Meus olhos ficaram fixos em minha mão buscando novamente essa resposta que parecia não se encontrar em mim, minha mente somente pensava nós riscos que estava correndo e como poderia arrumar uma saída. Após algum tempo decidi responder a pergunta de Lucy.

– Não sei se estou apaixonada, mas pouco me importa neste momento me preocupar com meus sentimentos, preciso em primeiro lugar me preocupar com Deniel que está muito apegado a mim, ser obrigada a me mudar neste momento, me afastar deste lugar irá me causar uma grande tristeza. - Cada palavra dita por mim parecia feite de gelo, fazendo com que me assustasse com minhas próprias palavras.

– O que pretende fazer?- Lucy tentou usar um tom despreocupado que ocasionalmente não funcionou.

– Irei me afastar um pouco de Deniel, por isso se aproveite deste momento para se aproximar mais dele, somente com você saberei que ele estará bem.

– Não precisa me dizer novamente. – Comecei a rir do comentário de Lucy

– Se importaria de me deixar um pouco sozinha? Isso me ajuda a pensar

– Claro que não, mas está proibida de ficar o resto do dia neste quarto

– Prometo tentar.

Lucy saiu de meu quarto me deixando sozinha com meus mais profundos pensamentos, me sentia culpada por estar entregando Deniel para Lucy sabendo que ele nutria sentimentos por mim, mas às vezes precisamos tomar decisões difíceis quando a escuridão se introduz em nossa vida.

Os dias foram se passando com grande rapidez, me afastar de Deniel e Patch me machucava por dentro como se a qualquer momento meu coração fosse se partir, meu modo de agir ficava mais frio como se fosse controlada por uma maquina isso havia se tornado uma mascara para me esconder de todos, demonstrar meus sentimentos nunca foi algo fácil para mim e não seria neste momento que algo iria mudar. Todos os dias Gabriel me treinava para meu encontro com meus antigos amigos, o mesmo sempre tinha algum argumento a seu favor, o maior deles era “Você precisa protegê-los”. Isso havia se tornado o argumento que regia minha vida, proteger alguém a cada segundo do meu dia, isso incluía eu mesma. Mas hoje havia chegado o tão temido dia onde iríamos visitar minha antiga escola. Quando abri meus olhos naquela manhã fiquei olhando por alguns segundos o teto, tentando buscar energia para me levantar.

– Encrenca se levante neste exato momento se não quiser se atrasar- A voz de Gabriel estava distante, provavelmente ele já deve se encontrar na sala.

– Está bem

Andei até o banheiro com passos lentos, logo em seguida fiz minha higiene matinal na mesma velocidade. Passei dias escolhendo a roupa perfeita para voltar aquele lugar tão importante para mim, mas naquele momento não conseguia parar de me olhar no espelho com medo que minha roupa estivesse errada ou simplesmente não gostassem, aquele pensamento me fez rir. Por fim decidi manter minha roupa inicial que era um vestido preto com detalhes de renda que ia até meus joelhos, meia calça preta, coturnos e uma touca também preta. (http://3.bp.blogspot.com/-qsxNr1Y7oCI/T3JHsBdD8oI/AAAAAAAAEFs/OmYC1PaPNKE/s1600/1792195_DEC17+LB1.jpg), desci as escadas encontrando Gabriel sentado no sofá, como ele não reagiu a minha chegada me aproximei um pouco, mas notando que ele estava dormindo.

– A pessoa me acorda aos gritos para não me atrasar e acaba dormindo no sofá? – Comecei a rir, enquanto Lucy surgiu pela porta da cozinha.

– Deixe o dormir enquanto tomamos o café- Ela fez um movimento com a mão para que a acompanhasse, por isso resolvi não discutir. - Ele me disse que não dormiu muito bem essa noite. - Me sentei à mesa quanto Lucy falava.

– Por quê?

– Estava preocupado com você.

– Comigo?- Quase engasguei com um copo de suco que levava a boca.

– Sim, ele ficou quase a noite inteira pensando sobre seu encontro com seus antigos amigos. - Sorri para ela

– Gabriel é realmente o melhor amigo que alguém poderia ter. - Ficamos em silêncio por alguns segundos. - Como estão as coisas com Deniel?

– Cada dia melhor- O sorriso em sua boca se alargou- Mas confesso que ele sente sua falta, me perguntou várias vezes o motivo pelo qual estar estranha, mas sempre invento uma desculpa para adiar uma conversa cheia de questões entre vocês dois.- Ela respirou profundamente.

O resto do café foi calmo, conversamos sobre assuntos banais que me fizeram esquecer por uns momentos os futuros acontecimentos preparados para o dia de hoje. Andamos até a sala para acordar Gabriel, comecei a correr em direção ao sofá fazendo com que caísse a seu lado.

– Bom-Dia belo adormecido!!

– Bom - Dia, que horas são?

– Hora de irmos para o colégio se não quisermos nós atrasar.

– Está bem encrenca irei pegar a chave do carro.

– Não precisa. – Mostrei para ele a chave que havia pegado minutos antes de voltar para sala. O mesmo pegou a chave de minha mão caminhando até a porta.

– Vocês duas tem cinco minutos para estarem em frente à porta ou irei sozinho. - Ele apontou para nós duas enquanto falava.

– Lembra que te chamei de Belo Adormecido? – Ele assentiu – Errei a história você parece mais um ogro como o Shrek. – Ele começou a rir enquanto eu revirava os olhos.

– Poderíamos começar uma pequena discussão senhorita encrenca, mas fico feliz em saber que está feliz. - Gabriel saiu enquanto começa a procurar minha bolsa.

O caminho até a escola foi silêncio, algumas vezes Lucy fazia algum comentário que nós dois nos revezávamos para responder. O estacionamento estava lotado de carro fazendo com que encontrássemos uma vaga um pouco distante, notei que alguns pais acompanhavam seus filhos questionando os educadores sobre a segurança desta viajem, em meu deles estava Sarah mãe de Deniel, assim que a mesma me viu sorriu animadamente enquanto suas mãos projetavam um leve aceno, respondi seus cumprimentos enquanto adentrava o enorme ônibus que esperava os alunos, enquanto Gabriel iniciava uma conversa despreocupada com uma garota morena que havia visto algumas vezes acompanhada de Molly, Lucy também havia me deixado só indo conhecer sua futura “Sogra”, termo como Lucy se referia a Sarah. Andei até um banco mais afastado onde havia apenas um garoto distraído no celular dois bancos à frente, me sentei ao lado da janela somente assim poderia fingir me distrair com a natureza. Senti uma mão forte tocando meu ombro, fazendo com que um arrepio percorresse por todo o meu corpo, não precisava me virar para saber que aquele toque somente poderia pertencer a Patch.

– Olá Anjo- Me virei para ele o encontrando sentado a meu lado, sua boca trazia um enorme sorriso.

– Olá Patch. - Olhar novamente para o fundo daqueles lindos olhos negros que a dias tentava me manter longe me fez sorrir.

– Estou preocupado com você anjo- Seu rosto se tornou sério

– Eu estou bem.

– Você é péssima mentindo. - Seu comentário me fez rir- Sei que está preocupada e triste, mas não irei lhe forçar a me dizer nada. Apenas saiba que me preocupo com você por isso estarei sempre a seu lado.

– Não irei me esquecer.

– Preciso te fazer um pedido.

– Qual?- Mordi os lábios

– Notei que está fugindo de mim a cada minuto, por isso pare com isso, não ter sua presença por perto me incomoda. - Respirei profundamente enquanto ouvia seu pedido

– Me desculpe, mas não posso atender a seu pedido, isso envolve coisas maiores do que nós dois. - Patch se levantou no mesmo momento sem dizer uma única palavra quase que sincronizado com a chegada de Gabriel.

– Ansiosa encrenca?- Ele se sentou a meu lado passando um de seus braços ao redor de meu pescoço

– Um pouco, mas prometo tentar usar tudo que você me ensinou

– Não se preocupe irei lhe ajudar.

Logo partirmos com o ônibus lotado de adolescentes ansiosos para conhecer o novo lugar, vários deles faziam planos para sua chegada imaginando quem poderiam conhecer outros pensavam em como se divertiriam. Notei que Deniel me lançava olhares constantes, mas fingi ignorar todos eles enquanto Lucy falava sobre algum assunto que o mesmo não se importava. Algumas vezes Gabriel brincava com meus cabelos enquanto minha cabeça estava encostada em seu ombro, outra tentava me controlar para não retirar cada fio do cabelo de Molly enquanto ela jogava seu charme para cima de todos os garotos ali presentes.

Para minha surpresa a longa viagem de duas horas pareceu durar poucos segundos, enquanto o ônibus estacionava em frente a PrincHigh tentava novamente criar uma parede que preservasse minhas emoções. Descia as escadas sentindo o cheiro reconfortante de terra molhada que sempre ouve naquele lugar, o prédio de dois andares continuava do mesmo modo, as janelas estavam abertas mostrando às costumeiras cortinas brancas que contrastavam com as paredes cinza, a grama parecia ainda mais verde perto dos arbustos que representavam o símbolo da escola, as tradicionais Hortênsias rosa estavam floridas como de costumes naquela época do ano.

– Nostalgia é algo frustrante não acha?- A voz de Patch ecoou baixa em meus ouvidos.

– Como sabe que estou sentindo nostalgia? – Me virei para ele enquanto uma mulher que logo reconheci como minha antiga diretora se aproximava de nosso grupo

– Está é sua antiga escola, por isso está agindo diferente acertei?

– Em partes- A mulher fez um movimento com as mãos para que todos prestassem atenção nela.

– Sejam todos bem vindos ao PrincHigh uma das escolas de maior conceito deste pais, espero que aproveitem esse tempo para aperfeiçoarem seu aprendizado e conhecer novas pessoas.

– Continua com o mesmo discurso senhora Torres?- A mulher se virou para mim surpresa- Desculpe lhe informar, mas já conheço essas palavras de cor.

– O meu Deus, a calmaria desta escola irá acabar com sua chegada senhorita Chevalier. - Seu rosto estava sério fazendo com que risse.

– Por que sempre precisam ligar meu nome a problemas?

– Por que você significa problema Catherine. - Ela respirou profundamente- Desde sua partida todos os alunos desta escola ficaram mais disciplinados, até mesmo sua amiga de confusões Charlotte começou a seguir as regras.

– Espera a Charlotte cumprindo regras?- Comecei a rir – Somente se ela estiver com febre.

– Não estou com febre Catherine. - Me virei assim que ouvi a voz de minha melhor amiga- Alias deveria ter sido informada sobre a sua volta?- Seu rosto estava sério, mas logo se transformou num enorme sorriso.