Lies, Lust And Cigarrettes escrita por Hoshikawa


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a você, leitor lindo e maravilhoso, e a Débora que ficou me dando nomes lindos pra essa fic, mas que eu preferi não usar pra que as pessoas não gamassem nela sem mesmo ler. -q



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Naquele exato momento, Yayoi sentia-se uma completa idiota. Havia caído na armadilha de Shion como uma criança que é enganada pelos pais e nem percebe, e simplesmente odiava ter que admitir que a mulher houvesse a atraído com tão pouco.

Mas de uma coisa ela tinha certeza, Shion pagaria por tê-la enganado.

E aquilo seria melhor do que ela imaginava.


Alguns minutos antes...


– Alô, Kunizuka? - A voz de Shion surgiu do outro lado da linha, acompanhada do som dos dedos da mulher digitando incessantemente no teclado. - Está fazendo hora extra?

– Não existe hora extra quando se perde a liberdade. - Yayoi foi fria e direta como sempre. - Você provavelmente também está trabalhando, não? O que quer de mim?

– Hm, é verdade... - Engraçado como a loira havia se mostrado desanimada de uma hora pra outra. - Sabe o que é? Meus cigarros acabaram...


Shion ficou em silêncio por um tempo, e Yayoi fez o mesmo. O tipo de silêncio que demonstrava que ela não se importava nem um pouco com aquilo.


– Ah, Kunizuka-san, você não pode arranjar um cigarro pra mim? Unzinho só? O Kougami deve ter deixado algum na gaveta, depois eu compro um maço pra ele.

– E por que eu faria isso? Não vou mexer nas coisas dele sem permissão. Basta uma imagem comprometedora nas câmeras desse lugar e eu morro, você sabe muito bem disso. É fácil acharem justiceiros como eu por aí.

– Ah, Yayoi-san... - O jeito com que a loira havia dito o primeiro nome dela fez com que a mulher corasse do outro lado da linha. - Até parece que você não sabe que eu tenho acesso a todas as câmeras... Vamos lá, só um cigarro. Ninguém vai saber.


E a loira desligou, com a confiança de quem consegue o que quer. Yayoi ficou encarando o aparelho em sua mão por alguns instantes, antes de cair na real. Estava cansada de ficar naquela sala, sozinha e cheia do trabalho burocrático que ela tanto odiava. Ela precisava de ação, de aventura, de caçadas aos futuros criminosos pelos becos escuros daquela cidade quase perfeita, gastar energia para sentir-se viva outra vez.

E a maior aventura dela naquele momento era levar um cigarro para a sua companheira de trabalho.


–----//-----


– Finalmente! Como você demorou, Yayoi-san!


Havia um tom decepcionado na voz de Shion, mas ela saía sedutora do mesmo jeito. A morena havia custado para destrancar a gaveta de Kougami e encontrar alguns maços de cigarro, pegando um para Shion e indo até a sala dela com a maior cautela do mundo.

Pra chegar lá e encontrá-la fumando.


– Pensei que seus cigarros tivessem acabado. - A frase saiu tão fria que a loira se encolheu como uma criança que fez alguma besteira e foi repreendida. - Mas já que ainda tem cigarros por aí, vou devolver isso à gaveta do Shinya.

– Não, espere! - Shion levantou-se da cadeira de trabalho correndo, segurando uma das mãos de Yayoi. - Eu tenho um motivo pra ter feito você vir até aqui. É que eu precisava de companhia, sabe?


Os braços de Shion envolveram calorosamente a morena por volta do pescoço, tornando inútil a tentativa da mesma de se afastar. Era algo estranho, mas o cheiro de cigarro que estava preso nas roupas da loira não fazia com que Yayoi quisesse se afastar, muito pelo contrário.

Aquilo era como um afrodisíaco infalível.

Talvez fosse a atitude, o modo de tratar os colegas de trabalho ou simplesmente o decote que Shion usava que atraíra Yayoi cada vez mais, e aquilo era um passo em falso para quem teve todas as suas fichas apostadas num amor e simplesmente perdeu tudo que tinha por confiar demais.

Mais com Shion era diferente, ela não precisava confiar.

Talvez não precisasse nem mesmo amar.


– Yayoi? - A voz da loira fez com que a mais jovem recobrasse a consciência, se deparando com uma Shion que a comia com os olhos. - Você está bem? Quer alguma bebida?

– Eu estou bem, eu só...

– Estou investindo na pessoa errada, não é? Tudo bem, não vou mais te importunar. - A mulher tirou o maço de cigarros da mão da outra antes de ir para o sofá, apagar o cigarro que estava no fim e acender outro. - Obrigada pela atenção.

– Não é isso, Shion, é que eu não sei se estou pronta pra amar alguém novamente, sabe? E eu odiaria te decepcionar nesse quesito...


Bem, era verdade que Shion investia nela há bastante tempo. Na verdade, a loira havia começado a mostrar sinais de interesse pouco mais de uma semana após a chegada de Yayoi como justiceira, e o que nunca faltava da parte da loira eram indiretas, cantadas e olhares indecentes.

O problema era que a morena nunca respondia a tudo aquilo.


– Bem... - Shion bateu com a mão no sofá para que Yayoi sentasse ali também, e assim ela o fez. - Você só vai saber isso se tentar, não é?


A loira tragou e soltou a fumaça do cigarro por entre os lábios, observando a mulher ao seu lado com a maior calma do mundo. Como se estivesse esperando ela dar o primeiro passo, e não a incomodaria enquanto ela não o fizesse.

E então ela o fez.


–----//-----


Era engraçado como em tão pouco tempo aquele lugar ficara tão quente. Naquela altura Shion já havia jogado cigarro e jaleco longe, e agora estava tentando se livrar das roupas de Yayoi. Mas parecia meio impossível, já que a pouca concentração exigida em tal ato estava focada unicamente nos lábios da mulher. Ela não sabia ao certo se o hábito de fumar havia levado parte de seu fôlego ou se Yayoi era um prodígio nessa arte, mas ela beijava muito e beijava bem. Tão bem ao ponto de deixar Shion pedindo por descanso.


– Espera... - A loira estava sentada sobre o colo da parceira, inspirando e expirando com força numa daquelas tentativas inúteis do corpo de recuperar mais ar que o necessário. Os olhos estavam focados em Yayoi, que terminava de tirar-lhe o terno cor de vinho e também jogá-lo longe, admirando por um momento os seios fartos da loira, cobertos apenas pelo sutiã preto e rendado. - Você... É algum monstro do beijo ou coisa assim?


O comentário fez Kunizuka rir. A morena segurou Shion pela cintura, beijando-lhe o pescoço e dando algumas mordidas vez ou outra. Shion tentou outra vez tirar a blusa da mulher e dessa vez conseguiu, arranhando-lhe as costas nuas com o objetivo de extravasar o prazer acumulado naquele simples ato. Yayoi grunhiu em resposta, segurando Shion pelos cabelos loiros tomando seus lábios em um beijo profundo e ardente, libertando instintos tão primitivos e ainda assim existente nos seres humanos. E sabendo assim, de alguma maneira que nem ela nem Shion poderiam explicar que ela podia confiar naquela mulher.

E podia amá-la.


–----//-----


– Ah, Yayoi...


O nome da mulher saiu extremamente baixo, em um tom de voz que mostrava puro desejo. E dizer o nome de uma pessoa ao pé do ouvido daquele jeito deixaria qualquer um desnorteado, no mínimo.

Aquela altura do campeonato o calor já era algo completamente insuportável, mesmo que o ar-condicionado daquela sala funcionasse no máximo. Era algo que vinha de dentro, acompanhado de todas as mordidas, chupões, beijos, arranhões, sussurros, toques estratégicos e movimentos de vai-e-vem feitos em um sofá pequeno como aquele. Nem mesmo a própria Yayoi conseguia manter-se focada como antes, ainda mais com uma Shion que fazia questão de deixar marcado em seu corpo tudo o que estavam fazendo. Depois daquela noite a morena certamente teria de passar na enfermaria, no mínimo.

Mas aquilo era depois.


– Tente não fazer barulho, certamente tem um ou dois vigias logo atrás daquela porta e... - A morena mordeu os lábios ao sentir os arranhões em suas costas outra vez. Embaixo dela estava uma Shion irresistível e quase chegando ao seu limite, que não queria ouvir nada que não fosse necessário naquele momento.

– Eu não ligo... - Era engraçado como Shion aparentava estar exausta enquanto Yayoi ainda era pura energia. - Pare de me torturar ao invés de falar tanto...


Os braços da loira apertaram Yayoi com toda a força que possuíam, enquanto um sorriso exausto surgia nos lábios da loira. E ao olhar para ela, Yayoi deixou de lado o perfil sério e sorriu também, antes de tomar os lábios da amada mais uma vez.


–----//-----


– Shion?


A morena já estava indo embora quando viu o sorriso adormecido no rosto da outra mulher. Estava deitada no sofá e coberta somente com o jaleco branco que não escondia muito o corpo nu. Já deviam ser quase cinco da manhã e andar a essa hora pelo prédio da Sibyl certamente não daria em boa coisa, e também não seria nada legal se chegassem naquela sala e vissem Shion daquele jeito no sofá.

Foi então que Yayoi viu que deveria ficar ali, para proteger a colega de trabalho de qualquer encrenca futura, ou mais que isso.

Para proteger seu amor de qualquer coisa que viesse a incomodá-la.


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Notas finais do capítulo

Se você chegou aqui, é porque certamente leu tudinho! Que bom leitor você é! Agora certamente vai deixar aquele review bonitinho, né? *-*