Skinny Love escrita por Momoi


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Não lembro quando fiz essa fic, mas tava procurando um capítulo perdido de "um belo rapaz" e acabei achando ela jogada e acho que até dá pra postar hahaha então aproveitem!!



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Não importa quanto um casal se ame algumas vezes eles são simplesmente incompatíveis. Eu sempre achei que precisasse de você para tudo. Sempre achei que te amaria por toda a eternidade, e não sei o que me fez mudar de idéia. Talvez tenha sido pela sua cara de deboche. Nada pior que ela acompanhada por aquele sorriso irônico. Ou a lembrança da sua voz alta me dizendo que eu perdoaria você apesar de qualquer coisa que fizesse. Que eu te acolheria em minha cama caso não tivesse arranjado companhia para aquela noite. Não que não fosse verdade. Eu sabia que era. Mas ouvir aquelas palavras serem cuspidas de forma tão fria e venenosa, me machucava.

Sabe... Eu realmente amava você. Eu estava mais que pronto para passar os restos dos meus dias ao seu lado, mesmo sabendo que não era correspondido. Estava pronto para amar por nós dois, estava muito mais do que pronto, já estava fazendo. Mas não importa o quão forte fosse meu amor, sentimentos pareciam não estar envolvidos em nossa relação.  Vi você se desesperar e sofrer e lhe acolhi em meus braços. Vi você me humilhar e me ignorar e mesmo assim continuei a desejar você. Continuei achando que você pertencia ao meu futuro, e que não importa o quão duro fosse, em alguma hora, você iria me amar.

Sentia-me feliz ao pensar que eu era o único de todos os seus amantes que você apresentou a sua casa, que conversava logo após nos amarmos ou que emprestava seu casaco nos dias frios. Por um momento pensei que realmente fosse amado, mas não de forma direta. Prendi-me a esse pensamento. Agarrei-me tão forte a ele, que pensei estar se tornando realidade. Mas nada havia de fato, melhorado. E essa revelação atingiu-me como uma bomba.

E então alguma coisa mudou. Sem porque e sem tempo definido. Apenas mudou. Eu abri a porta do meu apartamento e ao não te ver ali, eu não o senti tão vazio. Pensar que você estava com outro homem não me machucava tanto. E foi aí que consegui compreender. Havia nascido um amor muito maior do que aquele que devotei todos esses anos a você. Era mais forte e muito mais saudável. Eu havia finalmente conseguido e reparei que me amava muito mais do que nunca conseguiria amar um dia você. Ainda na porta e encarando a sala de estar, revi todos os momentos bons e ruins que passamos ali. Quando eu dei meu primeiro “basta” e voltei no dia seguinte só em saber que você havia ficado sozinho e bêbado. Ri sozinho ao pensar que era você para ser o “estou aqui quando precisar”, e não eu. Quando foi que trocamos de papel? Quando eu havia desistido de mim mesmo apenas para estar ao seu lado?

Tomei um bom banho com um humor que não existia em mim já fazia tempo. Botei minha melhor roupa e meu perfume preferido. Ouvi você chegando no momento que caminhava em direção a porta. Um perfume masculino diferente do meu invadiu e infestou o apartamento. Senti mais nojo ainda quando vi uma marca roxa em seu pescoço. A mesma na qual tinha certeza que não fora eu que fizera. Sorri.

- Boa noite - cumprimento educadamente, olho seu sorriso. Hoje percebo o quão superficial ele é. O mesmo pelo qual muitas vezes suspirei.

-Aonde vai? - A educação não foi recíproca.

-Sair. – respondo simplesmente.

-Para onde?

-Para onde você foi hoje? – Perguntei e me veio o silêncio. Vi seu sorriso de escárnio e senti vontade de rir de mim mesmo por um dia ter sido tão submisso a você.

-E desde quando isso importa? –Suas mãos buscaram a minha cintura, e me afastei.

-Nunca importou, de fato. – você sorriu ainda mais. –E a partir de hoje, também não importará para onde irei. Se me der licença, tem alguém me esperando.

Ouvi sua risada debochada. Sabia que estava pensando que seria como as outras vezes. Que eu sairia pela porta dizendo não voltar mais, e como um bom trouxa que eu era, tocaria a campainha no dia seguinte e ri internamente ao pensar na sua cara amanhã ao perceber que não aconteceria isso.

- E quem seria?

-Alguém que não lhe diz respeito. – tentei passar por ele, mas fui barrado por seu quadril encostando-se a porta. Não olhei para seu rosto, continuei focado no corredor.

- Está tentando resistir a mim? Até quando?

-Pela eternidade de preferência. Recentemente descobri que me amo muito.

Um sorriso debochado. Conheço-te o suficiente pra saber que é isso que tem no seu rosto agora, não preciso lhe encarar para saber. Em suas palavras fica nítido o escárnio.

-Eu sei que você me ama.

-Nunca neguei isso. – Sua expressão foi de confusão. Aproveitei-me do seu momento de distração e passei por você. Apertando o botão do elevador. Ouvi meu nome sendo gritado, e sabia que alguns vizinhos já estariam com a orelha encostada nas portas de sua casa para acompanhar a briga que se desenrolava ali.

-Não terminei de falar com você!

-Mas eu sim. E sinceramente não estou com vontade de saber o que você tem a dizer.

Vi nos seus olhos passarem raiva, medo e dúvida. Terminando no desespero assim que o elevador chegou. Abri a porta, mas sua voz mais uma vez me parou

-Sei que irá voltar. – Não digo nada. Apenas lhe direciono um olhar que dizia muitas coisas. Um pedido de desculpas por estar indo embora e não cuidar de você como havia prometido, um apelo para que me deixasse ir simplesmente, mas principalmente um adeus. Vi as lágrimas se formarem e pela primeira vez, não senti vontade de lhe acolher. Entrei no elevador e fechei a porta.

Se existiu amor? Com certeza. E agora sei que era recíproco. Mesmo que eu só tenha percebido no momento em que vi seus olhos assustados ao me ver dizendo adeus. Não sei se nós tínhamos um relacionamento ou se não havia nada. Só sei que a partir do momento que eu saí por aquela porta e entrado no elevador, alguma coisa tinha acabado. Dessa vez, pra sempre.


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