POV Annabeth

Pela manhã, conheci o Duque Felipe, que passeou comigo pelo castelo. Ele era muito bonito, e gentil, mas não consegui deixar de pensar no Percy. No café da manhã eu quase vomitei vendo aquela piriguete de quinta categoria dando em cima dele. O pior é que a menina é tão bonita quanto Piper, uma exímea filha de Afrodite. E ela sabia muito bem como lidar com seus atributos. Argh.

A tarde, Piper me chamou.

- Annie, você tem que dar um jeito de Percy se lembrar de você.

- Eu tentei, mas ele me olha como se eu fosse louca.

- Então você vai reconquistá-lo. – ela disse.

- Como?

- Oras, como você o conquistou da primeira vez? – ela perguntou.

- Não sei... Eu nunca fiz nada para conquistá-lo. – eu dei de ombros.

- Own, que fofa – ela apertou as minhas bochechas – Mas agora há um problema.

- Aquela sua irmãzinha piriguete, que não larga do pé dele.

- Isso. E ele... – Piper parou e depois retomou – Ele não pode gostar de você com outra no pé dele. Você precisa se esforçar!

Piper me deu algumas aulas de Como Reconquistar Seu Príncipe Cabeça De Alga. Depois do almoço iríamos cavalgar, e eu talvez tivesse uma chance. No almoço, porém, ele ficou tão entretido com Stephanie, que eu mal toquei na comida, embora meu estômago reclamasse. A única parte boa foi o Duque Felipe, que me distraiu um pouco.

Quando terminamos e Grover perguntou dos cavalos, Stephanie lembrou que tinha uma prova de vestidos a tarde toda, mas nos liberou para cavalgar. Grover enturmou Percy e montamos nos cavalos. Tive um pouco de tontura, mas deixei para lá. O castelo tinha uma saída lateral para um campo enorme, com uma floresta mais a leste. Fomos indo para lá, e enquanto isso, Piper, Jason e Grover deram um jeito de afastar Felipe de mim. Quando estávamos na boca da floresta, o céu começou a fechar e logo ficou muito escuro. Continuamos cavalgando, e entramos na floresta.

- Você é boa com cavalos – Percy fez seu cavalo negro trotar no mesmo ritmo do meu.

- Aprendi com... – eu ia dizer “você” – O melhor cavaleiro do Acampamento.

- Ah, mas esse seria eu. – ele brincou, mas eu não achei a menor graça.

- Então, você é filha de quem?

- Atena.

- Eu sou filho de...

- Poseidon, é eu sei. – fiz meu cavalo ir mais rápido, mas Percy me acompanhou.

Eu queria reconquistá-lo, mas estava tão magoada que não conseguia lembrar as lições que Piper me passou mais cedo. A tontura voltou.

- Você fica bem de azul. Gosto de azul. – ele se embolou nas palavras.

Eu sorri.

- Quer dizer, eu diria com certeza que você é filha de Afrodite, mas...

- Mas não sou igual a Stephanie. – deduzi.

- Aham. – ele passou a mão nos cabelos, e suspirou.

- Ela é sua namorada? – a pergunta quase intalou na minha garganta.

Percy ficou vermelho igual a um tomate. Olhou para mim e para seu cavalo repetidas vezes, até decidir o que ia falar.

- Eu não sei. – ele quase gaguejou.

Não sei? NÃO SEI? O que isso queria dizer? O que o levava à dúvida? Por que ainda não havia se decidido? Eles tinham se beijado? Meu cavalo se agitou.

- E você?

- Eu o quê? – fui seca e continuei olhando para frente.

- Tem namorado? Porque parece que o Duque está muito interessado.

Tentei encarar Percy, mas a tontura não deixou.  Ele conseguia me magoar cada vez mais.

- Não, eu não tenho namorado! – eu me exaltei – Ou seja, sou livre e desempedida para ficar com quem eu quiser, mas não quero porque estou tentando reconquistar o meu...

Não consegui terminar a frase. Comecei a tremer, e fiquei sem saber se era de raiva ou frio. Senti algumas gotas caindo e olhei para o céu, mas me desequilibrei com uma tontura forte. O mundo rodou, e a única coisa que me salvou foram as rédeas do cavalo. Ele se assustou com meu puxão e disparou.

- Annabeth! – Percy gritou. Ele havia gritado “Annabeth”? Com certeza era loucura minha.

Tentei puxar as rédeas num movimento que diminuísse a velocidade do cavalo, mas ele não me obedeceu. Estava assustado, e só Poseidon sabia quando ele iria parar. Comecei a enxergar embaçado.

- Anastácia! – Percy emparelhou seu cavalo com o meu – Puxe assim.

Tentei, mas estava sem forças. Minhas mãos e meus pés começaram a formigar, e comecei a enxergar pontos pretos. Eu mal conseguia ouvir Percy.

 - Não caia! – ele gritou – Não caia agora!

Percy manobrou seu cavalo de forma que impedisse que o meu continuasse disparado. O cavalo dele entrou na frente, e foi diminuindo a velocidade. Meu cavalo acompanhou até pararmos. Eu estava tendo espasmos e estava suando frio. Percy falou alguma coisa enquanto descia de seu cavalo, mas tudo ficou escuro...

Senti que estava caindo, mas algo me segurou. Eu já estava bem molhada, a chuva estava piorando. O mal estar era terrível, eu queria desmaiar logo e parar de sentir aquilo. Talvez fosse maluquice minha, mas me senti envolvida pela água, como se estivesse entrado em um rio e logo comecei a melhorar. Abri os olhos.

- Está me ouvindo? – Percy perguntou.

Estávamos dentro de uma pequena caverna, que nos abrigava da chuva. Percy estava sentado ao meu lado, completamente molhado, com o corpo inclinado sobre mim.

Abri a boca para responder, mas o frio não deixou, meus dentes estavam batendo. Agora não era frio de pressão baixa, era frio de estar molhada e de a temperatura ter abaixado muito de uma hora pra outra.

- Não fica com medo, tá? – ele me levantou e me sentou encostada na parede da caverna – Você estava passando mal, eu usei a água pra te curar. Faz quanto tempo que você não come?

Eu realmente não lembrava. Não havia almoçado no dia anterior, nem jantado. E hoje tinha perdido o apetite no café da manhã, e no almoço também.

- N-não le-lembro-bro. – eu quase mordi a língua involuntariamente.

- Não tenho nada para você comer, mas se quiser se esquentar eu posso te dar a minha camisa e... – ele começou a falar, mas o interrompi e me aninhei em seu corpo.

Percy ficou alguns instantes imóvel e quando eu estava me arrependendo e começando a me afastar, ele se mexeu, melhorou a nossa posição e me envolveu completamente em seus braços, tronco e pernas.