Sherlock Holmes e o Sumiço da Caixa Espanhola escrita por Carol Stark


Capítulo 2
No Hotel Alas


Notas iniciais do capítulo

E mais um capítulo para vocês de deliciarem! ...Cheio de dúvidas e mistérios que só estão começando...

=) Divirtam-se!



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Chegava a hora do encontro e Holmes remexia pensativo, a pulseira de moedas que viera junto a garrafa; com um estrondo, Watson adentra a casa esbaforido.

— Desculpe-me o atraso! – Olhou para o relógio – Temos que ir não é mesmo?

— Claro... – Falou Holmes pensativo levantando-se da cadeira e pegando seu chapéu e bengala.

— Holmes, você irá levar a garrafa?

— Vou sim Watson. Quero entender se isto realmente tem alguma importância. Está armado?

— Quê? – Watson perguntou assustado.

— Sim, sim. Perguntei se está armado.

— Caro Holmes... Você não é nada romântico. – Falou Watson balançando a cabeça. – É apenas um encontro, homem! Não precisa disso. – E riu divertido.

— Watson. Será que seu cérebro só trabalha a favor da medicina? Tudo é suspeito meu amigo. Tudo é suspeito.

E dizendo isto, os dois rumaram para o encontro no Hotel Alas. Pegaram um coche e seguiram algumas quadras não tão distantes da Baker.

Conversavam temas diversos inclusive os pequenos casos que saíam nos jornais nas últimas semanas e que Holmes, sem sair de seus aposentos, solucionava sem dificuldades. Queria mesmo algo inusitado. Algum desafio para sua mente tão astuta e sedenta de problemas.

Chegaram por fim no hotel. Watson pagou pela viagem e desceram em frente ao grandioso prédio de uma linda arquitetura de um estilo leve, detalhado e claro. Parecia ser um ótimo hotel. Caro. De luxo.

Watson entrou vislumbrado com tal modelo e beleza enquanto Holmes cumprimentava sério, os porteiros. Seguiram pela entrada que dava logo para uma aconchegante recepção. Havia sofás e cadeiras; próximo as cadeiras, mesas. Tudo muito bem organizado e logo mais ao fundo, um pequeno balcão. Holmes pôde perceber que assim que cumprimentara os porteiros, um pequeno garoto saiu correndo de onde estavam para um corredor dobrando a direita ao mesmo tempo em que saiu deste corredor, uma bela mulher. Tudo isso em fração de segundos, apenas enquanto ainda andavam na direção de um daqueles confortáveis sofás.

Holmes ficou atento, mas era impossível deixar de notar a tremenda beleza daquela mulher. Era de estatura média, esguia e elegante. Usava um vestido longo de um vermelho escuro e os cabelos negros presos em um coque. Tinha os olhos castanhos escuros e penetrantes e os lábios bem desenhados. Ela caminhava na direção dos dois e logo Holmes reconheceu aquela mulher que deixara a cesta em sua porta.

Estranhamente o hotel estava sem movimento algum. Apenas os dois porteiros e o recepcionista que entrara e ainda não havia voltado. O garoto já saíra correndo para a rua. Sherlock cutucou Watson com o cotovelo como sinal para ficar em alerta.

— Senhor Sherlock Holmes? – Pronunciou a mulher se aproximando de ambos e estendendo a mão para o detetive.

— Sim, Sra...?

— Srta. Rita, sí? Ou apenas Rita Valdéz. – Falou a mulher com um pesado sotaque, sorrindo.

Holmes então lhe beijou a mão.

— Srta. Rita... – Sherlock observava a mulher, curioso.

Watson pigarreou.

— Deixe-me apresentar Srta. Eu sou o Dr. Watson. – Watson falou formal curvando-se um pouco para frente.

A mulher estendeu-lhe também a mão dizendo apenas:

— Prazer. Mas ele irá ficar conosco? – Falou se dirigindo a Sherlock.

— Ah, claro. Gosto que sempre me acompanhe. Incomoda-lhe...? – perguntou Sherlock educado.

— Não, não. – respondeu a mulher contrariada.

Todos se sentaram e Sherlock logo colocou a pesada garrafa em cima da mesinha próxima e sem rodeios ou floreios falou:

— Por que deixou uma cesta em minha porta, Rita?

A mulher pareceu desconcertada com tamanha rapidez do detetive e falou sem se deixar intimidar:

— Ah, então me viu quando a deixei em sua calçada? – A mulher sorria novamente agora cruzando as pernas.

— Não poderia deixar de ouvir esta pesada garrafa tocando o chão. Por que me chamou aqui e por que me pediu para que trouxesse a bebida?

— Hahaam! – Watson pigarreou alto. Achava o amigo muito grosseiro. Não estava sendo o mínimo educado. – Sherlock, não seja tão rude assim! – Murmurou em seguida.

— Siempre ouvi muito hablar de você detetive Sherlock. – A mulher curvou-se um pouco para frente aproximando-se de Holmes. Este manteve sua posição encarando-a. – Quiero apenas conhecê-lo. Você é realmente... Admirável. – Rita sussurrou sedutora.

Holmes piscou várias vezes surpreso com o que ouvia, mas manteve logo sua postura de sempre. Bateu fortemente com a mão na mesa, o que fez os porteiros virarem-se para ver o que acontecia, e levantou-se dizendo:

— Me desculpe Rita. Mas meu trabalho é investigação. Não perco meu tempo com nada além disso. – Fez menção de ir embora. Watson também levantara.

— Acálmate Sr. Holmes. – A mulher pronunciou baixo e pausadamente. - Irei contar-lhe lo que quiero.

Sherlock parou e olhou rapidamente para Watson que logo entendeu seu olhar de “O que quer esta mulher?”. Permaneceram de pé. Holmes mais mal-humorado que o normal, apoiou suas duas mãos em sua bengala a frente do corpo.

— Estamos ouvindo. – Murmurou Holmes em sua voz grave. Ele estava agora com a expressão mais fechada que podia expressar. Sentia-se levemente ofendido. Será que esta mulher brincava com ele? Com sua inteligência? Não permitiria isso.

— Irei trazer algunas taças. Afinal, este vinho é o meu preferido. – E saiu entrando em uma porta ali perto o que seria a cozinha do hotel, provavelmente.

Holmes apenas pigarreou mantendo-se imóvel junto de Watson. Assim que ela deu as costas ele falou rápido e em um sussurro:

— Watson! Isso não é nada bom. Estamos em alguma enrascada, meu caro. Assim que entramos um garoto correu em nossa frente e assim que dobrou um corredor, saiu esta Rita Valdéz. Isso tudo é armação!

— Holmes! – Sussurrou Watson – Mas o que será que estão armando? E onde está todo mundo?

— Ah, alguma coisa percebeu, enfim. – Holmes ironizou. Estava nervoso, mas firme como sempre.

— Holmes não comece com seu mal-humor...

— Shhhh! – Holmes fez assim que ouviu os passos de Rita voltando para juntar-se novamente aos dois.

Watson voltara a sua inexpressividade. Anotava rapidamente em seu bloco, tudo o que acontecia.

— Um brinde? – Rita sorriu de lado enchendo as três taças.

Holmes não respondeu. Segurou sua taça e levantou-a assim com fez a mulher. Watson fez o mesmo, mas logo voltou para suas anotações o mais discreto que podia.

Rita Valdéz levou a taça aos lábios então Sherlock bebeu um bom gole. Antes que o vinho pudesse tocar a boca daquela mulher, ela baixou a taça rapidamente falando em seguida:

— O que sabe sobre a caixa?

Watson que estava de cabeça baixa escrevendo aquele momento encarou Holmes confuso.

— Como? – Disse apenas Holmes.

— Sí, sí! A caixa, Holmes. – Repetiu a mulher.

Sherlock sentia-se grogue, estava ficando sonolento.

— Hum. Não sei do que está falando, Rita Valdéz. Se isto aqui é uma armadilha... – Holmes agora via tudo levemente embaçado.

“Não acredito nisso. Como fui estúpido!” – Pensou Holmes percebendo o que lhe acontecia.

— Não, não. Não é nenhuma armadilha. – Rita baixara novamente o tom de voz aproximando-se de Sherlock.

— Então nos explique sobre essa tal caixa. – Watson pronunciou ríspido.

Rita o encarou com uma sobrancelha arqueada.

— Não irei explicar nada, dr. Watson. Vocês sabem muy bien lo que estoy hablando!

Watson então se lembrou de repente do jornal que levara quando foi trabalhar logo cedo. Vira algo sobre uma caixa secreta, um sumiço, mas não chegara a ler. Que erro! Puxou o jornal de seu casaco e abriu.

— Holmes! Holmes, esta caixa... – Mostrou o jornal ao amigo que o encarou furioso.

— Então, digam-me tudo, cavalheiros. Estoy esperando.

Neste mesmo momento na Baker Street...

— Calma! Já vai! – Gritava a Sra. Hudson caminhando até a porta para saber quem batia de forma tão ansiosa e desesperada. – Não precisa quebrar a porta, oras!

Um homem alto de pele queimada e cabelos pretos e levemente ondulados, estava de pé à porta, completamente esbaforido.

— O que quer homem? Quem é você?

— Preciso falar agora com o Sr. Sherlock Holmes.

— Sinto muito, ele não está. Saiu faz duas horas e ainda não retornou. Volte outro dia. – E foi fechando a porta.

O homem então segurou a porta com a mão impedindo que fosse fechada e falou com uma sombra de mistério e ira no rosto:

— Diga-lhe que nada sobre esse sumiço é verdade. Ela é uma impostora! Ela que quer tirar lo que é meu! – Despejou o homem e deu as costas apressado deixando a Sra. Hudson pálida de medo.

Holmes estava já quase caindo por cima da mesa. Seus reflexos ficavam lentos. Já não mais conseguia pensar. Sim, Rita Valdéz o dopara. Watson não bebera do vinho, pois estava mais preocupado em suas anotações que em fazer aquele brinde e estava assustado com o seu amigo, Sherlock Holmes, o sempre astuto Holmes naquele estado vulnerável. Pensou em pegar a arma, mas seria arriscado demais principalmente para o amigo. Watson estava agora mais atento que uma raposa e observava cada movimento daquela ardilosa mulher.

— Ah, Holmes, não me diga que não sabes de nada... – Rita levantara-se e encarava Sherlock de perto tocando seu rosto.

Watson apertou sua arma sob a roupa.

— Isso não vai ficar assim. – Foi o que Sherlock conseguiu pronunciar e no segundo seguinte, pendeu sua cabeça, desacordado. A última coisa que conseguiu ouvir muito distante foi Watson gritando seu nome.

— Prenda-os! – Ordenou Rita Valdéz para os porteiros que, na verdade, estavam todos trabalhando para ela.

Watson de pronto levantou-se girando sua bengala-espada na mão e desferindo um golpe certeiro em um dos porteiros que caiu no chão pondo a mão na testa. Outro em seguida atacou Watson dando-lhe um soco no rosto, mas Watson ágil de suas tantas experiências na guerra, girou para trás do grandalhão dando-lhe um belo golpe com o cotovelo na nuca do oponente.

Outros vieram de dentro de uma porta próxima a porta da cozinha e o dr. sozinho não conseguiu dar conta de todos. Suas mãos foram seguradas por um dos homens, às suas costas, mas isso não o impediu de ainda lutar. Com toda força golpeou com sua própria cabeça a testa do homem que ficou levemente tonto soltando assim Watson; e mais um se aproximava preparado para dar-lhe um golpe com a perna, em seu estômago. Watson aproveitou o homem ainda tonto e o puxou para sua frente servindo de escudo e este recebeu toda a dor daquele golpe certeiro ficando sem ar e caindo de joelhos. O capanga que desferiu este golpe não desistiu mirando agora o rosto de Watson, e novamente com um movimento de perna tentou atingir o dr que se virou de lado tirando finalmente sua espada disfarçada e apontando para o adversário que parou petrificado, mas logo outro se aproximou bruscamente dando uma forte pancada na mão do dr que pela dor deixou cair o objeto. Acabou sendo levado junto com Sherlock ainda desacordado, para esta mesma porta ao lado da cozinha.

O lugar era um depósito. Estava mal iluminado e cheio de caixas de papelão e grades; tudo cheio de comidas ou utensílios diversos. Foram caminhando pelo depósito até que chegaram a um porão. Watson foi empurrado para dentro enquanto Sherlock que estava sendo carregado por um dos homens, foi largado ao lado do dr.

— O que querem conosco? – Gritou Watson furioso.

Rita adentrou o lugar.

— Apenas que fiquem seguros e me ajudem a descobrir onde está a caixa.

— Seguros? Mas o que você quer dizer com isso?! – Watson não entendia absolutamente nada.

— Logo saberão. – E lançando um breve olhar para Sherlock caído, se retirou.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem, ok?! Minha imaginação ferve cada vez mais com os reviews de vocês!

Até o fim de semana com mais capítulos! Bjinhosss!