Titanic escrita por Emily di Angelo


Capítulo 7
Capítulo 6 - TOUR PELO NAVIO


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos Reviews, eles que me mantém escrevendo, mesmo que sejam poucos são muito especiais.

E obrigada especial à leitora Letícia Domingues que me fez ver que eu estava esquecendo os outros deuses e só me focando em Poseidon e Athena. Desculpem por isso, participação maior deles a partir deste capítulo

E muito obrigada a todos os que deixaram reviews (eu sei que já agradeci no começo, mas sempre é bom agradecer mais).

Brincando, brincando já é final de Julho e Outubro fica cada vez mais perto!!! Eu mal posso esperar para ler A Casa de Hades!

Agora o capítulo:



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12/04/1912 – Oceano Atlântico Norte

15:00 – Horário do Navio


THOMAS ANDREWS’ POV


Com minha prancheta na mão tomava nota de alguns valores dos mostradores da Ponte de Comando do Titanic. Estava muito feliz, estava tendo um resultado fantástico. Todos os problemas que tinha ocorrido no Olympic eu tinha conseguido resolver ou reduzir, a velocidade estava fantástica e nem todas as caldeiras estavam em funcionamento ainda.

O Oficial responsável pelo timão fez uma correção na rota.

–Tudo certo Sr. Andrews? – perguntou o Capitão.

–Tudo ótimo Sr. Smith! – exclamei com felicidade. O Capitão me puxou para um dos cantos da cabine.

–Sr. Andrews, o Sr. Ismay está me pressionando para colocar o Titanic em potência máxima, com todas as caldeiras acessas. É seguro fazer isso logo na primeira viagem do Titanic?

–Tecnicamente falando sim, Captain Smith. O navio é projetado para operar com todas as caldeiras ligadas. Mas eu gostaria de fazer uma visita ao porões para olhar como as caldeiras estão operando antes do senhor ordenar o funcionamento total.

–Claro, Claro. – respondeu, balançando afirmativamente a cabeça. – Quando poderá fazer esta visitação?

–Ainda hoje. Me procure no jantar que já te darei a resposta.

–Muito obrigado, Sr. Andrews. Agora, aproveite o seu navio...

O Capitão abriu um sorriso agradável, um suboficial chegou, trazendo uma xícara de chá para ele.

Eu me retirei da ponte, descendo logo para o deque da Primeira Classe. Logo à minha frente Afrodite e outras passageiras conversavam e comentavam algo sobre o almoço de hoje e o grande baile que estava programado para a noite do dia 15, o dia anterior a nossa chegada a Nova York.

Dei meia volta. Estava evitando a deusa do Amor desde que ela havia, claramente, dado em cima de mim. A última coisa que eu queria era ter um filho meio-sangue, já bastava eu de semideus na família.

Porém vindo em minha direção, discutindo com Poseidon (só para variar) estava minha mãe. E eu estava perdido, cercado por todos os lados. Só tinha uma saída.

Entrei na porta de acesso na Primeira Classe, desci a Grande Escadaria.

–Sr. Andrews, estava procurando pelo senhor! – fechei os olhos respirei fundo e me virei.

Lady Hera e Lorde Zeus estavam sentados em um sofá, perto do final da escada. A deusa do Casamento acenava para eu me aproximar, e foi o que fiz.

–Sr. Andrews, o senhor está nos devendo um tour pelo navio. Por favor, quando estiver disponível... – falou Lady Hera.

–Pode ser agora? – perguntei.

–Claro, deixe eu chamar os outros. – disse Zeus, ele virou para o lado e falou:

–Hermes! Hermes, venha cá.

O deus-mensageiro saiu não sei de onde e logo depois desapareceu levando a mensagem para todos os cantos do navio, convocando os deuses.

Logo todos os interessados apareceram. Ártemis, Hefesto, Deméter, Héstia, Perséfone, Poseidon e minha mãe.

–Onde estão os outros? – perguntou Zeus, parecendo um pouco furioso.

–Meu irmão deve estar assediando alguma camareira. – falou Ártemis, um pouco desgostosa.

–Você realmente achou que Afrodite ia largar as fofocadas com as outras passageiras para fazer um tour pelo navio? – perguntou Hefesto para o pai.

–Dionísio não larga Ariadne e nem a adega de vinhos.

–Meu esposo se encontra um pouco abatido – disse Perséfone, parecendo preocupada.

–Ele sempre fica assim quando você vem para o Mundo Superior. – reclamou Deméter.

–Não é por causa disso. Ele disse que está pressentindo que vai ter muito trabalho lá Mundo Inferior.

–Será que é a guerra? – perguntou Héstia, sempre preocupada com o bem-estar de todos.

Um clima tenso se instalou na sala, os deuses se entreolharam. Eu estava confuso.

–Que guerra? – perguntei enfim. Minha mãe me olhou sério, Poseidon escondeu uma risada e Hermes se encolheu.

–Assuntos olimpianos, semideus. – disse Zeus, agora visivelmente irritado. – Vamos logo com isso, temos que terminar antes da hora do Chá.

Levei estes ilustres passageiros através dos corredores do RMS Titanic.

–Senhores, creio que não preciso apresentá-los às zonas de convivência comum, certo?

Todos concordaram que não. Então, fui logo indo para os pontos de interesse do navio, com curiosidades e principalmente os detalhes que fizeram o Titanic ser considerado o navio mais luxuoso do mundo.

Passamos desde os banhos turcos até a moderna academia da Primeira Classe, que contava com aparelhos de última linha, incluindo um “cavalo-elétrico” e um aparelho de canoagem.

Descemos para os conveses inferiores através dos elevadores elétricos, os primeiros a serem instalados em um navio, para a utilização de passageiros.

–São três destes. – comentei, batendo de leve na lateral do elevador com as mãos. – Um na Segunda Classe e dois na Primeira.

Continuamos a visitação na piscina instalada no Deque F.

–Esta, senhores, é a novidade do Titanic. A maior piscina a bordo de um navio atualmente. Mede 10 m por 4,30. Foi um desafio colocar uma piscina deste tamanho em uma embarcação.

–Por que ela está vazia? – perguntou Perséfone.

–Não, ela não está vazia. Ela tem uma profundidade normal, de 1,80 m, porém, para a água não vazar suas laterais tem 3m de altura.

Uma pessoa se exercitava naquele momento. Nadava muito bem e rápido. O rapaz saiu da piscina em suas vestes de banho, pegou um roupão e foi para os vestiários, que ficavam logo atrás do grupo que me acompanhava. Para minha surpresa era Tobias. Poseidon se adiantou para saudar o filho.

–Parabéns meu filho! Está nadando de modo fenomenal. Rumo a segunda medalha de ouro este ano!

O rapaz ficou encabulado, e murmurou alguma coisa sobre se esforçar o máximo e outras coisas que não consegui entender. Ao meu lado, minha mãe ergueu os olhos, impaciente.

–Vamos Poseidon! Falta meia-hora para o Chá, temos que nos apressar. Hefesto só vai ficar satisfeito depois de visitarmos os motores.

O deus se afastou do filho e nós continuamos a nossa visitação. Passamos pelas quadras de squash e finalmente paramos em frente a uma porta onde estava escrito “Somente Tripulantes”.

–Por favor, aguardem um instante aqui, que eu vou falar com o Chefe dos Engenheiros.

Entrei, a porta dava em um passadiço de metal, abaixo de mim, dezenas de homens trabalhavam, fazendo os enormes motores do Titanic trabalharem. Observei os imensos pistões se movimentando. Não posso negar que fiquei com lágrimas nos olhos, era a primeira vez que descia até o motor desde os testes marítimos ocorridos no início do ano. Era como ver um filho seu aprendendo a andar.

–Sr. Andrews! – falou Joseph Bell, o Engenheiro-Chefe, vindo em minha direção. – Bem-Vindo ao coração do RMS Titanic.

–Obrigado, Sr. Bell. Tenho passageiros ali atrás da porta querendo fazer uma visitação aos motores.

A expressão dele ficou confusa.

–É um local muito perigoso, Sr. Andrews.

–Não para eles. – falei – Seu pai está ali atrás, impaciente. Ele só vai voltar ao deque da Primeira Classe depois de ver o trabalho do filho.

–Meu pai está a bordo?

–Ele e boa parte de seus parentes. Incluindo nesses, minha mãe.

–Mas, por quê?

–Pelo que entendi estão de férias e esta viagem foi ideia da adorável esposa de seu pai.

Lady Afrodite está no Titanic? – Sr. Bell, ficou pálido.

Confirmei com a cabeça.

–Mas não se preocupe, ela não está aqui embaixo. Só vieram alguns deles.

–Certo eles podem entrar. – falou, depois de pensar um pouco.

–Só mais uma coisa, vou precisar ir até as caldeiras. Preciso fazer uma verificação de última hora.

–Certo, deixe os deuses comigo, enquanto mostro para eles os motores meu assistente pode te levar até as caldeiras.

–Perfeito!

Fomos até a porta, onde apresentei os deuses ao Sr. Bell. Hefesto logo reconheceu seu filho, e junto com ele foi nos guiando pelas entranhas do meu navio.

Chegamos ao local onde o Engenheiro-Chefe comandava seus homens. Um daqueles indicadores de ação que tinham na Ponte de Comando, estava no centro do passadiço, indicando “Full Ahead”.

–Este indicador me mostra qual a vontade do Capitão. Até nossa parada na Irlanda estávamos operando com metade de nossa capacidade. Hoje somente algumas caldeiras ainda estão desligadas.

Fiz um sinal para Sr. Bell, imediatamente ele chamou o Suboficial de Engenharia para me acompanhar até as caldeiras.

–Terei que deixar os senhores por um instante, mas já volto para podermos subir para Deque Principal.

Os deuses consentiram e continuaram observando o funcionamento do motor do RMS Titanic. Junto com o Suboficial desci por uma pequena e apertada escada de metal lateral em caracol, até o nível mais baixo do navio, o “chão” do Titanic. Abaixo de nós somente o leito do Oceano Atlântico a alguns milhares de metros.

Engenheiros ágeis caminhavam de um lado para o outro, levando consigo latas de óleo para lubrificação das engrenagens e pistões, girando registros de controle de pressão, fazendo reparos de rotina e anotações de desempenho.

–Por aqui, Sr. Andrews. – falou o Suboficial.

–Eu sei Suboficial. Fui eu quem fez o navio. – falei divertido, abrindo um sorriso para o rapaz, que devia ter menos de 25 anos. Ele ficou um pouco encabulado com meu comentário, mas continuou me guiando por corredores intermináveis de metal até chegarmos à área das caldeiras.

O calor aumentou consideravelmente, os homens sujos de preto passavam carregando quilos e quilos de carvão, alimentando as caldeiras. Tudo era iluminado por um brilho alaranjado oriundos dos grandes fogaréus que forneciam a potência da máquina de vapor que impulsionava o Titanic para a América.

–Este é o responsável pelas caldeiras. – apontou para um homem que gritava ordens para alguns outros. – Hey, Harry, só um momento, por favor.

O tal Harry se aproximou um pouco irritado.

–O que foi? Você sabe que se eu parar o navio para. Então seja bem rápido.

Eu me surpreendi com a grosseria do tripulante.

–Harry, este é Thomas Andrews. Ele construiu o Titanic. Sr. Andrews gostaria de ver as caldeiras que estão desligadas.

A expressão do homem se suavizou um pouco. Ele limpou as mãos em um trapo sujo pendurado em sua bermuda, ou pelo menos tentou limpar, antes de estender a mão para mim.

–Desculpe por isso. – falou – Por aqui. As caldeiras desligadas são a 27, 28 e 29.

–Tiveram algum problema aqui embaixo?

–Só um princípio de incêndio na número 6, mas logo foi controlado e já estamos utilizando ela novamente.

Entrei nas caldeiras desligadas para fazer a verificação. Bati com a bengala aqui, ali. Escutei o eco. Chequei os rebites e junções. Tudo estava certo, diria ao comandante que ele poderia ligar as caldeiras, mas eu não recomendaria isso. Nunca é bom forçar uma máquina logo na primeira utilização. Nunca se sabe o que pode acontecer.

Passei pelas caldeiras em funcionamento para ver como estavam se comportando. Todas estavam muito bem, nenhuma parecia estar sendo forçada demais, as junções que eu olhei tinham sofrido a dilatação prevista.

–Tudo em ordem aqui embaixo. – falei.

–Muito obrigado Sr. Andrews. – falou o tripulante.

Voltei pelo mesmo caminho e subi a apertada escada. No momento em que parei na zona de comando o Sr.Bell voltava com os Deuses. Os olhos de Hefesto brilhavam, minha mãe parecia orgulhosa de mim e até Zeus parecia satisfeito.

–É impressionante como vocês, mortais, conseguem se virar sem o poder divino. – falou Hefesto. – Eu colocaria logo um motor de fusão de Bronze Celestial, ocuparia muito menos espaço é claro e poderiam carregar mais passageiros.

Antes que Hefesto começasse a dar uma explicação completa de como ele construiria o motor do Titanic eu chamei a atenção do grupo e falei:

–Faltam dez minutos para as cinco. É melhor começarmos a subir, pois o caminho até o Varandah Café é longo.

Todos então subiram apressados, pegamos o elevador elétrico e chegamos à Grande Escadaria exatamente no momento em que o ponteiro do relógio da escada virava, marcando cinco horas. Um toque harmonioso saiu dele, indicando a hora do Chá.

–Antes de terminar nossa visitação, só uma palavrinha sobre a Grande Escadaria. Eu sei que os senhores passam por ela todos os dias, desde o embarque, porém ela é o símbolo da luxuosidade deste navio e foi projetada pela grande arquiteta americana Mariette Chase. Ela mede 18 metros de altura e cinco de largura, é coberta de painéis de carvalho norueguês entalhados com detalhes renascentistas, ao estilo do grande mestre Grinling Gibbons. Logo acima se encontra esta belíssima cúpula de cristal e ferro fundido com discretos ornamentos homenageando os... – engoli seco nesta hora, tinha sido pego em uma grande armadilha. – homenageando os titãs da mitologia grega.

O estrago estava feito, Héstia se engasgou com ar, Hera assumiu um ar ultrajado, Deméter levou a mão à boca e minha mãe cobriu o rosto com vergonha. Zeus e Poseidon estavam profundamente irritados.

–Homenageando quem? – perguntou o deus dos mares, parecendo ainda ter alguma esperança de ter ouvido errado.

–Os Titãs. – falei novamente, porém mais claro desta vez.

–Que brincadeira de mau gosto! – falou Hera, com desprezo na voz.

–Este navio não poderia estar em meus domínios! – gritou Poseidon irado.

Minha mãe, como Deusa da Diplomacia, resolveu intervir.

–Senhores, vamos ter calma. Não vamos levar como ofensa pessoal. – falou.

–Se meu filho não estivesse a bordo este navio já estaria no fundo do atlântico!

–Como você pode renegar a própria origem e homenagear estes terríveis seres.

–Por favor, me escutem. Senhores, me escutem. – gritei em plenos pulmões. –Não fui eu que fiz a decoração do Titanic. Como falei eu só fiz a parte técnica. Toda a decoração foi feita por esta arquiteta que eu falei. Mariette Chase. Da mesma forma que os senhores foram homenageados no Olympic, os titãs foram homenageados no Titanic. E isso sem maldade nenhuma, porque até onde sei esta tal Mariette é mortal, não tem nenhuma ligação com vocês.

Os ânimos foram se acalmando. Poseidon pediu desculpas por ameaçar a integridade do navio, Zeus foi em direção ao café com Hera, resmungando que se Afrodite obrigasse que voltassem de navio, ele pediria para voltar no Olympic. Minha mãe disse que não era culpa minha, e que não era para me preocupar com os outros deuses. Sentei nos sofás próximos. Foi quando me lembrei que tinha que falar com o comandante.

=§=§=§=

–Está certo Sr. Andrews, mas terei de ligá-las. Sr. Ismay aumentou a pressão. Ele quer que cheguemos adiantados.

Falou o Capitão, depois que lhe dei a recomendação de não ligar as caldeiras.

–Mas ele está louco! – eu ia começar a argumentar, porém me contive – O Comandante aqui é o senhor, é o senhor que manda neste navio. Faça o que o você quiser.

Me retirei para minha cabine, trompetes anunciaram que faltavam uma hora para o jantar.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?

Espero que sim!!!

Continuem acompanhando.

bjus e até o próximo capítulo.



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