Sedução Da Noite escrita por Leelan Schaffer


Capítulo 24
Um discurso bêbado, mas um discurso sincero!


Notas iniciais do capítulo

If I wrote you a symphony,
Just to say how much you mean to me
(What would you do?)
If I told you you were beautiful
Would you date me on the regular
(Tell me, would you?)
— Justin Timberlake



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A casa de Brittany era tão grande quanto ela havia prometido. Eram dois andares imponentes com um gramado verde muito bem cuidado decorando a frente, onde agora jaziam copos vermelhos descartáveis, bitucas de cigarro e todo tipo de lixo que você só vê em festas de fraternidades. O tipo de lixo que faz os empregados ficarem completamente fulos da vida ao ter que juntar no dia seguinte.

Alexya entrou na casa, seguindo a batida pulsante da musica. Ela não sabia se as meninas haviam adicionado mais caixas de som, mas a musica estava alta o suficiente para abafar os pensamentos e fazer com que ela tivesse que se inclinar e gritar para tentar ser ouvida.

Alexya encontrou uma das lideres de torcida, Elena, escorada na base da escada que levava para o segundo andar. Em sua mão, um copo de chopp. Agarrado atrás dela, alisando seu corpo escultural, um dos caras do time de futebol. Típico.

– Você sabe onde a Melanie está? – Alexya gritou para tentar ser ouvida pela garota, mas apenas recebeu um franzir de sobrancelhas indicando que ela não conseguiu entender o que Alexya havia dito.

– Melanie? - Alexya tentou novamente, dessa vez gritando mais alto.

Um brilho de reconhecimento cruzou o rosto da menina e ela apontou para o fundo da casa. Alexya assentiu novamente e se moveu através dos corpos suados que se moviam, dançavam, conversavam e se pegavam ao redor dela.

Alexya atravessou as portas para os fundos da casa e se viu cercada por mais corpos e copos, todos presos em seus próprios pensamentos e interesses.

No canto direito, Melanie plantava bananeira em cima de um dos muitos barris de chopp, bebendo de ponta cabeça enquanto as pessoas ao seu redor cantavam seu tempo.

– 10,11,12,13,14... Quinze! – Melanie desceu do barril, seus pés tocando o chão.

Alexya se moveu rapidamente para perto da amiga, chegando a tempo de segurar seus braços para que ela não caísse. Melanie tinha um sorriso embriagado no rosto e parecia incrivelmente relaxada.

– A nossa capitã! – Ela berrou.

Alexya sacudiu a cabeça em sinal de advertência para Melanie, mas a amiga já estava alcoolizada.

Melanie subiu em cima do barril e fez sinal para que alguém – Sarah, talvez? – desse uma pausa na musica. Algumas das pessoas olharam ao redor buscando o motivo da falta de som e alguns múrmuros de indignação começaram. Sem se abalar, ela levou o polegar e o indicador aos lábios e soltou um assovio alto que fez com que todos se calassem.

– Eu tenho algumas palavras pra vocês. – Melanie gritou. As palavras saiam meio enroladas dos lábios de Melanie, comprovando que Alexya estava certa. Ela já estava bêbada.

– Todos vocês foram convidados aqui hoje para comemorar a eleição da nova capitã das Wolf’s. - As lideres de torcida bateram palmas três vezes em perfeita harmonia e arranharam o ar com suas garras imaginárias enquanto gritavam “Wolf’s”. Alexya só encarava Melanie enquanto segurava o braço da amiga para dar equilíbrio. - Pra maioria de vocês, isso é insignificante. Tendo festa, o resto que se foda. – Melanie fez uma careta de desgosto. – Mas para mim e para as garotas do time, isso é uma grande coisa. Escolher a capitã certa é algo extremamente difícil e muito, muito necessário. – Ela tomou um fôlego. – Eu tenho orgulho de apresentar a vocês, minha melhor amiga, uma garota inteligente, alegre, cheia de vida, linda e que vai nos levar a vitória de todas as competições que aparecerem... – Melanie olhou em cada rosto da multidão, criando suspense. – A nova capitã das Wolf’s! Alexya Steven!

Melanie prendeu os dedos ao redor do pulso de Alexya e ergueu o braço dela no ar como um juiz de Boxe faz com o campeão da luta. Todos começaram a aplaudir, gritar, assoviar e Alexya queria apenas virar os olhos para tudo aquilo e pegar sua própria bebida, mas sabia que aquilo era necessário para Melanie. Ela via Alexya como uma heroína, e queria que os outros a vissem assim também.

Alexya deu um puxão no braço de Melanie e tirou a amiga de cima do barril. Alguém ligou a musica novamente e todos voltaram a fazer o que estavam fazendo antes do “show”. Ótimo.

– Parabéns amiga! – Melanie jogou os braços ao redor do pescoço de Alexya e se pendurou sem jeito como só uma mulher bêbada consegue.

– Hey Melanie, ta tentando roubar minha namorada? – Josh perguntou atrás de Melanie.

Seus lábios estavam contorcidos em um sorriso e seus olhos prendiam os de Alexya como se ela fosse a única mulher no mundo, ou ao menos a única que valia a pena.

Melanie se desenroscou de Alexya para olhar para Josh e seus pés pisaram em falso fazendo com que ela balançasse bebadamente para o lado novamente. Alexya a segurou.

– Hey Romeu. – Melanie gracejou. – Eu estava apenas protegendo sua garota dos olhares cobiçosos desses caras. Fazendo meu papel de guarda costas, sabe como é...

Alexya virou os olhos para a desculpa de Melanie e o sorriso de Josh cresceu mais.

– Sim, claro. Mas agora eu estou aqui, certo? Eu cuido dela. – Ele disse, se movendo até Alexya.

– Eu não sei... – Melanie olhou para ele. – Você não me parece muito capaz de proteger a garota bonita.

Josh jogou a cabeça em uma gargalhada que parecia até infantil de tão pura. Melanie franziu o cenho. Ao que parece, ela estava falando sério.

– Você se acha mais forte que eu, Melanie? – Ele perguntou a ela, provocando.

Alexya lhe lançou um olhar que dizia “para com isso, ela ta bêbada.”

– Claro. Olha esses músculos! – Ela levantou seu braço em uma tentativa de mostrar os bíceps que não possuía. Alexya começou a rir.

– Certo, mulher maravilha. Que tal você ir buscar um refrigerante? Acho que deu de álcool pra você por hoje. – Alexya disse, virando Melanie em direção a cozinha.

– Mulher maravilha, gostei disso... – Melanie disse debilmente. – Ela tem super poderes né?

– Sim. Vários. E um deles é de obedecer sua melhor amiga. – Alexya concordou.

– Ah, okay então. Indo pra cozinha buscar algo que contenha álcool... – Melanie murmurou enquanto saia.

Alexya apenas balançou a cabeça consternada. Melanie era muito teimosa para aceitar que já tinha bebido o suficiente.

– Você está linda. – Josh disse no ouvido de Alexya, fazendo com que sua pele se arrepiasse de uma forma boa.

Alexya sorriu para ele enquanto colocava os braços ao redor do pescoço do namorado, de uma forma muito mais graciosa do que Melanie havia feito com ela.

– Você também não está mal. – Ela inclinou a cabeça para o lado o avaliando. – Eu poderia olhar pra você por um momento ou dois.

Josh sorriu aquele sorriso lindo pra ela e Alexya sentiu seu coração bater mais forte.

Deus, por que ele tem que ser tão lindo?

– Que tal, pra vida toda? – Josh perguntou enquanto beijava o pescoço de Alexya.

Ela reprimiu um arrepio. Bom Deus, o que eu estou fazendo?

– Enquanto você conseguir me aturar, quem sabe... – Ela deu de ombros.

– Se você parar de roncar a noite, eu te peço em casamento. – Ele brincou.

Alexya olhou feio pra ele. – Roncar?

Josh assentiu sorrindo, em seguida inclinou sua cabeça para trás com os olhos fechados e soltou um barulho de ronco por entre os lábios.

Alexya deu um tapa no ombro de Josh, e ele olhou para ela e riu com gosto.

– Eu não ronco! – Ela fez beicinho.

Josh rindo, balançou a cabeça. – Não, eu não poderia chamar aquilo de ronco... É mais como uma britadeira trabalhando...

A boca de Alexya se abriu formando um “O” perfeito e Josh só fazia rir mais e mais.

Ele só pode estar de sacanagem!

Melanie vinha cambaleante de dentro da cozinha e Alexya a puxou pelo braço até onde Josh gargalhava da expressão dela.

– Wow, devagar garota. Não estamos desperdiçando álcool, lembra? – Melanie resmungou, tentando controlar o copo em sua mão.

– Melanie, eu ronco? – Alexya disparou para sua amiga.

Melanie havia dormido na casa de Alexya desde que elas eram duas pirralhas adolescentes, e se Alexya realmente roncava, Melanie saberia.

Alexya olhava de forma inquisitiva para Melanie esperando que a amiga negasse, dissesse algo como “de onde você tirou isso? É claro que não!” e então ela poderia lançar um olhar fulminante a Josh por brincar com uma coisa dessas.

– Ronca. – Melanie concordou com a cabeça. – Tipo, muito. Parece um trator de lavoura.

Alexya olhava chocada para Melanie enquanto sentia suas bochechas queimarem loucamente. Do seu lado, Josh gargalhava e Alexya estava surpresa de ele ainda não estar rolando no chão enquanto ria.

– Ta falando sério? – Alexya perguntou chocada.

– Uhum. Pensei que você já soubesse. – Melanie olhou para ela confusa.

Bem, ela não fazia idéia.

Meu Deus faz o chão se abrir e me engole! Merda, queria poder ficar invisível agora... Que vergonha, Senhor!

– Eu, hum, tenho que ir... – Melanie se afastou lançando um olhar solidário em direção a Alexya.

Traidora.

– Hey, se vai fazer você se sentir melhor, minha mãe também ronca. – Josh disse a ela, fazendo com que ela se virasse para encará-lo.

– Sério? – Ela perguntou esperançosa.

– Sério. - Ele sorriu. – Não é grande coisa. E eu casaria com você mesmo se você roncasse até quando estivesse velhinha.

Seu coração se amoleceu.

– Duvido, mas tudo bem. Você poderia pegar uma bebida pra mim? – Alexya precisava de um tempo pra pensar.

– Claro. Chopp? – Ele perguntou.

– Pode ser. – Ela concordou com a cabeça. – Mas de preferência, gelado. Chopp morno é como mijo de gato.

Josh riu. – Ta bom, vou ver o que eu posso fazer.

Alexya acompanhou Josh com os olhos enquanto ele se afastava, e seus olhos se prenderam em Kyle, que conversava com Melanie.

Ele acenou com a cabeça somente o suficiente para ela notar que a estava cumprimentando a distância e seus olhos brilhavam com diversão.

Por um momento Alexya sentiu que Kyle a olhava como alguém que sabe de algo que vai acontecer e está só esperando pela hora do Show.

Ela até pensou em ir até lá e perguntar a ele o que ele sabia, mas Josh chegou até ela com seu chopp e ela resolveu deixar pra lá.

Certamente nada de muito ruim poderia acontecer naquela noite, certo?

Ao menos, era o que ela esperava.


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Notas finais do capítulo

Meu Pai amado, roncar? Tipo, normal, mas tão embaraçoso!