Percy Jackson e a Trilogia Da Pedra escrita por Pedro


Capítulo 78
28 - Pupilo e Mestre


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, fazem o que, dois anos?
Se tiver alguem ai, comenta, eu vou terminar essa historia antes da quarentena acabar, tive um lapso de inspiraçao e nao vou despediçar.
Comenta ai pelamor de deus nunca te pedi nada, e estou um pouco enferrujado entao perdoa se nao escrevo como antes.



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28 - Pupilo e Mestre 

 

O sol já estava quase se pondo, a Névoa falhava ao encobrir os salões de mármore que um dia inspiravam glória e poder. Trepadeiras e gramíneas cobriam uma torre q leste que era vista por cima das copas das macieiras e árvores. A muralha exterior estava coberta de vegetação e lodo de éons de clima e intempéries. Mesmo assim o monte Olimpo ainda fazia eletricidade correr pela espinha de Perseu.

O filho de Zeus cortava uma maçã com uma das adagas presas na base da espinha. A armadura de couro preta estava gasta, porém brilhante. Ele analisava uma revoada de pássaros que parecia fugir da casa dos deuses.

—Temos que ir — o filho de Hefesto Beckendorf não fez menção de se aproximar. Ele segurava uma tocha na mão, Perseu estava no escuro, somente o brilho da espada de bronze dele fincada no chão impedia a noite que já caia de jogar o pequeno pomar na escuridão completa.

Perseu jogou a maçã por cima do ombro e prendeu a adaga na bainha. Ele pegou a espada do chão e passou por Beckendorf e apoiou a mão sobre seu ombro em expectativa. 

—Vamos salvar meu pupilo petulante — ele sorriu e o semideus acenou de cabeça.

Perseu andou pelas árvores até avistar a clareira onde Nico di Angelo e Thalia Grace esperavam. Luke havia ficado no Acampamento Meio-Sangue que agora servia de base dos deuses. 

A Caçadora amolava sua espada sentada ao lado de uma pequena fogueira. Nico estava apoiado no tronco de um pinheiro com os braços cruzados.

—Partiremos a pé, os pégasos chamam atenção demais.

Perseu retirou o arco de Épiro da sela do alazão negro. Os titãs haviam deixado todas as armas e itens de Percy ao capturá-lo no fundo do Tártaro.

Os semideuses aguardaram Perseu se preparar e se colocaram de prontidão, como uma falange Viking.

Todos trocaram olhares significativos. Estavam em uma desvantagem de 100 para 1. Thalia empurrou um pouco de terra por cima do fogo singelo e o apagou. Os outros também apagaram as tochas, mergulhando a floresta na escuridão. 

Eles se foram andando pelas árvores com armas à postos. A muralha da montanha olimpiana se erguia imponente, mesmo coberta de rachaduras. Perseu achou um bom ângulo para disparar uma flecha com corda para que escalassem a enorme muralha de pedra apoiada na rocha da montanha.

Um ciclope estava patrulhando a beirada quando a flecha eletrizante acertou o meio de seus olhos. Ele caiu para o abismo e então se desfez em pó dourado no ar.

Perseu escalou primeiro. Ele se prendeu à corda como uma serpente e rapidamente subiu pela beirada do parapeito de mármore encardido.

Ele se encolheu e se esgueirou até uma torre coberta à direita. Não haviam mais guardas à vista. O filho de Zeus subiu pelas escadas de corda até o telhado e abriu o alçapão que levava ao teto da torre. Ele observou as ruas e praças da cidadela dos súditos e não viu movimento, apenas alguns grupos de monstros e semideuses caídos. 

As casas estavam abandonadas a muito tempo, árvores e gramíneas tomavam conta das paredes, do chão e até do teto de algumas das construções. A glória das ruas de prata havia se perdido a éons.

Os deuses haviam abandonado a montanha grega desde a primeira ascensão de Tártaro. O centro do mundo já não era mais este lugar, afinal. 

—Onde será que ele está? — Thalia se esgueirou e se projetou ao lado de Perseu. 

—Tártaro ainda deve estar o exibindo como um troféu, aumentando seu Poder através de sua Oferta. Ele deve estar reunindo mais seguidores, deuses e mortais. Acredito que ele esteja nas catacumbas da prisão olimpiana.

—E como entramos nas catacumbas? — Beckendorf encarou o filho de Zeus.

—O problema não é entrar, e sim sair — ele pareceu desconfortável — Já faz muito tempo, mas o encantamento ainda está lá.

“Vamos.”

Perseu se pendurou na beirada da torre e deixou o corpo deslizar para baixo, ele aterrissou num baque sonoro e olhou para cima. Os semideuses usaram a escada. 

Os quatro se esconderam de construção em construção enquanto passavam pela cidadela abarrotada de semideuses e mortais. Tártaro era adorado até pelos mortais, sua oferta era generosa e tentadora demais para alguns. Mesmo alguns monstros rodeavam amistosos os grupos de pessoas reunidos bebendo e rindo, como iguais.

Eles estavam se escondendo em um templo de Ártemis próximo ao distrito Hermes. Havia grande comoção de monstros e pessoas, a noite já engolia todo o lugar, o templo estava escuro. Archotes de fogo grego não pareciam pertencer ao Olimpo, o brilho verde dançante parecia querer dominar toda a montanha. 

—E agora, para onde? — Thalia se mexia inquieta tamborilando os dedos, todos estavam sentados encolhidos no escuro.

Perseu tentava bisbilhotar pelo arco de entrada do templo de Ártemis. Um grupo de empousai marchava cambaleando logo à frente da saída, Perseu preparou o Arco de Épiro. 

Ele se levantou em um movimento rápido e começou a disparar, as flechas eletrizantes fizeram o pó dourado tomar o chão de pedras, uma empousa confusa se mexeu e pôs-se em posição de ataque.

Ele se aproximou pelas sombras e preparou mais uma flecha.

—O filho de Poseidon, onde o senhor dos abismos quer sacrificá-lo? — Perseu encostou o nariz na corda do arco e cerrou os olhos.

A empousa remanescente jogou a espada de ferro estígio no chão e se ajoelhou.

—Decisão certa.

Perseu colocou o arco nas costas e desembainhou a velha espada de bronze que o centauro Quíron o devolveu do arsenal do Acampamento. Ele a apontou para o coração da empousa.

O filho de Zeus girou o ombro e deixou a mochila pender no braço. Ele retirou um mapa de um dos bolsos.

Os semideuses restantes saíram de dentro do templo, armas em mãos.

—Aponte, eu vou mandá-la para os domínios de seu mestre de qualquer jeito. 

A empousa apontou a praça de Zeus no mapa, ela ficava logo à frente do templo do senhor dos céus, um palco perfeito para declarar morte aos deuses.

—Seu senhor está muito confiante, eu não desisti ainda — Perseu guardou o mapa e colocou a mochila novamente nas costas.

Ele brandiu a espada sem rodeios, uma lufada de ar manchou a camisa alaranjada do acampamento meio-sangue. 

—Vamos salvar o herói.

 

***

 

Percy estava ansioso pela própria execução. Ele observou a mesa vazia onde a deusa Pandora se sentava, os pilares de Tártaro. Ele precisava salvar Annabeth, agora mais que nunca.

O sol já não mais tomava conta dos céus, ele não fazia ideia de onde estava. O Olimpo original era bastante diferente do que ele observava da cidadela de Caos, o Olimpo de Nova York era muito século XXI, como se fosse projetado por algum adolescente aspirante à arquiteto.

Ele se esgueirou para fora das catacumbas e apagou a tocha de fogo grego. 

Logo à frente ele observou uma praça iluminada por archotes coberta por colunas de mármore, alguns semideuses e monstros rodeavam bonecos de prática e lutavam entre si amistosamente. Ele observou estandes de espadas e armas pontiagudas. Percy conseguiu ver as duas pistolas Flintlock e a adaga adornada de rubis que o mestre Perseu o havia presenteado quando o garoto partiu de sua cabana no Michigan. 

Ele murmurou desgostoso. Percy se aproximou pela escuridão e rastejou por entre arbustos grandes. Ele conseguiu um bom ângulo para encarar os inimigos, ele teria de eliminá-los rapidamente sem chamar atenção desnecessária.

O semideus pegou uma das pedras prateadas do chão da praça e a atirou em uma das construções abandonadas à direita. Todos pararam o que estavam fazendo e aguçaram os ouvidos. Um dos meio sangues envenenados ordenou parte do grupo a ir checar o barulho. 

Duas dracaenae e uma dos semideuses marcharam até a casa.

Percy se agachou atrás de uma macieira sem folhas e colocou a mão no bolso das calças jeans.

Ele clicou o botão da caneta e Contracorrente se materializou em seus dedos. O cabo de couro marrom se fixou perfeitamente, como se a espada fosse a extensão do corpo do garoto.

Percy se levantou subitamente e começou a correr na direção do meio-sangue restante. O garoto olhou apavorado e tentou se defender, ele desembainhou a espada negra e se levantou do chão. 

Percy movimentou o braço e lançou a espada na direção dele, o semideus cortou o ataque e vacilou um pouco, o filho de Poseidon aproveitou a brecha e desferiu um gancho de direita em sua têmpora. Ele caiu em cima de um dos estandes de espada e rolou os olhos desacordado.

Perco se aproximou e pegou as pistolas com o coldre e as prendeu abaixo das axilas. A patrulha certamente tinha escutado o barulho da queda do meio-sangue.

Ele pegou uma espada reserva com bainha e a prendeu no cinto, além de algumas adagas também. 

Os guardas retornaram em formação de batalha. Percy rosnou em grego antigo e catou Contracorrente do chão.

—Você, avise ao senhor dos abismos que o escolhido escapou das masmorras — uma das meio-sangue traidoras ordenou a uma dracaena.

O monstro rastejou como uma serpente por entre as vielas escuras até sumir.

Percy avançou contra o resto dos inimigos e girou Contracorrente no ar.

—Desistam, vocês não tem chance — ele ameaçou ao caminhar. 

A primeira dracaena restante rastejou em sua direção e tentou desferir um golpe com a lança de ferro negro, Percy aparou o ataque e desferiu um golpe vertical com a espada. A lança se partiu ao meio e ele segurou a metade com a lâmina com sua mão esquerda, Percy a atirou no pescoço da dracaena.

Ele assoprou o pó dourado no olho da meio-sangue enquanto atirava Contracorrente com habilidade no peito da outra dracaena.

Percy avançou na direção da meio-sangue sem qualquer arma em suas mãos, ela tentava acertá-lo fervorosamente com a espada de ferro sem sucesso. Percy desviava-se com facilidade apenas se beneficiando dos pêndulos de boxe que Perseu havia ensinado. 

Ela tossia pó dourado  e cobria os olhos com um dos braços enquanto caminhava para trás.

Com um movimento de pernas Percy se desviou de mais um ataque e aplicou uma rasteira na semideusa, ele avançou e descreveu um golpe de cabeça em seu peitoral de couro. Ela caiu de costas.

—Renda-se — ele pegou Contracorrente no chão e a apontou para o olho da inimiga.

Ela levantou os braços em sinal de desistência e cerrou os olhos.

—Onde está o seu senhor?

Ela tossiu mais uma vez e murmurou baixinho. 

—Eu não vou perguntar novamente — Percy encostou a ponta da lâmina em seu pescoço, sangue verteu um pouco.

A semideusa engoliu em seco e bufou.

—O senhor dos abismos aguarda na praça de Zeus, à essa altura ele sabe que você escapou das masmorras — ela tentou afastar Contracorrente.

Percy recolheu a espada.

—Ótimo, não vejo a hora de encontrá-lo novamente — Percy guardou Contracorrente — Obrigado.

Ele se agachou e deu uma cotovelada na testa da semideusa, ela apagou instantaneamente.

Percy olhou para o salão dos tronos se erguendo do alto e chutou os braseiros para atear fogo na praça, ele arrastou os meio-sangues para dentro de uma casa abandonada e correu pelas vielas escuras.

Ele não topou com nenhuma resistência no caminho. Graças às memórias de Perseu que ele havia visto no palácio de Nix não seria dificuldade encontrar a praça de Zeus. Percy se preocupou ao não esbarrar em alguns monstros errantes, todos estariam à sua espera.

O garoto subiu algumas escadas de mármore e viu a primeira patrulha se dirigindo para a praça de Zeus. Ele os seguiu cautelosamente nas sombras.

A comoção de monstros chamou a atenção do garoto, a praça de Zeus se erguia logo abaixo em frente ao templo de Zeus onde Perseu e Pandora se refugiaram na primeira ascensão de Tártaro. 

Percy pulou pelo vão da janela de uma das casas e se escondeu, um buraco na parede norte possibilitava uma visão periférica privilegiada, a patrulha de monstros que ele estava seguindo continuou e desceu as escadas que levavam para a praça.

Braseiros estavam dispostos por toda a praça. Uma legião de monstros tomava conta do lugar. Com um calafrio Percy notou Tártaro e os generais sentados em tronos negros no centro. 

Tártaro andava de um lado para o outro, os outros primordiais e divindades aguardavam com expectativa.

Era um contra um milhão, mas mesmo assim Percy não perdeu o foco. 

Uma figura estava deitada no chão de pedras à frente dos tronos. Mesmo àquela distância Percy conseguiu notar os longos cabelos dourados de Annabeth. 

Ela estava desacordada, mas não parecia ferida. A pele estava pálida.

Percy sentiu uma pequena lufada de ar seguida de um brilho esverdeado.

—Você não está sozinho, garoto — a voz da deusa Pandora penetrou seus ouvidos como música.

Percy relaxou os ombros mas não a olhou. Os dois observaram a multidão lado a lado.

—Eu não tenho chance — ele admitiu desconcertado. O excesso de confiança havia colocado tudo a perder, ele não cometeria o mesmo erro novamente.

—Alguns males vem para o bem, afinal — Pandora sorriu — Aquela petulância não te pertencia, garoto. 

Percy inflou o peito e suspirou.

—Disse que não estou sozinho — ele olhou para Tártaro, mesmo dali ele podia sentir o poder emanar do primordial — Quer uma espada emprestada? 

Os olhos azuis de Pandora se iluminaram.

—Acredite quando digo que sim, mas meus tempos de guerra acabaram — ela fitou o salão dos tronos no fim da escadaria de mármore interminável logo após a praça.

“Meu propósito é mais simples, mande lembranças a Perseu. Diga que o aguardo.”

A deusa repousou a mão sobre a mão de Percy. Ele sentiu um calor no coração, como se seu instinto dissesse que tudo acabaria bem.

Esperança.

Ele não sentiu aquele excesso de confiança, pelo contrário o medo tomou conta de seu coração. O medo de falhar, o medo de deixar o mundo à mercê de Tártaro, o medo de perder Annabeth, mesmo sem conhecê-la como o Percy de antes.

Pandora recolheu o braço e uma aura verde se materializou em ambos, a forma da deusa começou a tremeluzir e se tornar translúcida. Ela deslizou  graciosamente e atravessou a parede de mármore da casa, flutuando.

Com um sorriso Pandora começou a desaparecer lentamente.

—Você não está sozinho, Percy.

Aos poucos ela se afastou até a aura verde diminuir e, por fim, desapareceu se misturando na escuridão da noite.

Percy ouviu movimento às costas e sentiu uma mão tampar sua boca por trás.

Ele esticou a mão para o bolso mas foi impedido.

—Sem alarde, meu pupilo idiota.

 


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Notas finais do capítulo

comente ai, favorite, se manifeste se gosta da historia



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