Jeremy me olhava com um sorriso no rosto. Nunca tinha visto um sorriso tão bonito e sincero como aquele.

– Gente! - ouvi Kath gritar, interrompendo meu momento de apaixonada. - Que tal um banho de champagne?

Ouvi o estouro e tentei sair correndo, mas antes que sair do cômodo, senti o líquido molhar minhas costas. Desci as escadas correndo. Jeremy, Kath e Dave estavam atrás de mim. Eu ria como uma louca.

Abri a porta dos fundos e saí correndo em direção ao colorido jardim. Kath me alcançou e logo estávamos todos molhados.

– Sacanagem, Kath! Nem no meu casamento você alivia? - ela ainda ria.

– Olhe pelo lado bom. Você é uma champagne supernova! - Jeremy disse levantando os braços, rindo da própria piada.

– In the sky! - completei, mas fui envolvida por um arrepio. - Como você lembra dessa música?

– Acha mesmo que eu ia me esquecer da música que você cantou pra mim? - me abraçou.

– O que acha de ir pegar o violão? - perguntei, ao mesmo momento que Jeremy saiu correndo para dentro da casa.

Logo estava de volta.

– Acho justo você tocar algo pra mim. - me entregou o violão.

– Ah, é? Acha? O que te leva a achar isso? - perguntei provocando.

– Tenho uma surpresa pra você mais tarde, então...

Bati com o braço do violão nele.

Suspirei e comecei a tocar If I Had a Gun. Eu amava aquela música e a letra dela era perfeita para o momento.

"Excuse me if I spoke too soon, my eyes have always followed you around the room, 'cause you're the only God that I've ever need, I'm holding on and waiting for the moment to find me."

Quando acabei, Jeremy estava sorrindo. Observei como o vento bagunçava seus cabelos, deixando-os mais incríveis ainda. O silêncio que se seguiu depois da música foi o suficiente para me deixar tão nervosa que sentia meu rosto queimar.

– Diga algo. - falei rindo de nervosismo.

– Preciso dizer? - tirou o violão do meu colo e me deitou na grama. Por cima do seu ombro conseguia ver a lua cheia.

– Já está tarde, - ouvi Kath do nosso lado. - eu e Dave estamos indo... - sua voz era engraçada.

Ao invés de dizer algo, Jeremy me envolveu em um beijo que me tirava o fôlego. Sentia sua mão passar pelo meu corpo e desejei que Kath e Dave já não estivessem mais por perto.

– Espera... Kath e Dave... devem estar aí ainda. - disse pausando cada vez que me beijava.

– Fique tranquila, já foram.

Passou os braços em volta do meu corpo e em logo tirou meu vestido, fazendo com que eu sentisse a grama fria no meu corpo. Logo vi que aquela noite seria longa, mas agora as coisas estavam diferentes. Jeremy era meu marido e eu sabia que nunca iria me esquecer dele.

*

Acordei uma hora depois com Jeremy em pé do meu lado.

– Onde foi?

– Disse que tinha uma surpresa... agora venha. - me deu a mão para que pudesse levantar.

Segui acompanhada de Jeremy pela escuridão, mas logo avistei luz atrás de uma pequena árvore seca. Andei mais rápido para chegar até a árvore e me surpreendi com o que estava lá atrás.

– Achei que você gostaria de pintar. - sua voz era calma.

– Oh meu Deus, Jeremy.

Me sentei feliz pela surpresa. Naquele momento pintar seria perfeito. Queria expressar a alegria que estava sentindo por estar ali com ele e os pincéis me entendiam bem.

– Então sente-se. Vou ficar do seu lado.

Sentamos no chão. Estava sem o vestido ainda, mas isso não me incomodava. Jeremy se sentou apoiado na árvores e ficou me olhando pensar o que ia fazer. Observei o lugar e vi que era perfeito. e tinha sido escolhido do jeito que eu gostava, conseguia ver a lua e as estrelas do céu e isso me trazia inspiração. Me aconcheguei no lugar, aproximei as velas do suporte improvisado para a tela e peguei o pincel. Os traços saíam quase de maneira involuntária e conseguia me expressar perfeitamente. Pelo canto do olho, percebi que Jeremy só tirava os olhos da tela para me olhar.

– Donna... - quebrou o silêncio.

Olhei para Jeremy.

– Você acha que temos pouco tempo? - senti uma pontada de tristeza na sua voz, mas fiquei mais triste ainda sabendo que não teríamos.

Pensei em contar tudo para Jeremy, mas não iria estragar o momento o mais feliz da minha vida.

– Acho que temos o tempo que quisermos. - forcei um sorriso, mas voltei a olhar para a tela.

– Quando você partir...

Inclinei meu rosto e o beijei.

– Por favor, não diga isso.

– Mas eu vou sentir tanto a sua falta. - ao ouvir isso, sem querer comei a chorar. As lágrimas saiam sem que eu pudesse segurá-las.

– Eu também vou sentir a sua. Mas eu vou te amar até mesmo quando não estiver aqui mais... eu vou te amar pra sempre, Jeremy. Pra sempre!

Vi um sorriso se formar no seu rosto e logo ele levantou a mão para limpar minhas lágrimas.

– Eu acho que sentiria sua falta até mesmo sem te conhecer. - disse me beijando.

*

Já deviam ser 3 horas da madrugada quando acabei a tela. Confesso que nunca havia ficado tão maravilhada com algo que eu havia feito como fiquei com aquela pintura.

– Está pronto! - disse sorrindo para Jeremy que olhou a tela e sorriu.

– Ficou perfeito. - seus olhos estavam fixos na tela e senti a sinceridade na sua voz. - De todas as telas que já vi, essa é mais bonita.

– Que bom que gostou.

Ficamos em silêncio.

– Donna, você poderia doar essa obra para o museu.

Naquele momento pensei que ele tinha razão. Talvez, doando-a, eu pudesse encontrá-la quando retornasse ao meu século e lembraria de Jeremy. Seria doloroso pra mim, sabia, mas nem por um segundo eu desejava esquecê-lo.

Concordei com a cabeça, enquanto deixava ele envolver meu corpo com seu abraço quente.