Ser sua

Bonney caia deitada sob o peitoral quente de Ace. Aquela deveria ter sido a terceira vez na noite, talvez? Ela já não sabia mais. Estava tão feliz de estar ali com ele. Ace parecia cochilar, apesar de sua respiração estar acelerada. “Ele estava bem?” pensava Bonney quando decidiu levantar-se e tocar sua testa. Ace já era naturalmente quente, mas estava como na última vez, ardendo em febre. Ela então se vestiu e saiu da cabine.

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Ace estava acordando, já era manhã. Não havia entendido bem o que estava acontecendo. Ele estava deitado no meio da cama de Bonney e ela estava sentada no chão, apoiada com a cabeça na cama, cochilando, em suas mãos havia uma toalha úmida.

Ace sentou-se, estava vestindo uma camiseta e sua bermuda preta, mas ele não se lembrava nem de ter se vestido. Confuso ele olhava para o teto, sua cabeça estava pesada lembrando-se de um sonho, “Como um sonho poderia ser tão real?”, pensava ele. Havia neblina, Ace lembrava-se de ter uns cinco anos, era uma criança e tudo estava em paz. Ele estava no colo de uma mulher. Seria Dadan? Nunca. Era um toque mais maternal. Aquela mulher lhe banhava numa banheira, ele conseguia lembrar-se da espuma em seu corpo, da neblina formada pela fumaça quente. Ace suspirou e pousou cuidadosamente uma de suas mãos a cabeça de Bonney, fazendo-lhe cafuné.

– Deite aqui. – disse a ela. Mas Bonney nem se mexia, Ace levantou-se da cama e a deitou.

– Vou lá para fora, tudo bem? – Bonney resmungou algo parecido com um “uhum”, Ace a cobriu e se retirou da cabine.

– Comandante Ace – Disse o imediato, ele parecia afobado, talvez esperasse a capitã se levantar todas as manhãs – Os homens estão tomando café no convés, por favor, nos acompanhe. – Ace reverenciou o homem, agradecendo-o, e este começou a tremer pelo nervosismo enquanto Ace se retirava.

– Ah – disse virando-se para o imediato – Acredito que a Capitã não se levantará agora. – O imediato o olhou rapidamente e continuou o acompanhando ao centro do navio.

– Comandante Ace-sama junte-se a nós – disse um dos homens, a tripulação de Bonney era composta por onze piratas e sua capitã. A grande maioria sentava-se ao redor de uma comprida mesa na qual Bonney costumava se sentar na ponta para receber suas refeições. Ace sentou-se entre o médico e um dos tripulantes.

– Ace-san, a capitã me procurou de noite alegando que você estava com febre. Sente-se melhor? – Ace virou-se ao médico enquanto pensava “eu tive febre?”. Os dois cozinheiros do navio saiam para o convés com grandes travessas servindo o café de todos.

– Sério? Desculpe por preocupá-lo, já estou muito melhor. – Disse enquanto servia-se de um pedaço de torta, Ace ficou pensativo durante a refeição.

– Ace-san, eu sei que é algo impossível de pedir para o senhor, mas fique conosco mais alguns dias, creio que se o senhor repousar mais hoje e amanhã, ficará totalmente curado. – Disse o médico. Ace realmente poderia ficar? E Teach? Ele estava tão próximo de seu objetivo, segundo sua fonte.

– Comandante Ace é muito bom vê-lo sadio, a capitã fica feliz. – Disse um dos homens numa ponta da mesa.

– É comandante-san, ela sempre dizia que queria encontrar um certo homem e mostrar o quanto nossa tripulação é forte! – Ace observava os homens falando sobre ele, admirados. Ele havia tomado a decisão certa, não? Ela agora era sua garota, só isso já o deixava completamente satisfeito. Nada poderia superar aquela felicidade. Nem o One Piece? Nem ele, talvez Ace até torcesse mais para Luffy encontrá-lo.

– Como vocês entraram para o Bando da Bonney? – Perguntou Ace curioso. O imediato sentado a sua frente abriu um grande sorriso, talvez fosse admiração pela história. Ace serviu-se de um gole de suco de laranja enquanto o homem começava.

– Fomos um bando de pirata do capitão Sum, ele era um bom capitão, mas foi preso. – Alguns dos homens baixaram seus olhares, relembrando-se do Capitão– Ficamos semanas vagando apenas com nosso barco até a marinha nos encontrar e sermos capturados. – O imediato fez uma pausa enquanto Ace pegava uma maça – Parece que o barco da marinha no qual estávamos, cruzou o caminho da Capitã, e os Marinheiros queriam a cabeça dela, mas Bonney invadiu o navio e transformou todos em bebês. Juramos lealdade a ela se nos aceitasse como seus tripulantes, desde então Bonney tornou-se nossa salvadora, nossa Capitã.

Ace cochilava, alguns homens riram pelo imediato ainda estar contando a história. Bonney chegou e se sentou na ponta da mesa.

– Idiota! – disse ela para Ace cochilando, ela apresentava um sorriso no rosto enquanto servia-se de grandes pratos.

Ace acordou assustado, desculpou-se e riu da situação. Bonney chutou algumas travessas enquanto comia. Alguns homens retiraram os excessos de pratos vazios. Ace sentou-se ao lado de Bonney.

– Você vai ficar aqui não vai? – perguntou ela sem olhá-lo, limpando-se do café.

– Porque essa arrogância toda? – respondeu Ace – O doutor pediu que eu descansasse, pelo menos aqui poderei contar com você. Mesmo precisando partir.

– Calado, agora você já disse que vai ficar... – disse Bonney com grande satisfação – E o que irá adiantar você ir embora e cair de febre no meio de uma luta, serão apenas dois dias!

Ace suspirou consentindo e Bonney soltou gargalhadas, vitoriosa.