Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 34
Flashbacks e omeletes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/369744/chapter/34

Corri até a cozinha e comecei a tossir. Havia um fumacê desgraçado tomando conta do ambiente. Fitei=o assustada enquanto ele tentava apagar tudo aquilo.

— Como, Thiago? Só me responde isso, como? Eu te pedi pra fazer uma coisa simples, um omelete, só isso! Filho da puta.

— Não xingue minha mamãe que ela nunca lhe fez nada.

— Você não pode ter saído de um ventre humano, garoto, você é um filho de chocadeira.

— Olha, eu tentei, tá?

— Ok, desculpa, Thi. Mas você conseguiu incendiar a porra de um quarto fazendo omelete! Omelete! Oda daqui!

Ele saiu da cozinha de cabeça baixa e eu o puxei para um abraço, fazendo-o rir baixinho e beijar minha testa.

— Me perdoa?

— Claro que eu perdoo. Somos dois filhos de chocadeira, meu querido amigo. Saímos do mesmo buraco.

Ele riu alto e me abraçou de novo. Sentou-se na bancada e ficou me observando preparar o omelete. Cortei-o no meio, colocando metade em um prato pra ele. Abri a geladeira pegando um refrigerante com a etiqueta “Chloe”

— Mas é folgada que só, né. –disse Chlô, quando sentei-me ao seu lado na sala.

— Também te amo – disse, beijando a testa dela.

— Eu não te amo. Você é desprezível.

— Totalmente digna de pena – soltou Henrique, batendo em minha testa.

— Calem a boca, vocês dois.

Beberiquei o refrigerante e o ofereci pra Chloe.

— Não, estava guardando faz um tempo, nem sei se presta. Tá aí desde o dia em que vocês chegaram.

— Já tomei coisas muito piores no Brasil, minha gente.

Eles riram, mas era verdade. Tipo os salgados da escola. Provavelmente Bruna lembrou, devido a risada estridente que soltou.

— Aquela...

— É.

— Que nojo, Froidefonde – disse, fazendo careta.

— Eu jogava metade pra cima do Pie.

Pietro sempre me empurrava comidas nojentas e isso era recíproco. Era o pior irmão do mundo. Brigávamos por absolutamente tudo, e eu o amava tanto, mas tanto... E a cada briga à toa, isso crescia.

Flashback

— Amanda!

— Que foi, caralho?

— Fala isso de novo que eu conto pra mãe, cu.

E lá estava ele correndo atrás de mim. Eu havia quebrado a Judite, sua guitarra. É bom eu explicar que Judite é uma guitarra, senão vai que alguém pensa que eu quebrei a namorada do meu irmão ao meio.

Claro que eu não fiz aquilo de propósito, mas sinceramente, acha que ele ligava? Óbvio que não.

— A Judite, Amanda. Você quebrou a minha guitarra, sua...

— Olha lá como fala comigo.

— Você quebrou minha guitarra, caralho. Eu falo contigo do jeito que eu bem entender.

— Engole.

— Mas o quê?

Comida da mamãe. Aquilo era tóxico, só isso. Vivíamos com a comida da Nonna, nossa empregada. Mas sua filha havia ganhado bebê e mamãe estava cozinhando. Por isso comíamos na escola e na casa de amigos. Pra evitar  a torta de atum de mamãe. Aquela maldita torta que Pietro empurrava pra mim.

— Credo, Pietro!

— Come essa porra agora.

— Não!

Ele enfiou aquilo na minha boca e eu, quase vomitando, fiz o mesmo com ele. Quando percebemos, estávamos os dois quase morrendo, jogados ao lado de uma forma sem torta.

— Vocês comeram tudinho! – disse mamãe, entrando na cozinha e dando pulinhos – Eu vou fazer mais!

— Eu odeio você – sussurrei, encarando-o.

— A recíproca é plenamente verdadeira, pequenina – disse, sorrindo falso.

Flashback off.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Colégio Interno" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.