Muito bem, faremos a retrospectiva geral dos fatos. Eu passei cinco meses inteiros sem contato com ninguém que eu conhecia, levei a maior surra do mundo pra o arrombado do Christopher e Claudio era um traficante de ambrosia que acabou de trazer meu irmão do mundo dos mortos. Nós tínhamos corrido feito condenados tentando arrastar Diego, mas ele além de ser um armário é muito pesado. Precisei da ajuda de Athos pra mover ele de lugar e levar até o chalé 13.

– Ele era assim tão pálido? - Claudio perguntou enquanto eu colocava Diego na cama.

– Não, quer dizer, ele era pálido, mas não tanto. - falei fechando a porta do chalé.

Considerando que pra alguém que tinha acabado de "brotar" da terra Diego parecia bem. A ferida que causou sua morte não passava de uma cicatriz fina, mas ele parecia um mendigo com as roupas rasgadas e cobertas de terra. Diego parecia tonto, mas se sentou e ficou encarando os pés por um longo tempo sem parecer focado em nada. Sentei a sua frente com Athos ao lado.

– Di? - chamei. Ele me olhou com interesse e parecia receoso.

– Você se lembra de alguma coisa? Tipo, quem você é e tal? - perguntei.

– Claro que sim. Meu nome é Diego Campbell, tenho 17 anos e já fui parar no reformatório umas três vezes. Você é minha irmã, Fernando é meu melhor amigo, Isa é meu anjo e nós estávamos em uma missão pra salvar o mundo... - ele pôs as mãos na cabeça - Não consigo mais me lembrar...

– Você morreu. - Claudio interveio - E nós o trouxemos de volta.

Ele tirou as mãos da cabeça e as analisou meticulosamente, suspirando.

– Ah... Legal.

Fui até a janela e olhei do lado de fora o Sol nascer. Talvez uma boa ideia fosse chamar os outros e contar da "magnífica novidade"

– Esperem aqui, já volto. E você - parei na porta e antes de sair, olhei para Diego sujo de terra sentado em cima da cama. -, vá tomar um banho e trocar de roupa, pelo amor dos deuses.

Saí do chalé batendo a porta atrás de mim e com todo o cuidado, fui em cada um dos chalés chamar pela galera. Ainda tive que esperar mais um tempo até os bonitinhos acordarem e saírem. Segui com a "tropa" de volta até o Chalé 13.

– Cadê ele? - perguntei.

Claudio abriu a boca pra falar alguma coisa, mas foi interrompido por um moreno saindo de toalha do banheiro e indo em direção a cama de Claudio onde estavam algumas roupas.

– Oi meninas... - Ele disse e voltou para o banheiro com a muda de roupa nos braços.

Ouvi um risinho de Thays, e também senti Isa apertar forte meu braço. Quando me virei, ela estava pálida olhando pra porta do banheiro com os olhos arregalados.

– Ele...

– É, isso mesmo.- falei.

– Por Zeus... - ela tapou a boca e me olhou - Como?

Ele saiu do banheiro ajeitando a camisa, mas um vulto passou correndo e pulou em cima dele. Não pude deixar de sorrir com o reencontro dos dois. Ela o abraçava de uma forma inexplicável, e logo Fernando se juntou ao abraço também, sorrindo.

– Já chega. - Diego disse ríspido e se soltou do abraço em grupo, seguindo pra cama e se sentando de forma desleixada.

Ok, de certa forma parecia que aquilo seria bem o jeito dele de encarar as coisas, mas ele ter se soltado de Fer e Isa assim dessa forma? Isso não parecia normal. Mas pelo sorriso que ele deu pra Isa antes de se beijarem presumi que estava tudo bem, que tinha sido apenas uma precipitação minha. Percebi que Gabriela fitava Diego com um olhar fulminante, tive que fazer força para não começar a rir. Não é que a filha de Atena era afim de Isa?

– Cara... - Fer cutucava Diego como se fosse algum bicho - Como você está vivo?

Diego lançou um olhar frio para Fer antes de responder.

– Nath e Claudio me trouxeram de volta. Mas o que aconteceu enquanto estive, vocês sabem, morto e enterrado?

Cinismo? Tudo bem, era normal, mas Diego nunca foi de ser cínico. Deixei o pensamento de lado e comecei a contar tudo o que aconteceu, enquanto Isa e Fer retratavam os acontecimentos dentro do acampamento. James chegou logo depois com um saco de chips na boca e algumas latas de coca nos braços.

– Ei pessoal. - ele falava com dificuldade - Vamos deixar o zumbi e comemorar?

Ele lançou as latas em direção de cada um. Diego pegou uma no ar e abriu, sem mesmo esperar pelos outros.

– É, o bad boy voltou. - Fer deu de ombros.

Diego lançou um sorriso maligno para o filho de Poseidon que faria qualquer um recuar. Meus deuses, que merda estava acontecendo? Ah, dane-se, eu tinha muita coisa pra me preocupar. Quando todos saíram levando Diego pra casa grande puxei Fer para os fundos. Ele me observou assustado antes de eu começar a falar.

– Preciso de você Fer.

– Espera Nath, qual é o problema? - ele aparentava preocupação.

– Eu preciso que você venha comigo. Preciso ir na minha casa falar com minha mãe.

– E por que eu preciso ir ver a sogra?

Olhei feio pra ele, fazendo com que erguesse as mãos para o alto.

– Tá bom, desculpa. - ele falou - Mas onde seria isso?

– Em São Francisco. Arrume algumas coisas em sua mochila. Estamos saindo a noite...