Naquele mesmo dia, Percy contou da House party dele para, o que eu achei ser, muita gente. Inclusive para ela, que ficou nitidamente feliz quando ela a convidou, nem imaginava ela que ele tinha convidado a mim primeiro. Mas observava tudo de longe, depois do acontecido mais cedo eu não conseguia olhar nem mais para a cara de Percy e nem ficar de papo com Rachel.

Àquela altura não sabia nem mais se ia para a festa na Sexta. Eu estava confusa e precisava sair dali, precisava organizar meus pensamentos de preferência em algum lugar em que eu não me deparasse com ele olhando para mim a cada cinco minutos.

Passei o resto da manhã assim, sentada no canto da sala com o olho no professor mas com a mente em lugares distantes. Tentava arrumar um jeito de conciliar as duas coisas. O que eu sentia por Percy e minha amizade com Rachel. Mas essa tarefa se mostrava cada vez mais impossível. E principalmente agora que eu sabia que Percy gostava de mim. Eu poderia escolher ele e perder a amizade com Rachel. Logo ela, não entenderia se eu fizesse isso e realmente não era o certo a fazer. Tinha prometido ajulá-la mas se eu ajudasse perderia Percy para, quem dera, minha melhor amiga. Era um labirinto sem saída.

Bliiiiiiiiiiiiing. Só faltei morrer do coração quando o sinal tocou. Eu estava tão distraída e aquilo me tirou de meus pensamentos. Pelo menos agora eu podia ir embora daquela cela. Recolhi o meu material o mais depressa possível e praticamente saí correndo sem olhar para trás.

Naquele dia eu nem almocei. Fui direto para o meu quarto e fiquei chorando até que minha irmã bateu na porta do meu quarto para jantar. Eu tinha que sair, não podia passar o resto da minha vida assim. Tinha que ser forte. Tinha que esquecê-lo e ajudar minha amiga e quem sabe um dia eu ficaria feliz a felicidade dele com ela.

Depois de jantar nem ousei tocar no computador e fui logo dormir. Pelo jeito aquela semana ia passar muuuito lentamente.

Acordei me sentindo bem melhor. Abri bem a janela do meu quarto deixando os primeiros raios de sol da manhã o invadirem por completo. Liguei meu iPod e coloquei minha música favoritas dos Beatles, Here Cames the Sun e dentro de dez minutos estava no carro, a caminho do colégio.

Assim que coloquei meu pé direito na sala eu levei um susto. Só vi os cabelos ruivos na minha cara e percebi que tinha recebido um abraço. Rachel me puxou para fora da sala para conversar comigo. Sentamos em um dos bancos que ficam perto da cantina mas não tão longe da sala, de modo que conseguíamos ver as duas.

–Annie, ele me chamou para a festa dele, acredita?? - Falou ela gritando o colocando as duas mãos nas bochechas coradas devido ao blush.

–Mas ele chamou metade do nosso ano. - Falei desanimada.

–Que estraga prazeres hein? – Ela forçou um sorriso no canto da boca. - Mas o fato é que, eu tenho um plano. Na verdade não é bem um plano... Mas tanto faz. Presta atenção. Você vai comigo algum dia desses e vamos comprar um look completo para eu ir pra festa e como eu sei que ele conversa mais com você... - Ela forçou o sorriso novamente. - Vai dar uma de sumida e eu vou assumir o seu posto e me aproximar dele.

Escutei tudo sem nenhuma expressão. No fundo eu sabia que não ia dar certo porque ela não fazia o tipo de Percy, do tipo garota atirada. Além disso não sei como eu poderia ajudar porque não sou boa em fazer compras e eu não ficaria mesmo de papo com Percy na festa depois do que aconteceu, o clima entre a gente tava meio tenso. Eu acho que ele estava confuso, mas não posso reclamar eu fui embora no momento que ele estava praticamente se declarando.

–É um ótimo plano. - Menti. - Vou lhe ajudar, pode deixar.

Ela me abraçou e começou a tagarelar sobre quando, onde, e como iriamos comprar tal e tal coisa. Entramos na sala e ele me encarou. Desviei o olhar e rapidamente me sentei, onde permaneci até o intervalo. Ele não me procurou no recreio, o que eu tenho que confessar que eu queria que ele o tivesse feito. Mas foi melhor assim, ainda não estava preparada para conversar sobre isso com ele.

No dia seguinte eu ia ter quatro provas então não me dei ao luxo de ficar pensando nele ou nela. Eu tinha que estudar portanto foquei a minha mente nos livros e minha bunda na cadeira e assim permaneci até umas onze horas. Eu não estava com sono então procurei um DVD na minha gaveta, mas não de romance. Eu estava cansada de ver todos aqueles filmes os protagonistas tendo um final feliz e a minha vida continuar assim sem final e sem felicidade.

Assim que acordei no outro dia fui pedir, ainda de pijama, ao meu pai que deixasse eu ir com Rachel para o shopping. Quarta era o dia que ela tinha marcado para fazer as compras e apesar de me sentir inútil nesse quesito pelo menos eu iria me distrair. Meu pai deixou sem problemas mas pediu para eu terminar até as sete e meia que era quando a minha irmã saía da faculdade e poderia me pegar.

Voltei para o quarto me arrumei e coloquei uma peça de roupa na bolsa para trocar depois da escola já que iriamos direto. Nossa aula terminava de 13hs então teríamos muito tempo, apesar de eu não gostar nem um pouco disso.

Assim que cheguei Rachel estava conversando com Percy no mesmo banco que estávamos conversando no outro dia. Alguma coisa mudou em mim e eu comecei a ficar com raiva. Ele estava sedendo espaço para ela. Mesmo gostando de mim, ou será que ele não gostava e só queria ficar comigo temporariamente. Tive vontade de chorar, de sair correndo e nunca mais voltar, mas me controlei e assim que passei por eles ela me chamou.

–Annie! Bom dia! - Disse abrindo o maior sorriso enquanto ele desviava o olhar de mim e encarava o piso. - Sente aqui, estamos justamente falando sobre a festa de sexta.

–Não, obrigada Rachel, vou entrar e revisar algumas coisas. - Falei tentando disfarçar a tristeza e o desapontamento de ver o plano dela estava mesmo dando certo.

–Ahh. Não está esquecida do nosso programinha de hoje não neh? - Perguntou.

–Claro que não. - Me virei e voltei a caminhar em direção a porta.

–Você ainda vai na sexta... Não vai? - Perguntou ele, falando mais alto para que eu pudesse ouvir.

–Vou. - Respondi mesmo sem me virar e continuei meu caminho agora com um maldito sorriso no rosto. Eu não sabia porque ele tinha perguntado e nem o que ele sentia realmente por mim mas aquilo, para mim, tinha mostrado que ele se importava. Se importava comigo. Um milhão de perguntas surgiram na minha cabeça. Eu não sabia se deveria, mas ainda tinha esperanças que algo acontecesse. Realmente algo aconteceu mas não sei se a palavra bom define bem isso.