Sherlock Holmes e o Sumiço da Caixa Espanhola escrita por Carol Stark


Capítulo 21
Mais Vale Um Pássaro na Mão que Dois Voando


Notas iniciais do capítulo

Oi meus querido e mais lindos leitores fãs de Sherly Holmes! :)
...E cá estou depois de uma looonga semana, mas sem dúvida sem me esquecer um minutinho de vocês!

Lá vamos nós em mais um capítulo cheio de descobertas e...

...Rumo à Londres!

ÓTIMA LEITURA!!!



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– E então... Estamos diante do profundo lago Mirror! – Sherlock e Rita caminhavam com seus braços entrelaçados em direção ao lago que ficava em meio a uma descampada área verdejante com lindos prados. O vento soprava firme ressonando um leve murmúrio na alvorada.

Tudo era silêncio, e as poucas árvores por ali presentes, balançavam pesadas sob o sopro gélido do vento que também ainda despertava.

Ao aproximar-se do profundo lago, Rita vislumbrou algumas mudas de roupa a sua margem.

– Sherlock, lo que son aquellas ropas...? – A mulher perguntou apontando para o que via.

– Sim, querida. Já havia visto. São de meu caro e apressado amigo Watson e recostado naquela frondosa árvore mais a esquerda do lago, está o inspetor Lestrade. – Sherlock relatou o que já havia observado.

– Mas... Quieres decir que... Watson... – Rita agora encarava Sherlock assustada com o que acabara de concluir.

Este por sua vez, sorriu da expressão da mulher e afagou suas mãos dizendo:

– Não se preocupe! Ele é médico. Sabe muito bem quais são seus próprios limit-- - O detetive, que agora se aproximava do lago beirando-o na direção do inspetor, foi interrompido por um ruído assustador e ofegante, o que fez Rita sobressaltar-se pressionando seu braço – Olá meu caro amigo! – Sherlock, com um largo sorriso, cumprimentou um encharcado, espantado e mal-humorado Watson.

– Doutor Watson! Finalmente! Estava ficando preocupado! – Lestrade exclamou ansioso levantando-se da grama fofa – Holmes! Senhorita. – Virou-se para ambos com uma vênia, pois ainda não os havia notado e pôs-se a ajudar o doutor.

– Como vai inspetor? – Sherlock retribuiu o cumprimento com um leve sorriso.

– Ho-Holmes, seu... Seu... – Watson que trajava camisa e calça de leves tecidos, enrolava-se trêmulo em uma toalha retirando o excesso da água do seu corpo – E-eu ainda mato você!

–Ah! – Exclamou – Fico agradecido por me avisar com antecedência. Bom dia para você também. – O detetive falou irônico fingindo ressentimento.

– Sherlock, no seas desagradable... – Rita sussurrou.

– Bom dia só se for para você! – Watson esbravejou vestindo suas roupas secas.

– Eu avisei que seria melhor aguardar pelo Holmes... – Lestrade se pronunciou reticente com a voz solene que só irritou ainda mais o doutor.

– Ah, cale a boca Lestrade!

– Bem, realmente o dia para mim está ótimo... – Sherlock falou ainda provocando o amigo e, soltando um suspiro, vislumbrou o céu ainda róseo com os raios de sol para em seguida olhar para Rita que sustentou seu olhar no dele, dando-lhe um sorriso.

– NÃO HÁ NADA AQUI! – Nesta breve frase, Watson conseguiu demonstrar e extravazar toda raiva que sentia pela precipitada tentativa e agora também frustrada de encontrar algo no lago, e assim, chamou a atenção de todos para o motivo pelo qual estavam ali. – E então, o que nos resta fazer agora?! A charada diz: “en el lago más fondo, en la grama más baja, pierto de la luz.” Não há nada nesse maldito lago que não passe de algas, lama, peixes e pedras!

Lestrade olhou de um Watson irado para um tranquilo Sherlock Holmes.

– O que nos resta fazer, Watson? Investigar, claro! – Holmes respondeu como se essa fosse a coisa mais óbvia do mundo.

O que na verdade, era.

O doutor bufou impaciente ainda batendo os dentes de frio, mas subitamente, depois de dissipada sua grande parcela de raiva, seu olhar pousou na espanhola ao lado do amigo, percebendo apenas agora sua presença.

– Mas...? Rita, o que você está fazendo aqui? – Watson questionou visando o horário tão cedo.

Os olhos da mulher pairaram em outra direção enquanto começava a falar:

– Yo-- - Mas foi interrompida por uma falsa tosse do detetive.

– Este cheiro úmido de grama não faz bem aos meus pulmões. – Sherlock falou encarando o amigo significativamente. E como se lessem o pensamento um do outro, Watson logo entendeu, franzindo o cenho para Sherlock como se questionasse a veracidade do que perpassava em sua mente e recebeu em resposta, um Holmes com uma sobrancelha arqueada meneando a cabeça positivamente.

Diante desta silenciosa, porém comum troca de informações, Watson permitiu-se sorrir, agora divertido e ao mesmo tempo incrédulo. E passando por Sherlock, deu um leve tapa em seu ombro, e foi pegar seus pertences na beira do lago.

Lestrade pigarreou coçando o nariz e Rita corava diante da estranha “exposição” que acabara de passar.

– Por onde começamos? – Lestrade foi o primeiro a quebrar a tensão presente no ambiente, devido este tema menos importante.

– Tem que haver alguma forma de luz mais específica... – Sherlock caminhava curioso.

Ao dizer isto, o detetive deparou-se com uma agradável, porém pequena praça que se centralizava entre as escassas árvores, sendo composta apenas, por dois velhos bancos próximos a algumas flores-do-campo e...

... Um poste.

– O que temos aqui...? – Lestrade pronunciou sentando-se em um dos bancos que estalou fazendo-o levantar de súbito.

– Es un lugar realmente muy bello. – Rita confessou – Cómo puede haver algo por acá?

Sherlock olhou-a e em resposta, abaixou-se próximo ao poste e começou a apalpar a grama.

– O que está fazendo Holmes?! Isso não passa de terra. – Watson falou realista.

– Você deveria me ajudar Watson! – Holmes levantou a vista para o amigo que o observava – Aha!

– Y entonces? – Rita inquiriu tomada de curiosidade.

– Como no enigma! Aqui nesta grama menos crescida... – O detetive dizia, agora encostando o ouvido na terra ao passo que batia rapidamente com os nós dos dedos na mesma -... E perto da luz. Deste poste... Este trecho da grama é falso!

– O que disse? – Watson foi o primeiro a perguntar.

– Vejam! – Holmes puxou um pequeno tapete de grama em formato quadrado – Por isso está mais baixa. É artificial! E olhem ainda! É um compartimento metálico incrustado na terra que a grama falsa estava escondendo. – O detetive puxou a tampa facilmente para cima abrindo o discreto esconderijo.

Os três, Lestrade, Watson e Rita encontravam-se ao redor de Sherlock ansiosos e admirados pela descoberta.

– Qué es eso? – Rita perguntou surpresa encarando uma diminuta caixa que Sherlock retirava de dentro do compartimento, no esconderijo metálico, juntamente com uma garrafa que podia-se ver, ocupada por um rolo de papel.

– Passe-me isto aqui. – Lestrade falou extremamente interessado puxando a garrafa das mãos de Holmes no que ele revirou os olhos enquanto levantava-se.

– E esta minúscula caixa Holmes? – Watson perguntou curioso também quase lhe tomando o objeto.

Sem responder, Sherlock abriu o pequenino objeto. Todos suspenderam a respiração, ansiosos.

Porém, em um ato conjunto de frustração, os quatro ali presentes soltaram um longo suspiro, pesarosos.

– Una llave?! – Rita começou.

– Por quê...? – Watson questionou confuso logo em seguida.

– Chave? – Lestrade franzia o cenho.

– Hum, uma chave... – Sherlock pronunciou austero – Lestrade faça-nos o favor de abrir e ler este rolo. – O detetive apontou para a garrafa nas mãos do inspetor com um gesto inquieto.

– Claro! – O inspetor tratou logo de retirar o rolo de papel de dentro da garrafa que estava, por sinal, bastante apertado e então, começou a tremer involuntariamente não conseguindo puxá-lo.

– Dê-me isto aqui. – Sherlock pronunciou também tentando retirar o papel, também sem sucesso.

– Sherlock, você sabe que nunca reclamei de seus métodos, mas deve admitir que algumas vezes não são dos mais práticos... – Watson tentou pegar a garrafa das mãos do detetive que de início não quis soltá-la, ficando esta entre suas mãos e as de Watson, até que o doutor conseguiu por fim, puxá-la para si jogando-a no chão bruscamente partindo-a em pedacinhos deixando dessa forma, o rolo à mostra.

Todos olharam para ele que segurou um sorriso nos lábios.

– Muito bem. – Sherlock falou sem expressão alguma, depois de segundos inerte, para em seguida buscar o papel do chão e desenrolando-o, leu:

Algunos pasos apenas y estarás con la caja en tus manos. Sigue el mapa siempre recto al este y tu puerto seguro esta llave será.

Logo abaixo, estava desenhado com linhas perfeitas e detalhadas um mapa de Londres com alguns pontos principais da cidade aparentando ser apenas um objeto tão comum quanto o inútil banco da pequena praça na qual estavam.

Watson e Lestrade permaneceram calados pensando no novo enigma enquanto Holmes segurava o papel em suas mãos com a expressão compenetrada.

Rita observou o mapa com atenção e percebeu algo além dos desenhos da cidade. Viu que do ângulo em que estava observando-o algo se formava diante da sua visão e vislumbrando aquilo virou o papel de lado ainda nas mãos de Sherlock que a olhou sem compreender semicerrando os olhos até que em segundos, também pôde vislumbrar o que a mulher tentava lhe mostrar.

– Um... Navio? – Sherlock sussurrou.

– Sí! – Rita exclamou – Esto quiere decir alguna cosa, mi amor! Nuestra próxima pista puede estar en el agua. – Ela continuou, entusiasmada.

– Claro…! – Holmes compreendia.

– Holmes, mesmo sem ter decifrado mais esta pista, mas algo me diz que alguém está realmente nos ajudando. – Watson argumentou.

– Pelo jeito, mais alguém está querendo que achemos esta caixa! – Lestrade falou com ar cansado.

– Ok. Estamos na cidade de Londres e se seguirmos reto, aqui pelo mapa, no sentido leste, como diz a pista, vamos parar no rio Tâmisa que deságua no Mar Norte... – Sherlock falava tudo muito lentamente ainda entre seus pensamentos – Mas o que encontraremos...? E esta chave? – Holmes agora se pôs a pensar ainda mais fervorosamente caminhando de um lado para outro na grama tomando sua feição quieta e compenetrada, com seu ar mais austero. Franziu o cenho e crispou os lábios. Os outros apenas observavam e ele continuou depois de minutos:

–... Y tu puerto seguro esta llave será… Trocadilhos. Mais uma vez. Assim como o trocadilho deste lago que o fez pensar, Watson, que encontraríamos algo dentro dele, quando na verdade, o foco da pista estava concentrado em sua parte final, onde dizia: “pierto de la luz.”

– Sherlock, explique-nos! – Lestrade falou.

– Vamos ao porto de Londres.

– Como?! – Watson e Lestrade perguntaram, e Rita riu satisfeita da dedução do detetive.

– Esta chave certamente tem uma utilidade, - começou Sherlock - mas a palavra “puerto” que dizer mais do que apenas um significado. Primeiro: encontramos esta pista dentro de uma garrafa. Típico de marinheiros e piratas. Segundo: Seguir reto a leste, nos leva ao Tâmisa que nos leva ao Mar Norte. Terceiro: Um navio foi traçado inteligentemente de forma oculta por sobre os traços do mapa. Deduzo que devemos ir ao porto marítimo da cidade. Lá veremos qual é verdadeira utilidade desta chave e quem sabe, pensando por esta linha de raciocínio, não possamos encontrar finalmente algo mais significativo.

– Parece simples. – Lestrade concluiu.

– Sim, parece. Mas devemos também considerar as falhas que podemos estar cometendo... – Sherlock objetou.

– Concordo com você Holmes. – Watson se pronunciou – Podemos estar seguindo alguma pista também falsa.

– Exatamente. É o que temo. Mas não podemos deixar de tentar. Sabe como ajo caro amigo, na teoria podemos chegar à grandes conclusões, mas é apenas na prática que podemos comprová-las. – O detetive falou deixando que um leve ar de preocupação perpassasse pelo seu semblante.

– Se bem que ainda creio que alguém está tentando nos ajudar... - O doutor continuou pensativo. Bem, por via das dúvidas, mais vale um pássaro na mão que dois voando! Se é isso que temos por enquanto, vamos agir.

– Cuándo iremos? - Rita perguntou para Sherlock que a olhou percebendo a preocupação também no rosto da mulher e aproximando-se da espanhola, enlaçando-a pela cintura discretamente reconfortando-a, no que os outros perceberam, checou seu relógio de bolso e respondeu:

– Deixaremos tudo aqui como quando chegamos e retornaremos para casa. Lestrade, você compara este mapa com os seus e certifica-se de que está impecavelmente correto e se encarregará do nosso itinerário até o porto. Enquanto Rita, Watson e eu voltamos para Baker com a chave e tentaremos saber de mais alguma coisa. Encontramos-nos às 15h na estação de trem próxima ao Banco de Londres.

– Entendi. Então não vamos mais perder tempo. – O inspetor falou eficaz voltando-se pelos prados do campo.

Watson foi logo em seguida deixando o casal mais para trás, a sós, que tiveram assim a oportunidade de trocarem um demorado beijo cheio de cumplicidade e também preocupação.

Alguns minutos depois, já em Baker Street...

– Holmes, o que tanto olha pela janela? – Watson inquiriu depositando seu sobretudo e chapéu no sofá e sentando-se em seguida.

– Nada. – Respondeu Sherlock virando-se para o amigo, que agora estava ao lado de Rita, e logo se voltou para a janela mirando a rua, pensativo. Seus olhos estavam injetados de astúcia e brilhavam como os de uma águia quando visa a presa.

– Sherlock, venga... Sientate acá. – Rita levantou-se do estofado indo em direção à Holmes que a impediu com um gesto rápido, levantando a mão.

– Não se aproxime. Fique aí Rita. – O detetive falou ainda sem tirar os olhos da rua e estas palavras incomodaram a mulher. Ela virou-se de volta para Watson e franziu o cenho, confusa, porém o mesmo fez o doutor parecendo não entender tal atitude do amigo.

Sherlock estava agachado, posicionado em um canto mais escuro próximo a janela e estava tão imóvel quanto uma estátua de gesso.

– Preciso sair! – Ele pronunciou subitamente levantando-se e pondo seu habitual chapéu.

– Sherlock! – Gritou Rita.

– Holmes, volte aqui! – Watson também exclamou levantando-se do sofá.

– Voltarei a tempo de partirmos para o porto! – Foram as últimas palavras do detetive antes de bater a porta deixando para trás, Rita e Watson estáticos no meio da sala.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam...? *-* Preciso de vocês hein?!
Nos vemos pelos reviews! ^_^