Sherlock Holmes e o Sumiço da Caixa Espanhola escrita por Carol Stark


Capítulo 27
Confissões de Pierre


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos quase seguidos hein?! :D Um pouco de humor e mais descobertas...

Então,

DIVIRATAM-SE! ! !

P.S: Ver notas finais, ok? Gracias!



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– Ah, finalmente! – Watson exclamou levando a xícara aos lábios, ao ver Rita e Sherlock em seu encalço.

– Iré con vocês, Dr. – Rita falou simples enquanto sentava-se na cadeira que Sherlock afastara para ela.

– Ah, claro! Isso é bom. – Watson concordou beliscando uns biscoitinhos e molhando-os na xícara enquanto passava a vista no jornal.

A espanhola sorriu satisfeita, vendo que tivera o apoio de Watson e agradeceu apenas, senvindo-se da refeição.

– Muchíssimas gracias! Veo que eres realmente muy diferente de Sherlock… - Ela falou lançando um olhar à Holmes que revirou os olhos.

– Claro! Sou mesmo muito diferente! Mas, agradecer pelo quê? Não vejo problemas nisso. Afinal, - olhou para a mulher – todo este caso é puramente pessoal, visto que envolve sua família... – E voltou a olhar o jornal distraído.

Sherlock, já sentado à mesa, apenas observava desgostoso o rumo da conversa, encarando a ambos, já que via que seu amigo não tinha o mesmo ponto de vista que ele, e irritava-se com isso, pois dificultava muito as coisas às vezes; ainda mais vendo que Rita gostara de saber que tinha o apoio do doutor.

Na verdade, a visão de uma dama em uma prisão em nada afetava Watson. Porém, o detetive não pôde deixar de se perguntar se o doutor concordaria se a dama a ir à tão desagradável lugar, fosse Mary.

Nesse pensamento um tanto birrento, a face do detetive contraía-se e foi por este motivo que Watson indagou:

– Holmes? – Não obteve resposta, então aumentou o tom de voz – Holmes! Seus pensamentos estão melhores que esta refeição, meu caro? – Completou com um sorriso amigável.

– Ah, creo que es mejor dejarlo em sus piensamentos… - Rita falou antes que Sherlock pudesse responder, temerosa com o que ele poderia falar.

– Ora, me desculpe Rita, então vocês brigaram?... – Watson sussurrou apenas para a espanhola.

– No exactamente. – A mulher também sussurrou evitando que um leve sorriso se desenhasse em seus lábios.

No momento em que Watson franziu o cenho e abriu a boca para falar novamente, Sherlock tomou a palavra:

– Estou eu aqui pensando em como certos amigos podem ser ingratos ou dificultosos... Talvez este seja o tema de um de meus futuros monólogos... – Bebericou seu chá, displicente – Sra. Hudson! Meu cachimbo!

– Espera. Isto por um acaso é comigo Holmes? – Watson apontou para si mesmo com o polegar.

– Vê outro considerado amigo neste ambiente?! Ah, claro! A não ser que não me considere como amigo, visto que apoia irresponsavelmente uma dama a nos acompanhar a uma prisão! – Sherlock foi aumentando o tom de voz, porém sua face era inexpressiva.

Rita pôs uma mão na testa, meneado a cabeça negativamente.

– Calminha aí Holmes. A Rita tem o direito de nos acompanhar!

– É indiscutível o fato de um lugar como aquele ser inapropriado para qualquer mulher!

– Mas ela não estará sozinha, homem! Ah, vamos, pare com essa excentricidade toda!

– Excêntrico eu?!

– Sim! – Watson ficava vermelho e segurava o jornal sacudindo-o inconscientemente – Extremamente excêntrico! Louco!

– Olhe só para você e veja quem é o louco aqui! – Holmes levantou-se de sua cadeira de frente para Watson e apoiou as mãos na mesa entre os dois.

Watson riu irônico.

– Você não vai mudar de assunto agora. Não há mal nenhum a Rita ir conosco e eu não estou errado em apoiá-la! Afinal, vocês brigaram ou não brigaram? Porque não irei receber os seus bombardeios Holmes. – Watson levantou-se também e sacudia o jornal do rosto de Sherlock que se desvencilhava.

– Cavalheiros. – Rita chamou-os controladamente paciente, porém eles não a escutaram.

– Se-Senhor Holmes, seu cachim-- - A Sra. Hudson aproximou-se dele estendendo a mão com o objeto que ele logo pegou sem olhar para a senhora logo atrás.

– Dê-me isto! – Falou tomando-o, ainda entre a discussão – Não há mal nenhum?! Não há?!... – Riu impaciente dando uma baforada de fumaça no rosto de Watson que tossiu ruidosamente – Agora diga-me, meu caro, deixaria Mary ir?...

Watson gargalhou carregado de mais ironia.

– Mary?! Ela não tem nada haver com isto, homem! E não se lembra quando ela foi me tirar da cadeia inclusive por sua culpa?! Acho que isso seria um SIM à sua pergunta idiota!

– Cavalheiros?... – Rita chamou-os novamente sem sucesso; Watson prosseguia:

– E não sou dificultoso! Você que é! E não pense que irá conseguir me manipular, Holmes, com seus argumentos, para que eu apoie a você e não ela! – Watson disparou apontando para Rita.

– Aha, muito esperto meu caro, mas em uma coisa você falhou: não manipulo você; apenas transformo seus argumentos contra sua própria mente e a meu favor!

– Seu fanfarrão! Eu sei muito bem o que eu penso!

– Será?! – Holmes já usava novamente seus estranhos argumentos para complicar o amigo e apontava sua bengala para o ombro do outro, cutucando-o.

– APONTE ISTO PARA OUTRO LUGAR! – Watson irritou-se profundamente com toda esta baboseira provocada pelo esperto detetive.

– BASTA! – Rita levantou-se batendo com as mãos na mesa fazendo-os parar, finalmente – PAREN YA DE HABLAR COMO SI YO NO ESTIVESSE ACÁ! Y Sherlock, hablaste que iré; y mismo que tú no concordaste, yo iría de cualquier forma! Ni piense en mudar de opinión y ni intentes mudar la opinión de Watson!

Sherlock bufou dando outra baforada com seu cachimbo.

– Cuanta infantilidad... Y ainda diz que esto no es ciúme. Vamos de una vez. – E se retirou.

– Acho que Rita irritou-se... – Sherlock falou para Watson arqueando uma sobrancelha.

– Culpa sua. – O outro respondeu ainda estático com a atitude da espanhola.

Holmes então, soprou o pó do seu cachimbo no amigo que fungou para em seguida espirrar.

– Ora, seu!... – Watson fechou as mãos em punho.

O detetive inevitavelmente começou a rir incontrolavelmente e logo em seguida Watson fez o mesmo, agora enxergando ambos, a pequenez da situação que provocaram.






Minutos depois na prisão...







– Olha quem está aqui!... É um prazer vê-la Srta Valdéz. – Lestrade cumprimentou-a beijando-lhe as mãos e ela por sua vez, sorriu educadamente.


– Mostre-nos onde é a cela do capanga Pierre. – Sherlock se pôs entre os dois afastando-os com sua bengala e seguindo em frente.

Watson sorriu discretamente seguindo o detetive com Rita ao seu lado.

– Oh, sim. Fica no fim do segundo corredor à direita. Posso levá-los se desejar Holmes.

– Não. Obrigado. Ainda entendo de direções. – Sherlock respondeu destilando mau humor.

Watson e Rita trocaram olhares desconfortáveis.

– Sherlock, no necessita ser tan rude. – Rita foi até o detetive enlaçando seu braço no dele, falando baixo enquanto caminhavam.

– Vejo a forma como Lestrade... Trata você. – Holmes não gostava de assumir esse tipo de coisa.

– Él estaba solamente sendo educado.

Pelas celas que passavam no decorrer do corredor, viam olhares maliciosos para a espanhola e vezes comentários dos presos que as ocupavam.

– Creio que estes não estão sendo educados. – Holmes rebateu sério.

– Sherlock, tienes que confiar en mí! – A mulher exclamou ainda baixo, sentindo-se incomodada.

Sherlock apenas a olhou em silêncio e segundos depois:

– Aqui estamos. Pierre?

– O que querem aqui? – O grandalhão perguntou arrogante com sua voz retumbante.

– Nada que piore sua situação. – Sherlock começou e o homem ficou pensativo – Seremos breves e objetivos: Onde está a caixa espanhola?

– Dígame onde mi padre a escondeu. – Rita ordenou aflita e ansiosa.

– Não minta, homem. Ou aí sim as coisas podem piorar para você. – Watson ameaçou.

– Como se isso fosse capaz. – Pierre murmurou aproximando-se das grades.

– Ótimo! Estão não há nada a perder. Sabe onde está?

O homem balançou a cabeça positivamente e falou em seguida:

– Ouvia muitas de suas conversas, de Ruán, com Greyk ou mesmo quando ele murmurava coisas para si mesmo. – O preso falou misteriosamente.

– Prossiga! – Rita exclamou.

– No porto.

– Está en el puerto?!

– No porto marítimo?! De Londres? – Watson inquiriu surpreso – Mas fomos até lá... Não vimos nada que indicasse a caixa.

– Claro. No meio de tantas outras, como poderiam identificá-la? – Pierre explicou – Ruán tornava-se um homem cada vez mais obcecado pelo seu tesouro e escondia-o em lugares diferentes; ele estava completamente confuso, dizia que nenhum lugar era seguro. Então resolveu escondê-la onde ele mais ficava: no porto. E em meio a tantas caixas, ninguém descobriria.

– Cómo vamos saber, entonces... Tenemos que ir até lá o más rápido posible!

– Não... Tem que haver alguma forma. – Sherlock falava pensativo – O próprio Ruán se confundiria se não houvesse nenhum tipo de identificação, por mais discreta que fosse. – Encarou Pierre observando-o minuciosamente, como de costume quando procurava ler as expressões alheias para enxergar respostas, e pôde perceber sua conclusão sendo confirmada na feição do capanga.

– Sim. Há uma identificação na caixa do tesouro.

Sherlock não tirava os olhos de Pierre analisando tudo que ele confessava e ansiando pelo máximo de informações, tão preciosas quanto a caixa. Rita tinha a respiração entrecortada da tensão que sentia e estava levemente trêmula por estar finalmente, diante do tão esperado fio que faltava nesta enorme teia que foi o sumiço da caixa e Watson mantinha os olhos esbugalhados, sedento pelo desfecho de todo este caso, com o batimento cardíaco acelerado, porém pronto para mais ação.

Pierre completou:

– Na verdadeira caixa, como ouvi o magnata murmurar para Greyk certa vez, possui um cadeado de ouro maciço de um amarelo opaco, não chamativo, com um “R” gravado, assim como na própria caixa. Enquanto conversavam, Greyk confirmou que na sua madeira, por toda a borda, também foram gravados “R’s” bem desenhados e sequenciados. Imperceptível para olhos não observadores.

– Certamente. – Sherlock concordou – Como costumava dizer, meu caro Watson, nada é mais enganoso que um fato óbvio. A verdade sempre está diante de nossos olhos. Devo admitir: muito astuto o magnata Valdéz.

– É o que tem a dizer, homem? – Watson perguntou, prático, pondo um fim na conversa.

– Sim. Isso é tudo. Cada frase, cada palavra, a mais pura verdade. Posso demorar anos para sair daqui, mas esta vingança estava entalada na minha garganta. Se Greyk não tivesse se rebelado contra o velho, eu o teria feito, mas certamente teria tido o seu fim. Porém, poderia morrer agora mesmo, e estaria satisfeito com a morte, pois tudo que sabia, entreguei a quem pode fazer justiça. – Confessou ainda Pierre expressando sua raiva.

Sua voz retumbante era carregada de revolta e infelicidade, e a forma fria, impiedosa com que ele falou; a raiva contra o espanhol Ruán; fez Rita dar alguns passos para trás ainda mais aflita e sentindo novamente seu coração apertar amargamente.

– Suas informações foram cruciais, Pierre. – Holmes levantou o chapéu em cumprimento – Saiba que vamos utilizar cada vírgula que você falou. Vamos embora daqui. – Falou virando-se e tomando o braço de Rita, percebendo que ela não ficara bem. Seguiram para a saída.

– Obrigado. – Watson falou sério curvando-se rápido numa vênia para o capanga que retribuiu o cumprimento igualmente sério com seu ar misterioso, dando passadas para trás e deixando que o escuro da cela o banhasse.

– Watson, - Sherlock olhou para o amigo que estava em seu encalço. Os três andavam apressados – temos que encontrar esta caixa de uma vez por todas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?... *-*

PS: Estamos cada vez mais próximos do fim, mas como estou com pena de pôr um ponto final, estou tentando não ser tão direta nos fatos... Estou aproveitando isso para acrescentar um pouco mais de momentos legais entre os personagens [também para sair do clima tenso de capítulos atrás..] Então gente: Paciêencia comigo! hihihii Mas mesmo assim, espero que estejam gostando! ^_^

OBRIGADA MENINAS!!! [Leitoras/es presentes e até mesmo fantasminhas! Mas peço ainda, carinhosamente, apareçam e deixem suas opiniões, tá?!]

Beijocas e até semana que vem! xD