Ao Despertar escrita por httpsdiamandis


Capítulo 13
Capítulo 13 - Culpada


Notas iniciais do capítulo

EU PEÇO 1282198398328499574835384658365473 DE DESCULPAS PELO ATRASO.
Vou tentar escrever o proximo capitulo em no máximo 15 dias, peço desculpas outra vez, e vou tentar recompensar a demora fazendo os melhores capítulos do mundo!



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Eu ainda estava em choque. Primeiro porque havia causado um pequeno apagão na escola, segundo porque Mitchell quase havia matado meu namorado. E também tinha aquele pequeno probleminha, chamado: Mitchell lobisomem.

Enfim, estávamos eu, David e Hilary na aula de história. O sinal ainda não havia batido, mas a maioria dos alunos já estava na sala, conversando baixo. Pelo que eu soube, Sr. Collins, nosso professor, estava no hospital com queimaduras de 3º grau, e haviam boatos de que o “Serial Killer”(que na verdade era eu, durante um surto vampiresco) havia matado o filho dele. Abaixei a cabeça, pensando nos riscos que aquela doidera toda(ser uma vampira, filha de bruxos) havia trazido não só para a minha vida, mas também para a dos moradores de Richlands, que haviam perdido seus pais, filhos, amigos e outros entes queridos. Por minha culpa.

Respirei fundo, e olhei para Stacy, encolhida em um canto da sala, perto da janela. Ela observava a chuva cair. Ela estava sem maquiagem, o que era um milagre maior do que a multiplicação de pães. Stacy levantou os olhos ao ver Mitchell sentar na frente dela(o único lugar disponível na sala,tirando o lugar de Elizabeth, que ficava ao lado de Stacy). Eles nem conversaram, mas eu percebia Stacy olhando assustada e com culpa para ele, talvez por saber toda a história de Joey e Elizabeth(sem contar o fato de que além de Joey, era bem capaz de Elizabeth ter pegado Christopher, e também alguns dos caras do time de futebol e de basquete, mas era melhor deixar isso quieto).

Mitchell parecia uma montanha de tão grande, mas ele não estava gordo, mas sim feito aqueles caras que fazem fisiculturismo até parecer uma sacola de veias, credo. Ele estava curvado em sua mesa, e do nada resolveu me encarar. Ah, que ótimo. Franzi o nariz, ainda sentindo aquele cheiro estranho. Não é que fedesse, mas eu já estava acostumada com os aromas humanos(e um ou outro vampiro aqui ou ali) que sentir esse cheiro novo parecia estranho.

O sinal tocou ao mesmo tempo em que Anne entrava na sala. Ela olhou para mim, e depois para David(que anteriormente estava com a cadeira meu lado, mas já havia colocado-a no lugar). Seu olhar questionador parecia gritar: Eu sei sobre a agarração no jardim sua e de Liam. Sem falar nada ela se sentou ao meu lado, como de costume.

Foi ai que Selena entrou na sala. Eu fiquei sem entender nada, que diabos ela estava fazendo ali?

É claro que todos os caras na sala(menos Mitchell que estava ocupado demais fazendo cara de mal para todo que olhavam para ele) ficaram bobos com a beleza dela. Eu não podia culpá-los, Selena provavelmente era a mais bonita da cidade, sério, sem exageiros. Fiquei pensando na autoestima das professoras quando a conheceram.

–Meu nome é Selena Underworld, e eu sou a nova professora de história. Sr. Collins está afastado, ele...Está em coma, por conta do acidente no Halloween – ela analisou o rosto de alguns alunos, assustados com a notícia. – Mas não se preocupem, pelo o que eu soube, os sentidos dele estão voltando aos poucos, uma melhora inacreditável.

Eu sabia que ela estava mentindo, usando o abacadabra do charme vampiresco para fazer todos acreditarem que Sr. Collins estava bem, o que qualquer professor(a) que fosse um vampiro(a) faria em uma situação como essa. Normal.

Após alguns segundos de silêncio, uma garota levantou a mão.

–Sim? – Selena a encorajou com um sorriso.

–Sra. Underworld, você...Quer dizer, a senhora...É mãe do Matthew? – a garota perguntou, obviamente demonstrando interesse em Matthew, o que fez todos rirem(menos Mitchell e Stacy).

–Na verdade ele e Anne são filhos adotivos, mas não importa, já que considero-os de sangue, como Liam. – Selena sorriu para Anne, e então olhou para mim com um traço de humor nos olhos.

Até que fazia sentido a história da “família”, já que, de longe, Liam parecia ser filho de Nikolaos e Selena.

–Bom...Nessa aula não vou passar nada, já que quero uma chance de conhecer todos vocês, cada um fala seu nome, idade, e o que gosta de fazer – ela disse, tentando socializar com os alunos, como uma boa professora novata.

Todos falaram um pouco de si mesmo, eu gaguejei na minha vez, como o previsto, e todos riram. Quando chegou a vez de Mitchell, ele ignorou Selena, ainda inclinado feito um louco na carteira.

–Não vai se apresentar? – Selena perguntou. Eu podia ver pela expressão de aversão que ela sabia que Mitchell não era humano.

Ele ergueu a cabeça só um pouco, e pela primeira vez pareceu realmente notar Selena.

–Mitchell, tenho 17 anos, jogo no time de basquete – ele disse, revirando os olhos.

Depois dele Stacy também disse, em tom de voz baixo, o que fez a sala toda encará-la como se ela estivesse parindo unicórinios. Quer dizer, timidez com certeza NÃO é o forte de Stacy.

Durante toda a aula Selena respondeu á perguntas sobre si mesma e sua família, e também nos perguntou algumas coisas. Eu tentava não pensar em Liam, mas é claro que isso não foi possível, ainda mais com os olhares de Anne e Selena. Eu tinha aula de cálculo e espanhol com ele hoje, e, quando o sinal finalmente tocou, eu já havia decidido matar aula como uma grande covarde. Andar de mãos dadas com David pelos corredores não ajudava em nada. Eu já estava sentindo um grande ‘A’ escarlate em meu peito.

Ok, eu já estava ficando louca de culpa, quer dizer, era só um beijo, nada demais. Quase perdi o ar ao perceber que ficara por tempo demais em meu blá blá blá interno e havia esquecido do plano de matar aula. Então lá estávamos nós: Dave me deu um beijo de despedida e foi para a aula de Educação Física. Olhei para a sala, e lá estava Liam no lugar de sempre, atrás da minha mesa. Ah. Merda.

Mantive os olhos grudados no chão, de repente interessada no assoalho, até me sentar. Dali eu podia sentir seu cheiro, que arrepiava os pelos do meu braço. Mathew estava sentado na mesa ao lado dele, e eu nem precisava olhar para ver seu sorriso malicioso. Ele disse um “oi Sarah”, que eu correspondi com um “oi Mathew” e um sorriso tímido.

A aula pareceu se estender por toda a eternidade, e eu fazia um esforço sub-humano para não virar para trás, como de costume. A aula de matemática parecia incompleta sem minha falação idiota com Mathew e Liam que eu já havia me acostumado.

Quando bateu o sinal, eu quase saí correndo pra fora da sala, mas, quando eu estava na porta, alguém me pegou pelo pulso, me obrigando á virar para trás. Era Liam, repetindo o mesmo gesto que havia feito em seu primeiro dia de aula, quando eu o odiava mais do que tudo.

–Espera – ele sussurrou, me encarando com aqueles olhos negros.

Por um momento eu esqueci de David, Aislin, de tudo.

–Sim? – eu disse, com a maior dificuldade do mundo.

–Me desculpe, sabe, pelo...Beijo – Liam disse, desviando os olhos. Nesse momento Mathew passou por nós rindo e fazendo coração. Eu e Liam xingamos ele.

Hum..Er, é...Está tudo bem, quer dizer, não foi nada – eu disse, corando.

–Nós podemos...Esquecer aquilo e fazer as coisas voltarem ao normal? – ele me perguntou, ainda segurando meu pulso, a mão dele desceu um pouco até a minha.

–Claro – eu sorri, tirando a mão da dele e olhando em volta, procurando testemunhas que poderiam fofocar para Dave. –Hm...A gente se vê por ai... – eu disse, então quase corri até a minha aula.

Eu estava agindo como uma completa idiota. Respirei fundo e fui até a aula. Olhei para trás e corei ao perceber que Liam continuava imóvel me olhando.

*********

Tessa e eu estávamos na fila da comida. Comentávamos, chocadas, como a sala de aula do 3º periodo estava vazia.

–Desde a primeira aula eu venho reparado - Tessa disse, olhando em volta. O refeitório nunca fora tão silencioso. O clima chuvoso deixava tudo ao redor cinza e pálido, melancólico assim como os alunos e professores.

Tom veio até onde estávamos, para cortar fila.

– Vocês perceberam alguma coisa estranha, ou é impressão minha? - ele olhou em volta. Tom vivia ‘viajando’, e para ele reparar em algo precisava ser algo muito grave.

– É, nós estávamos falando sobre isso - eu falei. Fiquei surpresa quando o garoto atrás de nós não protestou quando Tom furou a fila.

–Acho que uma chacina dessas nunca aconteceu na cidade- Tessa disse, em um tom de voz baixo.

Engoli em seco e peguei um refrigerante. Nós nos sentamos na mesa de sempre, todos já estavam lá. Me sentei ao lado de David, que estava verde.

–Você está bem?- perguntei.

– Sim mas...Connor está no hospital, eu acabei de saber que o ele está piorando. Ele foi o único que sobreviveu da chacina do serial-killer -, ele olhou para baixo.

Eu senti que ia vomitar.

– Eu... sinto muit, ah meu Deus...Ele..Ele sabe quem o atacou? - eu disse, com remorso.

– Ele estava conversando um pouco, mas ninguém quis me dizer o que ele contou á policia, e hoje, mais cedo, minha mãe ligou dizendo que ele entrou em coma profundo -. Dave sussurrou, encarando a comida com uma careta.

Eu encostei minha cabeça em seu ombro, escondendo meu rosto. David me abraçou. Ouvi o resto do pessoal dizendo palavras de consolo para ele, dizendo que Matt iria melhorar. Será que ele havia contado sobre mim á policia? Eu certamente merecia passar a vida na cadeia, isolada.

Foi ai, que uma coisa que Liam havia falado uma vez, me veio em mente. “Você precisa estar morrendo para virar um vampiro.”

Senti como se tivesse levado um choque. Todas bebidas na mesa explodiram. Eu olhei em volta do refeitório, procurando por Liam. Tentei pensar em alguma desculpa para ir procurá-lo. Me levantei.

– Aonde você vai? - David perguntou, confuso.

– Eu, er...Preciso falar com...Com Anne, sobre um trabalho da aula de inglês - ,eu disse, inventando a primeira coisa que me passou pela cabeça. É claro que se eu falasse alguma coisa sobre Liam isso iria causar suspeitar. - Já volto.

Dei uma ultima mordida no meu cheeseburguer, peguei minha bolsa e sai em disparada pelo refeitório, procurando pelos três vampiros. Eles estavam sentados em bancos de madeira fora do refeitório. Aquele geralmente era lugar das macacas de torcida nos dias de sol, e lugar dos drogados nos dias nublados. Anne, Liam e Mathew(que estava compartilhando cigarro com uma garota da mesa ao lado) pararam a conversa quando eu cheguei.

–Olha só quem chegou para se juntar ao clube dos vampiros! – Mathew disse, rindo e soltando fumaça pela boca.

Revirei os olhos enquanto Liam e Anne(e a garota ao lado) riram. Olhei bem para a drogada. Anne seguiu meu olhar.

–Lanche novo do Mathew – ela deu de ombros.

–E quanto á Tess? – eu perguntei olhando feio para Mathew. Desde o primeiro de aula dele, Tessa não parava de falar sobre aquele garoto um segundo sequer.

–Eu não bebo o sangue da Tess, ela é diferente, eu gosto dela, Natalie é só meu lanchinho da tarde – ele sorriu para a drogada.

Revirei os olhos. – Isso não importa agora. Tenho um problema.

Liam gesticulou para que eu sentasse. Todos os três ficaram tensos. Olhei para Natalie.

–Natalie querida, saia. – Mathew disse, sorrindo. Natalie suspirou e foi se sentar em uma mesa longe, onde estava a maioria dos drogados da escola.

–O que aconteceu? – Liam perguntou.

–Eu ataquei o irmão de David. Connor sobreviveu, e acho que ele deve ter contado sobre mim para a polícia. Ele está em coma agora. –eu expliquei, nervosa. –Será que há algum risco de Connor...Virar um vampiro?

–Não sabemos. –Anne disse, derrotada.

–Eu estraguei todo, mas que droga! – eu disse, frustada.

–Sarah, nós vamos dar um jeito, isso é normal no começo, está tudo bem – Liam tocou meu braço. Foi como se eu estivesse em chamas. Eu sabia que depois daquele beijo as coisas não seriam mais as mesmas. Liam ficou sem graça e tirou a mão. Fingi não perceber o sorriso malicioso de Mathew.

–Acho melhor irmos no hospital verificar – Anne quebrou o silêncio constrangedor.

–Não daria pistas? –perguntei.

–Nós entramos sem que ninguém veja...É nossa especialidade – Mathew disse, piscando para mim.

–Ei, que cara é essa Sarah...Tudo vai ficar bem, confie em mim – Liam deu aquele sorriso para mim, e, por um segundo me esqueci dos meus problemas(como sempre acontecia quando eu estava com ele).

–Eu vou junto. – declarei, ainda fazendo careta.

–Se você fosse junto ai é que daria pistas. Fique aqui, segura, okay? – Liam perguntou.

–Okay. Posso perguntar mais uma coisa...Os..L-lobisomens, já chegaram na cidade? – eu gaguejei, lembrando dos olhos de Mitchell, e do lobo na estrada.

–Pelo o que soubemos,não. Por que? – Matthew perguntou, se interassando repentinamente(e largando seu baseado).

–Eu...Acho que um garoto aqui na escola...-não consegui terminar a frase.

Anna sugou o ar, assustada.

–Quem? – Os três perguntaram juntos.

Olhei em volta, procurando por Mitchell dentro do refeitório. Eu o encontrei sentado sozinho. E...Ah, merda, ele prestava atenção na nossa conversa. Será que ele podia nos ouvir?

Peguei uma caneta e um pedaço de papel na bolsa e escrevi:

Acho que é Mitchell, não falem nada nem olhem para ele, não sei se ele pode nos ouvir.

Os três pareciam chocados. Anne assentiu rapidamente, e então tomou um gole de seu suco, e mudou de assunto, falando sobre o memorial na escola que aconteceria na ultima aula. Eu sentia meu estômago revirar só de pensar naquelas pessoas preocupadas com o ‘serial-killer’.

Eles deram uma lista rápida dos mortos, o que ‘ajudou’ ainda mais minha depressão pós-massacre. Eu vasculhei meus olhos pelo refeitório outra vez, vendo Stacy e Jessica sentadas bem longe de Mitchell, vi como as pessoas ali estavam abatidas e com medo, e também vi o modo como os olhos de David pareciam sem vida. Engoli em seco.

***********

A escola inteira estava nas arquibancadas da quadra de basquete. Os professores nas primeiras filas, e haviam até montado um lugar para que o diretor pudesse falar. De frente para todos, haviam fotos grandes dos mortos. Dali onde eu estava com meus amigos podia ver os três Underworld, conversando em voz baixa. Liam percebeu meu olhar e se virou, com um sorriso discreto e apropriado. Senti David ficar tenso ao meu lado,e seu braço apertou ainda mais a minha cintura. Eu sorri com aquele ciúmes bobo, e dei um beijo na bochecha dele. Percebi que Liam ainda estava olhando, e virou para frente, com os ombros tensos. MERDA.

Foi ai que o diretor seguido de algumas pessoas ‘importantes’ na escola e até o vice-prefeito entraram na quadra. Ele pediu silêncio e começou a falar:

–Nossa festa tradicional foi interrompida tragicamente como todos sabem, e nós perdemos entes, amigos e professores queridos. Nesta tarde nós iremos homenageá-los com lembranças boas e com sorrisos – estava mais do que na cara que ele estava lendo um papel, porque o diretor NUNCA demonstrou qualquer emoção na vida, a cara dele parecia paralisada, é sério.

Olhei ao redor e pude ver professores de alunos chorando. O que me chamou a atenção foi Mitchell, no último lugar no fundo, enorme e curvado mexendo no celular, alheio á qualquer emoção.

O diretor começou a falar ‘palavras de conforto’ que ele obviamente havia pegado de algum cartão fajuto. Depois leu uma lista com o nome dos mortos e feridos. Ai nós todos tivemos que fechar os olhos, orar e fazer um minuto de silêncio. Foi ai que o delegado de Richlands teve sua vez no microfone:

–Meus pêsames á vocês que perderam as pessoas queridas. Isso não vai ficar assim. Estamos investigando a causa do incêndio, provavelmente causado pelo serial-killer. Nós vamos pegá-lo, nem que isso custe a minha vida – ele disse, quase perdendo o controle, e então, olhou bem no fundo dos meus olhos e disse: - Isso não vai ficar assim.

Senti meu corpo inteiro se arrepiar e senti que os três Underworld olhavam discretamente para mim. Tentei me recompor antes que alguém percebesse. O diretor nos dispensou e avisou que haveria outro memorial, dessa vez para cidade inteira, no sábado, no centro recreativo de Richlands.

Eu e meus amigos estávamos na porta da quadra, quando ouvi o delegado dizer:

–Sta. Sarah Colleman, poderia me acompanhar por favor?


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Notas finais do capítulo

desculpas mais uma vez, vou tentar ao máximo adiantar o proximo capitulo em uma semana ;)



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