Ektras X Novas escrita por JVAlmeida


Capítulo 5
Capítulo 5 - Laços


Notas iniciais do capítulo

:| tá pessoas, falem o que vocês acharam desses dois últimos capítulos (melosos), se vcs quiserem eu sigo a história com algumas cenas assim, se não eu paro... (esses dois ultimos caps foram tipo um teste...



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O prazo de dois dias havia expirado, o dia da missão de iniciação era hoje, não sabia ao certo se eu mesmo estava preparado, apesar de eu ser o “guia”, Chris estava se preparando para a missão. Esta consistia em três partes: a primeira parte era ir até um antigo quartel general do exército para investigar uma possível atividade militar na região; a segunda era eliminar toda a atividade suspeita e inimiga no local; a terceira, e mais difícil era voltar para a base sem ser seguido ou morto.

Apesar de eu já estar melhor da batalha com aquela Nova cinco dias atrás, eu ainda não estava preparado para um combate, ainda mais combate contra outros Novas, mas eu insisti ao máximo para que eu fosse junto.

Durante a batalha contra aquela Nova, eu não havia percebido, mas eu havia usado muito calor e a minha arma havia queimado e derretido, eu precisaria de outra arma futuramente, no momento estava feliz de pelo menos poder usar eletricidade. E durante os dois dias dos quais eu usei para me recuperar da luta eu prometi nunca mais usar o Limit Breaker de novo, era algo que me desgastava muito e eu não queria passar por aquilo de novo.

A equipe parecia boa, com vários Ektras diferentes, havia de praticamente todos os tipos, se não fossem todos, mas quase nenhum possuía arma ou sabia lutar, ou seja, eles dependiam de seus poderes.

Eu estava sentado do lado de fora da Cidade, estava esperando junto de outros três guias, entre eles estava Mike, o garoto com quem eu havia brigado, um Ektra armador, seu nome era Ren Yukima e Yuzo Maketo, um Ektra psíquico, como Chris, mas, ao contrário dela, ele era muito calmo. Os iniciantes iam chegando, a primeira pessoa que eu vi chegar foi uma garota que usava um tipo de capa vermelha, ela era morena e tinha cabelos castanhos e ondulados, desviei o olhar e tentei conter um riso. Mike olhou na direção da garota e foi até ela, começaram a conversar alegremente, provavelmente Mike é quem a ajudou a ir para a Cidade Subterrânea. Após mais alguns minutos mais uma dezena de pessoas saíram e foram tomando conta do lugar, muitas conversavam entre si tentando se conhecerem melhor, talvez já se conhecessem por causa da apresentação.

Permaneci sentado esperando todos chegarem, não havia visto Chris no meio da multidão, provavelmente estava conversando com alguém, após todos chegarem eu e os outros três guias nos levantamos e esperamos até que prestassem atenção em nós. Após algum tempo as pessoas passaram a prestar atenção em nós, eu estava nervoso, mas pelo menos não era eu quem deveria falar, era Ren.

– Pessoal, hoje daremos início à Iniciação de vocês à nossa “facção”, por assim dizer. Todos já sabem qual será a missão que faremos, mas todos precisam saber de uma coisa, essa missão é muito perigosa e os que ficarem para trás serão deixados para trás. – disse Ren, rapidamente.

Como havia sido combinado antes da missão, fui até o meio deles e escolhi a equipe da qual eu ficaria encarregado, eram cerca de vinte pessoas por guia, sendo que nós dividiríamos as tarefas de acordo com as equipes. Minha equipe continha muitos Ektras do tipo ilusionista e do tipo manipulador. Portanto cuidaríamos da defesa. O de Mike havia Criadores e Conhecedores, ele ficaria encarregado do ataque. O de Ren havia Psíquicos e do tipo Força, eles ficariam responsáveis pelo carregamento. E Yuzo estava com Adaptadores e Camufladores, eles cuidariam de que ficássemos o mais escondido possível.

A marcha havia começado, demoraria cerca de um dia para chegarmos perto da base, portanto não estava tão preocupado no momento.

A noite havia chegado, havíamos feito um acampamento próximo ao Quartel, não se via nada, a não ser o céu, escuro e sem brilho, dizia-se que anos atrás havia inúmeras estrelas no céu, mas elas sumiram. Estavam todos cansados da caminhada, estavam em volta de uma fogueira que eu havia ajudado a acender, estavam comendo e conversando, parecia mais uma espécie de acampamento de verão para pessoas normais do que um acampamento para pessoas sobrenaturais, como nós, anda mais pessoas em missão.

Eu estava afastado do grupo, assim como os outros três guias, assim como eu eles não gostavam de multidões e só estavam conversando com quem realmente lhes interessava. Chris se aproximou de mim, eu estava deitado sobre a grama, ela chegou perto de mim trazendo algo na sua mão que eu não consegui distinguir, ela tirou três pequenos cilindros e os estendeu para mim, ao chegar perto vi que eram pilhas.

– Quer comer, Dyren? – ela me perguntou.

– Muito engraçada você, hein? – falei em tom sarcástico pegando as pilhas e colocando-as de lado.

– Por que não está lá com o pessoal? – perguntou Chris sentando-se a meu lado.

– Não quero, prefiro ficar aqui mesmo. – respondi.

– Tem pessoas legais lá, bom, pelo menos mais legais do que na nossa antiga escola – disse Chris.

– Eu sei, mas não me sinto bem com tanta gente envolta de mim – falei.

– Então por que se ofereceu para vir na missão? – Perguntou Chris.

– Não sei – falei pensativo – talvez pra ficar com você... Eu não tenho outros amigos, você sabe.

– Ha ha, você até parece gente falando assim. – disse Chris.

Me virei para ela com um sorriso sarcástico no rosto.

– Me desculpe, não era minha intenção, vou voltar a ser um demônio desalmado, frio, sádico e psicopata.

Eu e ela rimos, depois de algum tempo ela continuou:

– Você ficou um pouco diferente desde quando você lutou com aquela Nova. – disse Chris.

– Eu sei – falei – não pretendo mais agir como agia antes, depois do que aconteceu, depois do que eu vi nos meus sonhos, embora não me lembre muito bem, não quero que aconteça nunca mais.

– Dyren – disse Chris com um tom meio melancólico – eu não quero morrer amanhã... Sei que essa missão é arriscada e tudo mais, mas não quero... Não antes de... – ela parou, me encarou por um tempo e depois continuou – Não quero morrer.

– Não se preocupe, você não vai morrer, você tem uma equipe de defesa, uma de ataque e uma de anonimato para te defender, sem contar seus poderes, não tem nada do que se preocupar. – falei.

– Espero que esteja certo – disse Chris.

Ela se levantou e olhou para onde estava a fogueira, depois olhou para onde eu estava, deitado no chão e por fim para o horizonte negro de onde viemos.

Chris se afastou e foi para a sua cabana, estava na hora de todos irem dormir. Fui para minha cabana também, assim que deitei em minha cama algo me incomodou, não sabia bem ao certo o que era, olhei para a minha mão, eu ainda estava com as pilhas, não sabia ao certo o porquê, mas sentia que elas poderiam me ajudar mais cedo ou mais tarde, eu só esperava que fosse mais tarde.

Acordei cedo, iríamos começar a investigação o mais cedo possível, o grupo de Yuzo tinha ido na frente para reconhecimento, enquanto isso os outros três grupos iriam se preparar, o grupo de Ren estava distribuindo armas para todos enquanto o de ataque e o de defesa estavam se preparando física e psicologicamente.

Apesar de tudo isso eu ainda estava preocupado, na noite anterior nós havíamos feito uma fogueira, agora que eu pensava nisso ela poderia muito bem ter feito muita luz e preparado todos no Quartel de nós, mas era só uma suposição.

Após uma hora cerca de cinco Ektras da equipe de reconhecimento haviam voltado, eles disseram que era seguro ir em frente, não parecia ter nada na base, parecia abandonada há um bom tempo. Avançamos, portanto, em direção à base, minha equipe ia na frente, para defender de um possível ataque surpresa, o de ataque ia logo atrás e o de carga estava completamente atrás.

Estávamos no meio da base, literalmente, não víamos nada além de grandes armazéns vazios e um prédio no centro do qual devia ser o Centro de Comando da base.

– PESSOAL, ESTÃO LIBERADOS, QUALQUER COISA SUSPEITA TENTEM NOS AVISAR DE ALGUMA FORMA, NÃO IMPORTA QUAL, AVISEM. – instruí para minha equipe, os outros dois guias fizeram o mesmo.

Fui até o Centro de Comando enquanto os outros Ektras se dispersavam numa investigação pela base. Yuzo se aproximou de mim, eu estava de Frente para a Central da base, mas não sabia como faria para entrar, a porta estava trancada e o edifício era velho, usar meus poderes poderia fazê-lo desabar. Pensei em chutar a porta a fim de que ela caísse, mas não o fiz, supondo que pudesse ter alguém lá dentro, ao invés disso Yuzo usou seus poderes e a abriu para mim, agradeci com um aceno de cabeça e entrei, estava escuro, não havia nada de início lá, mas provavelmente tinha muitos lugares para investigar ali, eu podia sentir alguma energia no local, então algo ainda funcionava. Eu estava usando meus poderes para gerar luz, era pouca, já que eu devia economizar pra um possível combate. Após alguns minutos andando ali eu encontrei uma imensa porta de aço, ela parecia estar trancada, mas não estava, era apenas muito pesada e abria antes com eletricidade, mas sem eletricidade a tranca havia sido liberada, assim eu consegui abri-la. Ao entrar no corredor tudo havia mudado, havia corpos por todo o chão, as paredes estavam desgastadas e o corredor parecia levar a um único lugar.

Continuei indo em frente, eu provavelmente estava no subsolo agora, nãomuito no fundo, mas como num porão. Eu podia sentir que havia energia pelo caminho que eu ia, e eu precisava encontrar a fonte dessa energia. Virei duas vezes para ir ao meu destino, mas só o que parecia é que aquilo não tinha fim. Até que finalmente encontrei uma porta, também de aço, mas essa estava aberta. Era de onde vinha a energia, entrei lá, mas não vi nada que pudesse gerar tanta energia a ponto de eu sentir de tão longe, parecia mais um tipo de quarto, comecei a vasculhar pelo local, não tinha muito o que olhar já que só tinha um armário um pouco destruído e uma cama velha, terminei de destruir o armário, silenciosamente e destruí também a cama.

Não havia achado nada, estava quase desistindo quando algo me veio à cabeça, talvez estivesse escondido num lugar diferente, no chão, nas paredes ou no teto. Após pensar nisso terminei de destruir o quarto até que encontrei a fonte da energia, era uma pequena esfera de borracha, ela era tão leve que parecia oca, mas por mais força que eu fizesse ela não cedia, provavelmente tinha algo dentro que estava gerando toda a energia. Estava prestes a abrir a esfera de borracha quando senti o chão tremer e ouvi uma explosão.

Corri rapidamente para fora do local, havia guardado a pequena bola de borracha na minha mochila. Ao chegar lá fora me deparei com uma cena horrível, vários Ektras estavam mortos, corriam todos para fora da base, nenhum deles queria ficar ali, olhei na direção de onde eles vinham, percebi que havia um exército de robôs atrás deles, eles estavam atirando com metralhadoras, mísseis, lanças-chamas e tudo o que o seu arsenal permitisse. Corri para onde todos estavam, parecia que estavam todos bem, exceto pelos que haviam morrido antes, havia um dos armazéns em chamas e os robôs vinham velozmente em nossa direção com luminosos olhos vermelhos.

Disparei um raio contra o primeiro, o que não pareceu surtir muito efeito, já que ele simplesmente continuou a atirar descontroladamente.

– RETIRADA – ouvi alguém dizer, provavelmente Yuzo.

Todos começaram a correr para fora da base, abandonando tudo e todos para correrem o mais rápido possível, apesar disso muitos ainda eram atingidos e mortos ali mesmo. Olhei para trás, vi alguns pedindo por ajuda e outros pedindo misericórdia enquanto agonizavam.

Então me lembrei de algo, ou melhor, alguém, Chris, eu não sabia onde ela estava, usei de toda a força da minha memória para me lembrar se ela estava entre nós durante a ordem de retirada, não conseguia me lembrar de ela estar lá, então contra todos os meus sentidos eu fui atrás dela, passei do lado de um robô, que provavelmente deve ter atirado em mim ou algo do tipo, embora eu não tenha sentido nada na hora.

O sangue pulsava no meu ouvido, eu tentava imaginar onde estaria Chris, eu me recusava a acreditar que ela estava morta, olhei para o chão e vi um rastro de sangue que levava a um dos armazéns, corri por entre os corpos e escombros até lá, ao chegar vi Chris encostada na parede, com um ferimento na perna e outro no ombro, em seu colo estava uma outra garota, os olhos sem vida, mas com um sorriso feliz no rosto. Chris estava chorando, de dor, de ódio e de tristeza. Corri até ela e me ajoelhei ao seu lado.

– Está tudo bem, Chris? – perguntei preocupado.

– Você acha que estou bem? – perguntou ela entre soluços, ao se acalmar um pouco ela continuou, dessa vez com seu bom-humor de sempre. – Você mentiu pra mim... Disse que eu não morreria... disse que os outros Ektras me protegeriam.

– VOCÊ NÃO VAI MORRER – falei irritado.

– Talvez não, mas você ainda é um mentiroso, todos me abandonaram, menos ela, mas ela agora morreu – disse Chris se referindo à garota morta.

– Consegue andar? – perguntei.

– Não, - respondeu Chris – tive que me arrastar até aqui com ajuda dela...

– Droga – resmunguei – não sei o que fazer... Se eu sair carregando você eles me pegarão.

– Me deixa aqui, Dyren. – disse Chris.

– Nem ao menos pense nisso – respondi.

– Não tem mais chance pra mim, se eu for vou só te atrapalhar, se eu ficar você vai poder fugir. – ela disse.

– Que me importa? – retruquei – Vou achar um jeito de te tirar daqui, nem que pra isso...

Olhei para a parede do Armazém, ela não parecia frágil, mas considerando que era a única opção. Eu carreguei meu braço com bastante eletricidade e atirei contra a parede. Uma parte havia sido destruída, mas a parede ainda estava lá. Comecei a vasculhar na mochila, peguei as pilhas do dia anterior e as carreguei com o máximo de energia que eu podia e as joguei contra a parede, assim que elas tocaram o chão uma explosão aconteceu, levantando uma nuvem de poeira. A parede ainda estava lá.

Peguei a esfera de borracha.

– Por favor, essa é minha última chance... – murmurei.

Cortei a pequena bola, ao se abrir senti meu corpo se encher de energia, e a esfera havia ficado mais leve, agora continha apenas um tipo de metal, eu o joguei na mochila, me virei para a parede e descarreguei tudo nela.

Finalmente havia conseguido abrir uma passagem. Boa notícia? Chris ainda estava viva e acordada, o sangue havia parado de escorrer de seus ferimentos. Má notícia? Um robô estava agora vindo em direção ao armazém, que já estava começando a desabar.

Corri até Chris, passei seus braços pelos meus ombros e a levantei.

– Vai com calma, minha perna ainda dói – disse Chris.

– Desculpa, mas não dá pra ser calmo o robô tá vindo. – respondi.

Corri em direção à parede, passei por ela rapidamente, felizmente era pequena demais para o robô, após me distanciar alguns metros do armazém ele implodiu, a nuvem de poeira foi muito grande e me deixou cego por um bom tempo.

Após algumas horas correndo de volta para a Cidade olhei para trás, não via nada nem ninguém. Me sentei no chão e me virei para ver como estava Chris.

– Mentiroso – disse ela se deitando sobre a grama. – Você disse que os outros me protegeriam.

– Mas eu te protegi – retruquei.

– Você ainda mentiu – disse ela. – Devia ter me deixado lá... olhe para o seu braço...

Me virei para olhar, eu havia tomado um tiro, não sabia quando, mas estava com sangue por todo o braço e apesar disso não doía.

– Olhe para você, pro seu braço, pra sua perna... você está pior que eu.

Ela se levantou e me encarou.

– Eu disse para você fugir, por que não fugiu? Somos amigos não somos? Você devia ter feito o que eu disse.

– É justamete por sermos amigos que eu fiquei lá. – falei.

Ela me encarou por mais um tempo, depois me deu um soco de leve no meu braço machucado, fazendo uma onda de dor correr pelo meu corpo.

– Você é um idiota, sabia? – disse ela.

– Obrigado pelo elogio – falei brincando. – Mas acho melhor irmos, daqui há pouco vai anoitecer...

– Vamos ficar aqui essa noite – sugeriu Chris. – Não quero voltar agora, além do mais eu já fiz um curativo improvisado...

– Eu tenho algumas bandagens aqui, se precisar... – falei.

– Tudo bem, depois eu coloco as bandagens – disse Chris. – Mas agora...

Chris aproximou seu rosto do meu, eu conseguia ver seus olhos bem de perto, o que me deixou um pouco nervoso e me fez desviar o olhar. Ela me puxou para perto e me abraçou, assim como eu havia feito no dia que acordei.

– Obrigada – disse ela – Por tudo que aconteceu hoje, por tudo que aconteceu no colégio, por tudo que eu já vivi com você... Obrigada.

– Você falando assim... Parece até gente – falei sarcasticamente. – Faz parecer que são suas últimas palavras, então por favor não faça isso mais, eu não vou deixar você morrer...

Após aquilo Chris adormeceu, deixei-a dormir, ia olhar às vezes para ter certeza de que ainda estava respirando. Estava olhando para o céu, novamente, completamente escuro e sem nenhuma luz, apenas uma escuridão sem fim.


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Notas finais do capítulo

muito meloso... mas psé, né? digam nos comentários o que acharam :p isso ajuda muito.