Sherlock Holmes e o Sumiço da Caixa Espanhola escrita por Carol Stark


Capítulo 9
Acontecimentos Inesperados


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
Espero que gostem e ótima leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/367786/chapter/9

Rita continuava a correr atordoada ainda com os olhos embaçados em lágrimas e Sherlock conseguiu não perdê-la de vista, até que a mulher percebendo uma parte de maior movimento na rua passou a andar apenas com passos apressados. Holmes estava agora a poucos metros de distância dela e minutos depois nesta perturbada caminhada, viu do outro lado da rua um homem loiro, muito elegante, de olhos claros, que os observava, Rita e ele, vez ou outra. Era o Greyk Pearce. Ao perceber que estavam sendo seguidos, Sherlock ficou ainda mais tenso. Apalpou as vestes e viu que havia esquecido sua arma.

E não sabiam eles, Sherlock e Greyk que Pablo também estava pelas ruas atrás do impostor que ouvira a sua conversa com a irmã invadindo sua propriedade. Foi apenas com a voz carregada de sotaque e ira daquele espanhol que perceberam tal infelicidade.

– Dónde está você seu impostor? – Gritava um Pablo alucinado, louco pela ira e ambição, retirando a arma da cintura.

Ao ver tal coisa, as pessoas logo se dispersaram correndo desesperadas pelas ruas, se abaixando amedrontadas, gritando ou se escondendo nas lojas ou becos.

Num ato desesperado de alerta e proteção, em meio a agitação e pânico de todos, Sherlock não mais aguentou tanto nervosismo e chamou pela espanhola.

– RITA! – Gritou o detetive lançando um rápido olhar à mulher antes de virar-se para trás encarando assustado, Pablo. Seus olhos encontraram os do espanhol.

Rita ouviu aquela voz conhecida chamar seu nome e procurou de onde vinha, quando viu de imediato seu irmão apontando a arma para um homem mal vestido a sua frente e atirando para o mesmo.

– Ah, aí está você, seu verme! – Desdenhou Pablo quando disparou a arma em direção à Sherlock mas errou a mira desviando ligeiramente o braço para o lado, onde estava sua irmã Rita.

A mulher vendo o que o irmão fizera entrou em pânico não conseguindo sair um passo sequer de onde estava. A bala ia em sua direção.

– NÃO!!! – Sherlock gritou mais uma vez, também em pânico, lançando-se na frente de Rita evitando que a bala a atingisse e em seguida caiu sangrando inconsciente no chão.

Pablo assustou-se em pensar que mataria, não por intenção, sua irmã, isso se não fosse aquele homem que passou em sua frente. Seria possível que além de ter provocado a morte do pai, também teria sido o responsável pela morte da irmã?! Sentiu-se atordoado e foi neste segundo que Greyk mirou a arma para Pablo se aproveitando da confusão. Pablo viu que apontavam agora para ele; tentou se defender, mas Greyk foi mais rápido, acertando em cheio no coração do espanhol que jazeu inerte em um baque surdo. Morto.

Assim que disparou, Greyk saiu correndo para sua casa, fugindo de qualquer acusação, e mesmo assim um discreto sorriso brotava de seus lábios.



Logo após o ocorrido, por chamado de alguns cidadãos, a polícia chegou.

– Afastem-se todos! Afastem-se! – Um homenzinho pálido de olhar astuto, aproximava-se do corpo do homem maltrapilho enquanto os demais policiais da Scotland Yard cuidavam do outro corpo estirado no chão.

Muitas pessoas agora se aglomeravam junto à ambos os corpos, estupefatas e curiosas em descobrir quem eram aqueles infelizes. Uma grande quantidade de sangue continuava a se espalhar impiedosamente pelas calçadas, dando um ar horrendo e melancólico ao local. Poças já se formavam ao redor dos corpos.

– Sherlock! Sherlock acorde... – Rita pronunciava entre soluços, ajoelhada no chão com a cabeça do detetive apoiada em suas pernas. Já que não mais usava o chapéu e a peruca, Rita reconhecera-o assim que o viu no chão e correu até ele. A mulher agora deixava jorrar todo aquele choro por seu rosto. Tudo isto estava sendo demais para ela.

– Afaste-se senhora! – Falou o homenzinho pálido para Rita.

–No! Quiero y devo ficar aqui... – A espanhola permaneceu ajoelhada junto a Sherlock alisando os cabelos do homem – Ele salvou mi vida Sr... – Rita balbuciou as palavras ainda entre lágrimas.

– Lestrade. Sou o investigador Lestrade e preciso levá-lo ao hospital imediatamente – Olhou para o corpo e ao redor – Já perdeu muito sangue. Deixe-me ver quem é. – Inclinou-se um pouco para baixo e exclamou incrédulo:

– Sherlock Holmes?!

– Dónde está mi hermano...? – Rita olhou em volta.

– O outro é seu irmão? Foi levado também para o hospital e certamente para a perícia. Terá que nos explicar melhor o que houve, senhora...

– Rita. – Ela afastou-se de Sherlock com seu vestido molhado de sangue dando passagem para os policiais levarem-no também para o hospital e acompanhou-os.





– Onde... Onde estou? – Perguntou Sherlock sonolento abrindo os olhos lentamente e mirando o teto.

– No hospital Sto Tomerson. – Falou uma voz suave.

– Ri-Rita...? – Sherlock perguntou virando-se para o lado, mas fez uma careta de dor pondo a mão em seu lado direito, nas costelas enfaixadas.

– Shhh... Fique quieto. – Rita levantou-se de sua cadeira ao lado do leito encarando Sherlock.

Os dois se olharam em silêncio, não se sabe se por um segundo ou por longos minutos, até que Sherlock falou num sussurro:

– Eu não podia deixar que aquela bala a atingisse.

– Tive miedo de nunca más verte, Sherlock. – Confessou a espanhola sentando-se agora no final da cama.

O detetive riu discreto.

– Ora, eu não ia morrer. – Holmes falou seguro com um tom divertido – Não estava em meus planos.

– Ah, Holmes! – Um leve sorriso surgiu, mas uma lágrima teimou em percorrer sua face – Cómo te sientes?

– Não sei ao certo. – Holmes falou pensando em seus sentimentos e não em seu estado físico.

– La bala atingiu sus costelas fraturando algunas de ellas. Mas la cirurgia no foi de risco apesar de teres perdido tanta sangre... – Rita explicava à Sherlock o seu estado mas mesmo estando ali, ele estava distante (...) – Sherlock? – Rita chamou-lhe a atenção.

Num repente retomando seu jeito excêntrico, Holmes tentou levantar-se na tentativa de sair dali; fugir de seus devaneios.

– No! – Foi apenas o que Rita disse segurando em seu braço forte agora sem camisa, impedindo-o de se levantar no que ele ficou sentado na cama ao seu lado.

Ainda doía muito aquele ferimento, afinal a cirurgia era recente, e pôs novamente a mão sobre as costelas. Viu que um pequeno círculo de sangue brotava nas faixas do curativo pelo esforço repentino que fizera e mirou aflito, o chão.

– Desculpe-me. – Falou ele.

Ambos permaneceram novamente em silêncio ali sentados no leito, lado a lado, cada um imerso em seus pensamentos.

Sherlock pensava o quanto ficava confuso ao lado dela. Apenas sua presença o fazia agir como um bobo. Isso não era possível, o que estava acontecendo com ele?! Ele ainda lutava consigo mesmo sem querer admitir que gostava dela. Quando não a via, ansiava por isso e a voz daquela mulher soava como um sopro quente que derretia gradativamente seu coração de gelo.

Foi obrigado a sair bruscamente de seus pensamentos quando ouviu seu nome.

– Sherlock, – Rita começou um tanto tímida – estás bien? Tienes que ficar de repouso y pienso que es mejor chamar un médic-- - Rita não pôde terminar a frase.

Sherlock de repente virou-se para ela e aproximou-se da espanhola diminuindo a distâncias entre seus rostos permitindo que finalmente seus lábios se encontrassem. Foi um beijo demorado como se estivessem esperando por isso à muito tempo.

Rita no primeiro segundo hesitou, mas seus sentimentos foram mais fortes e entregou-se à eles. Pôde sentir aqueles lábios macios tocando os dela lenta e ritmadamente. Seria um sonho...? Aproveitou então cada segundo antes que retornasse à realidade, e enquanto alisava os cabelos desgrenhados de Sherlock sentiu que ele a envolvia em seus braços e o beijo tornara-se mais agitado.

Sherlock finalmente, pela primeira vez em sua vida, seguia o coração e tinha certeza agora que amava aquela espanhola que entrara em sua vida de forma tão repentina. A envolvia em seus braços carinhosamente aproximando seu corpo ao dela, sentindo-o cada vez mais. Estava perdendo-se profundamente naqueles sentimentos que sentia transbordar de forma tão expressiva e que nunca antes havia sentido, mas algo os interrompeu.

– Aham, - pigarreou Watson – vejo que já está bem melhor, hein caro amigo? – O doutor falou cheio de humor com um olhar maroto, porém sem deixar que o amigo percebesse sua rápida reação de espanto.

Ambos se sobressaltaram separando-se ao ver que doutor Watson adentrara a sala do leito de Holmes o que deixou Rita completamente corada.

Sherlock sem perder sua pose respondeu:

– Ah, sim. Não poderia estar melhor! – E olhou de lado para uma tímida Rita que encarava a parede lisa interessantíssima por sinal - Hum! Já estou de alta? Que ótimo! – Sherlock falou observando a prancheta nas mãos de Watson.

– Sherlock você é horrível, homem! – O doutor falou rindo um tanto sem jeito – E não está de alta. Vim ver como estava e lhe informar que o inspetor Lestrade quer falar com você e com a Srta Valdéz.

Holmes bufou revirando os olhos.

– Será possível que nem no hospital o Lestrade me deixa em paz?! Está bem, está bem! Traga-o aqui. – Falou abanando uma das mãos para Watson como se espantasse um mosquito – Ah, aproveite e traga meu cachimbo.

– É claro que não trarei cachimbo nenhum Holmes!

– Vai negar o pedido de um doente? Ora Watson que falta de compaixão...

– Holmes, a cada dia que passa, vejo que você é um tremendo fanfarrão! – Falou franzindo os cenhos ainda com um sorriso de lado e sacudindo a cabeça, se retirou.

Sherlock e Rita se entreolharam. Rita pôs as mãos no rosto ainda corado enquanto Sherlock inevitavelmente deixou que um vago sorriso surgisse, devido o que acabara de ocorrer. Ele gostou do que aconteceu e ainda mais por ter sido recíproco. Gostava do lado tímido daquela mulher e muito mais de seu jeito firme e sedutor quando queria ser.

– Sherlock, esto-- - Rita começou.

–Não. – Sherlock a interrompeu fazendo um movimento com a mão – Não precisa dizer nada. Devo me desculpar, estou me comportando de forma deplorável e--

– Sherlock, no é pecado enamorarse. Você no puede privarse de esto su vida toda... – Ao dizer isso, Rita baixou a cabeça percebendo o que acabara de falar. Havia soado quase como uma súplica para que ele não recuasse quanto aos dois.

– Eu... Eu sei. – Deu uma breve pausa – Mas sempre fui firme de não me envolver emocionalmente com ninguém. A verdade é que não sei como isso pôde chegar a tal ponto (...).

– Bien, – Começou Rita levantando-se – preciso salir um poco...

Mas antes que ela se afastasse o suficiente, Sherlock a segurou pelo braço fazendo-a voltar e beijou-a novamente buscando a confirmação do que ela sentia por ele.

Ambos novamente entregavam-se, mas Rita logo se afastou saindo rápido da sala e deixando um Sherlock Holmes vagando em seus pensamentos, mirando a porta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então??? O que acharam? #Mega ansiosa com a opinião de vocês#
Até breve!!!

Bjks :)