Festim De Sangue: Espera, Frustração E Casamento escrita por MisuhoTita


Capítulo 2
O primeiro Baile




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A noite do baile em sua homenagem finalmente chegara, e, em seu quarto, Sir Integra Fairbrook Wingates Hellsing anda de um lado para o outro impaciente, olhando para o elegante vestido de gala estendido a sua cama, e que fora um presente de Sua Majestade em pessoa, para que ela pudesse usar naquela noite.

O vestido fora desenhado pela estilista particular de Sua Majestade, de tafetá vermelho e com um caimento bastante sensual, até demais, para o gosto de Integra. Um decote provocante no busto, onde o tecido é franzido com alças da espessura de um dedo, bastante justo na cintura, com uma saia longa e justa, audaciosa, um modelo que deixaria qualquer mulher louca para usá-lo, com exceção de Integra.

No chão, um scarpim do mesmo tecido vermelho do vestido, com um salto alto que Integra tem certeza que a deixará mais sensual do que ela nunca esteve na vida. E, para piorar ainda mais sua situação, Sua Majestade mandara um jogo de brincos, colar, pulseira e um diadema de ouro cravejados de rubis.

Usando um robe e com um charuto na boca, a loira encara irritada as vestes que terá de usar neste maldito baile em sua homenagem.

― Droga! – resmunga a Hellsing – Por que diabos tenho que usar essa coisa horrorosa ao invés de minhas roupas habituais?

Nisto, Seras Victoria se materializa na frente da líder da Ordem Real dos Cavaleiros Protestantes.

― Porque o baile é em sua homenagem, Lady Integra. – diz a vampira.

― Não ouse me chamar de Lady! – ordena a Hellsing – Eu sou Sir Integra Fairbrook Wingates Hellsing. Não sou uma Lady e nunca vou ser.

― Não, minha Lady. Esta noite, a senhora será uma lady, e vai ter a honra de usar este vestido maravilhoso! Quisera eu poder usar um modelo exclusivo feito pela estilista particular de Sua Majestade.

― Se gosta tanto dele pode usá-lo em meu lugar!

― Mestra, a baile é em sua homenagem! Não posso usar esse vestido maravilhoso em seu lugar, muito menos ir a um evento como esse! Vou estar do lado de fora esperando pela senhora.

― Não vou a este baile!

― Deixe de ser teimosa, Lady Integra! Sua Majestade a convidou e não pode faltar! E muito menos ir a um baile de gala usando um terno masculino! A senhora é uma dama! E esconde sua beleza, mas chegou a hora de mostrar toda a feminilidade por trás da sua fachada de roupas masculinas. Vou ajudar a senhora a se trocar.

― Quem você pensa que é para me dar ordens, vampira? A líder aqui sou eu!

― Se não quiser minha ajuda pode se arrumar sozinha, Sir Integra.

A Hellsing olha do vestido para a vampira furiosa, principalmente porque, odeia admitir, mas a vampira tem razão. Sua Majestade organizara este maldito baile em sua homenagem e, não pode simplesmente aparecer com roupas masculinas ou simplesmente não dar as caras. Gostando ou não, precisa comparecer a este maldito baile e, pior ainda, vestida como uma verdadeira dama.

― Ajude-me. – ordena a Hellsing.

― Sim, mestra! – Seras Victoria se coloca prontamente para ajudar sua senhora na transformação.

Sob os protestos intermináveis de Integra, Seras pacientemente ajuda a mulher a tirar o robe, colocar o vestido, fechando o zíper dele. E, com uma escova, começa a pentear delicadamente os longos e sedosos cabelos de sua senhora. Ajuda Integra a colocar os brincos, o colar, a pulseira e o diadema, enquanto a Hellsing coloca as luvas da mesma cor. Uma leve maquiagem no rosto de Integra a deixa com o rosto mais corado. A mulher se olha no espelho e quase não reconhece a transformação, o vermelho do vestido contrastando perfeitamente bem com seu tom de pele.

E o elegante vestido de gala a deixou extremamente sensual, como nunca antes havia ficado. Involuntariamente, se viu pensando nele, e em como iria gostar de acertar um tiro no vampiro, se ele aparecesse com um de seus comentários impertinentes.

― Faltam os sapatos, Lady Integra! – diz Seras Victoria, tirando a Hellsing de seus pensamentos e mostrando o belo scarpim.

Integra olha horrorizada para os sapatos que a vampira mostra para ela. De forma brusca, tira os malditos sapatos das mãos da policial e os olha como se eles fossem a coisa mais abominável do mundo.

― Não vou usar esta coisa horrorosa! – anuncia a Hellsing em tom decidido.

Seras Victoria olha para sua senhora horrorizada, pois o sapato pode ser tudo, menos horroroso.

― Minha mestra, como se atreve a chamar um sapato tão lindo de coisa horrorosa? – pergunta a policial.

― Se gosta tanto pode ficar com ele! – dispara Integra, atirando os sapatos na direção da vampira, que se esquiva facilmente.

A policial dá de ombros, sabendo o quão orgulhosa sua mestra é.

― Vamos começar a discussão toda de novo? – questiona a policial. – Vamos, Lady Integra, coloque os sapatos. Não pode ir ao baile descalça.

Sem escolha, a Hellsing calça os sapatos de salto alto, e, para se acalmar, ascende mais um charuto, para o horror de Seras Victoria.

― Lady Integra! – exclama a policial – Por tudo que é mais sagrado, mestra! Não pode ir a um baile de gala fumando charutos, isso não combina com uma dama!

― Agora você quer me mandar parar de fumar? Esqueceu de que quem manda aqui sou eu?

― Aí ai. Não é nada disso, mestra. Apenas de que esta noite a senhora será uma dama da alta sociedade inglesa, não convém que fume ou faça qualquer outra coisa das quais está acostumada a fazer. Vou ver se seu carro já chegou.

E, dizendo estas palavras, a vampira se desmaterializa, deixando a Hellsing sozinha no quarto. Sozinha, Integra se olha mais uma vez no espelho, a imagem refletida nem um pouco parecida com a mulher que é.

Queria muito que ele estivesse ali, para provavelmente zombar dela vestida como uma verdadeira dama, como provavelmente faria, ela atiraria nele, e se sentiria muito melhor...!

Apaga o charuto, o joga no chão e deixa o quarto, indo em direção a seu tormento.

 

 

*****

 

 

A noite corre solta no baile da rainha, e Integra Fairbrook Wingates Hellsing não aguenta mais o maldito baile, os sapatos, e toda a pompa de uma festa de grande glamour. A rainha convidara nobres não somente de toda a Grã Bretanha, mas também de alguns países vizinhos e aliados, todos os presentes ali para cortejá-la.

Tivera que dançar com praticamente todos os homens solteiros que estavam presentes neste maldito baile, e não gostara nem um pouco de ter que fazer isso. Para ela, era um pior que o outro, e não queria continuar com isso, não via a hora deste maldito baile acabar.

Com muito custo, consegue se livrar do último homem com quem estava dançando, do qual não se recorda nem ao menos do nome, e vai para uma das varandas do Palácio de Buckingham, onde se debruça sobre o parapeito, observando a lua cheia que brilha de forma majestosa no céu.

Inevitavelmente, começa a se lembrar do vampiro de quem era mestra, e que desapareceu há dois anos...! Por mais que se esforce para não pensar nele, às vezes é inevitável e quando se dá conta, o Nosferatu já domina seus pensamentos por completo.

Por mais que não queira, hora e outra seus pensamentos se voltam para o vampiro, que deixou um vazio enorme em sua vida...! Suas provocações, seus flertes...! Todas as tentativas de morder seu pescoço enquanto dormia...!

Gostava da vida que levava antes, quando a Hellsing estava na ativa, lutando todos os dias para proteger a Grã Bretanha dos vampiros...! Gostava de ser respeitada como quem era...! Isto, esta roupa, estes sapatos e todo este glamour que Sua Majestade está oferecendo não são para ela...! São para qualquer dama, menos para ela...!

Quando Alucard se foi, levou tudo com ele, incluindo a sua felicidade...! Porque agora, sem ele, e sem tudo o que ele levou com ele, sente que vive apenas uma meia vida, uma existência meio sem sentido, enquanto espera ele voltar.

Todos os dias, Seras Victoria lhe diz que Alucard voltará, mas, até agora, dois anos se passaram e o vampiro continua desaparecido. E, para a policial é fácil falar, pois ela é uma vampira, uma imortal que pode passar a eternidade esperando por Alucard. Ao contrário dela, que é uma mera mortal e envelhece a cada dia que passa, mesmo que não se perceba.

Continua por um tempo olhando para a lua cheia, querendo a todo custo atrasar o momento de retornar para aquele maldito salão e para todos os seus pretendentes. Mas, sabe que não pode ficar ali o baile todo, afinal, querendo ou não, esta maldita noite é em sua homenagem e, seu sexto sentido lhe diz que, infelizmente, esta será apenas a primeira de muitas outras que virão pela frente.

E, após uma hora sozinha com seus pensamentos no parapeito daquela varanda, decide que é hora de voltar ao salão e encarar o fim daquela maldita festa. Afinal de contas ainda é uma Hellsing, e os Hellsing não fogem de uma batalha.

Retorna ao salão principal do baile para mais uma rodada de danças com os homens solteiros do recinto, e, para Integra, um é mais entediante que o outro, todos eles, a Hellsing tem quase certeza, interessados no poder de sua família e organização.

Finalmente a maldita noite chegara ao fim, e com ela, o interminável baile. Dançara com todos os homens, com exceção de um, que tinha intensos olhos verdes, e desviava propositalmente o olhar toda vez que ele via que ela estava olhando para ele.

No meio da madrugada, o baile chega ao fim, e Integra deixa o Palácio de Buckingham e se dirige para seu carro, onde Seras Victoria a espera.

― Como foi à noite, mestra? – pergunta a vampira.

― Horrível. – responde a Hellsing – E estou feliz por ela finalmente ter chegado ao fim.


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