Caminhão 82 escrita por ohhoney
Notas iniciais do capítulo
Se eu disser que escrevi essa fic em menos de uma hora vocês acreditam? Eu tava numa festa, tinha levado meu computador, então bateu o tédio e eu comecei a escrever. Ufa! Acho que ficou legal, espero que achem o mesmo.
-Taiga! Taiga! Que merda, vista logo seu capacete, seu ruivo idiota! Chamado na rua 74!
Acordei já pulando da cadeira, vestindo o colete e o capacete. Pulei dentro do caminhão e nós partimos pela rua.
A sirene ecoava alto naquela tarde nublada. Poderia chover a qualquer momento, e isso ajudaria muito. Pelo o que Himuro, o mesmo idiota que tinha me acordado aos chutes, disse, o incêndio era na rua 74, esquina com a 76. Se eu não me enganava, lá ficava uma escolinha de jardim de infância. Engoli em seco.
Meu nome é Kagami Taiga, bombeiro da cidade de Tokyo, parte da equipe do caminhão 82. Eu e Himuro éramos amigos de infância, e decidimos entrar juntos para o corpo de bombeiros. Pois bem, aqui estou. Dentro de um caminhão com mais uma dúzia de homens cobertos até o último fio de cabelo, preparados para enfrentar o que fosse preciso para ajudar quem precisasse de ajuda.
-A ambulância está indo também, certo? – perguntei ao moreno, que era quem dirigia o caminhão. Apesar de ter feito isso um milhão de vezes, a sirene ainda me dava dores de cabeça.
-Sim, a 43.
-Ok.
-Chegamos! – um outro cara da equipe avisou, já abrindo a porta do passageiro.
Logo que o caminhão parou, pulamos para fora e com rapidez pegamos as mangueiras e machados.
-Eu, você, você, você, você e você – apontei para alguns caras de preto – Vamos entrar. Himuro, vá para o telhado e abra uma fenda, o ar tem que entrar por algum lugar. Vamos tirar as crianças pela porta da frente. Vamos!
-Sim, senhor!
A escolinha de primário estava envolta em fumaça cinza, e alguns pontos vermelhos apareciam pelas janelas. Engoli em seco de novo antes de colocar a máscara, respirar fundo e arrombar a porta de madeira. Estava muito, muito quente, mal podíamos enxergar alguma coisa.
-Vão pela direita, eu e o resto vamos pela esquerda! – gritei, apontando para uma porta branca meio chamuscada.
Separamo-nos do resto e voltamos a explorar o lugar.
-Olá?! Tem alguém aqui! Olá!!
-SOCORRO, SOCORRO!! – uma voz abafada vinha de mais adiante.
Algumas salas estavam cobertas pelo fogo. Eu estimava cerca de dez minutos antes do edifício vir abaixo. Continuamos seguindo a voz, e junto dela conseguimos distinguir vários choros de crianças.
-Eles estão aqui! – o cara da direita parou perto de uma porta e encostou a cabeça nela – Aqui mesmo, Kagami-senpai!
-Saia do caminho! – gritei, e chutei a porta perto da maçaneta. Vários gritos preencheram o ar.
Era um homem de cabelos e olhos azuis, um avental branco por cima das roupas. Ele parecia muito assustado, e ao redor dele havia pelo menos dez crianças, todas agarradas em algum pedaço da roupa dele, chorando e tossindo.
-Não se preocupem, somos do corpo de bombeiros! – anunciei, então peguei o pequeno rádio que levava no uniforme – Himuro?! Esta ouvindo?! Achamos as crianças!
-Traga-as para fora agora, o prédio vai desmoronar a qualquer segundo!
-Certo! – gritei – Meu nome é Kagami Taiga, e eu vou ajudar vocês! Qual o seu nome?! – perguntei para o cara no meio das crianças.
-Kuroko Tetsuya!
-Kuroko, pegue o máximo de crianças que você conseguir carregar e me siga!
Eu e o resto da equipe colocamos crianças nos braços e costas. Eu levava três delas, uma em cada braço e uma pendurada no pescoço.
-Prestem atenção agora! Quero que todos prendam a respiração quando eu falar JÁ, e só soltem quando chegarmos lá fora!
-Obedeçam o senhor bombeiro, crianças! – Kuroko gritou por cima do barulho. Estava ficando cada vez mais quente, e a fumaça começava a sufocar.
-Um, dois, três – chutei a porta de novo. O corredor ameaçava desabar – JÁ!
Saí correndo na frente, sendo seguido de mais quatro caras. Passamos pelo fogo, e chegamos ao corredor principal. Continuamos correndo, vendo a luz do dia entrando pela porta. Joguei-me para fora, tropeçando nos próprios pés. Todo mundo saiu atrás de mim, arrancando as mascaras e colocando as crianças no chão. Todas elas estavam cobertas de fuligem e tossiam muito.
Permaneci jogado no chão, e arranquei minha máscara para respirar melhor. As crianças permaneciam ao redor de Kuroko, e ele olhava para os lados em pânico.
-Yukio! Yukio!! – ele gritava – Yukio! Alguém! Socorro! O Yukio ainda está lá dentro! – o olhar dele caiu sobre o meu.
Levantei num pulo, enfiando a máscara de volta.
-Onde ele está?!
-Ele tinha ido ao banheiro, deve estar lá!! – o barulho das ambulâncias ecoava pela rua.
-Estou entrando! – virei e ajeitei o capacete.
-Taiga, o prédio vai desabar! – Himuro me segurou pelo ombro, com um machado na outra mão.
-É uma criança, eu preciso salvá-la!
Eu e Himuro nos encaramos nervosamente por alguns segundos, então ele largou meu braço e eu corri para dentro, tentando me esquivar do fogo e do calor.
-Yukio! Yukio! – gritei, andando pelo corredor. Uma placa no teto dizia que o banheiro estava a frente. O outro grupo de bombeiros passou por mim carregando mais crianças – Yukio!
Uma porta dupla se estendia a minha frente. Tinha muita fumaça naquele aposento. Os vidros estavam quebrados e o teto pegava fogo. Perto de uma pia, avistei um corpo pequeno.
-Yukio! Yukio!
Ele não se mexia. Corri até ele, e peguei-o no colo. Estava desacordado, seu rosto estava coberto de fuligem e ele mal respirava. De repente, tudo começou a estalar. Isso, definitivamente, não era um bom sinal.
-Merda. Merda.
Prendendo bem o garotinho nos meus braços, corri o mais rápido que pude para fora daquele prédio. O fogo dominava todos os lugares possíveis agora, saía pelas janelas e o teto era só vermelho. Pulei para fora no último instante antes de tudo cair atrás de mim.
-Yukio! YUKIO! – a voz de Kuroko penetrava no meu cérebro, mas tudo rodava em câmera lenta. Só senti que estava sendo arrastado e o garotinho arrancado dos meus braços. Alguém arrancou fora minha máscara e capacete, apoiando minhas costas numa coisa fria e dura. Abri os olhos, sentindo tontura.
-Muito bem, Taiga. – era Himuro, sorrindo, todo suado e sujo. Ele apertou minha mão e me ajudou a levantar – Todo mundo saiu, não há vítimas.
-Ah... Que maravilha...
-Ótimo trabalho, hein? – outra voz falou.
-Você por aqui? – ri – Há quanto tempo, hein?
-Pode crer, cara.
Aomine Daiki era policial e um dos meus melhores amigos. Ele vestia seu uniforme azul e uma boina da mesma cor.
-Que nervos de aço, hein, Taiga? Nunca vi ninguém se arriscar tanto.
-Eu não poderia deixar uma criancinha para trás, não é?
Lembrando do garotinho, corri na direção de Kuroko e deixei Aomine falando sozinho. Ele estava ajoelhado no chão, a cabeça de Yukio apoiada no colo. O resto das crianças estava em volta de uma ambulância mais afastada, sendo examinadas por enfermeiros.
-Como ele está? – perguntei, ajoelhando também.
-Está respirando – o azulado estava desesperado.
Peguei o pulso do garotinho. Os batimentos estavam meio fracos. Naquela altura, outra ambulância rasgava rua adentro, parando a poucos metros de nós. Dois caras pularam de dentro e seguiram na nossa direção.
-SAIA DA FRENTE, KAGAMI! – fui jogado para o lado com força.
Era aquele enfermeiro idiota, o tal do Midorima Shintarou. Toda vez que chamavam meu caminhão, a ambulância dele vinha junto. Não é que fôssemos inimigos nem nada, só que ele se achava melhor que eu. O que não era verdade.
Midorima ajeitou os óculos, colocando o garotinho na maca. Pegou seu estetoscópio e colocou a outra ponta no peito do garoto. Então falou um monte de coisas complicadas para seu ajudante, e injetou alguma coisa no braço do menino.
-Ele vai ficar bem?! – Kuroko estava pregado na maca, os olhos sem brilho e preocupados.
-Ele? É claro que vai. – Midorima riu – Agora, vá se tratar, o senhor inalou muita fumaça.
Kuroko seguiu para perto das outras crianças, abraçando-as. Só depois que Midorima limpou o garotinho, pude perceber que ele tinha cabelos dourados. Após algum tempo, abriu os olhos. Eram da mesma cor que o cabelo. Todos seguiram para o hospital, e eu e minha equipe pulamos dentro do caminhão e voltamos para a base.
-Ahhhh, estou morrendo de fome! – resmunguei, pendurando o colete no gancho – O que será que tem pra comer hoje?
-Não faço ideia... – Himuro sorriu.
Entramos no prédio comemorando mais uma missão bem sucedida, quando sentimos um cheiro muito gostoso. Todos paramos na porta da cozinha.
-Que bom que chegaram, o almoço está pronto. Venham logo ou vou comer tudo sozinho.
O cozinheiro, Murasakiraba Atsushi, era com certeza o cara mais guloso de toda a base. Nem eu comia tanto quanto ele.
-E aí, Muki, que que tem de bom? – perguntei, jogando-me na cadeira.
-Bife à parmegiana, filé de frango, sushi, arroz e salada. De sobremesa, bolo de chocolate e musse de morango. Ah, esqueçam o musse, é só meu.
-Seu guloso egoísta – Himuro resmungou enquanto enchia seu prato.
Estávamos devorando nossa refeição quando nosso chefe entra pela porta e senta numa cadeira.
-E aí, chefinho! – cumprimentamos com a boca cheia.
-Bom trabalho hoje, pessoal. Recebi um monte de ligações de agradecimento. Kagami, está de parabéns.
-Não foi nada – e engoli a comida.
Nosso chefe, Akashi Seijuro, era um ruivo muito sério e raramente elogiava nosso trabalho, então era realmente gratificante ouvir um elogio. Sentamos todos na mesa e terminamos o almoço.
-Estava muuuito bom, Muki – minha barriga estava estufada – Meu Deus.
-É, eu sei. – gabou-se – Minha comida é ótima, sou um chefe profissional.
-Não é pra tanto, né? – Himuro encostou-se e abriu a camisa – Acho que nunca comi tanto na minha vida – e suspirou.
No dia seguinte, depois de atender um chamado às 7:00 da manhã perto da ponte, voltamos para a base e nos deparamos com as crianças do incêndio do dia anterior. Kuroko Tetsuya, o professor delas, se destacava no meio dos baixinhos sorrindo de orelha a orelha.
-Meninos, o que temos a dizer aos bombeiros? – ele disse.
-Muito obrigada, senhores bombeiros! – a voz das crianças ecoou pela base. Elas seguravam um cartaz enorme com desenhos de caminhões vermelhos e homens de roupas pretas no meio de criancinhas.
-Foi um prazer, meninos – sorri – Mas agora me digam: quem quer saber bombeiro pra salvar outras pessoas?
Todos levantaram as mãos e gritaram de alegria. Kuroko acariciou a cabeça de alguns deles.
-Onde está o Yukio? – perguntei ao professor.
-Deve estar chegando com o pai, ele só foi liberado do hospital agora a pouco.
-Entendi.
Viramos para a esquerda ao ver um cara alto se aproximando.
-Com licença? Aqui é o corpo de bombeiros?
Era um cara alto, forte, loiro e de olhos dourados, usando uma roupa azul marinho cheia de broches. Em seu colo, Yukio. O garotinho tinha um punho enfaixado e alguns band-aids nas bochechas.
-Foi aquele bombeiro ali que te salvou? – o homem sussurrou para o garotinho, e ele concordou com a cabeça – O que você tem a dizer pra ele?
-Muito obrigado por ter me ajudado, senhor bombeiro – Yukio sorriu envergonhado, e pulou para o meu colo. Ele me deu um super abraço.
-Não tem de quê, Yukio.
-Prazer, Kise Ryouta – o pai de Yukio estendeu a mão e apertou a minha.
-Kise? Não é aquele piloto famoso?
-Eu mesmo. – abriu um largo sorriso.
-Kagami Taiga – apresentei-me.
-Kagami, muito obrigado por ter salvado meu filho ontem. Ouvi a história, foi muita coragem de sua parte.
-Não foi nada, senhor. Se alguém precisa de ajuda, o corpo de bombeiros está aqui para ajudar, não importa quem seja. – olhei para o garotinho no meu colo – E aí, parceiro? Você está bem?
-Aham. Senhor bombeiro, como faço para virar bombeiro também? – os olhinhos dele brilharam, e eu soltei uma bela gargalhada.
-Olha, Yukio, você precisa crescer mais um pouquinho, ok? Logo que fizer 18 anos, venha fazer um teste aqui na base.
-Ok! – ele sorriu, e voltou para o colo do pai.
-Eh, chefinho! – gritei, e o ruivo apareceu pela porta – Se importa se eu levar as crianças para um passeio? Só pelo quarteirão.
O ruivo semicerrou os olhos, mas desistiu da ideia de ficar sério ao ver todas aquelas crianças implorando para ele.
-Só pelo quarteirão – ele avisou, e voltou para dentro.
Eu, Kuroko e Kise colocamos todas as crianças no caminhão vermelho e dei a partida, ligando a sirene. Todos estavam de capacete, Yukio vinha sentado no banco do carona com o pai. Demos uma volta na rua, e vimos uma viatura policial andando ao nosso lado.
-Olha, é aquele policial super legal que ajudou a gente! – uma criança gritou pela janela, então todas começaram a gritar e acenar.
Era Aomine, dirigindo sua viatura. Ele acenou de volta, então olhou para mim.
-Que isso, Taiga? Quer matar as crianças? – ele riu – Seu esquadrão vai se ferrar hein!
-Até parece!
Despedimo-nos na entrada da base. Fiquei conversando com as crianças até que o alarme soa.
-Incêndio na rua 39, caminhões 81 e 82 e ambulâncias 43 e 47 dirijam-se ao local imediatamente.
-Desculpe, pessoal. Deixe isso para outra hora, tenho que trabalhar agora.
-Vamos embora então. Deem tchau ao Kagami-dono! – Kuroko disse, fazendo com que todas as crianças o seguissem para fora, acenando para nós.
-Dê tchau, filho – Kise sussurrou.
-Tchau, Yukio-kun! Se cuide! – gritei, enfiando o capacete na cabeça e entrando no veículo.
-Tchau, Kagami! Obrigado de novo! – o loirinho sorriu.
E lá fomos nós cuidar de outro incêndio. Se houvesse alguém que precisasse de ajuda, nós do caminhão 82 estávamos prontos para ajudar.
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PS: cara, acho que estou viciada em escrever oneshots. Tenho que me tratar.