Alvo Potter E O Mensageiro De Boráth escrita por Amanda Rocha


Capítulo 7
O Novo Tiago


Notas iniciais do capítulo

Demorei, I know... Mas o pc tá ruim né, fazer o que... *Flashback on* ~imaginem uma voz de Kingsley aqui~ No capítulo anterior, Alvo passou de louco para o Novo Valentão, Scorpius apanhou, Tiago é o novo monitor certinho e a Dominique é uma bitch. Hugo e Lilí estão na Grifinória, assim como Natalie Dursley. E foi isso o que você perdeu em Alvo Potter e o Mensageiro de Boráth. *Flashback off*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/368067/chapter/7

Carlos o olhou incrédulo.

-Quem é você? –perguntou.

Alvo sorriu e disse:

-Eu sou o Novo Tiago!

O amigo piscou os olhos e antes que pudesse dizer alguma coisa, Alvo se adiantara:

-Desculpe, mas está no meu sangue ser assim. A culpa não é minha se eu sou o novo valentão e você é só mais um idiota que apanha do Scorpius. Eu mudei, Carlos, seu lugar não é mais comigo.

Carlos parecia que ia lhe dar um soco, mas em vez disso se levantou e, antes de ir embora, disse:

-É... Tem razão, meu lugar não é com você. Você realmente mudou.

E foi embora deixando Alvo ali. Levou alguns minutos para ele perceber o que tinha acontecido. Como ele se transformara naquilo? Aquele não era ele. Carlos era seu melhor amigo e estava simplesmente indo embora por causa de uma burrice que Alvo fez. Como aquilo foi acontecer?

Tudo começou na manhã seguinte ao dia em que chegaram a Hogwarts. Alvo levantou-se normalmente. Dennis e Jordan, que estavam conversando ainda na cama, pararam imediatamente e lançaram um olhar estranho a Alvo, um misto de medo e desprezo.

- Está tudo bem? – Alvo perguntou aos dois.

Os colegas trocaram olhares furtivos antes de responderem.

- Não fale conosco. – Jordan respondeu, olhando para baixo. – Não queremos que pensem que somos loucos como você.

- Eu não... –o garoto ia responder, mas Carlos balançou a cabeça.

- Vem, Al. – disse o amigo, o puxando pelo braço. – Deixa eles aí.

Os dois desceram a escada em espiral para a sala comunal da Grifinória. Lilí veio correndo junto com Hugo.

-Você precisa ver isso. –ela apontou para Tiago.

Alvo esfregou os olhos quando viu. Não podia ser. O irmão havia penteado o cabelo cuidadosamente para trás e estava sentado na poltrona em frente à lareira lendo. Daniella e Matt também pareciam ter notado a mudança de comportamento do amigo, pois os dois que estavam sentados ao lado de Tiago, trocavam olhares furtivos de vez em quando.

-Ele está...? –Alvo perguntou.

-Eu sei, é incrível! – Lilí respondeu.

-E não é só isso. –Hugo continuou. –Mais cedo ele até cumprimentou o Malfoy! E não bateu em ninguém ainda!

Alvo olhou incrédulo para os dois.

-Tem certeza que aquele é mesmo o seu irmão? – Carlos perguntou.

-Pelo visto, a Claepwack deve estar feliz. – respondeu Rosa, que havia acabado de chegar do dormitório feminino. – Conseguiu o que queria, Tiago realmente mudou o comportamento quando ganhou um cargo importante...

Alvo achou aquilo muito estranho. Achou que o jeito certinho não iria durar muito. Ele não iria interferir naquilo, claro, não podia reclamar, um Tiago certinho não era algo que se via todos os dias, ele precisava aproveitar. O problema era Matt...

-Ele não é assim!  - o garoto veio lhe dizer, no intervalo entre a primeira e a segunda aula do dia. – Olha lá, ele está andando com o pessoal da Lufa-lufa! Da Lufa-lufa, Al!

Alvo sabia que aquilo era um mau sinal. Tiago tinha uma política de amigos em Hogwarts. Na sua lista de pessoas dignas de serem amigos dele, Lufa-lufa só estava na frente da Sonserina porque ele mantinha um terrível ódio por Joshua Mocker e sua turma. Lufa-lufa tinha uma fama de só ter idiotas, o que fazia Tiago manter meio metro de distância de todos os alunos da Casa.

- Tem certeza que quer fazer isso? – Alvo perguntou. – Se ele voltar ao normal, nunca mais vai ser certinho de novo, esse tipo de coisa só acontece uma vez na vida.

Matt olhou novamente para o amigo que estava discutindo sobre um livro com os lufanos.

- Com certeza. – respondeu.

- Bom, vai ser uma pena... Mamãe vem tentando fazer ele ficar certinho há quinze anos e quando ele finalmente fica, você quer trazê-lo ao normal de novo.

Mas foi somente na hora do almoço que Alvo viu que a coisa estava feia. Ele estava vindo da última aula da manhã junto com Carlos e Rosa e viram um rebuliço no Saguão de Entrada.

- O que está acontecendo? –perguntou Rosa.

Alvo olhou para trás e viu que Scorpius não estava no meio dos alunos.

- Tenho um mau pressentimento... – ele respondeu.

Os três desceram. Alvo acertara em cheio. Scorpius tinha a mania de fazer comentários hostis sobre alunos novos, porque os antigos eram maiores que ele, o que significava que nem mesmo Marcel e Valéria, que eram dois brutamontes, podiam defendê-lo. Dessa vez, os dois calouros que estavam passando pelo julgamento de Malfoy eram – e Alvo sentiu o sangue ferver ao ver quem – Hugo e Lilí.

Ele trocou olhares com Rosa antes de se aproximar mais.

- E esse cabelo vermelho? Cara, vocês ficaram no sol tempo de mais ou...? – Scorpius dizia, rindo e passando a mão pelos cabelos ruivos dos dois enquanto andava em círculos. – E que trapo é esse que você está vestindo?

Hugo, que vestia um suéter Weasley, corou violentamente, as orelhas mais vermelhas que o próprio cabelo.

- Presente da minha avó. – ele murmurou numa espécie de rugido fraco.

Marcel forçou uma risada.

- Ah, claro... E a querida Potter, é verdade que seu pai tem uma deficiência mental?

- Meu irmão vai te dar uma surra! Bate nele, Tiago! – a ruivinha incentivou.

Imediatamente, os irmãos Jofrey e mais alguns alunos da Sonserina se colocaram à frente de Scorpius.

- Seu irmão não é mais o mesmo, pirralha! – riu Joshua. – Ele perdeu o trono de valentão pro Alvo, não foi?

- Para o Al? – Hugo surpreendeu-se. – Tem certeza?

- Não importa, meu irmão é mais valente, ele bate em qualquer um! – Lilí gabou-se.

Tiago, cujos cabelos penteados o deixavam quase irreconhecível, olhou para baixo e murmurou:

-Eh... Lilí, é melhor você... Não dar bola.

Alvo olhou incrédulo para aquilo. Tiago dispensando uma briga quando podia se safar com a desculpa de estar defendendo a irmã e o primo?

- Espera, é isso mesmo? – Scorpius sorriu. – O Potter está mesmo com medo? E eu que achei que não viveria para ver esse dia!

Lilí olhou incrédula para Tiago. Joshua saiu do meio do bolinho e foi até Tiago.

- Seu reinado acabou. –ele sorriu. – Depois de quatro longos anos, o rei Tiago perde a coroa! Eu esperei tanto por esse momento que... Agora que chegou eu não faço ideia de como te humilhar, mas sabe de uma coisa? Você já fez um belo trabalho sozinho!

E, após dar uma risada ele simplesmente empurrou Tiago com força no chão e deu uma gargalhada.

- Sabe, Potter... – Joshua continuou. – Você não mudou nada desde o primeiro ano... O mesmo garotinho que finge saber o que está fazendo e que acaba tendo sorte e consegue... Mas você caiu. Caiu e perdeu sua dignidade, você não presta! Assim como seu pai... Sua família...

Alvo simplesmente foi tomado pelo impulso e saiu do lado de Carlos e Rosa e correu até Joshua, apontando-lhe a varinha diretamente no rosto.

- Cala a boca. – disse, num sussurro.

Joshua ergueu as mãos num gesto de rendimento e gaguejou alguma coisa. De repente a escola inteira parara para ver aquilo, todos prenderam a respiração. Alvo não queria dar um show, embora Joshua merecesse, mas ele não queria popularidade ou mais fama. Simplesmente abaixou a varinha e virou-se para o irmão, ajudando-o a levantar.

Todos tinham os olhos nele, isso o deixava nervoso. Ele deu um rápido olhar na direção dos alunos, todos surpresos, e depois voltou-se para Lilí e Hugo:

- Vamos... –murmurou.

E, sem olhar para trás, ele simplesmente saiu dali. A cabeça fervilhando, não conseguia acreditar no que acabara de fazer. Tinha certeza que Carlos e Rosa trocavam olhares às suas costas, pois quando virou-se para eles os dois ficaram muito vermelhos. Tiago estava olhando para o chão. Os dois se encararam por um tempo, Tiago piscou, o que Alvo entendeu como um obrigado, e depois saiu andando em outra direção.

- O que foi aquilo? – Carlos perguntou. – Cara, você botou medo no Joshua! Viu a cara dele?

- O que houve com o Tiago? – Hugo perguntou. – Achei que ele fosse o maior valentão daqui!

- E o Al é o maior medroso! – Lilí disse, mas na mesma hora corou. – Ah... Desculpe, Al...

Alvo sacudiu a cabeça.

- Ele estava falando do papai, da gente! Eu não podia ficar calado! – ele tentou se justificar.

- Não precisa se explicar para a gente. – Rosa se apressou a dizer.

O garoto andou de lá pra cá e depois concordou.

- Relaxa, maninho, agora eles têm medo de você! – Lilí exclamou. – Isso não é incrível?

- É... – Alvo forçou um sorriso.

Talvez ele não estivesse se esforçando na tarefa de ver o lado bom daquilo, mas Alvo realmente não estava achando incrível ser o novo valentão. Parece que depois do soco que dera em Malfoy, ter botado medo em Joshua foi o que faltava para virar oficial. Ele agora realmente era quem botava mais medo naquela escola.

Quando ele foi almoçar, até mesmo Dominique mostrou respeito, ela fez uma espécie de curvatura quando os dois se encontraram na mesa. E nenhum aluno da Sonserina ficou zombando dele no resto das aulas. Estavam todos quietos, e de vez em quando sussurravam coisas quando o viam. Alvo ficava o tempo inteiro dando muxoxos, e Rosa não parava de lhe repetir a mesma frase “Veja o lado bom da coisa...”. Ele já estava com vontade de dar-lhe uma boa resposta, mas se segurou.

Mas, a hora mais incrível foi quando Scorpius veio falar com ele.

- Potter. – ele chamou, vindo em sua direção.

Alvo revirou os olhos.

-Veja o lado bom da coisa... – a prima lhe disse. Alvo sequer olhou para ela para evitar a possibilidade de começarem uma briga, e encarou Malfoy.

 – Sempre zombei de você porque achei que fosse um idiota covarde. Bom, agora que não é mais um, podemos ser amigos? – o loiro estendeu a mão para Alvo.

O garoto ergueu a sobrancelha e quando abriu a boca para argumentar “Rosa o cutucou e lhe deu um olhar que dizia com todas as letras “veja-o-lado-bom-da-coisa”. Então ele simplesmente apertou a mão de Scorpius.

- Ótimo! – sorriu, forçadamente. – Te vejo depois, Scorpius!

O loiro retribuiu o sorriso e saiu andando com o pessoal da Sonserina. Alvo continuou o caminho até o jardim como se nada tivesse acontecido.

O que foi aquilo? – Carlos guinchou, a voz finíssima.

- Estava vendo o lado bom da coisa. – Alvo sorriu e continuou andando.

Carlos e Rosa se encararam incrédulos, mas Alvo não ligou.

- Alvo, você viu o que acabou de fazer? – Rosa perguntou. – Lembra que aquele garoto te atormenta desde o primeiro ano? Não preciso te lembrar quem é o pai dele, Al, ele é uma pessoa má e injusta que faz coisas ruins a...

Quer parar de me tratar assim? – ele explodiu. Parou de andar para encarar os dois. – Eu sei o que ele é, eu sei o que ele nos fez, porque você me trata como se eu fosse um idiota? Sabe de uma coisa, e daí que ele fez tudo isso?

- Al, nós só... Você tem que... – Rosa tentou, mas Alvo a interrompeu. 

-Não, vocês não estão! – ele trovejou. - Eu estou cansado de ter que fazer o que os outros querem! O que é melhor para os outros! Eu não vou me acalmar porque desde que eu cheguei ninguém está nem aí para mim e de repente agora que sou famoso todo mundo fica me paparicando, mas sabe de uma coisa? Eu não sou idiota!  E agora se eu digo que não gosto da fama que tenho as pessoas me olham como se eu fosse um louco falso!

Ele saiu antes que Rosa pudesse dizer alguma coisa. Estava irritado. Estava revoltado, e queria mais que tudo que os outros parassem de ficar o olhando só porque ele era famoso e não gostava disso. Não era assim um mar de rosas como pensavam, tudo o que você fazia era analisado e todos esperavam mais de você. Era muita pressão...

Ele foi para os jardins da escola e sentou-se embaixo de uma árvore enquanto observava os alunos indo e vindo. Fred estava rindo no meio de um bolo de alunos... Isso lembrou a Alvo o Tiago, ou melhor, o antigo Tiago. Ele não estaria incomodado com isso... Iria adorar ser o centro das atenções... E é claro, ele não estaria preocupado com o que os outros iriam pensar... Espera! Era isso!

Alvo levantou-se depressa com a ideia brilhante que veio em sua mente. Se ele queria não se preocupar com o que os outros iriam pensar dele, ele tinha que começar a agir como o maior exemplo de “não-estou-nem-aí-pra-você” que ele conhecia: o antigo Tiago!

Ele foi andando até Fred.

- E aí, mano! – falou, achando extremamente estranho, mas era o que Tiago faria. – Aprontando o quê?

Fred ergueu a sobrancelha, mas sorriu. Depois puxou Alvo um pouco mais para o canto.

- Olha, eu sei que você não gosta, mas é que eu já sou praticamente o garoto mais popular do primeiro ano, e se você me conseguisse um autógrafo eu seria a estrela do primeiro ano, sabe...

Alvo já ia responder que não quando se lembrou que havia mudado de atitude. Dar autógrafos era o que Tiago mais gostava de fazer, depois de atormentar alunos da Sonserina.

- Claro! – sorriu e assinou o papel que o primo lhe entregou.

- Valeu, Al!

Ele respirou fundo e seguiu andando. Incrível, mas aquilo não foi tão ruim quanto ele imaginou que fosse. Talvez ele já estivesse se acostumando. Afinal, ser Tiago não era tão ruim assim...

- Ei, Potter! – Alvo se virou e viu Marcel Jofrey acompanhado de uns sonserinos mais atrás. – Ouvi dizer que está andando com o Malfoy agora.

- E ouviu certo. – ele confirmou, num estilo de voz totalmente forçado.

- Legal... O que acha de nos divertirmos por aí?

Alvo pensou por um tempo. Seu pai sempre dissera para ele não discriminar as outras Casas, e só porque era da Sonserina, não queria dizer que Marcel era uma má pessoa. E não tinha nada demais em se divertir.

- Claro! – ele topou, e seguiu com eles.

Marcel não era muito inteligente e falava coisas sem sentindo, o que fazia Alvo rir, mas andar com eles fazia as pessoas lhe olharem com respeito. Talvez porque pensassem que agora que Alvo estava curtindo sua fama as coisas haviam voltando ao normal, mas elas já não o encaravam como se ele fosse uma coisa estranha.

Ele descobrira que Malfoy também não era uma pessoa incrivelmente má, e que até o elogiava.

- Sabe, Potter, você tem fama, é o Novo Tiago, poderia mandar aqui. Só tem que parar de andar com a Weasley e o Cattér. Os dois só te trazem pra baixo.

- Eles são meus amigos.

- Então por que você está comigo agora e não com eles? – desfiou o loiro.

Alvo pensou.

-Porque... Bem, eu queria um tempo...

Scorpius o encarou e por um instante pareceu entender que Alvo ainda gostava dos dois, mas logo continuou:

- Eles são má influência. O Cattér é um Traidor Sangue e amante dos lufanos, cá entre nós, aqueles idiotas nem deveriam pertencer à escola... E a Weasley... Nem preciso falar, ninguém quer ser um sabe-tudo, todos tiram sarro da sua cara... Os dois não são populares, não combinam com você. Tudo o que você precisa é andar com gente do seu nível, entende? Você e eu poderíamos ser os reis dessa escola agora que você mudou sua atitude. Todos nos amariam, e ninguém nunca mais riria de você.

 - Tentador... – Alvo sorriu. – Mas o que temos que fazer para conseguir isso?

 - Simples. – Scorpius respondeu. Ele apontou para dois gêmeos, Ethan e Elliott, que davam risada na beira do lago junto com Eloísa Ellêck e um bando de alunos da Lufa-lufa. – Está vendo? Aquilo está errado. Eles são idiotas. Nós deveríamos ser o centro das atenções.

Alvo parou de rir e encarou os gêmeos. Eles eram meio idiotas, Alvo tinha que concordar, mas era isso que os fazia legais.

- E o que você sugere? – perguntou ao loiro.

- Temos que coloca-los nos devidos lugares. – Scorpius respondeu. E, notando a insegurança em Alvo, acrescentou: - É a lei dos valentões, Alvo, é como uma hierarquia, nós estamos no topo.

Alvo não achava aquilo uma boa ideia, mas Tiago toparia. Ele sempre fazia as coisas sem pensar.

- Tudo bem... – murmurou.

Scorpius tomou a frente e se meteu no meio dos alunos.

- O que os retardados fazem aqui? – ele perguntou.

- Cai fora, Malfoy. – disse Elliott.

- Uh... – resmungou Scorpius. – Não vejo porque iria, garoto, eu fico aonde quiser. Meu pai é o professor dessa escola... Faça alguma coisa e eu digo para ele... Acho melhor vocês saírem, meus amigos e eu queremos ficar aqui.

- Nós chegamos primeiro! – o garoto retrucou.

- Não, Elliott, tudo bem, vamos... – Eloísa alertou.

- Ouça sua prima, Elliott, e dê o fora do nosso caminho...

- Nem pensar. – Carlos saiu do meio dos alunos. – Saia você.

- Ah, Cattér! – Scorpius sorriu ao vê-lo. – Vai defender os lufanos, é? Acho melhor não, sabe, quando eu quero alguma coisa eu realmente consigo...

- Manda ver. – Carlos fechou os punhos, pronto para a briga.

Scorpius deu uma gargalhada.

- Acha mesmo que pode comigo? – ele largou a mochila no chão e estralou os dedos. No mesmo instante, Marcel se adiantou e o agarrou pelas costas. Carlos tentou se desvencilhar, mas o garoto era muito grande pra ele. – Agora você vai aprender a não mexer com os seus superiores, Cattér. Quer ter a honra do primeiro soco, Alvo?

Carlos o encarou.

- Está mesmo com eles? – perguntou.

Alvo demorou para responder. Não sabia direito o que estava fazendo. Scorpius provavelmente percebeu que ele ia recair, pois virou a cabeça e o encarou.

- Cara, você é o Novo Tiago, certo? Não vai desistir logo agora, vai? – perguntou o loiro.

O garoto olhou hesitante para Carlos. Não queria fazer aquilo, mas tinha. Teria mais a ganhar se andasse com a turma de Scorpius que eram os bambambãs das escola do que com Carlos e Rosa, que eram apenas os excluídos da Grifinória. Uma sabe-tudo famosa pelos pais, mas que ninguém queria ser amigo, pois ela não era popular. E um garoto engraçado que anda com os lufanos, o que faz dele um completo idiota aos olhos da maioria.

Ele ficou ali com o punho estendido por um bom tempo, até que Scorpius finalmente se irritou e deu um forte soco direto no estômago de Carlos, que caiu com um pequeno baque no chão, as mãos pressionando a barriga e a cara torcida de dor.

No mesmo instante os alunos da Sonserina que haviam chegado para ver a briga bateram palmas e vaiaram enquanto os lufanos e grifinórios colocaram a mão na boca e soltaram exclamações. Scorpius ergueu o braço de Alvo como se ele fosse o vencedor e disse:

- Esse aqui é o Novo Tiago! A gente manda na escola agora!

Alvo sempre sonhou com esse momento. Bom, não necessariamente mandar na escola, era uma coisa muito possessiva e de uma magnitude muito avançada até mesmo para os sonhos de um garoto que invejava o poder que o irmão mais velho tinha para com os demais alunos. Sempre quis um dia ser ele novo valentão, mas mandar na escola era uma coisa bem diferente. Porém, quando os sonserinos começaram a gritar “Novo Tiago, Novo Tiago”, ele pareceu se transformar em outra pessoa. Aquilo fora tudo que ele sempre queria, quem ligava para se ele estava mandando ou sendo respeitado, as duas coisas eram praticamente as mesmas para ele.

Scorpius sorriu para o novo amigo.

- Esse é só o começo. – disse.

- Pode ter certeza que é. – Alvo respondeu, orgulhoso de si mesmo.

Carlos o olhou incrédulo.

- Quem é você? – perguntou, fazendo o garoto desviar a atenção dos sonserinos que batiam palmas e gritavam seu nome como se ele fosse um herói.

Alvo apenas sorriu, tomado pela emoção do momento e respondeu:

- Eu sou o Novo Tiago. – um tom sarcástico que ele nunca havia percebido em sua voz.

O amigo piscou os olhos e antes que pudesse dizer alguma coisa e antes que Scorpius fosse achar que ele iria desistir, Alvo tomou coragem com os gritos dos Sonserinos e se adiantou:

-Desculpe, mas está no meu sangue ser assim. A culpa não é minha se eu sou o novo valentão e você é só mais um idiota que apanha do Scorpius. Eu mudei, Carlos, seu lugar não é mais comigo.

Ele terminou e olhou para Scorpius, como quem pedia a opinião, o loiro balançou a cabeça com um sorriso de aprovação no rosto. Carlos, porém, parecia que ia lhe dar um soco, mas em vez disso se levantou com certo esforço e, antes de ir embora, disse:

-É... Tem razão, meu lugar não é com você. Você realmente mudou.

E foi embora deixando Alvo ali. Por uns segundos ele continuou com o sorriso bobo no rosto, mas depois de um tempo se deu conta do que fizera. Ele olhou ao redor e tudo pareceu tão confuso. Como em um sonho louco que você tem e de repente se dá conta de que aquilo não podia estar acontecido, que era impossível. O que ele, Alvo, estava fazendo parado ali com a multidão gritando seu nome enquanto seu melhor amigo estava indo embora humilhado?

Ele andou um pouco para trás e esbarrou em alguém.

- Desculpe... – sussurrou a menina, que era tão pequena que havia caído com a batida. Alvo a reconheceu imediatamente, era Natalie Dursley. Os olhos negros em contraste com o cabelo castanho e ondulado mostravam medo, mas sua expressão mudou para horror quando viu que esbarrara em Alvo.

- Foi sem querer, eu... – Alvo começou, mas a menina protegeu o rosto e começou a choramingar:

- Por favor, por favor, não me bata! Não sou sangue-ruim, não sou!

- O que? Eu... – Alvo tentou explicar, mas Scorpius se metera na frente.

- Cai fora, sangue-ruim. – rosnou para a menina. Natalie deu um último olhar apavorado para Alvo antes de sair correndo.

Ele piscou os olhos com força, decidido que assim iria acordar e ver que aquilo fora apenas um sonho louco que tivera. Ele não era popular. As pessoas sequer o olhavam e quando o faziam era para o chamarem de louco.

Alvo ergueu a sobrancelha e olhou para si próprio. Primeiro, havia uma coisa invertida ali, ele estava comemorando porque alguém fora humilhado ao lado dos sonserinos. Quem era ele? O que havia feito? Esse não seu lugar! Esse não era ele! 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bloody Hell, mas que coisa, hein?? Esperavam por essa?? E o que vocês acham que vai acontecer? Carlos vai perdoá-lo? Tiago vai continuar sem bater em ninguém? Alvo fica assim para o resto da vida? Dominique continua sendo uma bitch?? Veremos e.e O próximo capítulo vai demorar, então até lá leiam o livro (*ler também é um exercício*), comam um bolo, assistam Glee e Hakuna Matata ^^