POV KLAUS

A tela, ainda branca à sua frente, já se encontrava fora de foco, tudo o que ele via era o sorriso sincero e os olhos azuis da loira que não deixava seus pensamentos há meses. Klaus não pintava desde que partira de Mystic Falls, e após os comentários insistentes de Elijah, de como o loiro se encontrava distante e irritado, ele havia decidido voltar a praticar o seu tão adorado hobby; porém, estava falhando, não conseguia se quer um esboço a lápis de uma paisagem ou situação; tudo o que conseguia eram momentos como esse, aonde ele se desligava do mundo e a imaginava ao seu lado, especulando o que quer que ele estivesse fazendo, e o admirando carinhosamente. Sacudindo a cabeça levemente, Klaus resolveu deixar suas divagações; ele não podia fazer nada, se não esperar que ela batesse em sua porta algum dia desses.

- Elijah! – o loiro saldou ao sentir a aproximação do irmão.

- Rebekah está à caminho, acabou de desembarcar. Ela vem trazendo Kol. – o mais velho informou, em um tom de voz tranquilo.

- Já não era sem tempo! Só a sua companhia me dá nos nervos. – Klaus comentou divertido, estava feliz com a chegada dos irmãos mais novos, e também agradecido por ter Elijah ao seu lado novamente, mas ele era ele, e jamais admitiria tais sentimentos. O moreno riu.

- Não comece com as infantilidades Niklaus. Nós já teremos crianças o suficiente em casa até o final do dia. E também temos trabalho a fazer essa noite.

- Ah sim! O baile. Mal posso esperar para ver o começo da destruição de Marcel! – o Híbrido comentou juntando as mãos como se rezasse. Ele sorria maligno e o irmão o acompanhava.

- Sim, irmão. Ele irá cair em breve... – O Original começou, mas foi interrompido pelo som da campainha, trocando um olhar, ambos se dirigiram até o salão principal.

- Nik! Venha nos receber seu inútil! Nem o celular você atende mais! – Kol gritava ao passar pela porta, e foi então surpreendido por um abraço caloroso de Elijah.

- Saudades irmão? – o mais novo perguntou irônico. Klaus escorado em uma das paredes, observava a cena.

- Você nunca saberá. – o mais velho rebateu o soltando com um sorriso, e se virando para a loira parada a porta. Rebekah estava nervosa; relutara tanto a se juntar a eles, tinha motivos para os querer longe, porém, ela e os irmãos ainda eram uma família, e ficariam juntos para sempre.

- Rebekah! – Elijah exclamou, e a mulher correu na sua direção, se afundando nos braços do irmão. Ela andava mais sentimental do nunca, sempre o fora, mas ao invés de camuflar seus sentimentos como antes, ela agora, os mostrava, pouco se importando com a reação alheia.

- Irmãos! – o loiro se pronunciou, abrindo os braços em sinal de boas vindas, chamando a atenção de todos. A mulher nos braços do irmão mais velho, se soltou delicadamente, e correu dessa vez para os braços do Híbrido.

- Oh Nik! – ela sussurrou. Sentia saudades do irmão, e ele, silenciosamente, dela. Klaus correspondeu ao abraço; sabia que de todos os irmãos, Rebekah sempre estivera ao seu lado. Ele, apesar de tudo, amava a sua irmãzinha mais nova.

- Eu não ganho um abraço não?! – Kol reclamou displicente, indo em direção ao loiro. O abraço dos irmãos foi desfeito.

- Claro! – O Híbrido respondeu sorrindo, e chocando a todos, abraçou o moreno irritante a sua frente, que correspondeu de bom grado.

- O que tem feito com ele Elijah? – o moreno questionou desvencilhando-se do contato.

- Creio que não tenha sido eu irmão. Talvez certa loira ande fazendo falta. – O Original respondeu categoricamente, e o loiro o fuzilou com o olhar, Kol riu.

- Caroline? Ela está aqui? – Rebekah questionou incrédula, e moveu a cabeça em sinal de que procurava a outra vampira com seus sentidos aguçados.

- Quem dera! Esse, na verdade, tem sido o problema. – Elijah continuou, ignorando a cara de poucos amigos do irmão.

- Não comece, ou colocarei você em um caixão! – Klaus ameaçou em um tom falso.

- Você não tem adagas, destruí todas. De agora em diante vai ter que nos aturar Nik! – o Mikaelson mais novo zombou batendo de leve nas costas do loiro que sorriu debochado.

- O nosso momento familiar está realmente bonito, mas afinal, para que bloody hell vocês precisam de mim? – Rebekah perguntou, já se encaminhando para a sala, aonde se jogou em um confortável sofá.

Os irmãos mais velhos, então, se puseram a explicar o plano para destronar Marcel. Eles contavam com a irmã para conquistá-lo e torná-lo frágil, queriam que ele baixasse a guarda com os Originais para que no momento certo, um deles, o matasse, e como um bônus, descobrir e tomar para si, a arma que ele utilizava contra as bruxas. Todos os irmãos concordavam em não continuar com a repressão às servas da natureza, afinal, elas ainda poderiam tramar algo contra eles, e uma guerra no mundo sobrenatural não era algo que eles quisessem após anos de fuga e solidão; queriam apenas o lugar usurpado por Marcel, e uma eternidade como família, era até estranho ouvir tais palavras uns dos outros, porém, era a realidade; a Família Original voltaria ser temida e respeitada, e a união dos irmãos traria tudo isso de volta.

O resto do dia se passou tranquilamente; os irmãos Mikaelson repassavam o plano enquanto se arrumavam vagarosamente. Vez ou outra soltavam irônias uns aos outros, Rebekah até correu por toda a casa, já de vestido, atrás de Kol, que havia escondido seus sapatos Prada, e enquanto, Elijah tentava contê-los, Klaus se deu conta de como era bom ter a seus irmãos de volta, se sentia um tolo por os ter tratado tão mal através dos séculos, querendo ou não partilhavam do mesmo sangue e do mesmo gênio, e acima de tudo, se amavam incondicionalmente. O Híbrido sorria bobamente a cena, e só desmanchou o sorriso na hora em que saíram de casa; precisava voltar a sustentar a pose de Big Bad Original Híbrid, e tendo a certeza de que Rebekah seria bem sucedida em sua parte do plano, o loiro transmitia uma confiança inabalável, como todos os ocupantes da charmosa limusine que partiu da imponente Mansão Mikaelson.

*Cinco Anos Depois*

- Rebekah, é impressão minha ou você tem gastado uma enorme quantia do nosso dinheiro nesses últimos cinco anos? – Elijah perguntou brandindo no ar os papeis do banco.

- Eu tenho comprado muita coisa nas minhas viagens. – ela respondeu excitante.

- E, afinal, porque viaja tanto Little Sister? –  o Híbrido que até agora rabiscava algo no caderno de desenho, entrou na conversa.

- Não é da sua conta! – Rebekah rebateu defensivamente, seus irmãos não poderiam se quer sonhar com o que ela andava fazendo.

- Mas gastar o dinheiro da família sim é da nossa conta! – o moreno reforçou incisivamente.

- Oh Brother, não aja como se a nossa família não tivesse todo esse dinheiro. – Kol declarou debochado, sentando-se ao lado da irmã no sofá.

- Isso mesmo Kol! Eu já sou bem grandinha, e tenho discernimento o suficiente para saber o que faço com o nosso dinheiro, eu não sou burra. – a loira rebateu infantilmente.

- Diga que mil anos te provaram o contrário; e eu mato você! – a garota lançou a Klaus, que apenas riu do nervosismo da irmã ao ser questionada sobre os gastos excessivos.

- Rebekah! O que você está escondendo? – Elijah não desistiu.

- Nada!

- Vamos deixar a nossa irmãzinha em paz! – o mais novo insistiu, e os outros concordaram, o que fez com que a Original soltasse um leve suspiro; seu segredo estava seguro novamente.

Após o episódio, os dias foram se arrastando; há tempos que Klaus queria se mudar de New Orleans, o sucesso em retomar o posto de Rei havia sido bom, e eles vinham desfrutando de paz e segurança desde então, mas não era exatamente isso que o Híbrido sentia; ele começara a ficar ansioso, quase seis anos que não via Caroline, não tinha se quer uma notícia da loira, nada, nem aonde estava, nem como estava. Volta e meia se questionava se ela ainda estaria viva, era loucura ele sabia, mas tinha que pensar em todas as possibilidades, e apesar de se tranquilizar sempre, afirmando para si mesmo que a vampira continuava bem, um peso enorme atingia seu coração ao pensar que poderia estar errado.

Diversas vezes em seu ateliê, ele se perguntava o porque de ela demorar tanto; seis anos não eram o suficiente? Klaus sabia, tinha dito um século, mas já estava cansado de esperar, paciência nunca fora o seu forte, e mesmo mil anos depois ele duvidava que tivesse mudado. Talvez ela não viesse nunca lhe ocorria; mas como o tolo apaixonado que era, tratava logo de enterrar essa possibilidade no fundo de sua mente perturbada. O Híbrido andava tão paranoico, que era inevitável não correr ao mero som da campainha, ele ansiava por ela.  Os irmãos riam dele, mas todos silenciosamente pediam para que ela chegasse logo; Elijah, para que pudesse buscar Katerina, aonde quer que ela estivesse; Rebekah, para poder assumir seu romance com Matt; e Kol, apenas para ter uma família maior e melhor. No fim, toda a Família Original esperava Caroline, afinal, tudo o que queriam, era a felicidade incondicional do irmão que verdadeiramente os unia.