– Como assim você mora aqui, seu quebrador de pulsos barato? - Eu perguntei.

– Acredite em mim, é pura coincidência ! Eu não moraria perto de você por livre e espontânea vontade ! - Ele disse, e eu dei um tapa na sua cabeça.

– Morar perto de mim é uma honra pra você, ser nojento. - Eu disse.

– Alguns podem discordar dessa opinião. O que você está fazendo aqui ? - Ele perguntou.

– Eu vim pedir pra você abaixar essa merda de música boa que tá me atrapalhando a descobrir se o Finn gosta da Jujuba ou da Marceline ! - Eu disse , e ele começou a rir. - Tá rindo do que, otário ? - Perguntei.

– Huh, nada. Só de você se descabelando toda por algo que não vai conseguir nunca... Eu só ouço música alta, e acredito que você não possa mudar isso. - Ele disse, e eu fiquei vermelha de raiva.

– E eu não sou obrigada a ficar ouvindo música alta vinte e quatro horas por dia. - Começei. - Além do mais, só tem lugar pra um de nós incomodar os vizinhos com música alta. E esse lugar me pertence. - Eu disse.

– Vamos ver... Eu proponho uma aposta. - Ele disse, e eu logo me senti atraída pela proposta.

– Continue, eu gosto de apostas. Sempre ganho todas elas. - Eu disse. Mentira. Eu não ganho nem jogo de par ou ímpar, mas isso não era preciso ele saber.

– Então vai gostar muito desta. Eu proponho uma partida no Guitar Hero. - Ele apontou o vídeo game. Se você ganhar, eu ouço música no volume que você quiser. Se eu ganhar, eu ouço música no volume que eu achar legal, e ganho o direito de conhecer a sua casa, o seu quarto, e passar uma tarde inteirinha com você. E é claro, você vai me dizer seu nome. Não que eu queira passar tempo com você, é mais pra te irritar mesmo.

- Mas não vale ! Assim eu fico em desvantagem ! - Apontei para o meu pulso quebrado.

- Você não era a sabe tudo ? A fodona ? Esse pulso quebrado vai te impedir ? - Ele disse, e eu bufei. Seria praticamente impossível ganhar com o pulso quebrado, mas eu tinha que tentar, ao menos para proteger a minha já inexistente honra. 

– Topadíssimo ! Percy Jackson, prepare - se pra perder pra uma garota. - Eu disse, estufando o peito. Era óbvio que eu iria perder.

Ele ligou o vídeo game, e nós pegamos as guitarras. Com dificuldade, encaixei a minha guitarra no corpo. Eu teria que contar com a minha mão esquerda agora, o que não era nada legal. A música escolhida foi Sweet Child O' Mine, dos Guns. Além de eu estar com o pulso quebrado, o filho da puta ainda escolhe uma música difícil pra mim. O jogo começou, e nós estavamos empatados. Mas a competição só começou mesmo, quando chegou a hora do solo do Slash. Slash seu lindo, não dava pra tocar um pouquinho menos difícil não ? Eu fui muito bem de início, ma logo me embolei. Eu quase não via os dedos de Percy, de tão rápidos que eles se movimentavam. E a cada vez que eu errava uma nota, o sorriso no rosto de Percy se alargava mais um pouco. Argh, que ódio ! A música acabou, e eu PERDI. Eu, EU , perdi. Não, fala sério. Não acredito que vou ter que aguentar esse mala no meu pé a tarde toda !

– Parece, que eu g... - Ele ia falar , mas eu o cortei.

– Não diga essa palavra ! - Eu disse, e ele sorriu.

– Ok, senhorita estressadita ! - Ele ria.

– Colega me desculpe a pergunta, mas como conseguiu acompanhar o Slash na guitarra ? Você fez macumba ou algo do tipo? - Eu perguntei, e ele abriu um sorriso.

– Graças a aquilo ali - Ele apontou para uma guitarra preta, encostada na parede. - Toco desde os sete anos.

– Ah cara, isso foi tão injusto ! - Eu disse.

– Injusto foi você invadir meu quarto e reclamar do volume da música. Bem, agora eu quero reivindicar meus diretos. Quero conhecer a sua casa. - Ele disse, e eu assenti.

– Ok, quanto mais rápido isso acontecer mais rápido eu me livro dessa coisa ! - Puxei ele pelo braço, e fui guiando - o até as escadas. Acabou que eu escorreguei no piso liso, e caímos os dois, novamentre ele em cima de mim.

– OUCH, meu pulso quebrado! - Eu gritei, e fiz uma expressão de dor. Até que uma voz interrompe.

– Na sala não, hein filho ! - O Dr. Jackson disse, e eu começei a corar.

– O que ? Como assim ? Eu odeio esse otário. - Eu disse, me levantando e jogando Percy no chão.

– Não odeie meu filho . - O Sr Jackson disse. - Odeie o cara que quebrou seu pulso. - Acho que ele tentou melhorar as coisas, mas não deu muito certo. Lançei meu melhor olhar "morre diabo" pra Percy, antes de falar.

– Tem razão, Doutor. Eu deveria odiar o cara que quebrou meu pulso. Ah, é, foi ELE que quebrou meu pulso ! - Eu disse.

– Vesh... - O Dr. Jackson disse. - Boa Sorte então, filho. Essa não parece ser das boazinhas.

– Não sou mesmo, doutor. Não sou MESMO. - Eu disse, caminhando em direção a porta. - Você vem ou não vem, boiola ? - Eu perguntei.

– Desculpe, mas a quem você está se referindo com esse termo? - Percy perguntou.

– E você não é o único boiola que eu estou vendo ? Vem logo ! - Eu disse, e o Dr. Jackson riu. .

– Meu Deus do céu, em que furada eu fui me meter... - Percy disse, e me seguiu.