O que aconteceu com você?

– Capitão – dizia o imediato. - Tem navios do governo aproximando-se!

Ace cochilava, já era manha. Na noite anterior, o pirata havia passado horas fazendo companhia a Bonney, talvez tomando mais patadas do que esperava.

Sabia como ela sentia-se... Diferente dele, ela não teve irmãos ou uma tripulação para acolhe-la, estava sozinha a muito tempo e naquele dia alem de apenas despedir-se, tentaria convencê-la a rntrar para seu bando e depois partir.

– Capitão!

Os três piratas olharam os grandes barcos se aproximarem, porque o governo estava lá?

Talvez se não mexessem com eles, não causariam problemas, afinal o Governo Mundial não iria pegar um bando de piratas novatos que ninguém nunca havia ouvido falar, não é?

– Por favor, cuidem do barco. Preciso checar algo na cidade. - Ace jogou sua camisa amarela nas costas e correu em direção a cidade.

Bonney estava em sua casa, ao abrir a janela, havia visto o navio do GM se aproximava, era só uma questão de tempo ate virem buscá-la.

A garota suspirou "Porque tinham que vir hoje?" Ela sabia que aquele idiota do Ace iria passar para vê-la novamente...

Porque ele não sumia. Porque ele tinha ficado ontem metade da noite contando suas malditas historias.

Andando impaciente de um lado a outro com suas preocupações, ela ouve Ace gritando pela janela.

– Bonney! – A jovem desceu e foi atendê-lo às pressas.

– Ace, vá embora daqui, seu idiota!

– Você não baixa a guarda para mim não? O que eles viram fazer aqui?

– Isso e um problema meu, vá embora, afaste-se de mim! Como todo mundo sempre faz!

– Bonney, deixa eu te ajudar!

– Já disse que não Ace, vá embora! – disse virando-se e entrando em casa batendo a porta na cara do pirata.

–Bonney! Bonney! Abra agora! mulher maluca... – mas Ace parou de bater, uma mulher acompanhada de dois homens subia em direção à casa. Ele se escondeu na parede lateral

A mulher usava um vestido branco longo, quase um jaleco e os homens usavam terno. Eram altos, aparentavam a gorilas, então a senhora disse próxima a porta:

– Bonney-chan, está na hora. Vamos querida?

Ela abriu uma fresta, observando a movimentação. Ace teria sumido? Ela tremia e continha às lagrima enquanto a mulher empurrava a porta para entrar.

– Por favor, Chie-san, não me leve hoje. – A mulher invadia a casa olhando tudo ao seu redor com certa repulsa. Não que a casa fosse bagunçada, mas parecia que estar ali na casa de um "monstro" era nojento. Chie ela não era muito mais alta que Bonney, mas fazia sentir-se extremamente inferior.

– Oras hoje você vera alguns Teryuubitos, sabe como eles precisam de você! E estamos com pressa, não querem você em Mariejois por muito tempo Bonney, creio que se fiz um bom trabalho, a noite já estará em casa. – Chie aproximou-se dela e segurou-a pelo braço, um dos homens prendeu-a uma algema de kairouseki.

Ace olhava discretamente pelo canto da janela, "o que estavam fazendo com ela? Porque estavam prendendo-a?" Ele não conseguia simplesmente olhar aquela cena parado, então correu em direção ao grupo e atacou um dos homens que a prendia.

– Deixem-na em paz! – gritou aproximando-se de Bonney. Ace ficava de costas para ela que haveria caído no chão, ele abria os braços para impedir que qualquer um aproximasse dela, estava tentando protegê-la.

O homem levantou e começou a lutar com Ace. Eram chutes, socos, o homem era o dobro do tamanho de Ace e sempre tentava esmagá-lo, mas o pirata era mais ágil.

– Pare com isso seu idiota! – Bonney começou a desesperar-se, não podia citar o nome dele, "porque Ace brigava?" Brigar com os soldados do governo era um risco. A moça levantou-se e suas lagrimas desceram seus olhos, ela não entendia o porquê de chorar, se era pelo pirata tentar protegê-la ou o risco que ele assumia enfrentando o Governo Mundial. Ace não poderia se machucar por ela... Então gritou: – Esta luta não é sua! É minha!

– Bonney eu não posso deixar que ninguém te faça mal! – Ace continuava a brigar. Aquilo a deixava extremamente confusa, ela sabia seu destino e não poderia envolvê-lo, a moça virou-se para Chie que observava a briga sem parecer importar-se muito, só esperava a hora de seus seguranças pararem aquele moleque.

– Chie-san, por favor, se ele partir da ilha, podemos esquecer tudo!? Nem relaram na senhora! - as lagrimas escorriam elos olhos de Bonney, Ace era maluco, não podia ter feito isso! Não poderia deixar os mares por conta dela – Seu idiota, vai embora daqui! Eu nunca mais quero vê-lo!

– Bonney, confie em mim, não quero te deixar mais com medo! – O segundo homem entrava na briga contra Ace, Bonney ajoelhava-se no chão. "Será que ele sabia seu poder mesmo? Porque queria tanto protegê-la?" Bonney chorava com aquela confusão em sua mente. "Que estava acontecendo ali? Porque de tudo aquilo?"

– Vai embora rapaz, que nunca nem vimos você. – disse a mulher aproximando-se de Bonney e puxando-a pelo braço para que a garota levantasse.

Ace brigava com os dois homens ao mesmo tempo, um dos seguranças agarrou seus braços, ele tentava chutar o outro, mas em vão, este lhe acertava um soco fazendo com que o rapaz desmaiasse.

– Vocês vão atrás dele Chie-san? – perguntou Bonney em meio suas lagrimas desesperadas vendo Ace desmaiado no chão

– Se ele estiver na ilha quando voltarmos mandarei matá-lo. – Disse olhando-a de forma superior enquanto arrastava-a, Bonney caminhava em direção a baia – Agora seja boazinha que faremos muitas coisas hoje.

Os seguranças jogaram Ace no chão e acompanharam a mulher ao navio do governo.

~/~

Ace acordou tempos depois

– O que aconteceu? – Ele olhou os lados, estava na casa de Bonney. – Bonney? – lembrou-se da luta de tudo que havia acontecido. Ace levantou e entrou na casa correndo, procurando por ela em todos os cômodos. "Onde Bonney estava?" Eles haviam levado-a e Ace não pode ajudá-la... estava bravo... depois de um forte soco na parede, o pirata voltou para seu barco.

– Capitão, precisamos partir. – Disse um dos tripulantes olhando Ace aproximar-se. – Uma maluca do Governo disse que era para sumirmos antes dela voltar...!

–Dêem a volta e ancorem o barco em outra parte da ilha, não podemos ir ainda. – Disse o capitão contando tudo que havia lhe acontecido

~/~

Bonney não havia voltado no mesmo dia, mas sim, no seguinte.

– Suas contas no restaurante vêm saindo muito caras Bonney, controle seu maldito apetite! – disse Chie libertando-a e jogando-a em sua casa. – Voltaremos em breve. - Despediu-se a mulher fazendo uma cara de nojo.

Bonney sentou-se no chão de sua sala, seu corpo estava fraco, ferido. Ela encolheu-se num canto e começou a chorar. Que humilhação. "Porque tinha que viver assim?" Sempre pensava isso quando voltava. Malditos nobres, maldito governo, malditos Teryuubitos. Bonney chorava pensando em sua vidinha. Não via a hora de ir embora daquele maldito lugar.

"Ir embora..." Lembrou-se de Ace. Foi idiota de não ter ido com ele? Não, ela teria condenando-o se partisse junto. Fora que ela precisava treinar que fariam com aquele poder sem nem saber lutar...

– Ace...- disse ela baixinho – Você esta bem não esta?

Então uma voz invadiu o cômodo.

– Achei que você nunca mais voltaria, ainda não quer me ver?

Ela levantou a cabeça assustando-se, Ace estava sentado em sua janela. Seus dois homens vinham atrás segurando alguns peixes. "Aquele idiota, porque ele não partiu?!"

– Porque esta aqui seu idiota. Vai embora! – Disse Bonney ríspida escondendo o rosto em seus joelhos

– O que fizeram com você?

– Porque você lutou? Isso não era problema seu! – Bonney voltava a chorar, era o cumulo de sua humilhação. Ace aproximou-se dela e ajudando-a levanta-se e ir ate o sofá

– Por favor, prepare comida para ela. – disse a um dos homens, enquanto o outro ajudava a fazer curativos e limpa-la.

– Porque você não sai correndo com todo mundo?

– Porque eu sei como não é ter ninguém. Sei o que é ser chamado de monstro.

Bonney parou para olhá-lo, aquilo fez seu coração acelerar e depois sua idiota reação de voltar a chorava, o outro tripulante de Ace retirou-se para a cozinha para ajudar seu companheiro.

– Não posso te contar meus segredos também, Bonney, mas eu sei que você esta sentindo. Não quero saber se você tem um poder ou que tem medo de você. Mas não posso deixá-la aqui assim.

Bonney chorava, Ace aproximou-se dela e apoiou sua mão em seus cabelos acariciando-os.

– Por favor, não chore Bonney. Você tem a mim agora ta? Nunca vou fugir de você. Eu prometo.

– Você se importa mesmo? Não quer aproveitar-se de mim? Mesmo eu sendo uma estranha? - disse entre as lagrimas.

Ace olhou com carinho para ela, aquela garota rabugenta e durona, ali, chorando e machucada. Nunca ele a abandonaria.

– Não sei nem que é este poder. Quero que você fique bem Bonney. Apenas isso. – Ace levantou-se do sofa e olhou-a com um sorriso. – Porque não vai tomar um banho quente? Vamos preparar uma festa para você - Ace sorria Bonney nunca havia ido a uma festa, quem diria tido uma apenas para si, ela sorriu levantando-se com um pouco de dificuldade. "Que eram todos aqueles sentimentos que inundavam seu corpo?" Ele ajudou-a a subir para o banheiro descendo logo em seguida para ajudar os companheiros com os preparativos.

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Um dos homens vinha da cozinha com alguns peixes assado. Outro pegava algum saque que havia encontrado na cozinha. Era tudo muito modesto, mas o clima era de extrema alegria naquela sala.

Ace serviu Bonney que estava totalmente confusa, "o que era aquele calor que sentia com aquelas pessoas ali?" Os homens de Ace, Ace todos com ela, sem medo, sem pedir nada... Ace zombava-a por não ser delicada como uma garota, Bonney lhe tacava comida xingando-o. Os homens riam deles, Ace e Bonney comiam mais rápido que os tripulantes. Estavam todos apenas ali, brindando, trocando pratos, comento, rindo... Era isso, uma festa?

Os dois tripulantes de Ace cochilaram no chão da sala, Bonney subiu para seu quarto e sentou-se na janela, queria chorar de novo.

Ace entrou no quarto e sentou-se na cama dela

– Você só chora? – Perguntou Ace olhando-a da porta do quarto.

– Me deixa em paz, seu idiota. – Respondeu ela olhando a janela

– Pode baixar a guarda pelo menos um segundo sua maluca? – Bonney mostrou a língua para Ace que continuou a falar rindo. - Venha conosco Bonney. Prometo que vou protegê-la de quem for, no mundo inteiro.

– Não posso. Mas obrigada por me convidar – Ela abriu um pequeno sorriso – Ace, você tem um sonho? – perguntava.

–Eu quero mostrar para o mundo que eu nasci. – ele parecia iluminado, Bonney não entendeu bem, mas abriu um sorriso para ele assim mesmo.

– Você acha que eu poderia sonhar Ace?

– Bonney, todos temos sonhos, me conte o seu!

Ela suspirou, sentia-se mal de falar, era como se aquilo lhe fosse proibido.

– Um dia vou sair daqui, ter minha tripulação e vou encontrar o One Piece! - ela parou e olhou para o chão - Ace, eu vou ser tão poderosa, que os nobres se curvaram perante a mim! Serei temida, mas serei apreciada também. Vou comprar minha liberdade!

Ace riu, Bonney corou violentamente.

– Seu idiota, não é para rir!

– Me desculpe, mas, por favor - Ace sorriu aproximou-se dela e segurou uma de suas pequenas mãos. Era incrível como Bonney era uma perfeita imagem de uma bela e dama, era delicada, bonita, mas tinha um jeito nada aceito pelos padrões sociais, Ace achava aquilo cômico nela. Era como falar um companheiro. - Não deixe de sonhar Bonney, não tenha nenhum arrependimento na sua vida.

Bonney olhou Ace com carinho, porque estava segura contando essas coisas a ele?

– Sabe Ace, eu não posso entrar para sua tripulação agora, mas eu vou embora para o mar, quando eu estiver pronta. Não minha hora ainda. – Ela aproximou-se da cama e deitou-se, Ace sentou ao lado dela – Olha para minha cara de quem quer ser a donzela em perigo no seu navio... Dependendo de proteção ... - Bonney bocejou, estava sem dormir desde o dia anterior - Eu vou treinar, ser incrivelmente forte ... - Ele acariciou os longos cabelos dela - Obrigada, obrigada mesmo.

– Você vai ter que me fazer uma promessa - disse ele, Bonney abriu os olhos e prestou atenção ao que ele diria – Me encontre na Grand Line, Bonney! Quero ver seu cartaz de procurada, quero encontrá-la no grande oceano dos sonhos!

Contente, sentindo uma felicidade extrema Bonney responde:

– Me espere, só um pouco que eu estarei la! - Bonney usava uma pulseira em seu pulso, era vermelha e branca, combinaria com o colar de Ace, ela tirou e entregou ao pirata - Quando eu te superar, você me devolve…

Ace sorriu aceitando o presente, os dois se abraçaram, Bonney estava cansada, ele deitou-a na cama.

– Ficarei aqui ate você dormir tudo bem? Já estou há muito tempo nessa ilha, já preciso partir.

– Faça o que quiser então! - disse Bonney, parecendo irritada agora, como se quisesse pedir para que ele não fosse. Mas ela sabia que isso era inevitável.

Ace sentou-se ao lado da cabeceira, acariciando os cabelos de Bonney de forma tão suave que parecia tentar tornar aquilo eterno. E com essa sensação Bonney adormeceu. Mas antes disse, bem baixinho, como um suspiro:

– Sentirei sua falta até la...

– Ate breve, Bonney. Nos encontraremos de novo.