Em uma semana consegui me estabilizar. Voltei pra faculdade, continuei no meu estagio e consegui alguém para alugar a casa da minha mãe. Eu fui pro meu apartamento, diferente do que eu imaginava, ele estava inteiro. Nada tinha sido levado e a chave estava no lugar. Emma não tinha ido até lá, então ela planejou aqui tudo pra quê? Só para ter um brinquedinho novo no hospício? Não tinha outra explicação.
Ás vezes eu ainda pensava nela, sentia falta das nossas conversas e dos nossos beijos. Mas ai eu lembrava oque ela me fez e um ódio terrível me invadia. Nunca chorei por uma garota, nem mesmo por ela, mas estaria mentindo se dissesse que não a amo mais.

Em certa noite encontrei a detetive Carlie e fomos até um café conversar. Ela me disse tudo sobre o caso da minha mãe. Eles investigavam as contas dela há 4 meses e só precisavam de um pequeno deslize. Mas ela descobriu que alguém havia lhe denunciado e contratou alguns caras da pesada para dar fim no individuo. A pessoa se escondeu por um tempo, mas poucos dias antes de minha mãe ser presa, seus “capangas” deixaram a testemunha em coma. Não houve identificação do corpo, então estava no hospital como indigente. Seus ferimentos foram tão fortes que o corpo não aguentou e entrou em coma pelas pancadas na cabeça.
O cérebro não responde ao tratamento e talvez tenham que desligar os aparelhos, pois ninguém se responsabilizou pelo corpo ainda.
–Você vai visitar a sua mãe na prisão? – ela pergunta quando ficamos algum tempo em silêncio.
–Eu não sei, já pensei nisso, mas não estou pronta ainda.
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Quando tudo estava bem e eu estava totalmente animada porque o meu livro seria publicado. Isso mesmo, meu livro seria publicado. Eu mostrei os meus contos a minha professora e ela mostrou ao seu irmão que era dono de uma editora muito famosa. Havíamos marcado uma reunião e ele disse que adorou meus contos. Talvez até virasse um especial de TV, mas isso ainda iria demorar bastante.
Então, quando estava tudo indo bem eu recebo uma carta do departamento de policia querendo que eu vá até o hospital visitar o paciente que me tirou hospício, parece que ele estava começando a acordar.
Na tarde seguinte, depois da aula, fui ao hospital. Pedi informação a uma enfermeira bonitinha que eu vi passar e ela me acompanhou até o quarto, bem prestativa.
Dois policiais estavam na porta, esse cara deve ser realmente importante. Só me deixaram entrar depois de ligar para Carlie e confirmar a minha identidade. Se eu soubesse que me daria tanto trabalho nem tinha vindo. Mas como já estou aqui, vamos lá.

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Odeio hospital.
O cheiro que fica impregnado nas nossas roupas me dá enjoo. Mas nesses últimos dias eu passei todo o meu tempo livre nele. Não me aconteceu nada, eu estava muito bem. Quando eu vim aqui a pedido da detetive e reconheci o paciente que tinha acabado de sair do coma, eu não tive muita opção.
FLASHBACK ON
Naquela tarde linda em que eu vim para aqui ao invés de me divertir com os meus amigos, eu vi quem ficou na minha cabeça nesses últimos meses.
Minha ursinha deitada na cama de um hospital, ela que esteve em coma todo esse tempo, ela que me tirou daquele lugar horrível, ela que levou uma surra por conta da minha mãe. Todo esse tempo ela não havia me deixado, pelo contrario, esteve sempre me ajudando.
Quando a vi naquele estado foi impossível não chorar, me ajoelhei aos pés da cama e chorei compulsivamente até ela acordar.
Mesmo quando acordou horas mais tarde, eu não pude dizer nada, pois o soluço do meu choro me impedia. Então ela apenas me deixou deitar ao seu lado e chorar até dormir.
FLASHBACK OFF