Through Of Shadows escrita por Del Rey


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Prólogo em 3ª pessoa, os próximos capítulos serão no ponto de vista da protagonista que vocês conhecerão em breve.
Espero que gostem. Boa leitura.



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Região de Oregon, futura Portland — Abril, 1712.

O céu estava escuro. As nuvens pesadas anunciavam uma tempestade. As esculturais árvores que ali estavam há mais de cem anos, formavam uma sombria e silenciosa floresta. Podia-se ouvir apenas o farfalhar de folhas, causado por animais que tentavam se refugiar em um local seguro, e por um jovem. Uma figura tão sombria quanto aquele lugar. Suas vestes inteiramente negras estavam úmidas pela chuva que começara a cair naquela mesma hora. O que diferenciava eram apenas os fios loiros que insistiam em sobre cair em sua testa. Ele segurava com firmeza um embrulho, do qual protegia um bebê, em sono profundo.

A chuva era fraca, as árvores impediam que a tempestade alcançasse quem ali estava. Mas a neblina era densa, o que certamente não impediu o jovem de distinguir o limite entre a floresta e o seu mundo.

Poucos passos depois, chegara realmente onde desejara.

As grandes construções totalmente sem vida formavam uma cidade tão sombria quanto a floresta que percorrera há pouco. A chuva não chegara ali, afinal o clima naquele lugar era sempre o mesmo. Úmido e nublado.

O silêncio era quebrado apenas pelo uivo do vento, que sibilava por cada fresta possível.

Logo avistara o local onde vivera durante muito tempo. Tocou no batedor de metal cravado por duas cobras entrelaças, em um devaneio, pensara que nunca mais voltaria a vê-lo. Não depois do que pretendia fazer naquele mesmo dia.

Duas batidas foram o suficiente para que as duas cobras que até então estavam mortas, ganhassem vida e se remexessem, emitindo um "Shhh" quase imperceptível. A porta fora aberta ruidosamente, revelando uma garota ruiva que trajava um vestido simples, de um verde fosco.

— Henry! — a garota exclamou, com um certo tom de alívio. Não houve tempo para que ela pudesse perguntar sobre o sumiço de jovem Henry, apenas a imagem do bebê se remexendo nos braços do rapaz, fez com que ela perdesse a fala.

Ela colocou a cabeça para fora da casa, e olhou para os dois lados.

— Entre logo — ela ordenou, e Henry o fez. — Sabes o que Morganna fará com essa criança? — ela perguntou, fechando a porta.

— Não dê opiniões, Dara. Não nesse momento — Henry pediu em tom amigável. — Onde posso encontrá-la?

Dara o encarou por alguns segundos, tentando organizar todos os pensamentos sobre o fato de Henry estar segurando uma criança com aquele sangue nas veias.

— Na sala de estar — ela disse por fim.

Henry não esperou mais, e saiu em disparada para o lugar onde sua irmã estava.

Quando chegou lá, se deparou com Morgana conversando com um rapaz que ele identificou com um dos seguidores de Irion. Um membro da legião. Eles estavam sentados um de frente para o outro, separados apenas pela mesa de centro. O escritório estava parcialmente iluminado por dois candelabros. As vestes da irmã de Henry eram consideradas, na época, trajes de uma dama da alta sociedade. Um vestido preto com mangas e comprimento longo, que recaía em parte do pescoço dela. O espartilho parecia não incomodá-la mais, já que ela não aparentava desconforto. E para completar, o cabelo loiro estava preso em um coque, formando um simples penteado. Já o rapaz, bem, Henry resolvera não prestar muita atenção nele. Mas sabia que o mesmo trajava um terno, o que era típico para as pessoas daquela época.

— Henry — o homem saudou, assim que viu o jovem.

— Ora, se não é o meu querido irmão — Morganna observou Henry com um sorriso irônico, que logo foi substituído por uma expressão de insatisfação.

— Precisamos conversar — Henry disse.

— Acho que teremos de deixar nossa conversa para um outro momento, Denon — a jovem se levantou em sinal de que o seu acompanhante devesse ir embora.

— Talvez na próxima semana — Denon sugeriu — Ou na posterior — sugeriu mais uma vez, recebendo uma confirmação de Morganna.

— Espero vê-lo novamente, e assim, desfazer toda essa rivalidade entre nós, afinal, somos da mesma espécie. Não achas?

— Certamente que sim, minha senhora — Denon sorriu com uma certa intenção, que Henry não gostara nenhum pouco. — Deixáreis-vos conversar com seu irmão. Acompanha-me até a saída?

— Presumo que hoje não poderei acompanhá-lo — Morganna disse em uma falsa decepção. — Dara o acompanhará.

Denon pareceu realmente decepcionado, pois custou a ir embora. Assim que ele deixou a sala de estar, Morganna começou a andar pelo lugar, fazendo seus saltos fazerem um irritante "toc-toc".

— Mag...— Henry chamou sua irmã pelo apelido, o que fora um erro.

Ela ficou de costas para Henry, e segurou um vaso de vidro com firmeza.

— Não. Me. Chame. De Mag! — e com um movimento rápido, ela jogou o vaso em direção a seu irmão.

Por sorte não acertara, Henry desviara no momento exato.

— Morganna! Caso não tenhas percebido, estou com uma criança nos braços. Poderias tê-la machucado.

— Essa era a intenção, meu caro — ela sorriu com desprezo. — Tens noção do que acabou de fazer, seu inútil? Denon estava aqui! Ele viu a criança, sabes o que a legião pode fazer se por um acaso ela cair nas mãos deles?

— Eu não havia pensado nisso...

— Isso, Henry! — Morganna o interrompeu. — Quando pensastes antes de fazer algo? Nunca!

— Mag...

— Eu já disse para não me chamares de Mag! — ela exclamou ainda com mais raiva. Seus olhos que antes estava azuis tempestuosos ficaram na tonalidade do dourado. A sua cor original. Pois naquele momento ela não conseguira se conter.

— Deixe-o explicar como tudo aconteceu, Mag — Dara se materializou no sofá, com uma certa indiferença. — Caso ele não nos convença, matamos a criança. Simples assim.

— Dara! A intenção era que me ajudasse, não que piorasse tudo — Henry a repreendeu.

— Estou ajudando, Henry. Do meu jeito, mas estou — Dara opinou.

— Certo, conte-me como encontrou essa criança. E seja breve, quero matá-la antes que a legião resolva nos fazer uma visitinha — Morganna sentou-se no sofá e começou a esperar a história que Henry iria contar.

O jovem respirou fundo e começou a contar.

— A encontrei na casa de Ellie e...

— Um momento, o que fazias na casa daquela humana?

— Eu e ela... Nós... Iríamos fugir — Henry disse mais para ele mesmo do que para Morganna.

O que não impediu a garota de ouvir.

— Continue — ela ordenou, trincando os dentes.

— Fora tudo rápido demais, o plano era que eu, ela e a criança fugíssemos para longe... Mas eu cheguei tarde demais — Henry fez uma pausa e continuou. — Um dos servos... a matou. Havia sangue por toda a casa. O marido de Ellie também estava morto, a criança não havia sido percebida pelo servo, então não pensei em mais nada e a trouxe para cá.

Morganna observou o irmão por poucos segundos, ela sabia que sua raça não demonstrava sentimentos, mas ainda assim, Henry estava sofrendo com a perda da humana. Mas sua resposta fora rápida e seca.

— Devemos matar a criança.

— Mas, Morganna...

— Ela é a nossa destruição, Henry! Uma gota do sangue dela nas mãos de Denon e da legião, pode significar a nossa extinção, assim como a dos humanos — Morganna objetou.

— Mas ela também pode ser nossa salvação, pode significar o fim dessa guerra entre nossa raça — Henry insistiu.

Dara que até então estava quieta, tomou a criança de Henry e a pegou no colo. Os irmãos não perceberam muito esse movimento, pois estavam entretidos demais naquela discussão.

Enquanto a criança brincava com as mexas ruivas de Dara, uma névoa negra começou a serpentear por seu corpo. Tornando a cor de seus olhos quase sem vida.

— Dara! — Morganna exclamou vendo a amiga estática ainda segurando o bebê.

— A descendente dela — Dara vociferou, com uma voz que não era sua — O legado irá continuar para a próxima mulher dessa família, dessa vez não haverá escapatória... não... não haverá! Através das sombras ela irá ver, o caminho para viver ou perecer... Ela saberá na hora certa... é cedo... é cedo...— e sem dizer mais nada, Dara desmaiou, com a criança nos braços.

Morganna a socorreu, tentando acordá-la. A ruiva abriu os olhos, eles haviam retornado ao dourado comum, haviam ganhado vida novamente.

— Isso não foi uma profecia, certo? — Henry esperou uma confirmação.

— Sim e não. Só saberemos quando a tal descendente da escolhida nascer — Morganna respondeu. — Mas isso não vai acontecer, pois eu mesma irei destruir essa maldita criança humana!

— Não! — Henry pegou a criança antes que Morganna a pegasse.

— Ele quase destruiu Dara. Tens noção do que um projeto feminino disso pode fazer conosco? É claro que não tens! Não pensastes em nada, não é mesmo? — ela rosnou.

— Como eu disse, ele pode ser a nossa salvação, talvez demore anos e anos para que uma mulher apareça novamente na linhagem de Ellie, até lá, podemos escondê-lo da legião. Você quer paz entre a nossa raça, Mag. Eu sei disso.

Morganna suspirou, ela pensara em reclamar o irmão por tê-la chamado de Mag, mas não o fez. E por fim ela ajudou Dara se levantar do chão, e encarou o irmão, com imponência.

— Se conseguires que ele fique fora do meu caminho — ela sugeriu. Não foi preciso dizer mais nada. Henry saiu da sala com o bebê no colo.

Um menino que ele protegeria. E que defenderia todos os seus sucessores, até que a verdadeira escolhida nascesse. E ele faria isso por ela. Por sua amada. Apenas por Ellie.


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Notas finais do capítulo

Meio chato né? É, eu sei. Foi bem confuso, mas as coisas ficarão mais claras ao decorrer da fic ^^
Então gostaram? Caso não tenham gostado, paro a fic por aqui [: