Colégio Interno escrita por Híbrida
Corri até a cozinha e comecei a tossir. Havia um fumacê desgraçado tomando conta do ambiente. Fitei=o assustada enquanto ele tentava apagar tudo aquilo.
— Como, Thiago? Só me responde isso, como? Eu te pedi pra fazer uma coisa simples, um omelete, só isso! Filho da puta.
— Não xingue minha mamãe que ela nunca lhe fez nada.
— Você não pode ter saído de um ventre humano, garoto, você é um filho de chocadeira.
— Olha, eu tentei, tá?
— Ok, desculpa, Thi. Mas você conseguiu incendiar a porra de um quarto fazendo omelete! Omelete! Oda daqui!
Ele saiu da cozinha de cabeça baixa e eu o puxei para um abraço, fazendo-o rir baixinho e beijar minha testa.
— Me perdoa?
— Claro que eu perdoo. Somos dois filhos de chocadeira, meu querido amigo. Saímos do mesmo buraco.
Ele riu alto e me abraçou de novo. Sentou-se na bancada e ficou me observando preparar o omelete. Cortei-o no meio, colocando metade em um prato pra ele. Abri a geladeira pegando um refrigerante com a etiqueta “Chloe”
— Mas é folgada que só, né. –disse Chlô, quando sentei-me ao seu lado na sala.
— Também te amo – disse, beijando a testa dela.
— Eu não te amo. Você é desprezível.
— Totalmente digna de pena – soltou Henrique, batendo em minha testa.
— Calem a boca, vocês dois.
Beberiquei o refrigerante e o ofereci pra Chloe.
— Não, estava guardando faz um tempo, nem sei se presta. Tá aí desde o dia em que vocês chegaram.
— Já tomei coisas muito piores no Brasil, minha gente.
Eles riram, mas era verdade. Tipo os salgados da escola. Provavelmente Bruna lembrou, devido a risada estridente que soltou.
— Aquela...
— É.
— Que nojo, Froidefonde – disse, fazendo careta.
— Eu jogava metade pra cima do Pie.
Pietro sempre me empurrava comidas nojentas e isso era recíproco. Era o pior irmão do mundo. Brigávamos por absolutamente tudo, e eu o amava tanto, mas tanto... E a cada briga à toa, isso crescia.
Flashback
— Amanda!
— Que foi, caralho?
— Fala isso de novo que eu conto pra mãe, cu.
E lá estava ele correndo atrás de mim. Eu havia quebrado a Judite, sua guitarra. É bom eu explicar que Judite é uma guitarra, senão vai que alguém pensa que eu quebrei a namorada do meu irmão ao meio.
Claro que eu não fiz aquilo de propósito, mas sinceramente, acha que ele ligava? Óbvio que não.
— A Judite, Amanda. Você quebrou a minha guitarra, sua...
— Olha lá como fala comigo.
— Você quebrou minha guitarra, caralho. Eu falo contigo do jeito que eu bem entender.
— Engole.
— Mas o quê?
Comida da mamãe. Aquilo era tóxico, só isso. Vivíamos com a comida da Nonna, nossa empregada. Mas sua filha havia ganhado bebê e mamãe estava cozinhando. Por isso comíamos na escola e na casa de amigos. Pra evitar a torta de atum de mamãe. Aquela maldita torta que Pietro empurrava pra mim.
— Credo, Pietro!
— Come essa porra agora.
— Não!
Ele enfiou aquilo na minha boca e eu, quase vomitando, fiz o mesmo com ele. Quando percebemos, estávamos os dois quase morrendo, jogados ao lado de uma forma sem torta.
— Vocês comeram tudinho! – disse mamãe, entrando na cozinha e dando pulinhos – Eu vou fazer mais!
— Eu odeio você – sussurrei, encarando-o.
— A recíproca é plenamente verdadeira, pequenina – disse, sorrindo falso.
Flashback off.
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