Esperou que sua visão se acostumasse com a luz do lugar, mas, surpreendeu-se, já que instantes depois, borrões teimavam em obstruir sua visão.

Adivinhou estar sentado em uma taverna barulhenta onde piratas bebiam, jogavam e brigavam. Principalmente, brigavam. Sentiu suas costas formigarem e percebeu estar com ambas as mãos amarradas atrás de si.

–Eu até poderia dizer que isso serve como lição para a próxima vez, mas digamos que eu nem tenha a intenção de te dar uma próxima. –Soou afastada a voz rouca de seu captor.

–olha, senhor…pirata, há um engano aqui... – Sparrow parou, observando a lenta aproximação do marujo.

Canaqk saiu da sombra de um pilar afastado, ficando iluminado apenas pela luz parcial daquela parte fechada da taverna, frente a frente da cadeira onde Jack era preso.Com os braços extremamente fortes o pirata tinha o peitoral nu, coberto de um misto de tatuagens e cicatrizes, algumas bem feias.

Tomando o cuidado de não desviar os olhos de seu captor, Jack manteve seu rosto impassível enquanto forçava novamente as mãos tentando desatar os nós que as prendiam. Buscou distração – Ora, porque não sentamos e discutimos isso bebendo, festejando... rum me parece bom, não acha? Vamos aproveitar não é mesmo- riu sem humor- já estamos nessa taverna adorável, embora eu bem, não saiba exatamente como cheguei.

Mas eu sei. Arya pensou amarga, escondida detrás de um grande barril.

15 de junho- duas semanas antes

Cansada de tentar remar em direção ao pequeno porto indicado secretamente pelo amigo e pirata, Marlon, Arya havia se entregado a sorte. Deitou-se de bruços tentando procurar uma posição confortável, alternada entre o sono, a busca por sombra e, a fome corrosiva que a remoía por dentro.

Tinha a impressão de ter ficado meses à deriva, e mesmo tendo essa sensação, sabia que não havia passado mais que semanas desde que Jack a jogara ao mar, dias desde que o ultimo biscoito empaçocado em seus bolsos haviam acabado, e horas, desde que perdera a direção do pequeno pontinho. Sem remo, ou objeto para auxiliá-la, não tinha conseguido manter o curso para o pequeno ponto de terra, e tendo se entregado ao cansaço, desistira até mesmo de olhar.

Deitada agora, comtemplava o azul límpido do céu, interrompido apenas por pequenas nuvens e escassos grupos de pássaros. Lembrou-se de seus pais e forçou a lembrança a ir embora. Não queria chorar, e duvidava que houvesse sobrado liquido o bastante em seu corpo para que o fizesse.

Fechou os olhos e alternou entre a consciência e o sono, e pela primeira vez, entregou-se à morte. Imagens felizes passavam diante de seus olhos semifechados e sorriu, quando Ruy apareceu, mostrando a língua e imitando a voz de Arya, pondo as mãos na cintura e xingando-a de estupida. Uma leve pancada fez a imagem desparecer, e a garota, chamou-a de volta. Assim que Ruy reapareceu outra pancada no bote a fez acordar mais um pouco.

– Hora essa, não se encontra paz por... AQUI!!- reunindo toda a força restante, levantou, deparando-se com uma praia. Ao lado, pode perceber o início de um píer e deu-se conta que ao lado, um grande porto começava. Sem acreditar, desceu tropegamente para a areia, e correu.

Arfando, encontrou uma pequena cabana um pouco afastada do começo do movimento do porto, e resolveu entrar. Mas, antes que pudesse pensar sentiu-se ser inundada de exaustão, e uma nébula de escuridão tomar conta de sua mente, levando seus sentidos a se esvaírem lentamente para fora de seu corpo.

***

Acordou em um pequeno beco, onde algumas outras crianças maltrapilhas riam com alguma piada interna. Conseguiu captar um “Aposto que não consegue” antes de se erguer e a conversa cessar, com todos os olhos sendo postos em si.

Um garoto loiro, aparentemente o mais velho, se levantou, e, caminhando lentamente com suas extensas e magras pernas a mostra, estendeu uma mão, ajudando-a a se levantar.

– Sou James. - aproximou-se do grupo- A pequena é Lana, o de chapéu, Dylan, e o idiota ali, Aaron. - o garoto com cabelos negros denominado Aaron fez um som de desagrado- Nunca a vi por aqui. Como se chama forasteira?

–Olá, eu...Arya.

Percorreu o quarteto com o olhar. Demorando-se em Aaron. Um calafrio passou por seu corpo assim que seus olhos se encontraram. Os mesmos olhos azuis de Ruy.

Escondeu as mãos nos bolsos das calças, respirando fundo e esquecendo. Não importava. Não agora. – Como cheguei aqui eu... –Interrompida pelo ronco alto de seu estomago, pôs instintivamente as mãos na barriga, tentando parar o som.

As quatro crianças riram.

–Orfãos e comida não andam juntos por aqui e duvido que de onde você veio também.

Arya não duvidava. Mais também não sabia, nunca tinha sido órfã, sempre tivera uma casa. Uma família. Um amigo. Não tinha mais nada, e pela primeira vez, pensou. Até aquele momento, agia como se houvesse um lugar, alguém para voltar, um porto para o qual seu pequeno barquinho imaginário pudesse aportar de volta, mas, vendo-se com aqueles órfãos, sua ficha pareceu cair.

Sem poder se controlar mais, lagrimas brotaram em seus olhos, turvando sua visão. Apoiou-se com as mãos na parede e escorregou até sentar-se encostada ao muro, e chorar, com o rosto enterrado sobre as mãos. Haviam sido massacrados e todos que amava agora jaziam mortos. Mortos por ordem de alguém.

– Hey, não fique assim- Lana sorriu, por entre os longos cabelos castanhos que caiam sobre seu rosto, logo acima. - vamos arrumar comida.

– Mas vai ter que aprender umas coisinhas- James, o mais velho do grupo, a estendeu uma mão.

O que eu tenho a perder?

Prestes a aceitar a mão de James, lembrou-se de Jack. Lembrou-se de ter confiado, e de ter sido descartada. - Sorriu sem humor entregando a mão esquerda.

– Fechado.

***

–Regra número 1, não se destaque na multidão, seja rápida, sutil e letal. 2, não de tempo ou espaço para manobra de reação, quando você rouba, as vítimas tendem a ser um pouco agressivas, - Aaron jogou fora o resto da maçã recém roubada, dando de ombros- vai entender.- E por último mas não menos importante, surpreenda, sempre faça aquilo que menos esperam de ti, use o ambiente, crie- bagunçou os cabelos de Arya, tampando sua visão e roubando a maça das mãos da jovem- e seja mais rápida.

– Roubar minha maçã não foi imprevisível- resmungou baixo Arya – Estava de olho nela há...

– Suaaaa veeez! - cantarolou o garoto esfregando as mãos- vamos ver.... vamos ver....ali! –Aaron apontou discretamente - Algumas pessoas tem tanta segurança de que nunca serão roubadas, que acabam tornando-se alvos fáceis.

Arya conseguiu imaginar o porquê. Com quase dois metros de altura, o mostro parado a frente, seria a última pessoa no mundo que alguém pensaria em roubar. Engoliu em seco, prendendo a respiração. Logo ao lado, Jack passeava com um mapa na mão. Gibbs e o garoto pajem o seguiam. Tao rápido como apareceram, sumiram por entre a multidão.

– Terra para Aryaa- Aaron passava as mãos em frente ao rosto da garota.

Será que ele vai achar muito estranho se eu sair correndo?

Não, mas pelos sete, tenho que ficar e provar minha capacidade, mas esse cara...

– não, eu não vou, Aaron olha o tamanho do cara, eu não..

Minutos depois os garotos corriam lado a lado, passando pelas pessoas como fantasmas. Aaron tinha um sorriso jovial, e Arya gargalhava segurando o saquinho que acabara de furtar.

Chegaram ao beco ainda extasiados, ambos aproveitando da adrenalina em seus corpos. O restante do grupo já se encontrava lá. Mesmo com diferenças significativas, Arya não podia deixar de se encontrar em um dejavu.

Ela nunca tinha realmente roubado, o máximo que fazia era furtar algumas maçãs de uma pequena tenda, perto de sua casa, mas era diferente, ela conhecia o dono, sabia que ele fazia coisas erradas para conseguir aquelas frutas. Mas o homem que acabara de roubar.... Aaron também era diferente de Ruy, o amigo, diferentemente do orfão, achava graça, mas repreendia a garota pelo ato.

Sentada agora ao lado do grupo, sentia pela primeira vez que tinha um rumo, um objetivo.

James contava os ganhos. Assim que chegou em Arya, a garota entregou o saco com satisfação, ao mesmo tempo que retribuía o sorriso de Aaron.

Assim que James abriu o saquinho seu rosto empalideceu.

– Você deixou- a roubar um Azai no primeiro furto dela!?

Arya não entendia. Aaron deu de ombros e se encostou na parede.

– Sim, e já era hora. Além do mais, ela conseguiria, foi perfeita, como eu imaginava.

– MAS E SE...

– Hey, relaxa, deu tudo certo não?

– Poderiam estar mortos, poderíamos estar todos mortos!

– Wow - Arya levantou o dedo infantilmente- alguém pode explicar? Quer dizer, ele era grande, cheio de tatuagens, cicatrizes, mas fora a aparência medonha, nem percebeu que estávamos lá..

–Arya- Aaron riu- ele VAI perceber, James ta pirando, mas é só nos livrarmos disso rapidinho e nos damos bem.

–Livrarmos?

– É ,garota- Dylan, levantou a boina para cima, e quando tornou a falar seus olhos faiscaram- vender.

– Mas que diabos eu peguei...

– Isso garota, isso- James tirou uma única bussola que brilhava num misterioso tom de azul- A pessoa que tiver isso quando os Azai rastrearem e, acredite ,eles vão encontrar...wow, tenho pena só de pensar - o grupo riu.

– Nesse caso- Arya sorriu com um lado da boca- Eu conheço o capitão pirata perfeito para vendermos.


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Notas finais do capítulo

Parte dois próxima quinta em ^^ Muito obrigada por lerem e até mais .



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