May - Parte VI escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 2
O Passado Retorna


Notas iniciais do capítulo

May, sem muitas opções, é convidada a passar pelo menos uma noite na mansão para descansar, ela aceita, mas parece que logo se arrepende de ter aceito...



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Aqui estou eu. Perdida. Sentindo como se eu não pudesse fazer nada. Como se eu fosse uma formiga que apenas caminha perto de alguém e esse alguém acaba pisando nela. 

- May, nós podemos te ajudar a encontrá-lo de algum outro jeito se quiser - disse Orono.

Olhei pra ela, ainda estava sem saber o que fazer. Minha respiração estava fora de ritmo. Me levantei e comecei a caminhar em direção a porta.

- May! - parei com a mão quase chegando na maçaneta, mas não olhei para Orono. - Fique aqui por hoje. Tome um banho, descanse, coma algo, antes de ir atrás do seu filho, sem rumo pelo mundo - eu não respondi. - Por favor.

Respirei fundo.

- Tudo bem - respondi sem olhar pra ela.

- Pode ficar no seu antigo quarto.

Assenti, apenas. Abri a porta e saí. Comecei a andar meio sem rumo pela mansão. Eu não sabia mais no que pensar. Eu queria Max, queria saber onde ele estava e como ele estava, era tudo no que eu conseguia pensar. Então, enquanto caminhava olhando pra frente sem enxergar nada...

- May? 

Alguém me chama e paro de repente. Eu reconhecia aquela voz. Era a voz que eu não queria ouvir de todas as vozes do mundo. Acho que a do meu pai seria mais confortável que essa.

Olhei pra trás e lá estava ele. em um pouco mais velho do que da última vez que brigamos no bar de Remi. Continuava lindo e sexy, ele me olhou meio surpreso. Alguns alunos saíram da sala, dava pra ver algumas cabeças, ele deve ter saído inesperadamente da sala.

- May, você...?

Revirei os olhos e continuei a andar, agora eu sabia onde queria ir, para a cozinha. Vou comer e pensar sozinha.

- May, espera...

Ele estava me alcançando, ele ia me alcançar, eu não quero, não quero.

- Tudo bem - ele disse por fim e sei que ele parou de vir atrás de mim.

Parei por um minuto. O olhei rapidamente. Seu olhar me dava pena, mas eu não queria sentir pena dele e então fui direto pra cozinha, abri a geladeira e procurei a primeira coisa fácil que achei para comer. Haviam muitos rostos novos. Quantos mutantes, quantas pessoas rejeitadas e temidas pela sociedade. Eles me olhavam com estranheza, mas eu não estava nem aí. Sentei na bancada e comecei a comer essa coisa que achei na geladeira, que não sei o que é mas que tem um sabor bom.

- Ora, ora, ora. Achei que era mais uma loucura do Logan, mas dessa vez é verdade.

Olhei pra frente e vi Bob. Sorri ao vê-lo, eu gostava de Bob.

- E aí? Como vai? - perguntei.

- Estou bem, ótimo na verdade. E você? Está muito bonita.

- Obrigada - fiquei meio tímida. - Eu estou melhor que antes, mas não estou bem no momento.

- Acho que entendi. Tem a ver com o Logan?

- Acho que ele é culpado de uma pequena parte do meu mau estar.

- Entendi - ele deu uma risadinha.

- E como vão as coisas com a Vampira? Eu não a vi ainda.

- Bom... eu não sei - ele coçou a nuca. - Eu e a Vampira não estamos conversando mais.

- Não? O que houve? - me surpreendi.

- Bom... ela ficou estranha. Ela usou a cura, mas ela parece não funcionar muito bem, entende? Ela ficou mais nervosa que o normal, ficou obcecada demais nessa cura e acabou ficando chato ficar perto dela. Eu estou com a Kitty agora.

- Kitty? Quem é Kitty? - perguntei.

- Kitty é a garota que atravessa paredes.

- Continuo sem saber quem é. Ela entrou depois que saí?

- Acho que sim - ficamos um tempo em silêncio.

Kitty apareceu na cozinha e deu um abraço em Bob. Kitty era uma garota muito simpática. Sorridente, cabelos longos e pretos, gostava de usar um rabo-de-cavalo, seus olhos eram claros. Ela era bem bonita e meio parecida com Vampira, só que sem aquele ar gótico. Fomos apresentadas e fui com a cara dela. E após um desconfortável momento íntimo dos dois, perguntei a Bob sobre o que ele havia falado mais cedo.

- Bem...

- Quer mesmo saber sobre isso May? - perguntou Logan chegando na cozinha e pegando um refrigerante na geladeira.

Não respondi. Bob e Kitty saíram da cozinha e fiquei sentada, olhando para Logan. Não sei muito bem que sentimentos passei em meu rosto.

- Bom... - ele se sentou de frente pra mim. Apoiou os cotovelos sobre a mesa e ficou me olhando. Eu estava atenta a qualquer movimento dele. - Depois daquele dia do bar, voltei pra cá. Eu queria sumir pelo mundo de novo, mas voltei na esperança de você voltar um dia. As vezes parecia que você tinha voltado, mas eram apenas alucinações minhas. Você está tão diferente que custei a te reconhecer.

- Diferente? - perguntei meio cínica.

- Sim, você...

- Estou mais "adulta", Logan? - perguntei meio nervosa. - Meu corpo está quase nos padrões da Jean não é mesmo?

- Não...

- Ah, é... nunca serei tão gostosa quanto a Jean, não é mesmo?

- May... posso falar?

- Não Logan, não pode. Você acha que eu voltei por sua causa? Porque senti saudades? Nunca senti saudades de você! Eu tenho vontade de te matar por tudo o que você fez comigo! - ele ficou quieto, só me ouvindo. - Você me decepcionou muito Logan. Muito - eu estava sensível, e comecei a chorar, o que me deu mais raiva, não queria chorar. - Eu estou aqui por causa do meu filho, ele sumiu e eu achei que o Cérebro me ajudaria. Só por isso. Não sinto falta de nenhum de vocês. Eu consegui uma vida lá fora, tenho um filho, um marido e um enteado maravilhosos. Não preciso de nenhum de vocês. Tudo o que eu queria era estar cozinhando o jantar pro meu marido e arrancar a roupa dele quando chegasse do trabalho, fazer uma massagem e ficar admirando o início de sua velhice, admirar cada ruguinha nova que aparece em seu rosto, admirar cada cabelo grisalho que nasce, cada dor em suas juntas, mas não. Estou aqui nessa porcaria de Instituto, tendo que aturar ver a sua cara. E eu só fiz isso pelo meu filho. 

Eu estava com raiva do Logan, muita raiva. Não queria ouvir nenhuma palavra dele. Sei que Jean é passado, mas ela ainda me perturba. "Se eu pudesse escolher, eu a escolheria May", essas palavras nunca saíram da minha cabeça e jamais sairão. Eu sou a segunda opção, sou a garota com quem ele se divertia enquanto desejava a outra mulher. Que ele vá pro inferno! Ele me quer só porque a Jean está morta.

Fui para meu antigo quarto, tirei a roupa e fui direto pro banho. Deixei a água cair em meu rosto. Era muito bom. Tentei esquecer das coisas, mas muitas informações chegam em minha cabeça. As vezes penso que seria bom levar um restart como Logan levou. Mas quando penso que esse restart me faria esquecer John, Nick, Max, Pietro, Claus e Remi, já desconsidero essa hipótese. Preciso ficar calma agora. Preciso esquecer que Logan existe e que há a possibilidade de encará-lo o dia inteiro. Mas do que estou falando? É só eu ficar no quarto o dia inteiro e pronto. Mas quero ficar aqui o dia inteiro? Não, não quero.

Saí do banho e fiquei olhando o meu antigo quarto. Lembro quando me deitei na cama, feliz por estar livre, feliz por estar com Logan, feliz por finalmente ter um pouco de alegria. Consigo ver a antiga May deitada naquela cama enorme, olhando para o teto e com um sorriso enorme. Como ela era estúpida e infantil, veja  sorriso bobo em seu rosto. Tão ingênua. Não tenho vontade nenhuma de voltar a ser essa May. Gosto da May que sou hoje e serei ela daqui pra frente até a eternidade. A mãe que não precisa de porto seguro e sim é o porto seguro de alguém. Ou não...

 Na manhã seguinte, decido sair depressa, arrumar minhas coisas rápido e começar a minha jornada rumo ao desconhecido. Sem rumo algum vou sair por aí à procura do meu filho. Quando estou quase saindo pela porta. Logan me para dizendo:

- Vai mesmo embora agora?

Viro pra trás com uma cara séria.

- Vou.

- Se eu fosse você esperaria mais um pouco.

- Pra quê? - eu falava rápida e friamente.

- Seu irmão esteve aqui há alguns anos.

Aquelas palavras me afetaram. Arregalei os olhos surpresa.

- Mentiroso - disse.

- Remi o nome dele não é? Conhecido como Gambit?

Eu o olhei desconfiada.

- Como sabe disso tudo?

- Por que ele esteve aqui May - continuei sem responder nada. - Ele estava aflito procurando por você. Disse que você desapareceu e nem se despediu. Ele achou estranho. Isso te lembra alguém?

- Está insinuando que meu filho fez isso comigo? - disse nervosa.

- Por que não? Ele poderia estar atrapalhando sua vida, não é mesmo?

- Max jamais atrapalharia a minha vida... - comecei a gritar.

- Mas e se ele se sentiu assim? Assim como você já fez várias vezes?

- Não! - berrei e lhe dei um soco na cara. - Me filho não foi embora simplesmente!

- Pense bem, May. Você estava feliz com seu "marido", o filho dele foi pra faculdade e ele ficou lá, preso com vocês dois, atrapalhando vocês dois a ficarem sozinhos e felizes. Não acha que é uma boa razão para embora?

- Não. Não, não! Ele não ia sem...

- Se despedir? A despedida é dolorosa, não é? Tão dolorosa que às vezes é melhor não se despedir. Não é isso que você faz, May?

- Cala a boca! Pára! Pára! - tampei meus ouvidos, me encolhi no canto da parede e comecei a chorar. - Por que está fazendo isso comigo? Não basta ficar pensando o quão a Jean é sexy enquanto dormia comigo?

Ele ficou parado e eu continuei a chorar. Max não pode fazer coisas estúpidas como eu faço, ele não devia ser como eu nesse aspecto. Não deveria ser estúpido como eu.

- May, o fato é que, eu só queria te dizer que, quando Gambit veio aqui te procurar, falamos que não sabíamos onde você estava e que caso te achássemos ou você aparecesse aqui, devíamos ligar pra ele e ele viria imediatamente te ver. Orono ligou pra ele. Seria muito ruim se você fosse embora agora, não acha? - ele se abaixou e ficou de frente pra mim enquanto eu ainda chorava. - Ele merece uma explicação, assim como você merece uma do seu filho.

Ele se levantou e foi embora. Fiquei ali sentada e chorando. Por que eu era tão estúpida? Será que Max fez isso mesmo? Se sim, eu sou um monstro. Um monstro egoísta que pensa só em si mesmo. Quando parti, não pensei como se sentiriam, apenas fui embora...


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