At The Ballet escrita por Luiza Brittana4ever


Capítulo 2
A visita


Notas iniciais do capítulo

Nossa, queria agradecer pelo comentário. Me deixou realmente feliz e espero que gostem desse...



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-Catarina!- disse Joanne lhe dando um abraço e entrando em sua casa.

-Joanne! Que vestido maravilhoso!- disse Catarina sorrindo para sua irmã mais velha.

-Catarina.- disse George antes de segurar a mão de Catarina e beijá-la.

-George, encantador.- disse Catarina dando um sorriso irônico.- E olhe para as minhas sobrinhas! Cada dia mais lindas! Elizabeth, Rachel e Santana!- disse Catarina abraçando cada uma e lhe dando um beijo na bochecha.

-Tarde, tia Catarina.- disse Santana, que foi a última a entrar.

-Tarde, querida. Por favor venham se aquecer. Preparei um delicioso chá. Meninas, o que vocês acham de irem até a biblioteca, enquanto falo com seus pais por um instante?- perguntou Catarina indicando a escada de pedra.

Catarina tinha olhos castanhos, cabelos castanhos, uma pele clara, a delicadeza de uma flor e possuía um sorriso que conseguia deixar qualquer um com felicidade instantânea. Era uma amante de livros, possuía uma biblioteca cheia deles e os únicos momentos que não estava sorrindo eram seus momentos de interpretação, quando lia para suas sobrinhas. Mas naquele dia, Catarina não estava lendo e não possuía um sorriso. Pelo contrário, possuía um cara de medo.

-Claro. Vamos meninas.- disse Santana subindo em direção a biblioteca.

Na biblioteca além de vários livros, velhos ou novos, possuía uma mesa e quatro cadeiras, ambas de madeira.

-Vocês não acharam estranho o sorriso da tia Catarina?- perguntou Santana para as irmãs quando estavam todas sentadas lendo algum livro.

-Não, ela não estava sorrindo.- disse Elizabeth sem tirar os olhos do livro.

-Por isso mesmo. Eu nunca há vi sem estar com um sorriso no rosto. Vocês acham que aconteceu alguma coisa?- perguntou Santana.

-É claro que aconteceu. Ou você acha que não querem que participamos da conversa por que não gostamos de chá?- perguntou Rachel.

-Então vamos descobrir o que aconteceu.- disse Elizabeth, deixando o livro de lado e se levantando.

-Você enlouqueceu?- perguntou Santana.- Disseram para ficarmos aqui...

-Mas você não quer saber o que está acontecendo lá em baixo?- perguntou Elizabeth.

-Quero, mas...- afirmou Santana.- Tudo bem, mas sem barulho.

As três desceram nas pontas dos pés, devagar, mas rápido para poderem escutar alguma parte da conversa.

-“Você sabe que pode nos contar qualquer coisa, Catarina.”- soou a voz de Joanne

-“Eu sei. Mas isso é demasiado vergonhoso.”- disse Catarina com um voz que começava a se transformar em chorosa.

-“Nós não ligamos. Por favor nos conte, você disse que precisava de ajuda.” – disse Joanne.

-“Tudo bem. Joanne, George. Eu não estou mais conseguindo me sustentar sozinha. Fui demitida e não tenho onde trabalhar. Minha casa vai ser retirada pelo banco e terei que voltar a morar com nossos pais, Joanne.” – disse Catarina.

-“Catarina... Por que não nos disse? Guardaste isso por todo esse tempo?”- Perguntou Joanne.

-“Guardei, irmã. Mas não por todo este tempo. A escola em que trabalhava me dava auxílio para me sustentar, pelo menos por alguns meses.” – disse Catarina.

-“Catarina, do que você precisa?” – perguntou Joanne.

-“No momento, um quarto seria ótimo.” – Murmurou Catarina.

-“Catarina, conseguirei no banco, que você permaneça com o que tens na casa, mas não poderás viver nela.” – Soou a voz de George.

As três meninas que escutavam, olhavam entre si aterrorizadas. O que aconteceria com sua tia? A resposta era muito fácil para as três. Elizabeth sorriu, como se acabasse de ter uma ideia.

-“O que foi Elizabeth? No que você pensou?”- perguntou Rachel.

Elizabeth nada respondeu, mas agiu. Entrou na sala de estar de Catarina e consigo levou suas duas irmãs.

-Meninas! O que vocês estão fazendo aqui em baixo?- perguntou Joanne se levantando do pequeno sofá.

-Estávamos ouvindo e sim ouvimos tudo.- disse Elizabeth que tentou ignorar a cara de indignação de suas irmãs.- Mamãe e papai, a resposta é óbvia. Por que tia Catarina não vem morar com a gente?

Ninguém falou, um silêncio constrangedor caiu sobre a sala. Joanne olhou para George, que ficaram conversando através dos olhares.

-Se Catarina aceitar, teremos um quarto vago.- disse George, por fim.

-Oh George. Serei eternamente agradecida. Muito obrigada à você também, irmã. E as três meninas, obrigada.- disse Catarina derramando algumas lágrimas no tapete.- Eu fiz chá e um amigo meu, que é padeiro deixou alguns bolinhos. Esperem aqui, eu já os trago.

-Meninas, por que vocês estavam escutando nossa conversa? Eu já lhe disse é muito feio!- disse Joanne se sentando de novo.

-Desculpe, mãe. Mas tia Catarina tinha um expressão tão diferente no rosto, que ficamos curiosas.- disse Santana.

-Tudo bem, Joanne. As meninas estavam apenas curiosas, mas será que precisaremos de mais um carro? – perguntou George.

-Afirmo que sim, quanto mais cedo a levarmos, melhor para ela.- disse Joanne.

Catarina entra na sala com um cesta cheia de bolinhos e xícaras de porcelana com chá.

-Por favor, sirvam-se!- disse Catarina.- E por favor não pensem que estou indo  por motivos fúteis.

-Claro que não, irmã. Poderás ficar o tempo que quiseres.- disse Joanne bebericando seu chá.

Catarina sorriu e logo fez uma cara como se lembrasse de alguma coisa.

-Meninas, quase esqueci! Tenho presentes para vocês, nada muito importante.- disse Catarina se levantando.- Venham!

As três deixaram seus chás na pequena mesa e foram atrás da tia. Joanne e George estavam pensando em como suas filhas estariam mais felizes com a presença da tia em sua casa.

Catarina segui até o seu quarto, e em cima de sua cama estavam três embrulhos. Um na cor azul, outro na cor amarela e outro na cor rosa.

-Calma, coloquei um presente no papel de sua cor preferida. Amarelo para Rachel.- disse Catarina entregando o embrulho à Rachel.

-Obrigada, tia Catarina.- disse Rachel sorrindo.

-Rosa para Elizabeth.- disse Catarina entregando o embrulho à Elizabeth.

-Obrigada, tia Catarina.- disse Elizabeth sorrindo.

- E para você, Santana, azul.- disse Catarina entregando o último embrulho à Santana.

Eram livros e não era de se esperar outra coisa de uma amante de livros. O livro que Rachel havia ganho falava sobre música, como eram melodias e como faziam instrumentos. O livro de Elizabeth era um livro escrito à mão por um navegador, contando as descobertas da América e como viviam as pessoas na colônia. E o livro de Santana era sobre Ballet, escrito em francês e nas páginas em branco no final havia algumas palavras escritas com a caligrafia fina de sua tia Catarina. “Para minha bailarina, mesmo que sejas pequena. Sempre serás minha bailarina.”

- Muito obrigada, tia Catarina. Mal vejo a hora de lê-lo. Olhe Rachel tem um depoimento de um rei francês. – disse Elizabeth mostrando um folha de seu novo livro a Rachel.

- Eu adorei o meu, tia Catarina. Você sabe realmente que gosto de ouvir os clássicos! – exclamou Rachel sorrindo.

Santana estava parada contemplando as palavras escritas nas folhas em branco.

- Meninas, vocês nos dão licença? – perguntou Catarina para Elizabeth e Rachel, que assentiram e saíram do quarto dando exclamações de felicidade.

- Gostaste do livro? – perguntou Catarina se sentando em sua cama.

- Adorei, mas como sabias sobre o Ballet? – perguntou Santana se sentando junto a sua tia.

- Quando você era pequena, eras uma dançarina! Estava sempre dançando, rindo... Tentei incentivar a sua mãe a buscar mais por esse seu dom, mas como nossa mãe me negou a dança, ela também pensou que era carreira de mulher sem vida. – disse Catarina olhando para Santana e sorrindo.

- Você queria ser uma bailarina, tia Catarina? – perguntou Santana trocando sua face de dúvida por uma de curiosidade.

- Queria, mas antes de ter o prazer de lecionar. Não pense que não segui meu sonho, fiz aulas quando passei um ano na França. Mas já tinha emprego e a dança consiste mais do que belas panturrilhas e pés firmes. – disse Catarina sorrindo.

- Imagino que tenhas feito. – disse Santana com uma gargalhada. – E como foi?

- Magnífico! Eu realmente amei assistir e pedia para minha professora que me deixasse ali, apenas observando como as bailarinas iam alto e caiam lentamente no chão. – disse Catarina.

- Gosto das músicas... – murmurou Santana – E das piruetas, dos saltos, das posições...

- Você sabe que gostas de todas as partes. Quando menor, você me empurrava para dançar com você. Tinhas seis anos e dançava melhor que muita gente de minha aula... – disse Catarina dando uma gargalhada.

- Fale mais sobre sua aula, tia Catarina. – pediu Santana.

- Ah, sim. Tive aulas com uma das professoras de maior renome em Paris, ela acreditava em cada um de seus alunos e era fascinada por alunos estrangeiros. Poucas pessoas daquela academia mantiveram contato, mas apenas uma delas nos importa, agora. Seu nome é Antonieta, nascida e criada na Áustria, ela é uma das melhores dançarinas que tive o prazer de conhecer e de me tornar amiga. Antonieta e eu ainda trocamos cartas, mas geralmente em suas cartas ela conta como foi seu espetáculo. Esse livro, que está em suas mãos foi escrito por Antonieta, contando tudo que aprendeu com os maiores dançarinos e é único, havia escrito apenas para mim. – contava Catarina olhando para Santana. – E eu lhe queria fazer um convite. Antonieta em sua última carta, me mandou duas entradas para sua apresentação que será em Londres, diante de centenas de pessoas e é claro, na frente de nós.

-Espere, como irei ? Mamãe não gosta da ideia de uma de suas filhas dançando... Mesmo que eu ame isso, apenas você, tia Catarina, sabes que amo. – disse Santana, tinha os olhos marejados e naquele momento demonstravam frustação.

-Uma apresentação. Acho que deixará você ir, só precisamos ser sinceras, sabes como sua mãe preza a sinceridade. -  disse Catarina.

-Sei, mas me conte mais sobre Antonieta, tia Catarina, ou sobre seu espetáculo ou sobre sua visita a Paris... – pedia Santana.

-Calma, terei muito tempo para lhe contar minhas histórias e as de Antonieta, você poderá ler. – disse Catarina indicando o livro – Santana, que fique claro, estou fazendo isso por você. Sei o quanto amas a dança e seria um desperdício de talento vendo você daqui à trinta anos trancada em casa.

- Sei que está tia Catariana, mas será que mamãe entenderá que sei o que quero para minha vida? – perguntou Santana.

- Oh, minha querida. – disse Catarina abraçando Santana.- É muita coragem de sua parte e tenho certeza que ela entenderá quando for a hora certa... Agora, vamos descer. Devem estar sentindo a nossa falta.

Santana e Catarina desceram e o assunto discutido pelas duas foi cessado, sendo transformado em a mudança que Catarina faria ainda naquele dia. Mais ao anoitecer, Santana estava em seu quarto, que ficava no segundo patamar da casa.(A casa era dividida em três patamares, o primeiro era onde se encontrava a sala-de-estar, cozinha, sala de jantar, área de serviço, o quarto de Felícia e a copa, para dia mais ensolarados. No segundo patamar havia oito portas. Na primeira porta, da direita para esquerda, se encontrava o quarto de George e Joanne. Na segunda porta, estava um dos quartos de hóspedes. Na terceira porta, estava o quarto de Elizabeth. Na quarta porta, estava o quarto de Rachel. Na quinta porta, estava o quarto de Santana. Na sexta porta, havia mais um quarto de hóspedes. Na sétima porta se encontrava um banheiro, o maior da casa. E na oitava porta, um dos quartos de hóspedes fora transformado em escritório ou o lugar de descanso de George. E no terceiro patamar tinha uma pequena biblioteca, para as meninas estudarem. Um banheiro menor, ao lado. Um armário de vassouras. E um quarto vago, que tinha uma janela de vidro em seu teto e dava uma certa claridade muito bonita, tanto de dia pelo Sol quanto de noite pela Lua. )

Santana estava pronta para dormir, deitada em sua cama sobre seu travesseiro de pena de ganso, olhava para a chama da vela que estava acesa, como se fosse a coisa mais interessante do mundo e com uma rapidez indecifrável apareceu a imagem de um anjo em sua cabeça, ainda discutindo internamente se a menina dos olhos azuis profundos era uma pessoa real ou um anjo. Se fosse real, era mais que perfeita. E como se o pensamento na menina aumentasse sua vontade de entrar em seus sonhos e tocá-la, adormeceu depois de soprar a vela e sorrir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, eu amei escrever esse capítulo e estou muito feliz juntando tudo que eu adoro nessa história...
Beijos!